Necessitados da Tecnologia escrita por nywphadora, nywphadora
Notas iniciais do capítulo
E a garotinha da carta, Jules, retorna.
Uma mulher loira embalava a sua filha enquanto, com a outra mão, agitava a varinha.
— Jenson! — ela chamou, ainda concentrada na tarefa.
Seu marido não respondeu.
— Jenson! — ela chamou, mais alto.
Suspirou, frustrada. Fechou a torneira da pia e pousou os pratos sobre ela, tudo com a varinha. Pegou a filha e colocou-a para se sentar em uma poltrona.
— Tampa os ouvidos, Ginger — murmurou.
A garotinha arregalou os olhos, mas fez o que a mãe pediu.
— Jenson!
Ouviu-se o barulho de uma cadeira caindo e os xingamentos. Isso fez Jules agradecer profundamente pela sua filha ainda estar com os ouvidos tampados.
— Precisava desse escândalo todo? — perguntou Jenson, entrando na cozinha irritado.
— Precisava sim — explodiu Jules — Estou te chamando há 10 minutos e você não me responde. Eu tenho que lavar a louça, limpar a casa, cuidar da Ginger, eu trabalho...
— Já disse para você que posso ganhar o suficiente por nós dois — disse Jenson, dando as costas para ela e pegando Ginger no colo, que interpretou isso como um sinal para tirar as mãos dos ouvidos.
— Quando? Você só passa o dia inteiro na frente desse computador.
— É o meu trabalho!
— Te pagam para ficar o dia inteiro em casa mexendo nesse troço?
Jenson olhou irritado para ela que lhe observava incrédula.
— Tem ideia de quantas libras formam um galeão? — continuou Jules — O ministério paga muito melhor...
— Não vamos voltar nesse assunto de novo — disse ele, andando com Ginger de volta para a sala.
Jules olhou para a louça, agitou a varinha e foi atrás dele.
— Eu quero trabalhar em algo que gosto — disse Jenson, sentando-se de novo em frente ao computador.
— Mas você se dava tão bem com DCAT — ela argumentou — Não precisa trabalhar no ministério, tem tantos lugares que empregam... Você teve 8 NEWT’s.
— Jules, eu não nasci nesse mundo de magia. Qual o problema de unir o mundo muggle com o mundo bruxo?
— Tecnologia e magia não se misturam. Ou se esqueceu do aviso contra aparelhos eletrônicos que você tentou burlar várias vezes em Hogwarts?
— Para mim, vocês, bruxos, tem má vontade de fazer isso acontecer.
Jules olhou para ele sem conseguir acreditar no que ouvia.
— “Vocês, bruxos”? — repetiu — Você também é um.
— Mas é diferente. Meus pais não são! — argumentou Jenson.
— Você está falando como aqueles bruxos sangues-puristas.
— Você é sangue-puro.
— Mas não penso desse jeito, nem a minha família. Jenson, você queira ou não é um de nós. Tente conviver na sociedade muggle! Talvez não tenha tanta dificuldade por ter nascido nesse meio, mas você não é um muggle. Não vai ser a mesma coisa de quando você era criança.
Jenson revirou os olhos e voltou a sua atenção para a tela do computador.
— Você não pode ficar dividido — disse Jules.
— Está falando o que eu penso que você está falando? — perguntou Jenson, incrédulo — Não vou escolher!
— Não precisa. Já tá na cara a sua escolha.
Ela pegou Ginger do colo dele e voltou para dentro da cozinha.
— Ah, não! Você não queria conversar? Agora vamos conversar! — gritou Jenson, indo atrás delas — Eu definitivamente não sou igual a vocês. Esse estatuto de segredo é uma piada.
— Uma piada? Os muggles nos queimavam em fogueiras! Nos afogavam! — retrucou Jules.
— Isso foi há milhares de anos! Estamos na atualidade!
— Já que você gosta tanto disso, que tal abrir uma loja de consertos? Assim você espalha o nosso segredo para todos e pelo menos assim ganha mais dinheiro do que ganha nessa porcaria.
— Você sabia que eu não era nenhum cara rico quando casou comigo!
— Não se trata de dinheiro! Que droga!
— Jura? Porque você só fala nisso! Você disse que nós muggles éramos os cruéis da história, mas e Voldemort? Grindelwald? O estatuto do segredo não salvou. Se eu morresse, meus pais gostariam de saber a verdade e não um bando de mentiras inventadas por um departamento.
— Pensam que tudo pode ser resolvido com um manejar da varinha. É isso o que eles pensam! Se não nos queimavam nas fogueiras, ficavam esperando que resolvessemos a fome do mundo.
— Vocês não querem ajudar. Isso sim! Não é para proteção, é egoísmo!
— Pelo menos não temos preconceito por causa de coisas banais como cor de pele.
— Desde que seja bruxo.
— Protegemos os nossos iguais.
— Coisa que muitos pensam que não sou.
Jules riu entredentes, dando meia volta para levar Ginger a seu quarto. Aquela discussão ia demorar e ela tinha medo do resultado daquilo.
— Para isso não tem argumentos, não é mesmo? — disse Jenson, como se a discussão estivesse ganha.
— Você é um idiota! — rosnou Jules.
— Ah, claro! Eu quem comecei com isso!
Ginger olhava para a mãe assustada, enquanto ela lhe cobria em sua cama.
— Durma, meu bem — sussurrou Jules, acariciando o cabelo dela e dando um beijo em sua testa. Devia ter deitado-a antes.
Colocou um feitiço silenciador na porta do quarto e voltou a descer as escadas.
— Eu não aguento mais! — ouviu Jenson resmungar.
— Já que você questiona tanto os meus métodos, responda-me: no que essa sua tecnologia ajudou? Ela pode salvar uma pessoa que tenha perdido um membro? Pode consertar ossos quebrados?
— Não fazemos mágicas. Mas essa tecnologia tem ajudado muitas pessoas sim.
— Ajudado, claro. A serem mais preguiçosas! Os alunos do sétimo queriam colocar computador na biblioteca, francamente.
— É mais prático! Como você já pontuou, os bruxos poderiam ajudar e muito os muggles. Medicamentos, principalmente.
Jules balançou a cabeça, sentindo a garganta cansada.
— Eu te amo e muito, Jenson. Mas não dá mais! Esse tipo de situação só se resolve de uma forma: ou passamos a viver como muggles ou você larga disso e age como você é.
— E já estou vendo que seria muita vergonha para uma Deadwyler viver assim.
— Em algum momento você pensou na Ginger, nossa filha? Ela vai ser bruxa como nós e vai viver como muggle? Vivermos em uma região muggle com ela sofrendo magia acidental?
— Assim como eu e vários outros nascidos muggles fizeram.
Jules suspirou. Pensou que pelo menos a sua filha o faria pensar claramente, mas estava claro que nem assim. Ele estava dependente, como quem se vicia em uma droga.
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História curtinha, mas espero que tenham gostado de compartilhar essa loucura comigo ^^