Descobrindo o amor escrita por Lailla


Capítulo 24
Uma nova família


Notas iniciais do capítulo

*Kakigori = é muito popular especialmente durante o verão. Trata-se de uma raspadinha de gelo onde é acrescentado uma calda aromatizada.



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Depois do que houve no meu quarto, fiquei arrasada. Meu pai ia me fazer uma surpresa e acabou me vendo com Akashi na cama. Parecia surreal. Na verdade, tudo parecia surreal! Minha vida inteira, desde Akashi até meu pai estar vivo! Mesmo tendo sido uma mentira. Agora eu não queria mais vê-lo e nem conhecê-lo, ele disse aquilo tudo pra mim sem nem ao menos levar em consideração que ele não sabia nada sobre mim. Ele não sabia o que Akashi e eu passamos e que estávamos juntos há dois anos. E agora que havíamos feito dois anos juntos, eu não tive vontade de comemorar. A data passou e nós dois estávamos da mesma forma. Às vezes dormíamos juntos na casa dele ou saíamos, já que eu agora tinha receio de qualquer um nos ver no meu quarto. Com isso, fiquei triste por Akashi e eu não termos viajado de novo, como ele planejava.

No intervalo das aulas, o chamei e fomos para o terraço. Eu estava escorada na grade e ele vendo a vista enquanto o vento balançava levemente nossos cabelos.

– Gomen... – Disse com o olhar baixo – Estraguei a viagem.

– Hum. – Ele balançou a cabeça – Daijoubu. Não foi sua culpa.

– Foi sim. – Disse cabisbaixa – Tem dois meses que estamos assim.

– Não tem nada de errado com a gente. – Ele disse gentilmente.

– Hai. – Sorri levemente – É comigo.

– Baka. – Ele disse.

O olhei surpresa e ele se aproximou, me beijando. Corei levemente e fechei os olhos. Ele cessou o beijo e ele olhou com a mão na minha bochecha. Meus olhos marejaram e eu o abracei.

– Gomen... – Disse com a voz embargada – Eu só queria... Mas não consigo falar com ele.

Akashi acalmou o olhar, me abraçando e acariciando meu cabelo, que já estava na metade das costas.

– Eu entendo. – Ele disse – Mas mesmo assim eu acho que você deveria tentar.

O abracei mais forte, não tinha coragem nenhuma. Porém ao mesmo tempo quando eu confirmava que não tinha coragem, me lembrava da covardia do meu pai e queria ser o oposto dele. Não queria ser igual a ele e tomar as mesmas decisões. Mas... Eu ainda não estava pronta para enfrentá-lo.

Como Akashi e eu estávamos um pouco diferentes, mas nós sabíamos o que se passava conosco, as meninas acharam isso estranho e vieram falar comigo no final da aula. Elas praticamente me cercaram enquanto eu arrumava minhas coisas na mesa.

– Mina. – Yue disse gentilmente – O que está acontecendo?

– Eh?

– Você e Akashi estão estranhos. – Kime disse.

– Não vão terminar, ne. Tudo está bem agora. – Naoko disse.

Eu as olhava e sorri, vendo como tinha boas amigas. Sentei na cadeira de novo e as olhei, pensando.

– Não é nada conosco... Em si. – Eu disse – Mas com alguém do meu passado.

Elas não entenderam e eu comecei a contar o que se passou. Contei sobre meu pai, sobre a mentira, a proteção da minha mãe em relação às lembranças que eu teria dele, eu tê-lo mandado ir embora e o que eu disse quando o fiz. Elas pareciam processar já que desde que me conheciam eu não tinha pai, mas quando contei que ele pegou Akashi e eu deitados e nus na cama, e a maneira como ele encarou aquilo, elas ficaram pasmas, perplexas.

– Nossa... – Kime disse perplexa – Nunca pensei que isso aconteceria com você.

– Hai. – Yue concordou.

– Que babaca! – Naoko exclamou indignada – Ele não é praticamente nada seu e ainda faz isso?! Ele não sabia do namoro de vocês?!

– Sabia. – Disse – Mas pelo que ele disse, ele apenas viu uma foto nossa no aniversário do Seijuro ano passado. Deve achar que é recente ou sei lá. – Dei de ombros, cabisbaixa.

– Se ele soubesse como você demorou pra dormir com Akashi... – Naoko disse emburrada – Que idiota!

– Naoko! – Yue a recriminou.

– Gomen... – Ela disse – Mas como ele pôde fazer isso?

– Não sei. – Disse com o olhar baixo – Mas ele foi lá pra me fazer uma surpresa. Levou um porta-retratos com uma foto minha e dele de quando eu tinha dois anos.

Elas me olharam, cabisbaixas.

– Mina...

Meus olhos marejaram e eu os limpei com o braço, balançando a cabeça e sorrindo levemente.

– Mas... – Disse – Tudo bem, ne? Tudo vai voltar a ser como era antes, como se ele nunca tivesse “revivido”. A gente vai se formar... – Meus olhos marejaram de novo – E... Vamos para as faculdades e vai ficar tudo bem, ne?

Elas me olharam surpresas. As olhei querendo chorar, não aguentava aquilo. Yue começou a chorar e me abraçou, seguida de Kime. Os olhos de Naoko marejaram e ela abaixou o olhar.

– Não acho que deveria fazer isso. – Ela disse.

As meninas cessaram o abraço e olharam surpresas para Naoko, assim como eu.

– Você devia conversar com ele. – Ela dizia calmamente – Não é bom ficar com um desentendimento desses pelo o resto da vida. Isso consome você e você não é assim, Mina. – Ela me olhou – Conversa com ele e tenta fazê-lo entender como é sua relação com Akashi.

A olhei surpresa. Naoko entendia bem isso. Seus pais eram divorciados e ela não falava com a mãe já fazia mais de cinco anos. Acho que ela apenas não queria que eu ficasse com isso no coração como ela, que não sofresse dessa forma. Ela sempre diz que está acostumada e que tudo está bem, mas eu sei que ela desejaria ter a mãe pelo menos como uma amiga. Eu acalmei o olhar e sorri.

– Hum. – Assenti, emocionada.

Quando eu cheguei em casa, cuidei de Mayu e fiquei no quarto, deitada na cama e pensando. Para Naoko dizer aquilo pra mim, ela deve mesmo querer que eu fique bem. Na verdade, eu queria falar com ele, mas estava com raiva do que ele disse. Ele não sabia de nada e fez aquilo, levando em consideração seu “histórico”.

Eu suspirei e abri meus olhos, queria dormir para o dia passar mais rápido, mas não tinha sono. Comecei a escutar a voz da minha mãe e olhei a hora, já era de noite. Me sentei e percebi que ela parecia brigar com alguém, mas pelos espaços de tempo devia ser ao telefone. Levantei e abri a porta, vendo que ela estava no quarto e com a porta fechada, mas que mesmo assim eu podia ouvir. Escorei na parede e percebi pelo o que ela dizia, que estava falando com meu pai.

– Eu te dei a chave pra você fazer uma surpresa a ela e não fazer aquela palhaçada! – Ela exclamava irritada – Deixei você vê-la pra vocês ficarem próximos, mas você estraga tudo!

Eu prestava atenção. Às vezes acontecia o espaço de tempo, que deveria ser ele falando.

– É claro que eu sei quem é Akashi, baka! – Ela exclamou – Eles fizeram dois anos de namoro em Maio, mas nem pra perguntar você serve! Tem apenas alguns meses que eles começaram a dormir juntos! Ele a respeita, idiota! ... Você saberia se perguntasse e o conhecesse também! ... Não vou conversar com ela, ela que vai decidir sozinha se vai falar com você! Você é um idiota, devia ter tido calma e perguntado o que estava havendo! ... Eu sei que era óbvio o que estava havendo! Mas mesmo assim devia ter perguntado! Ela nem sabia que você viria pra casa, estava com o namorado! ... Você que devia pedir desculpas a ela! ... Madoka, você é um imbecil mesmo!

A ouvi deligar e bufar. Abaixei o olhar, pensando em como eles eram casados e “felizes” e agora estavam brigando desse jeito. Suspirei e minha mãe abriu a porta, me vendo escorada logo ao lado.

– Mina... – Ela disse surpresa – Você... Ouviu?

– Hai. – Disse calmamente, sorrindo – Vocês são mais engraçados que Seijuro e eu.

Ela me olhou surpresa.

– Nee. – Disse – Você tem o endereço da casa do meu pai?

– Eh?

– Ele é um covarde e não vai vir falar comigo. – Eu disse.

– Uhm... Hai. – Ela disse.

– Amanhã depois da aula eu posso ir na casa dele?

– Hum. – Ela disse ainda surpresa.

Eu sorri levemente e minha mãe ficou mais surpresa ainda. Ela escreveu o endereço dele e eu o peguei, indo para o quarto. Fiquei algumas horas na internet vendo as rotas para a casa dele. Precisaria pegar o trem, era um pouco longe. Meu celular começou a tocar e eu o atendi, vendo no visor que era Seijuro.

– Moshi moshi?

– Mina.

– Hai. – Sorri.

– Nee, quer sair amanhã depois da aula?

Deixei uma risada leve escapar.

– Nani?

– Hum. – Balancei a cabeça – Você sempre pede pra gente sair quando eu tenho que fazer outra coisa.

– Como assim? – Ele disse, achando graça.

– Eu... Vou ver meu pai amanhã. – Disse sem jeito.

– Sério? – Ele disse surpreso, mas animado.

– Hai. – Disse – Ele não sabe. Estou pesquisando as rotas, tenho que ir de trem.

– É muito longe?

– Não muito.

– Eu vou com você! – Ele declarou.

– Eh? Nande?

– Não vou deixar você ir de trem sozinha se eu posso ir junto. – Ele disse – Além do mais, quero conhecer ele e deixar claro que a gente não dorme juntos apenas. Pareceu que ele encarou dessa forma.

– S-Seijuro... Você não vai brigar com ele, ne? – Perguntei.

– Claro que não. – Ele disse – Só quero que ele saiba que estamos juntos de verdade.

– H-Hai. – Corei levemente.

– Mina?

– Hai.

– Não está com vergonha, ne?

– C-Claro que não! – Corei mais.

Ele riu.

– Sei.

– Hum. – Resmunguei.

...

No dia seguinte, depois das aulas e dos vários “Boa sorte” que as meninas me deram, Akashi e eu fomos para a estação de trem. Eu estava incrivelmente nervosa, mas havia realmente tomado coragem. Nós pegamos o trem e nos sentamos lado a lado, em silêncio. Acho que nós dois estávamos nervosos. Quando chegamos na estação, andamos e começamos a andar pelas ruas, seguindo a rota mais rápida que eu fiz. Viramos algumas esquinas e chegamos, ficando em frente da casa dele.

– É-É essa. – Gaguejei, dobrando o papel e guardando-o.

– Daijoubu?

– H-Hum. – Disse, assentindo.

Ele deixou uma risada escapar e se aproximou do muro, tocando a campainha.

– Oe! – Disse.

– Só pra você não pensar duas vezes. – Ele sorriu.

Corei, ele tinha razão.

– Moshi moshi? – Uma mulher disse pelo interfone.

Devia ser minha “madrasta”.

– A-Anou... – Disse – É Yume Mina.

– Eh?! – Ela exclamou surpresa – Pode entrar!

Fiquei surpresa e o portão estalou, abrindo um pouco. Akashi me olhou e sorriu.

– Ne, vamos?

– H-Hum. – Disse, pegando na mão dele.

Passamos pelo portão e chegamos na porta, batendo levemente nela. De repente uma mulher loira com olhos castanhos a abriu. Eu vi um sorriso feliz em seu rosto.

– Ah! Então você deve ser a Mina! – Ela disse.

– Eh... Hai.

Ela sorriu mais.

– Nee, meu nome é Mary.

– Ma...ry? – Disse em dúvida.

Mary era estrangeira? Ela parecia ser pela aparência e principalmente seu sotaque, mas não tinha certeza. Talvez fosse de outro estado.

– E quem é esse? – Ela perguntou animada – Seu namorado?

– H-Hai. – Disse.

– Prazer. – Ele disse – Akashi Seijuro. Vim acompanhar Mina, viemos de trem.

– Ah, sugoii. – Ela sorriu – Nee, entrem.

Entramos e ela nos levou até a sala, que era logo na entrada e disse que podíamos sentar. Nos sentamos, comigo sem jeito e percebi que a casa deles era bem bonita. Parecia ser alegre e tinha vários quadros e algumas fotografias diversas pelas paredes. Ela sentou no outro sofá, que tinha a nossa frente e sorriu.

– Ne, Madoka não está, mas já vai chegar.

– Hai. – Disse.

– Então... – Ela sorriu – Vocês namoram há muito tempo?

– Eh... D-Dois anos. – Disse.

– Sugoii! – Ela sorriu.

Mary parecia ser bem gentil e alegre. Deve ser por isso que meu pai se apaixonou por ela. Fiquei um pouco triste, mas comecei a gostar dela.

– Ne... Mary.

– Hai.

– Como... Vocês se conheceram? – Perguntei.

Akashi pegou gentilmente minha mão e Mary me olhou surpresa, mas sorriu.

– Gomen. – Ela disse, sorrindo gentilmente – Você sabe o que houve, ne?

– Hai.

– Claro. – Ela disse com pesar e suspirou, me olhando – Madoka e eu nos conhecemos em uma de suas exposições.

– Exposições?

– Hai. Ele é fotógrafo. – Ela disse – A maioria das fotos de casa foi ele quem tirou.

A olhei surpresa. Meu pai era fotógrafo e pelas fotos de pessoas e paisagens pela sala, ele era muito bom. Acalmei o olhar, não sabia nada sobre ele.

– Bem, – Ela continuou – Eu era aspirante à fotógrafa artística e nova na época. Uma vez vi no jornal uma das exposições dele e me apaixonei. Queria conhecê-lo e descobrir como ele tirava aquelas fotos tão lindas.

Nós prestávamos atenção.

– Quando nos conhecemos, eu estava vendo uma fotografia linda de uma casa e ele se aproximou, perguntando se eu tinha gostado. Quando eu o vi, me apaixonei na hora por ele. – Ela sorriu – Acho que a culpa foi dos dois. Começamos a sair e ele a me ensinar como tirar as fotos, mas eu não sabia que ele era casado. Até que ele me contou quase um ano depois. Fiquei arrasada e quis terminar tudo, mas eu já o amava e... Ele disse que iria deixar a esposa.

Ela abaixou o olhar, parecia tentar não chorar enquanto nos dizia aquilo tudo. Eu por outro lado, estava calma e apenas queria escutar o que ela tinha a me dizer, o que me deixou surpresa comigo mesma.

– Ele disse que ele e a esposa não estavam felizes, mas que tinham uma filha de apenas sete anos. – Ela continuava – Ele tinha medo que você começasse a odiá-lo por isso, mas sua mãe disse que daria um jeito. Que contaria que ele tinha sofrido um acidente. Ele disse pra mim que não queria aquilo, nem eu queria, sabe. Ele se privaria de te ver crescer. Mas... Acabou aceitando pra não te ver sofrer.

Abaixei o olhar, compreendendo.

– Eu não estou mais com raiva dele. – Disse calmamente.

Akashi me olhou surpreso.

– Agora acho que a culpa não foi de ninguém. – Dizia – Só não gostei de ser enganada esse tempo todo e de repente ele querer aparecer na minha vida.

Ela acalmou o olhar, compreendendo e sorrindo levemente. De repente a porta da frente se abriu e um menino com uniforme escolar entrou correndo e gritando.

– Oe, Kou! Não corra pela casa. – Meu pai disse.

Olhamos para a entrada e vi meu pai com uma mochila escolar nas costas, que ficou extremamente surpreso ao me ver sentada com Akashi em seu sofá.

– Madoka. – Mary levantou, sorrindo e o abraçando – Mina veio te ver. Akashi-kun a acompanhou, eles vieram de trem.

– Ah... – Ele disse e me olhou.

– Mãe! – O menino exclamou correndo – Vai fazer *Kakigori?

– Hai. – Mary disse, sorrindo – O clima está bem quente, ne.

– Hai! – Ele disse, animado.

Arregalei os olhos. Se esse garoto é filho da Mary, então... Ele é filho do meu pai. Eu... Tenho um irmão? Eu tenho um irmão mais novo? Ele era parecido comigo, mas os cabelos eram marrons como os do meu pai. Meus cabelos eram pretos por causa da minha mãe.

– Ne, quem são eles? – Ele perguntou e fitou Akashi, arregalando os olhos – A-A...kashi...

– Eh? – Akashi disse surpreso.

– Hai. – Mary disse – É ele.

– Sugoii!

– Nee, vamos terminar de fazer os Kakigori. – Ela disse – Tenho certeza que eles vão gostar.

– Mas...

– Depois você conversa com Akashi-kun.

– Hai... – Ele disse.

Mary levou Kou para a cozinha e meu pai se sentou no sofá a nossa frente.

– Anou... – Ele disse – Não esperava vocês aqui.

– Hai. – Eu disse.

– Prazer em conhecê-lo, Madoka-san. – Akashi disse – Não nos apresentamos devidamente da última vez.

– Hai. – Ele disse sem jeito – Da última vez...

– Hum. – Akashi assentiu – Anou... “Kou” queria me conhecer, ne?

– Hai. – Sorri levemente.

Akashi sorriu e foi para a cozinha, ajudar com os Kakigori e ficar com Kou. Olhei para o meu pai de novo.

– Quem... É aquele menino? – Perguntei.

– Ah, é o Kou. – Ele disse – Ele... É o seu irmão mais novo.

– Você não me contou isso.

– Eu ia contar quando saíssemos, mas... Sabe. – Ele abaixou o olhar.

– Pai... – Disse – Estamos juntos há dois anos.

Ele me olhou em dúvida e assentiu com a cabeça.

– Eu sei. Sua mãe me disse ontem...

– Eu a ouvi brigando com você. – Disse – Agora... Eu não estou com raiva de você. Apenas quero contar.

– Nani?

– Sobre nós.

Ele acalmou o olhar.

– Seijuro e eu nos conhecemos no colégio, no primeiro ano. – Eu dizia – Eu caí da escada e em cima dele. Saí correndo quando olhei nos olhos dele. Eu nunca olhava nos olhos de ninguém sem ser minha mãe ou minhas amigas. Pensei que nunca mais o veria, me deixando até aliviada por causa daquele vexame, mas... Um garoto convidou minha amiga para ir ao Karaokê e ela chamou minha outra amiga e eu para irmos. Quando chegamos, Seijuro estava lá.

Ele prestava atenção.

– Eu fui embora algum tempo depois, tinha vergonha. – Continuava – No caminho um garoto me chamou pra sair de repente e queria que eu fosse à força. Mas Seijuro apareceu e disse que eu era a namorada dele, ele me ajudou. Ele nos tirou dali e durante o caminho, paramos e ele me beijou. Eu nem fechei os olhos, não esperava. Ele foi o primeiro garoto que me beijou. Depois disso eu corri, indo embora e fiquei em dúvida do por que. No dia seguinte no colégio ele apareceu na saída enquanto eu trocava os sapatos e disse que era meu namorado.

Meu pai me olhava, surpreso.

– Eu não entendi nada, mas ele continuou a dizer. – Eu dizia – Ele dizia que faria com que eu me apaixonasse por ele e acabou acontecendo mesmo. No decorrer do nosso namoro estranho apareceu Kime, que gostava dele, mas que agora namora Chihiro e é nossa amiga. Depois Masaru-kun, que deu em cima de Kime e tentou me estuprar.

– N-Nani?! – Ele arregalou os olhos.

– Nós brigamos por causa de uma mentira de Masaru-kun e eu estava no terraço do colégio quando ele apareceu, dizendo que Seijuro desconfiava de mim e que tínhamos que fazer mesmo já que todos pensavam isso. Seijuro apareceu na hora e... Bateu muito em Masaku-kun. Ele me salvou, sabe. – Sorri – Masaru-kun foi transferido no final daquele ano letivo e agora... Você apareceu.

Ele me olhou surpreso.

– Agora você entende que não dormimos juntos apenas? – Perguntei – Eu o amo e ele me ama. Somos diferentes demais, mas acho que ele já me amava desde o momento que eu caí em cima dele na escada.

Meu pai acalmou o olhar.

– Mina... Gomen.

– Hai. – Disse – Só não queria ir pra faculdade com raiva de alguém.

Ele levantou e sentou ao meu lado, me abraçando. Arregalei os olhos surpresa, mas os acalmei, abraçando-o também. Cessamos o abraço e começamos a conversar. Meu pai era fotógrafo, gentil e atencioso, havia buscado Kou no colégio, que tem 9 anos, Mary é pintora, mas agora só pinta às vezes já que preferiu cuidar de Kou quando ele nasceu e agora... Acho que seríamos uma família também.

Enquanto meu pai e eu conversarmos, onde eu percebia que ele era bem legal, Mary e os outros voltaram para a sala com uma bandeja de Kakigori nas mãos. Ela sentou ao lado do meu pai, Akashi ao meu lado e Kou correu, sentando ao meu lado.

– Mamãe disse que você é minha irmã! – Ele exclamou animado e ajoelhou no sofá, me abraçando.

– E-Etto...

– E você ainda é namorada do Akashi! – Ele disse animado – Sugoii ne! Eu tenho a melhor irmã do mundo!

Arregalei os olhos surpresa, corando e o abracei aos poucos, sorrindo levemente. Eu tinha um irmãozinho mesmo. Nós comemos os Kakigori, conversando mais e logo depois nos despedimos, percebendo que já era tarde e que já estava anoitecendo. Meu pai nos acompanhou até a porta e disse que poderíamos voltar quando quiséssemos. Nós assentimos e fomos embora.

Depois que pegamos o trem e nos sentamos, Akashi pegou minha mão e sorriu. Eu o olhei e sorri.

– Acho que foi bom eu ter ido hoje. – Ele disse, querendo rir – Seu irmão é meu fã.

Não aguentei e ri.

– Baka.

Ele riu.

Não esperava que meu pai fosse me escutar, mas fiquei feliz por tudo ter se resolvido, nós termos nos conhecido um pouco e eu ainda ter ganhado uma família nova. Nunca pensei que teria uma família grande, mesmo ela sendo um pouco dividida. Mas... Eu estava realmente feliz. Agora tudo se encaixaria e daria certo.

Mas só faltava uma coisa: que curso eu faria na faculdade?!


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Notas finais do capítulo

xD