A primeira coisa que vejo quando chego naquela maldita escola é o Pseudo-Sasuke conversando com Sakura. Aquela cena me irrita profundamente. Não que eu estivesse com ciúmes ou algo assim – afinal, não me importo – mas era incômodo ver sua amiga de infância com um cara que com certeza é um merda. Escuto uma risada de Sakura e ela acena para ele, que entra na porta da escola. Ela me cumprimenta de longe e vou até ela, decidido a xingá-la por ser tão descuidada de flertar com um imbecil daqueles.

— Eu não consigo entender como você e o Naruto conseguem ser amigos daquele cara. — falo olhando na direção em que Sai foi embora.

Sakura ergue a sobrancelha para mim, como se não entendesse o motivo de eu odiar tanto aquela coisa. Porra, como ela não consegue ver o quão incômodo são os comentários dele? E para finalizar, ainda se parece comigo – é claro que sou melhor que ele.

— Sabe Sasuke-kun, o Sai sabe ser uma pessoa legal quando ele quer. — ela diz.

A resposta dela me choca porque isso era exatamente o que ela falava de MIM quando éramos pequenos. Estaria ela apaixonada por esse cara? A simples ideia de meu pensamento ser verdade me faz franzir o cenho e fechar o pulso. Não que eu ainda gostasse da Sakura – é claro que isso fora apenas uma quedinha de infância – mas era irritante vê-la gostando de um substituto fajuto como aquele.

— Sasuke-kun? — ela diz quando vê que o meu semblante muda.

— Não é nada. — limito-me a dizer.

— Sabe de uma coisa? — me pergunta. — Poderíamos marcar para sair. Eu, você, o Sai e o Naruto. Desse jeito tenho certeza que vai começar a gostar dele. — afirma.

Como ela poderia insinuar uma coisa dessas? Eu nunca iria gostar de um reles substituto, que conseguia me deixar mais nervoso que Naruto bêbado. Bufo com o comentário dela. Eu não preciso de uma cópia mal feita.

— Sakura... Você está apaixonada por aquela coisa? — pergunto com um sorriso zombeteiro. — Fica o defendendo. — disfarço a minha raiva com uma risada sarcástica.

Sakura olha para mim com uma expressão suspeita até que começa a rir com gosto. Aquela garota ficou louca?

— Eu e o Sai? Nunca! — ela diz entre os risos. — Na verdade, esses dias eu juntei ele com a Ino-porca. — confessa.

A resposta dela me deixa mais aliviado e feliz do que eu jamais poderia imaginar. Que merda é essa? Eu não posso estar voltando a ter sentimentos por essa garota irritante. Com certeza é apenas preocupação de amigo. É, é isso.

— Hm. — resmungo sem demonstrar felicidade.

— E você, Sasuke-kun? — ela pergunta em um tom de brincadeira. — Decidiu sair com a Karin?

Como Sakura poderia pensar em tal coisa? Até Naruto sabe que eu não tenho nenhum tipo de interesse pela sua prima, muito pelo contrário. Eu a queria longe de mim. Ela sabia ser um completamente inconveniente. E, além do mais, nem em um milhão de anos eu sairia com uma Uzumaki. Ela não me atrai e não sinto prazer nenhum em sentir dor de cabeça com aquele perfume insuportavelmente doce e aquela voz incômoda.

— Claro que não. — respondo indignado pela insinuação. — Aquela garota é irritante um grande incômodo.

O sorriso do rosto de Sakura se desfaz. Ela me olha meio magoada, e fico confuso. Ela quer que eu goste de Karin? O que ela quer?! Isso me faz ficar incomodado e encaro ela, ainda sem entender o motivo de tanta decepção em seu rosto.

— Você também diz que eu sou irritante... — ela fala olhando o chão.

Dupla merda. Eu havia me esquecido completamente que chamo Sakura assim e que mulheres são extremamente dramáticas. Olho para os olhos esverdeados dela me sentindo culpado. Normalmente eu iria ficar com raiva da pessoa, mas ela parece tão triste que a raiva é direcionada para mim. A verdade é que as duas são irritantes de um jeito diferente.

— Não é a mesma coisa. — falo.

Ela me olha de um jeito aflito. Tsc, pare de me fazer sentir culpado. A vontade de pedir desculpas me invade mas não falo nada. Isso estava sendo desnecessário e Sakura tem que perceber isso, droga.

— Não estou entendendo. — confessa a garota.

Como posso explicar uma coisa dessas sem passar por uma situação que não seja embaraçosa? Sakura não é irritante. Eu a chamo assim porque o jeito que ela me fazia sentir culpado é irritante. Karin é irritante só de olhar para o meu rosto e não me lembro de me sentir mal ao tratar a ruiva de um jeito frio ou grosseiro.

— Você não é irritante. — falo.

— Mas você... — ela começa a dizer para mim, mas vejo a maldita ruiva ajeitando os óculos com o dedo e alisando o cabelo indo em direção a nós – especificamente a mim – com um sorriso estampado no rosto.

— Vamos entrar. — puxo Sakura pelo braço de um jeito brusco mas que não fosse machucá-la. — Karin. — respondo quando ela me olha estranhando o meu ato.

***

—Sasuke-kun! — exclama Karin quando a aula de Kurenai começa. É estranho como o sufixo -kun fica tão incômodo quando ela fala. — Onde você estava indo com a amiga do Naruto quando eu ia belamente te cumprimentar? — olha para mim indignada, dando ênfase na parte amiga do Naruto.

Como ela tinha que ser tão intrometida? Tsc, isso só poderia ser algum tipo de característica de família. Todos os Uzumaki's são barulhentos e intrometidos. É claro que ela era muito pior que Naruto – embora eu nunca admitiria isso em voz alta.

— Ela não é só amiga do Naruto. — digo em um tom entediado.

— Você não respondeu a minha pergunta. — ela diz fazendo um biquinho.

O bico que Karin faz claramente é uma tentativa tosca para parecer ser fofa ou algo parecido me deixando incomodado.

— Não tem nada a ver com você. Eu não tenho a obrigação de falar alguma coisa. — falo rispidamente.

A garota bate a caneta que estava em sua mão em sua mesa demonstrando raiva e insatisfação com a minha resposta. Isso não me incomoda e decido apenas ignorar esse ato.

— Você gosta dela? — ela sussurra para mim.

A pergunta dela me deixa com muita raiva, porque ao fazê-la eu começo a pensar em como eu me sentia em relação a garota dos cabelos rosas na nossa infância e como é agora. E quase não há nenhum tipo de diferença, e isso me faz sentir uma estranha dor nas entranhas. Trinco o maxilar, tenso.

— Vai assistir a aula. — sussurro num tom seco.

Como se eu fosse falar sobre os meus sentimentos para Karin. Ela abre a boca para falar alguma coisa mas a fuzilo com os olhos, mostrando que eu já estava com a paciência mais do que esgotada. Seus olhos enchem de água e ela vira para a frente e me deixa em paz.

***

—Hey, Teme, o que você acha da Hinata? — Naruto me pergunta enquanto almoçamos.

Olho para ele sem entender. Do que diabos esse loiro idiota estava falando? Hinata? Aquele nome me parecia comum.

— Quem é Hinata? — pergunto.

Ele me olha como se eu estivesse ficando louco e bate na parede onde estava escorado.

— Porra Teme, como assim quem é Hinata? — ele me pergunta estressado. — Você já estudou com ela!

Bufo. Como se eu realmente fosse lembrar de todas as pessoas que eu já estudei. Só o Naruto mesmo.

— Eu não me lembro de nenhuma Hinata. — falo.

— Hinata é aquela menina que estudou com a gente quando éramos mais novos! Com cabelo azul e os olhos perolados, como não se lembra?! Ela é tímida e — agora eu lembro dessa garota.

Era a menina que ficava observando – quase todos os dias – Naruto durante as aulas. Sakura vivia comentando que Naruto era um idiota por nunca perceber isso.

— É apaixonada por você. — completo a frase do loiro. — Agora eu me lembrei. O que tem ela?

Ele me olha meio surpreso e arregala os olhos azuis.

— A Sakura-chan também disse que Hinata é apaixonada por mim. Não sei como vocês conseguem perceber esse tipo de coisa. — ele comenta.

— Tsc, Usuratonkachi. — resmungo.

— Você acha que vale a pena investir nela? — ele me pergunta. — Hinata é muito legal, embora seja muito calada. E muito bonita também... — ele sorri. — Ela me faz sentir seguro e — mas eu o corto.

— Dá pra parar com essa viadagem? — falo rispidamente. — Se você quer algo com ela, vá em frente. Só não me encha a paciência com esses sentimentos de menininha, Naruto. — falo em um tom zombeteiro.

— Teme! — ele grita.

Só pelo tom de voz já percebo que ele vai começar a fazer um discurso irritante sobre coisas que eu não estou a fim de ouvir. Naruto realmente não tinha jeito.

***

Saio do vestiário, depois de tomar uma ducha. A última aula era de educação física e o maldito Gai nos fizera correr durante a aula inteira em comemoração ao “fogo da juventude”. Que baboseira, tsc. Para piorar, Rock Lee – que era a cópia do professor – dissera para quem quisesse ouvir que a aula tinha sido uma moleza, fazendo Gai prometer uma aula mais desafiadora na próxima semana. Completamente desnecessário. Quando coloco os pés fora do vestiário vejo Karin a minha espera e suspiro. Hoje ela tirou o dia para me perseguir?

— Sasuke-kun. Eu preciso conversar com você. É sério. — ergo a sobrancelha, embora não esteja realmente interessado no que ela tem a dizer.

— Hm. — resmungo como se pedisse para ela falar logo.

Realmente quero ir para a casa e fazer algo que preste. Algo que não tenha nada a ver com “fogo da juventude” ou com a ruiva em minha frente. Ela hesita em falar me deixando estressado – para variar – e fica tensa ao ver a expressão do meu rosto.

— Então? — pergunto perdendo a paciência.

— Sasuke-kun eu... Gosto muito de você! — ela declara. — Por favor, vamos sair.

Seu rosto demonstra determinação e seriedade, não uma expressão maliciosa como ela costuma fazer. Mas isso não faz com que eu sinta nada além de cansaço.

— Eu não posso sair com você. — falo tentando ser menos grosso para evitar uma cena irritante de drama.

— E por que não?! — ela exclama exasperada.

— Eu não gosto de você assim. — falo na lata para que ela entenda que não é nenhum tipo de charminho imbecil como sempre faz.

— Não tem problema! — confessa. — Se você me der uma chance, eu posso te provar que sei ser uma boa garota e... Você vai gostar disso, Sasuke-kun. — diz.

A primeira coisa que penso é que a auto-confiança dela em contraste com a da Sakura é o oposto. E isso me irritava. Não que fosse ruim ter certa confiança, mas Karin estava na tênue linha entre ser confiante e se achar demais.

— Isso não vai funcionar. — o meu tom de voz sai de um jeito firme para que ela entenda.

— É por causa da Sakura, não é? — indaga.

Não gosto do tom de voz que ela usa e toda essa interrogação. Karin não tem direito de saber de tudo da minha vida como ela acha. Se nem eu gostaria de saber mais a fundo sobre esses sentimentos, ela que não saberia. Olho para a ruiva, que está com os olhos cheios de mágoa.

— Não é da sua conta. — a minha voz sai áspera.

— Então fala logo para ela e pare de iludir as outras meninas! — exclama.

Olho para ela completamente incrédulo. Iludir? Eu, Uchiha Sasuke, por acaso saio flertando com garotas alheias? Essa garota estava seriamente alterada, isso não faz nenhum sentido. Não lembro de ter tratado nenhuma garota de um jeito especial.

— Você está sendo um incômodo. — realmente perco a paciência, a ponto da minha voz sair um pouco alterada.

— E você não está sendo um incômodo para a Sakura?! — ela me questiona. — Assuma isso logo! — e ela começa a chorar.

— Eu não tenho o interesse de falar nada para ninguém. — digo.

Começo a andar para longe de Karin, finalizando essa conversa. As palavras dela estavam começando a realmente me incomodar e eu não estou nem um pouco interessado em começar uma discussão com ninguém.

— Se você continuar fechado assim, só vai machucar mais as pessoas! — escuto ela gritar.

Tento não pensar muito na última frase que Karin dirige a mim.