Dois dias após a escolha do trio para o trabalho de Kakashi, eu, Naruto e Sai fomos até a biblioteca da cidade para podermos terminar de fazer as preparações escritas e verbais para o dia da apresentação. Quando Naruto chega, ele me cumprimenta amigavelmente e engatamos numa conversa sobre coisas banais como o que fizemos durante a semana e ele me conta que Sasuke está até conversando com ele – mais ou menos – como sempre no intervalo, embora sua cara continue mais emburrada do que o normal. Isso me deixa feliz e ao mesmo tempo triste, porque Sasuke não tem conversado ou me visto.

Após uns quinze minutos de conversa fiada, Sai chega com o seu sorriso incrivelmente falso e Naruto já faz uma incrível carranca. Suspiro. Hoje a tarde com certeza será longa.

— Olá Feiosa-san, Pinto pequeno-kun. — dia Sai com o seu sorriso.

Na mesma hora, minha expressão fica carrancuda como a de Naruto e gritamos ao mesmo tempo.

— SHANNARO! PARA DE ME CHAMAR ASSIM! — grito.

— CALA A BOCA SAI SEU ALBINO! — Naruto grita também. — VOCÊ NEM SABE O TAMANHO DO MEU P — tampo a boca de Naruto ficando vermelha.

Todos na biblioteca nos olham com uma expressão de reprovação e fico arrependida imediatamente de ter gritado, afinal, isso não é coisa para se fazer em uma biblioteca. Sai nos olha com um semblante meio confuso e coça a cabeça.

— Eu não entendo vocês dois. Eu li em um livro que para começarmos a ter um diálogo e talvez uma amizade é bastante recomendável colocar apelidos para as pessoas. — ele diz.

Bato a mão esquerda na mesa como um sinal de insatisfação por ele ter me feito gritar no meio da biblioteca e por dizer uma coisa tão sem sentido.

— Isso não faz sentido, Sai! — reclamo. — Se você não quiser ser inimigo de nós deveria ter nos chamado de coisas melhores que esses apelidos estranhos. — bufo. — E não faz sentido dar apelido para pessoas que você acaba de conhecer, isso é simplesmente estranho.

— É exatamente o que a Sakura-chan disse-ttebayo! — Naruto concorda comigo melhorando a sua expressão.

Sai continua com o seu rosto confuso e começa a abrir alguns livros do nosso trabalho, os folheando com uma calma implacável . Eu e Naruto fazemos o mesmo – Naruto só faz depois de olhar para a minha expressão raivosa – e Sai começa a nos fitar.

— Mas apelidos... Eles devem ser de acordo com o que a pessoa é. — ele diz. — Sakura-san, você é feia, e Naruto-kun, você não tem volume nenhum na suas calças. — ele diz satisfeito com a sua resposta.

Naruto empurra uns três livros da mesa para o chão explodindo de raiva e pego os livros rapidamente para distrair da própria raiva que Sai havia causado por ter me chamado se feia.

— Que merda é essa?! — Naruto exclama. — Você é gay por acaso? Pra ficar olhando a minha calça, seu maldito! E a Sakura-chan não é feia! — Naruto me defende. — Só tem uma testa meio grande, mas — antes que ele termine dou um soco na sua cabeça.

— Shannaro! Cala a boca, Naruto! — resmungo e me viro para Sai. — Você nunca será nosso amigo falando coisas tão horríveis assim para nós, Sai. — ela me diz. — Amigos dizem essas coisas de brincadeira, e tenho certeza que você estava bem sério sobre os nossos apelidos. — falo com uma voz dura.

— Humpf! Mesmo se ele for legal com a gente é tarde demais! — exclama Naruto. — Você é um merda e nunca vai pertencer ao time sete! Você não é o Sasuke, para de agir feito um idiota pior que ele dattebayo!

Pela primeira vez vejo o rosto de Sai se fechar. Fico surpresa com a expressão dele pode ser aterrorizadora. Assim que o seu rosto fica com uma expressão enfurecida, ele fecha o livro que estava folheando para o trabalho e encara Naruto. Engulo em seco. Provavelmente esses dois iriam arrumar uma confusão na biblioteca e sobraria para eu pedir desculpas para as pessoas no estabelecimento – embora não culpe Naruto por brigar com esse Sai.

— Naruto-kun, certamente eu não sou esse Sasuke e nem quero ser ele. — ele fala firmemente. — Eu não sou o substituto desse menino e nunca seria, até porque li em um livro que as pessoas não podem ser substituídas dessa forma. Você deveria parar de levar a sério a brincadeira do nosso professor. — ele finaliza e abaixo a cabeça, aquele Sai estava certo e Naruto havia exagerado.

— Desculpa por ele. — digo forçadamente. — Vamos fazer o trabalho e acabar logo com isso.

— Tch... — Naruto resmunga, mas abre um livro para nos ajudar, mesmo que de má vontade.

***

No dia da apresentação do trabalho, olho para Naruto e percebo que ele está um pouco nervoso. Provavelmente não havia decorado toda a sua parte e estava se sentindo culpado. Shannaro! Naruto não me faça tirar uma nota ruim!

— Os trios que ficaram juntos nesse trabalho continuarão juntos até o final do ano com os outros trabalhos feitos na minha aula. — diz Kakashi.

Naruto começa a resmungar para mim.

— Kakashi-sensei é muito injusto. — ele diz. — Aposto que está fazendo isso só pra me provocar-ttebayo!

— Talvez. — respondo. — Mas não há nada que possamos fazer.

— Posso ter tirado da cabeça que o Sai não é o Sasuke dois, mas ele continua sendo insuportável para fazer mais trabalhos com ele. — resmunga Naruto e concordo acenando com a cabeça antes que Kakashi nos chame a atenção por conversar em sua aula.

Kakashi sorteia os grupos e infelizmente o nosso é o primeiro, deixando Naruto trêmulo.

— Naruto, você decorou sua fala, certo? — falo com ele em um tom ameaçador.

— Cla-claro Sakura-chan! — gagueja. — Hahaha... — ele coça a cabeça com uma das mãos com um sorriso sem graça.

— Sakura, Sai e Naruto. — Kakashi nos chama. — Podem vir para frente a da sala e apresentar o trabalho.

Eu, Naruto e Sai andamos até a frente da sala para iniciar o trabalho. Cumprimentamos a turma e falamos que o nosso trabalho era sobre a revolução industrial, destacando as diferenças entre as suas fases.

— A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. — começo falando a introdução do nosso trabalho corretamente. — Ela pode ser dividida em três fases. A primeira, a segunda e a terceira. — Informo. — A Primeira etapa da Revolução Industrial: Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução. — termino a minha parte de uma forma perfeita e impecável e olho discretamente para Sai continuar.

— A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram às principais inovações desse período. — Sai termina sua parte certa embora pior do que eu, diga-se de passagem.

Naruto então fica pálido e olha para mim com uma expressão desesperada, como se estivesse pedindo a minha ajuda. Ele realmente esqueceu a sua fala. Fico tentada a dar um cascudo na cabeça dele.

— E a última etapa é a terceira fase. — ele diz meio trêmulo. — Ela... Uhm... Ela é... — e se perde na fala.

Escuto alguns resmungos e zoações da parte da sala em relação a suposta falta de compromisso de Naruto e fico nervosa. Mesmo que Naruto esteja completamente errado em não saber suas falas ele realmente tinha tentado decorar. Shannaro! Esses idiotas! Parem de zoar o Naruto!

— Naruto? — Kakashi pergunta.

— Hã, Kakashi-sensei. — diz Sai com uma expressão sem graça. — Eu estava tão nervoso que decorei todas as falas do trabalho. Na verdade, a minha parte era a terceira fase e a de Naruto a segunda, por isso ele não está conseguindo te responder corretamente. — a voz de Sai parece tão sincera que ninguém desconfia da sua mentira. — Como eu decorei a minha também, obviamente, posso falar ela e deixar por isso mesmo?

Kakashi analisa o rosto desesperado de Naruto, a expressão séria de Sai e o meu rosto suplicando para que ele aceite. O nosso professor suspira.

— Está bem, que seja. — diz por fim. — Desde que a parte escrita que vocês me entregarão no final da aula esteja impecável. — diz.

— E está sim, Kakashi-sensei! — Naruto concorda rapidamente.

— Então pode finalizar, Sai. — O professor dos cabelos acinzentados diz.

— Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época. — Sai finaliza e sentamos em mesas aleatórias, já que as cadeiras da sala estavam desorganizadas para os grupos sentarem juntos.

Fico muito aliviada por Sai nos salvar e parece que Naruto também, pela sua expressão. Sai não diz nada para nós sobre isso. Sento ao lado de Sai e Naruto, que está sentado perto de Ino. A minha amiga dos cabelos louros me olha com uma expressão que me dá a entender que ela está me chamando de sortuda – melhores amigas se entendem apenas com o olhar, fazer o que. Outro grupo começa a apresentar, mas não presto muita atenção, para dar uma bronca em Naruto.

— Naruto, eu sei que você se esforçou, mas se esforce mais porque não está sendo o suficiente! — digo com uma voz raivosa para o meu amigo loiro, mas no fundo sei que ele sabe que quero apenas ajudar.

— Não se preocupa Sakura-chan! — ele diz mostrando o seu polegar para mim. — A Hinata me prometeu que vai me ajudar!

— Heee... — diz Ino com um sorriso malicioso. — Parece que o Naruto finalmente superou a queda que tinha por você, não é, Sakura-testa? — Ino alfineta.

Naruto olha para Ino assustado e depois começa a rir como se o que ela tinha acabasse de falar fosse uma boa piada.

— Poxa, Ino! Eu nunca gostei de verdade da Sakura-chan! — ele revela. — Era só para irritar o Sa — e ele para de falar ficando pálido.

— Sa? — incentivo ele a continuar ficando curiosa.

— Sakura? — Ino pergunta a ele. — Para irritar ela?

Olho para Naruto começando a ficar nervosa novamente. Por que diabos as pessoas gostam tanto de me irritar? Shannaro!

— Sim! — ele responde imediatamente com um rosto tenso.

Naruto percebe que estou a ponto de explodir e vira para Sai.

— Obrigada, Sai, por ter me ajudado lá na hora do trabalho. — Naruto diz para ele de uma forma sincera. — Você até que às vezes pode agir como um cara legal, hã, Albino-chan? — ele diz para Sai com um sorriso sarcástico, mas o moreno percebe que Naruto não estava o chamando daquela forma para ofendê-lo e sim de brincadeira apenas.

— Bom, parece que vamos ter que nos aguentar até o final do ano. — fala Sai com um sorriso que não parece falso como os anteriores. — E além do mais, eu li em um livro que as pessoas ficam agradecidas quando ajudamos em momentos inesperados.

Naruto ri de Sai, porque é realmente engraçado o fato dele sempre depender de livros para fazer suas ações e percebo que afinal de contas, não ia ser tão ruim assim sermos um trio até o final do ano.

— Parece que vou ter que ser amigável com você também, então. — falo com um sorriso no rosto.

— Obrigada, Sakura-san. Embora você seja feia e meio brutamontes você tem um ótimo coração, certo? — Sai fiz olhando para mim.

— Certo... — falo e fico puta novamente com as duas ofensas que ele dirige a mim. — Sai! Seu idiota! Quem diabos é brutamontes e feia?! — resmungo para ele e o mesmo apenas ri, juntamente com Naruto e Ino. — E vocês dois parem de rir dessa merda! — chamo a atenção de Ino e Naruto, mas isso só faz os dois ri mais. — Tsc... Idiotas... — desisto e acabo rindo de mim mesma por levar a sério os três idiotas.