Nunca estive tão eufórica quanto hoje. Quero dizer, bem… Quando Sasuke disse que importava muito comigo com certeza fiquei mais feliz, mas agora iríamos para um encontro! Oficialmente! Bem, andamos juntos pela escola sem esconder de ninguém, mas ainda não tínhamos saído para um encontro, formalmente falando. Mal consegui dormir a noite passada! Lembro-me bem de como isso aconteceu…

— Sasuke-kun? — indaguei para o moreno que fitava-me com uma expressão peculiar no rosto. — Aconteceu alguma coisa?

— Eu que deveria perguntar, Sakura. — ele respondeu com o semblante cansado, coisa que não deixei de notar. — Você suspirou umas dez vezes hoje, por quê? — oh, quando ele encara-me desse jeito, não tem como não falar a verdade…

Merda. Como será que ele irá reagir? Não sei bem como Sasuke-kun acha sobre essas coisas, levando em conta que ele é uma pessoa bastante difícil e nem um pouco tradicional.

— É só que… Bom, estamos juntos. — não teve como não corar quando disse isso para ele, ainda mais quando ele quase - ênfase no quase - deu um sorriso de canto quando constatei isso. — Mas não saímos como um casal nenhuma vez.

Olhei com expectativa para o moreno, ficando tensa ao pensar em como ele poderia reagir a minha frase. Sasuke-kun franziu o cenho, parecendo um pouco intrigado com o que eu disse e depois revirou os olhos, incrédulo.

— Era só isso? — olhei para o Uchiha ficando indignada, só isso não, é isso tudo! — Se queria tanto assim sair comigo, deveria ter falado antes. — suspirou balançando a cabeça em negação. — Onde você quer ir, Sakura?

Bom, é claro que não foi nada muito fofo, romântico ou especial como de um casal comum, mas sei que Sasuke-kun não é esse tipo de pessoa e não o culpo por isso, afinal, eu o amo do jeito que ele é.

♦♦♦

Cinco horas da tarde. Duas horas e meia antes do encontro com o Sasuke-kun! Preciso arrumar uma roupa. É claro que Ino deu seu palpite sobre isso algumas horas antes, mas devo dizer que não irei usar - de forma ALGUMA - as roupas sugeridas por ela. Que tipo de pessoa usa uma mini saia no primeiro encontro? Um vestido vermelho completamente decotado? Sinto as minhas bochechas queimarem com os pensamentos pervertidos da minha amiga loira. Qual é, ela tá pensando que vamos para onde? Um motel?

Abro o meu guarda roupa e decido ir com um vestido preto. Sem decote grande, nem curto, nem gigante. Pessoas baixinhas não combinam muito com vestidos longos, sei lá… Ele é de rendas e o seu decote é em formato de coração. Resumindo: muito fofo e nada sexy, como a Yamanaka desgovernada gostaria que eu fosse! Imagino a cara que ela fará quando contá-la que não usei as roupas que ela mostrou…

Tomo um banho morno, lavo os meus cabelos com o melhor shampoo e creme de hidratação que possuo para ficar impecável nesse tão sonhado “primeiro encontro”. Depois de secar os meus cabelos róseos e fazer um baby liss nas madeixas, coloco o vestido com uma sapatilha também preta - qual é, não quero parecer que sou um robô usando um salto, não sei usar isso - e faço uma maquiagem básica. Nada demais, apenas um lápis de olho para destacar as minhas íris esverdeadas, uma sombra na sobrancelha para definir melhor o seu formato, batom rosa claro, base e pó translúcido. Pronto!

Sete e vinte e três. Ótimo! Sete minutos adiantada! Desço a escada da minha casa e mostro para os meus pais a roupa em que irei no encontro. Minha mãe pede para que eu vire-me toda e praticamente rodopio na cozinha como uma fada. Ok, não fui graciosa como uma fada, mas isso é irrelevante.

— Sei não, está muito curto esse vestido. — papai cruza os braços com o cenho franzido, deixando-me irritada.

Qual é! O vestido acaba um palmo antes do meu joelho… Se ele visse as roupas que a Ino “boazinha” - como vive dizendo - usa para sair, ficaria surpreso com a minha inocência. Mamãe ri da reação do meu pai. Francamente, pais são realmente sujeitos muito ciumentos.

— Kizashi querido, a sua filha tem juízo. — graças a deus que me defendeu! — Nada vai acontecer com ela. Aliás, o vestido nem é curto para as roupas que as mocinhas dessa época usam…

— Humpf! — reclama ainda com a cara fechada. — Eu quero conhecer esse seu namoradinho depois… — olha para mim com o cenho franzido.

— Pai! — falo indignada. — Você conhece o Sasuke-kun desde criança! Não seja… — quase solto um palavrão para o meu pai, maldito Naruto que deixa-me mal criada. — bobo!

— Bobo é… — minha mãe observa-me com desconfiança, como se soubesse que não era essa palavra que eu gostaria de ter usado. — Cuidado com as palavras, Sakura.

♦♦♦

Confesso que fiquei um pouco decepcionada quando o Sasuke-kun chegou. Ele estava lá, todo lindo e cheiroso - como sempre - mas não deu nenhum elogio para a minha roupa nem nada, apenas indicou o carro com o dedo.

— Vamos. — disse seco como sempre.

Sem “oi”, sem um abraço, beijo ou ao menos um aperto de mão… Nem tinha me dado o trabalho de responder. Bom, pelo menos ele abriu a porta para mim.

♦♦♦

Menos mal que o lugar fosse extremamente lindo e chique. Um dos restaurantes mais caros da cidade, é realmente estranho namorar com uma pessoa tão boa financeiramente…

O garçom nos leva para uma mesa perto de uma das janelas do lugar, dando uma visão linda da cidade, sentamos e logo depois escolhemos o que queríamos no cardápio. O garçom anota e vai até a cozinha.

— Aqui é muito bonito, Sasuke-kun. — comento com o moreno que parece um pouco distraído com as próprias mãos.

Isso era verdade. O local era chique, tinha uma vista bonita, assim como eu imaginava quando via o estabelecimento de longe. O meu desejo de entrar nesse restaurante tinha sido realizado com o Sasuke e fico muito feliz por isso.

— Hm. — falante como sempre.

Sei que ele é assim, então não fico nem um pouco chateada com a falta de conversa ou aparente interesse no que eu falo. Ele nunca realmente foi alguém que puxa assunto ou deixa o assunto de outra pessoa render.

Olho para o Uchiha sem conseguir não sorrir, ao lembrar que ele tinha sentimentos por mim desde a época da nossa infância. Meu amor não era tão platônico assim, afinal. A curiosidade de como ele havia começado a gostar de mim bate e decido perguntar. Que mal faria?

— Sasuke-kun, eu estava pensando… — inicio uma conversa e ele olha para mim para escutar atentamente ao que eu iria falar. — Como você se apaixonou por mim?

É, parece que eu peguei ele de surpresa. A expressão no rosto de Sasuke praticamente desconfigura-se toda e ele olha para mim com os olhos arregalados e com as bochechas um tanto coradas. Acho um pouco fofo ele ficar com vergonha do assunto - somos namorados, é claro que gostamos um do outro - mas decido não provocá-lo com um comentário disso.

— Sakura. — diz meu nome após pigarrear e recompor-se da pergunta súbita. — Não acho que isso seja uma pergunta normal para um “primeiro encontro”. — faz aspas com os dedos.

Limito-me a fazer um bico, porque eu realmente estou curiosa com a resposta dele, mas não volto no assunto. Sinceramente, ele estava certo, o que deu na minha cabeça para perguntar uma coisa como essa? Acho que isso teria que ser em um momento diferente… Não vou desistir de descobrir a resposta, no entanto.

— Você está certo, Sasuke-kun. Desculpa. — olho para baixo um pouco desconcertada e culpada por ter feito uma pergunta inconveniente.

— Não há necessidade de desculpar. — mas ele não sorri para mim, deixando-me preocupada.

Será que está aborrecido comigo? Após alguns minutos com um silêncio nem confortável, nem desagradável, o garçom volta com os nossos pedidos. Agradeço mentalmente por ter pedido ao garçom o prato especial do local, porque se fosse por mim, comeria bastante - não como Naruto, é claro - e olhando as pessoas do restaurante, isso seria deveras constrangedor.

— Itadakimasu. — eu e Sasuke falamos praticamente ao mesmo tempo e começamos a comer sem nenhuma interrupção.

♦♦♦

Depois de comermos no restaurante, Sasuke paga a conta sozinho - e mesmo que eu tivesse reclamado, sinto-me aliviada porque o lugar é muito caro - e saímos do estabelecimento. Ficamos andando pela rua conversando sobre algumas coisas aleatórias. Na verdade, eu falo pela maior parte do tempo, como sempre, mas o que deixa-me triste não é realmente isso.

— Por que você está com essa cara? — Sasuke me olha intrigado.

— Bem… — mordo os lábios um pouco preocupada com a reação dele. — Sasuke-kun, você não parece estar se divertindo hoje.

— Eu não gosto de lugares como naquele restaurante. — diz simplesmente, não negando o fato de não estar gostando do nosso encontro.

É, isso deixou-me muito triste e um pouquinho irritada.

— Você poderia ter falado isso antes! — resmungo.

— Sakura, você vive dizendo que sempre quis ir nesse restaurante. — diz entredentes e um pouco confuso com a minha expressão irritada.

— Mas eu não quero ir em um lugar e me divertir sozinha! — exclamo para Sasuke sem realmente olhá-lo nos olhos. — Sasuke-kun, se você não gosta não tem graça nenhuma! — acho que depois de começar a desabafar, eu empolguei. — As vezes você parece tão incomodado quando está comigo! Você realmente quer estar comigo?! — sinto os meus olhos marejarem por conta do drama que eu faço.

Talvez eu tivesse exagerado, mas não gosto de deixar as coisas para mim. Um relacionamento sem conversar sobre os sentimentos não iria dar certo, e quero muito que demos certo.

— Sakura.. — ele tenta provavelmente se explicar, mas eu não deixo.

Primeiro encontro e já estamos tendo uma briga… Ótimo Sakura, parabéns!

— Eu queria que esse dia fosse legal para você, mas pelo visto… — e dessa vez é ele quem interrompe-me.

Sasuke puxa-me para si, prendendo-me com seus braços em torno da minha cintura e me beija. Mesmo com raiva dele, simplesmente não consigo não dar a passagem para a sua língua. Sasuke-kun beija tão bem...

— Você tem que me dar um tempo, Sakura! — ele exclama deixando-me assustada com o que havia falado. — Eu não sou acostumado a namorar ninguém, e tampouco sou do tipo romântico… Se eu não quisesse estar aqui ou com você, eu não estaria, simples! Eu quis vir porque eu sabia que você queria vir aqui. — ele fita-me com o cenho franzido. — É um crime tentar deixar a namorada feliz?!

Depois dessa que eu começo a chorar de verdade. Com soluços, rosto borrado da maquiagem - e quase um catarro cai, eca - e olho para baixo, com vergonha de olhá-lo.

— Des-desculpa, Sasuke-kun. — falo fungando. — Eu não queria brigar ou fazer uma cena de drama… Eu só estou muito insegura…

— Tsc, não há necessidade disso, você não precisa se preocupar tanto com o que eu acho, está bem? — ele sorri para mim. — Agora por favor, pare de chorar. Eu não gosto de te ver assim… — limpa as minhas lágrimas com o polegar.

Por que eu sou tão burra?! Por deus, tem tanta menina mais bonita e legal do que eu e mesmo assim ele está comigo! Isso deve significar muito, certo? Sorrio de orelha a orelha para ele e praticamente pulo em seu colo o abraçando. Sasuke cambaleia um pouco com a minha súbita quase voadora, mas não me importo.

— Eu te amo, Sasuke-kun! — exclamo para o menino em seu ouvido.

O rosto de Sasuke fica vermelho, mas infelizmente não fica por muito tempo e nem consigo ver muito claramente por estar com resquícios de lágrimas e também estar com o rosto praticamente emperrado no seu ombro.

— Eu sei. — conheço o Uchiha bem o suficiente para saber que ele apenas fora grosso dizendo isso para disfarçar a vergonha que está sentindo e sorrio ainda mais. — Eu também… — quase não escuto isso de tão baixo que ele fala e o aperto ainda mais. — Vamos! — ele diz, mas olho confusa.

— Para onde?

— Por aí… — abre o seu sorriso de canto deixando-me intrigada. — A propósito, você está bonita.

Olho para o vestido completamente inocente, penso no meu rosto inchado, a maquiagem borrada e o cabelo agora provavelmente amassado com os cachos desfazendo-se e dou uma risada, entendendo tudo.

Se isso não é amor, não sei o que é então.