Sons of Theolen escrita por Live Gabriela


Capítulo 26
Charly - A Primeira Morte


Notas iniciais do capítulo

O texto em itálico ocorre no passado.



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O som de lâminas de metal se chocando adentrava o cômodo de madeira em que Charly estava. Sobre o segundo nível do acampamento dos drows o garoto dentro de um depósito alquímico procurava algo apressado. Os olhos castanhos arregalados percorriam as estantes com  diversos vidros e recipientes, enquanto do lado de fora Dorothy, Solomon e Arlindo continuavam arriscando suas vidas ao combater de perto os inimigos.

 “Anda... Anda, eles tem que ter alguma coisa...” pensava o garoto aflito até finalmente encontrar um frasco quadrado com uma substância pegajosa dentro, fogo alquímico. Ele pegou o vidro e o colocou sobre o parapeito da janela, já olhando a vista que ela tinha para o lado de fora. Em seguida pegou mais três frascos fez o mesmo. “Certo, acho que é o suficiente” pensou e em seguida arrastou cuidadosamente a estante com o restante dos vidros para trás da janela junto de um barril.

Saindo do pequeno armazém ele viu Dorothy em meio a uma luta com um drow. O elfo negro estava segurando a paladina contra a parede, imobilizando o braço em que ela segurava a espada, enquanto ela tentava se soltar. O garoto assustado levou a mão à cintura já se preparando para pegar suas espadas, quando viu perto de seus pés um pedaço grande de madeira que antes pertencia à porta do depósito em que estava. “Vai servir...” pensou pegando o tacape improvisado do chão e batendo-o contra as costas do drow, chamando a atenção dele para si. Dorothy aproveitou o momento e chutou a barriga do elfo o empurrando para trás e finalmente soltando seus braços.

— Obrigada. – disse ela ao garoto que apenas fez um sinal positivo com a cabeça, enquanto apoiava a ponta do pesado pedaço de madeira no chão.

O drow confuso rapidamente entendeu sua posição de desvantagem e rolou pelo chão recuperando sua cimitarra, uma espada de lâmina curva, que fora a pouco retirada de suas mãos pela paladina. Ele apontou a lâmina para os dois, enquanto atentamente olhava ao seu redor e se via encurralado na beirada do piso. Mais alguns passos para trás e ele poderia cair de lá de cima.

Charly notou isso e olhou para Dorothy, que rapidamente entendeu a mensagem. O garoto ergueu a madeira do chão e juntando sua força a arremessou na direção do elfo. Ele facilmente desviou do arremesso desajeitado do menino e avançou na direção dele com a cimitarra na mão, mas antes que qualquer coisa acontecesse Dorothy se jogou na frente dele, defendendo o golpe com seu escudo. Ela então brandiu sua espada na direção do elfo negro num contra golpe, mas ele se defendeu erguendo sua cimitarra.

Charly puxou sua espada quebrada da cintura junto de sua espada curta e as passou horizontalmente na direção das pernas do drow, que pulou sobre as lâminas e em seguida se apoiou no escudo de Dorothy, rodando seu corpo no ar por cima da paladina. O garoto olhou a cena espantado, ele sabia que elfos eram muito ágeis, mas nunca imaginou ver um usando esse tipo de acrobacia no meio de um combate, teria de ser muito rápido para isso. Felizmente Dorothy estava preparada para esse tipo de situação e estendeu sua espada na direção do inimigo, infligindo-lhe um pequeno corte no braço  antes que o elfo pudesse tocar o chão.

O drow rolou e parou de pé segurando a área do ferimento, então avançou para cima da garota. Charly rapidamente parou ao lado dela e assim que a cimitarra do inimigo desceu em direção à Dorothy ele defendeu o golpe com suas duas espadas, possibilitando a paladina enfiar sua espada na barriga do elfo, atravessando sua armadura de couro assim como seu tronco, o deixando fora de combate.

— Uau... Você está ficando melhor. – falou a garota para o jovem ao seu lado.

— Obrigado. – respondeu ele com um grande sorriso no rosto.

“Eu a protegi... Eu consegui, eu protegi a Escolhida!” pensou animado, quase descrente de havia conseguido parar o golpe de um inimigo tão habilidoso e protegido Dorothy Leon.

— Charly. – ela o chamou de seu devaneio – Você preparou tudo?

— Ah, sim. Já podemos ir. – falou balançando a cabeça positivamente.

— Certo, então vamos depressa.

Os dois guardaram suas armas nas bainhas, enquanto passavam na frente do cômodo com as celas de madeira, onde estava preso o drow que Solomon havia interrogado. Começaram então a correr pelas rampas, descendo até o nível inferior do acampamento, passando por lá silenciosos e despercebidos.

Pararam somente quando já estavam há uns bons metros de distância do acampamento, logo atrás de um tronco cortado. Charly deu alguns passos à frente e começou a procurar pelos outros membros de seu time, enquanto Dorothy puxava o arco das costas e se preparava para atirar.

— Estou pronta. – disse a garota – Você tem certeza de que vai funcionar?

— Eu acho que sim, quero dizer, eu espero que sim... – respondeu Charly, sinceramente.

— Está bem. – suspirou a paladina – Esta vendo Solomon?

— Sim, ele já achou o Arlindo, os dois estão no nível do solo lutando contra dois drows, quero dizer... Um drow.  – se corrigiu estreitando a vista – Solomon derrubou o outro agora.

— Certo, só me avise quando devo atirar. – disse ela colocando a flecha no arco.

Charly concordou com a cabeça e continuou observando Arlindo e Solomon tentando se afastar do acampamento, até os dois finalmente se livrarem dos inimigos a sua volta e começaram a correr dos que estavam atirando em sua direção. Nesse instante o garoto olhou para a paladina e fez um sinal positivo com a cabeça, Dorothy puxou a corda do arco e então soltou a flecha, mirando no pequeno vidro que Charly havia colocado no parapeito da janela.

O garoto cerrou os punhos e comprimiu os lábios. “Por favor, funcione, por favor, funcione” pensou com o coração acelerado torcendo para que o plano que havia bolado há poucos minutos funcionasse...

 

— Ele não está aqui, nós temos que ir. – falou Solomon saindo ao lado de Charly de onde estavam as celas de madeira e se encontrando com Dorothy novamente.

— Como assim não está aqui? – perguntou a paladina ofegante com as mãos apoiadas nos joelhos.

— Nipples nunca chegou ao acampamento, os drows que nos atacaram mais cedo voltaram de mãos vazias pra cá. – falou Charly visivelmente preocupado com o serviçal.

— O que? Mas então onde ele está? – perguntou a paladina franzindo o cenho e ficando ereta novamente.

— Não aqui. Nós temos que ir agora, reforços estão chegando. Onde está o outro? – perguntou Solomon se referindo ao clérigo.

— Ele foi para o nível de cima, não consegui impedi-lo. – ela respondeu já olhando para os drows se que moviam nos níveis superiores.

“Reforços?” pensou Charly assustado, ele olhou em volta e logo viu vários corpos de drows caídos, talvez uma dúzia, em seguida olhou para Dorothy e Solomon. O guerreiro tinha ferimentos abertos que faziam o sangue escorrer por sua armadura, enquanto Dorothy já mostrava ter alguns hematomas no rosto e alguns cortes nas pernas.

— Nós temos que ir embora. – falou Charly depois de considerar que seria impossível continuar ali por muito tempo, ainda mais se reforços chegassem.

— É o que eu disse. – falou Solomon impaciente.

Um raio esverdeado desceu do terceiro nível do acampamento e bateu no chão, derretendo a madeira do piso ao lado do guerreiro que, em seguida, ergueu a cabeça procurando o conjurador que havia feito aquilo.

— Deuses... – disse Dorothy se assustando com o ataque e puxando o escudo das costas – Temos que buscar o Arlindo logo.

— Eu pego ele. – falou Solomon olhando com raiva para os elfos acima, que já se preparavam para lançar novas magias enquanto outros preparavam suas bestas e arcos.

— Espera, a gente não pode simplesmente dar as costas e fugir. – falou Charly reparando que poucos drows estavam realmente tentando se aproximar deles – Eles têm muitos jeitos de nos atingir a distancia e provavelmente até preferem lutar assim.

— Porque estão na vantagem. – falou Dorothy caminhando para debaixo de uma cobertura enquanto puxava Charly consigo.

— Sim, além disso, seria muito mais difícil de levar uma martelada dele estando de longe. – disse olhando para Solomon, que ergueu levemente uma das sobrancelhas – Se quisermos sair daqui precisamos distraí-los. – continuou.

— Tem alguma ideia?  – perguntou Dorothy vendo dois virotes acertarem o chão ao seu lado.

Charly parou por alguns instantes imaginando no que poderia ser bom o suficiente para distrair os drows. “Tem que ser algo grande e destrutivo... Ou barulhento, isso também serve” pensou e começou a lembrar-se das histórias que ouvira sobre conjuradores poderosos invocando tempestades, gigantes arremessando pedras do tamanho de casas inteiras, druidas transformando-se em bestas amedrontadoras... Tudo isso serviria perfeitamente para ajudá-los a sair dali, mas eles não tinham esses recursos. O garoto então começou a olhar em volta procurando por algo que pudesse usar naquele momento.

— Não tenho tempo pra isso, eles estão vindo. – falou Solomon puxando o martelo das costas após notar um destacamento de três drows descendo as rampas na direção deles.

— Precisa de ajuda pra passar para lá? – perguntou Dorothy preocupada com a quantidade de drows.

— Não. – respondeu o guerreiro encarando os inimigos.

— Certo, vai à frente então e tire o Arlindo de lá de cima. Vamos tentar fazer algo que chame a atenção deles aqui. – disse a garota olhando para Charly, depositando sua fé no garoto.

Solomon concordou com a cabeça e correu em direção ao trio de drows que avançava com suas armas em mãos. Dorothy então se virou para Charly que estava agora encarando um cômodo com a porta quebrada.

— O que tem aí? – ela perguntou enquanto observava a luta de Solomon.

— Um depósito alquímico. Sabia que tinha sentido um cheiro forte vindo daqui antes. – respondeu o garoto lembrando-se de sentir o cheiro de enxofre saindo da sala quando Arlindo bateu sua maça na porta na tentativa de acertar um drow alguns minutos antes.

— Certo, então o que quer fazer?

Charly olhou para dentro da sala pouco iluminada e contraiu os lábios, passou os olhos por entre as várias estantes do lugar e então sentiu um cheiro familiar, um cheiro que havia sentido pouco menos de um ano, quando um de seus vizinhos colocou a casa em chamas por manusear errado um frasco de fogo alquímico, uma substância extremamente inflamável que entra em combustão ao entrar em contato com o ar.

— Eu tive uma ideia. – falou o garoto – Eu acho que tem fogo alquímico ali dentro, eu vou colocar num lugar em que possamos acertar o vidro a distancia, assim vamos incen—

O garoto se calou ao levar um susto por um drow pular do nível superior há poucos passos a sua frente. Dorothy rapidamente puxou sua espada da bainha e parou entre os dois.

— Faça o que tem que fazer. – disse ela – Acho que eu entendi seu plano.

— Não foi à única. – falou o drow de forma enrolada, se aproximando com a cimitarra na mão.

— Charly vai! – gritou Dorothy.

E rapidamente o garoto entrou na sala, fechando a porta atrás de si enquanto procurava pelos frascos que os ajudariam a sair de lá.

 

O vidro com o líquido gosmento se espatifou ao encontrar com a flecha da paladina, gerando, no mesmo instante, um pequeno estouro, que não teria sido o suficiente para causar uma distração caso no processo não tivesse estourado também outros frasco iguais e um barril de pólvora, que causaram uma grande explosão.

Em questão de instantes, parte do segundo nível do acampamento dos drows foi envolto por uma grande bola de fogo.  Solomon e Arlindo, que estavam mais próximos dali, se jogaram no chão e cobriram as cabeças, se protegendo das labaredas e dos grandes estilhaços de madeira que voaram em todas as direções. 

Quatro drows que estavam naquele nível tentando atacar o guerreiro e o clérigo com suas bestas e magias acabaram levando serias queimaduras, enquanto outros três foram arremessados pela explosão e caíram inconscientes. Os outros elfos que estavam em lugares ainda mais altos ficaram assustados, mas sua preocupação foi ainda maior ao perceberem terem ficado ilhados já que as rampas de acesso ao nível inferior estavam inacessíveis por causa das chamas.

Charly pôde sentir o calor do fogo em seu rosto e apesar de seu plano ter dado incrivelmente certo ele sabia que era apenas uma questão de tempo até os elfos usarem sua agilidade incomum para conseguir descer dos níveis mais altos e alcançá-los novamente. Ele então se virou para a paladina e os dois acenaram com a cabeça, correndo na direção de Solomon e Arlindo logo em seguida.

A fumaça e a flama aumentavam lentamente no acampamento, deixando o ambiente terrível para se respirar, ainda assim, Charly e a paladina conseguiram chegar até o guerreiro e o clérigo sem muitas dificuldades.

—Vocês dois estão bem? – perguntou Dorothy se aproximando dos dois e logo Charly notou que eles pareciam bem feridos.

— Deuses! Vocês viram... – perguntou Arlindo se levantando assustado com a explosão. – Que diabos foi aquilo?

— Uma distração. – respondeu Charly notando um elmo na cabeça de Arlindo.

— Uma distração? Bem, ainda bem que funcionou... - falou ajustando o elmo na cabeça e olhando para o garoto em seguida - Legal, né?

— Han...

— Vamos logo, eles já estão se levantando. – interrompeu Dorothy, atirando uma de suas flechas na silhueta de um drow que tremulava em meio da fumaça cinzenta.

— Vamos. – falou Solomon já caminhando para fora do acampamento enquanto olhava para o céu alaranjado – Antes que escureça.

— Nós deveríamos correr. Eles já vão nos caçar de qualquer jeito, mas ao menos podemos tentar despistá-los se estivermos bem à frente. – completou Charly olhando assustado para as silhuetas esguias que se levantavam em meio à fumaça.

Solomon olhou para Charly e concordou com cabeça, os dois sabiam o quão bons elfos poderiam ser caçando durante a noite. O garoto ficou surpreso pelo guerreiro ter concordado com o que falara, mas não pensou muito nisso já que logo ele começou a correr com os outros para longe do acampamento.

Vários minutos se passaram enquanto Charly corria com toda a energia que tinha, desviando das árvores em seu caminho, passando pelas irregularidades do terreno e sempre conferindo se os drows não estavam os seguindo.  Até o momento em que se tornou totalmente inviável continuar, pois a noite havia caído e mesmo com a lua cheia no céu era praticamente impossível enxergar mais do que um metro à frente.

— Certo, já chega, precisamos de luz. – falou Arlindo ofegante, parando próximo às silhuetas que ele identificava como sendo as de Dorothy e Charly.

— Não. – a voz grossa de Solomon se destacou – Se acendermos uma tocha eles nos acharão.

— Eles irão nos achar com luz ou sem, o que importa é que ao menos veremos no que estamos pisando. – disse o clérigo com a voz cansada.

— Seria bom pra sabermos onde estamos indo... – disse Dorothy também ofegante.

— Ótimo, então está decidido. Não quero ficar batendo meu belo rosto em tudo o que há pelo caminho, já tenho machucados demais. – falou o clérigo passando a mão sobre o ferimento nas nádegas que havia recebido no primeiro encontro com os drows.

Ele então fez uma rápida prece que fez seu elmo emitir um brilho amarelado de intensidade instável que em alguns momentos até mesmo piscava.

— Droga... – reclamou Arlindo, lembrando-se que suas magias não estavam tão fortes como costumavam ser, uma vez que ele estava sem cerveja para seu culto.

— Apague esse negócio, está chamando muita atenção. – falou Solomon se aproximando do clérigo com uma expressão intimidadora.

— Sinto muito, mas não farei isso. – se negou.

Solomon puxou o clérigo pela gola de seu manto tentando alcançar seu capacete. Charly se virou para trás, aproveitando da pouca luz que o elmo de Arlindo oferecia para tentar ver se os drows estavam ali por perto, mas nada encontrou.

— Sai! Para com isso! A magia tem um tempo! Não da pra anulá-la! – exclamou o clérigo para o guerreiro balançando as mãos.

— Solomon, solte-o. Nós não podemos simplesmente seguir no escuro. – falou Dorothy.

— O que não podemos é enfrentar aqueles elfos novamente e com reforços. Olhe para ele – disse sacudindo o clérigo – Está fraco, assim como você. – falou soltando o homem louro.

— E você. Ainda não se recuperou totalmente da Aparição. – continuou a paladina encarando o guerreiro.

— Eu estou bem, mas se quer enfrentar mais cinquenta elfos sozinha, boa sorte com isso. – disse voltando a caminhar.

— É, sobre isso... – disse Arlindo ajeitando seu manto – Acredito ter sido um blefe.

— Do que esta falando? – perguntou Solomon se virando para ele.

— Você me disse que a líder deles falou de reforços, mas não acha que alguém que está prestes a perder diria o que quer que fosse pra você ir embora?! – falou andando até o guerreiro.

— Acha que eu não notaria se ela estivesse mentindo? – perguntou ele juntando as sobrancelhas grossas.

— Bem, você não é o mais perceptivo de nós. – falou o clérigo e Solomon o encarou seriamente – Hey, eu só estou dizendo que talvez você não tenha notado, drows são bem inteligentes e você...

— E eu o que? – perguntou de forma impaciente.

— Não é hora de discutirmos. – falou Dorothy interferindo – A luz já foi feita e agora temos que aproveitá-la e que decidir para qual direção seguiremos.

— E se fôssemos de volta para a planície? – sugeriu Charly, finalmente entrando na conversa – Poderíamos nos abrigar no mausoléu de novo e voltar a procurar por Nipples quando amanhecer.

— Isso seria uma ótima ideia garoto, se nós ao menos soubéssemos em que direção fica a Planície, mas boa tentativa. – falou Arlindo dando um tapinha nas costas de Charly, que ergueu uma das sobrancelhas com a desconsideração do clérigo para com ele.

— E não podemos deixar o Nipples passar a noite na floresta. É perigoso demais. – disse Dorothy.

— Eu sei que é, mas... – Charly suspirou olhando para sua própria sombra no chão.

Ele queria ir atrás de Nipples, sentia-se responsável pelo serviçal ter sido capturado, afinal se tivesse ficado ao seu lado no primeiro encontro com o drows talvez pudesse ter feito algo para impedir que isso acontecesse, mas ainda assim, ele sabia que as chances de encontrá-lo durante a noite eram muito baixas e que no estado em todos ali estavam, um reencontro com os elfos poderia ser fatal para o time.

— Estamos perdendo tempo. Vamos embora antes que ele atraia os elfos. – falou Solomon se referindo a Arlindo.

— Mas ainda não decidimos pra onde vamos. – falou Dorothy – Se ao menos tivéssemos uma pista do Nipples...

— É, nós devíamos ter descoberto quais drows tinham pegado ele, assim poderíamos ter interrogado eles também. – falou Charly.

— Eles estavam no acampamento? – perguntou Arlindo olhando para seus ferimentos recentes.

— Acho que sim. – respondeu o garoto – Sabemos que eles voltaram para o acampamento depois, mas não sei se estavam lá na hora em que invadimos.

— Bom, mesmo que eles estivessem lá duvido que vocês tivessem tempo suficiente pra achá-los e interrogá-los. – disse o clérigo usando uma de suas magias mais fortes de cura, que fechou apenas um pequeno corte no braço.

Sem falar nada, Solomon se virou e começou a caminhar para longe dali, chamando a atenção da paladina que perguntou aonde ele ia.

— Embora. Como eu já disse, estamos perdendo tempo. – ele respondeu.

— Bom, estamos pensando em como encontrar o Nipples. – justificou a garota.

— Esqueça o serviçal, não vamos encontrá-lo de novo. Agora supere isso ou irá acabar como ele.

— “Acabar como ele?”– repetiu a garota.

— Você sabe do que eu estou falando... Ele não estava lá.– disse o guerreiro virando a cabeça para ela.

— Ele pode ter fugido! – exclamou a paladina.

— Ele era um serviçal! Você realmente acha que ele poderia ter escapado de dois batedores?! – falou Solomon.

— Por Obad-Hai... – disse Arlindo balançando a cabeça e  se virando para a garota em seguida – Olha, eu sei que é difícil pensar nisso, mas Dorothy, você deve concordar que é muito improvável que ele tenha sobrevivido aos drows.

— O que? Por que está dizendo isso agora? Achar o Nipples é todo o objetivo dessa missão! É por ele que estamos aqui! – exclamou ela.

— Eu sei, nós tentamos encontrá-lo, mas... Falhamos. – falou o clérigo – Talvez seja hora de pensarmos em arranjar um abrigo para a noite e... 

Charly notou Solomon e Arlindo desviando o olhar de Dorothy, enquanto ela franzia o cenho, confusa. Ele lembrou-se então que guerreiro e o clérigo pareciam particularmente empenhados no resgate do serviçal mais cedo, enquanto que agora já assumiam sua morte sem ao menos considerar a possibilidade dele estar vivo. “Tem algo errado”, pensou o garoto.

— Nós falhamos? Como pode dizer isso se nós só o procuramos em um único lugar?! – continuou Dorothy com a voz trêmula – Ele pode estar perdido precisando da gente nesse momento e você quer parar de procurá-lo?

— Hey, eu nunca disse para pararmos. – falou o clérigo gesticulando – Apenas para considerarmos que talvez não o encontremos... Vivo. – disse da maneira mais suave que podia.

O garoto observou atentamente Arlindo notando sua gentileza e calma para com Dorothy, um estado bem diferente do que ele estava quando invadiu o acampamento dos drows gritando “cerveja”. Depois olhou para Solomon com sua expressão apática de costume e lembrou-se do que ele havia dito há alguns dias sobre apenas ter ido até o norte por causa do ouro. Ele observou atentamente o guerreiro então notou a ponta de couro de uma pequena sacola saindo do bolso de sua calça. Charly não tinha certeza, aquilo podia ser qualquer coisa, mas ele achava ter uma ideia do motivo pelo qual os dois estavam tão preocupados em ir atrás dos elfos negros mais cedo.

— Não, eu não vou acreditar nisso. Não posso acreditar nisso! Tem menos de um dia que ele desapareceu! – exclamou Dorothy com os olhos vermelhos.

— Eu sei, e se estivéssemos em qualquer outro lugar eu concordaria com você. Mas olhe para nós, eu não posso nem garantir que nós ficaremos bem durante essa noite ou se conseguiremos dormir! – falou Arlindo se aproximando da garota.

— Não vamos dormir. Se pararmos eles nos encontram. – disse Solomon.

— É por isso mesmo que não podemos desistir dele! Nós ao menos estamos juntos, ele está sozinho! – exclamou a paladina visivelmente alterada – Como não conseguem entender isso?!

— Dorothy. – Charly chamou e ela se virou para ele – Eu acho que deveríamos continuar caminhando. Talvez encontremos o Nipples ou alguma pista dele na floresta, mas devíamos nos mover agora, os drows ainda podem estar atrás de nós.

Dorothy encarou o garoto por breves instantes enquanto ele torcia para que ela tirasse a atenção de Solomon e Arlindo. Sabia que se a paladina descobrisse que eles não haviam ido até os drows puramente por se importar com Nipples, mas sim para adquirir bens materiais, isso poderia gerar uma briga de outras proporções, com o risco de separar ainda mais o time e até mesmo dividi-lo.

— Está certo, eu não quero discutir mais com vocês dois. – falou ela cabisbaixa para o clérigo e o guerreiro – Vamos apenas... Continuar. – disse e então se voltou para Charly acenando positivamente com a cabeça.

— Finalmente. – murmurou Solomon.

Charly notou que Dorothy estava confusa e estressada, mas havia confiado nele. Então deu um rápido e discreto sorriso para ela que respondeu com o mesmo gesto. Eles se viraram para avançar novamente e então repentinamente um virote saiu do meio das árvores e acertou o ombro da paladina, fazendo-a cair de joelhos com o impacto.

Charly ficou assustado e começou a olhar em volta, já tirando sua espada quebrada da bainha, Arlindo se virou iluminando um pequeno raio a volta deles, o que não era suficiente para encontrarem o inimigo que logo disparou mais dois virotes na direção deles, um passando ao lado de Solomon e outro acertando um tronco próximo ao clérigo. Ele rapidamente puxou a maça da cintura, se preparando para o combate, assim como o guerreiro fez com seu martelo.

— Você está bem? – perguntou Charly preocupado, se aproximando da paladina.

— Uhum... – ela murmurou se levantando e ele pode notar que ela não aparentava tão bem quanto dizia. – Vamos embora daqui. Agora! – ela gritou.

Rapidamente os quatro começaram a correr por entre as árvores, fugindo dos atiradores. Arlindo foi à frente, iluminando o pouco que conseguia enquanto Solomon ia por ultimo, olhando para trás, tentando achar os inimigos. Charly fazia o mesmo e por breves instantes conseguiu ter um vislumbre do brilho vermelho dos olhos dos drows.

— Eles continuam vindo! – gritou o garoto amedrontado.

— Não parem de correr! – gritou Dorothy e então a luz do elmo do clérigo se apagou permanentemente.

Mais dois virotes voaram na direção deles e um acertou as costas de Arlindo. O clérigo gritou com a dor e Charly pode ver a silhueta de Dorothy ir até ele antes dele parar e se esconder atrás de uma árvore.

— Não podemos correr deles. – falou o garoto os procurando com os olhos.

— Não podemos lutar contra eles também. – disse a paladina puxando o escudo das costas enquanto ajudava o clérigo a ir para trás de um tronco.

— Não temos muita escolha. – falou Solomon também parando atrás de uma árvore para se proteger.

— Nós estamos ferrados. Não dá nem pra enxergar esses bastardos! – gemeu Arlindo – Não me deixa morrer aqui, eu sou belo e jovem demais pra isso! – falou segurando no braço de Dorothy.

— Fica quieto! Ninguém vai morrer! – ela o repreendeu, puxando o virote das costas do clérigo em seguida.

Arlindo gritou e a paladina pôs a mão sobre seu ferimento aberto, utilizando o restante que possuía de sua cura nele e iluminando brevemente onde ela e o clérigo estavam.

— Temos que sair daqui rápido. – disse ela.

— Não acho que vamos conseguir fazer isso. – falou Charly com o coração acelerado.

— Você não tem nenhuma magia pra ajudar a gente? – perguntou a garota ao clérigo.

— Não, eu já usei tudo o que tinha pra hoje. – respondeu ele.

Charly apertou os olhos, respirando fundo e então começou a pensar em como eles poderiam escapar dos virotes que vinham na direção deles a cada instante. Foi quando que ele notou que os tiros haviam parado por algum tempo. O garoto abriu novamente os olhos e notou a escuridão da floresta, ele podia ver pouquíssimo do que estava a sua volta e isso logo o fez pensar: “Por que pararam de atirar?!”, então ouviu passos amassando as folhas e galhos do chão há alguns metros de si.

O garoto se esgueirou para outra árvore tateando seu caminho, mas sem conseguir ser furtivo o suficiente, uma drow de cabelos ondulados que estava não muito distante dele o notou, esticando a mão e conjurando uma magia em sua direção.

Um raio azulado saiu das mãos da jovem elfa e encontrou as costas do menino. Charly sentiu sua pele queimar com o frio intenso que o atingiu e gemeu com a dor. Dorothy rapidamente saiu de onde estava com o escudo e espada em mãos e gritou pelo garoto, procurando-o no escuro.

Exposta, a paladina virou o novo alvo dos drows levando um tiro de virote em seu escudo enquanto uma guerreira corria em sua direção com uma lança em mãos. Solomon saiu de sua cobertura e avançou na direção em que ouvia a movimentação acontecer, mas sem saber exatamente onde estavam os inimigos ele acertou apenas o ar com seu martelo.

— Precisamos de luz! Coloque no elmo e jogue ele aqui! – gritou Charly para Arlindo, imaginando que este não entraria em combate por estar muito ferido.

Uma luz fraca e azulada então apareceu, mas esta não vinha do clérigo e sim da mão da drow a sua frente. Charly se assustou com a energia negativa envolta aos dedos da elfa de robe azul-escuro e deu alguns passos para trás já virando sua espada quebrada na direção da oponente.

— Fique quieto humano e isso acabará logo para você. – disse a garota de pele escura e arroxeada.

Charly não a respondeu apenas encarou o vulto a sua frente, tentando enxergá-lo melhor. A menina de orelhas pontudas então correu em sua direção com a mão estendida, o garoto ergueu sua espada para atacar ao ver o brilho azul se aproximando, mas ela ergueu o braço dele com o cotovelo e tocou em seu peito com a palma da mão esquerda. Ele sentiu uma dor estranha, como se algo dentro de si estivesse sendo sugado pelas mãos da elfa e se afastou dela, assustado.

A luz amarelada e tremula do elmo de Arlindo apareceu novamente e com ela, Charly pode ver a drow o encarando com os olhos vermelhos e vívidos. Ele engoliu um pouco de saliva, nervoso, e então olhou em volta. Viu o clérigo correndo na direção de um besteiro enquanto Solomon e Dorothy lutavam com outras duas elfas. Além disso, também enxergou uma grande rocha cinzenta de cerca de um metro e meio de altura há alguns passos dali que poderia lhe proporcionar tanto cobertura como vantagem de altura caso subisse em seu topo achatado.

— Eles não irão te salvar. – disse a drow reparando que o garoto observava seus aliados.

— Eu não preciso que eles me salvem. – respondeu Charly, tentando parecer corajoso enquanto a luz instável de Arlindo iluminava seu rosto.

— Eu acho que precisa, posso ver o medo nos seus olhos. Medo que realmente deveria ter... – disse ela e então avançou novamente na direção dele com o brilho azulado nas mãos.

Charly deu um passo para trás e empurrou o braço da garota para o lado, desviando de sua magia e a virando para outra direção. Em seguida ele virou de costas para correr até a rocha, mas a elfa se abaixou e rodou com a perna esticada, dando-lhe uma rasteira que o derrubou no chão. Ele rolou para o lado com o coração acelerado e se levantou logo em seguida, enquanto a elfa tirava um pequeno cubo de metal de dentro da manga de seu robe azul e o fechava na palma da mão falando duas palavras em subterrâneo. Ele correu para longe dela, mas assim que deu as costas para a drow, ela se esticou para frente com a mão carregada de energia e se jogou numa cambalhota, alcançando a panturrilha do jovem humano.

Os dois rolaram no chão e Charly sentiu uma descarga de energia elétrica percorrendo por toda sua perna enquanto ela segurava sua panturrilha. Ele chutou a mão da elfa se soltando dela então ela rolou para o lado e se levantou há alguns passos dele, estendendo a mão em sua direção. O garoto rolou para trás e ficou de pé novamente, a tempo de desviar de um raio de gelo que a garota lançara.

“Não posso deixar ela me tocar” pensou sentindo espasmos na perna que ela atingiu. "Preciso manter distância" concluiu, então puxou a espada curta da bainha, segurando as duas lâminas para frente de modo defensivo enquanto caminhava lentamente para trás.

— Onde está indo? Não pode escapar de mim pequeno humano. Sou mais rápida do que você jamais será. – disse ela se aproximando vagarosamente de forma sinistra.

Mas o garoto nada respondeu, apenas continuou caminhando de costas enquanto ela avançava em sua direção no mesmo passo. Até o momento em que ele a notou olhando para os lados agitada.  O garoto se virou para trás para ver se havia algo vindo em sua direção, mas assim que se voltou para sua oponente novamente ela lançou um raio de gelo em sua direção, que o fez pular para trás para não ser atingido.

Ela o encarou com raiva e então puxou uma adaga curva presa na parte de trás de sua cintura, segurando-a com a empunhadura invertida. Charly ficou intrigado por uma conjuradora sacar uma arma mundana no meio de um combate e concluiu que o único motivo pelo qual ela faria aquilo seria se as magias dela houvesse acabado. Ele observou a drow procurando por armas que ela pudesse usar a distância e após não ver nada, sentiu certo alívio. “Agora é a minha chance” pensou dando passos mais rápidos em direção à rocha atrás de si.

A elfa franziu o cenho e ao ver o arco curto nas costas do jovem ela rapidamente entendeu o que ele iria fazer. Ela correu com a adaga em mãos na direção do garoto e ele recuou para trás da rocha. A drow parou de avançar antes de alcançá-lo e segurou com raiva sua adaga curva, o que deixou Charly confuso. “Por que ela não terminou o ataque?” questionou. E então reparou que os olhos dela prestavam atenção no cenário em atrás dele.

O garoto considerou que ela podia estar tentando enganá-lo novamente, mas não resistiu e olhou rapidamente para trás, não achando nada suspeito atrás de si. Ele ficou alguns instantes encarando a drow e depois de ver que ela, apesar de querer, não estava avançando para atacá-lo, ele começou a escalar a rocha. A elfa o fitou com raiva e ao mesmo tempo preocupação, o que fez o garoto assumir que havia algo ali que a impedia de avançar para aquele ponto. "Será que é alguma magia?", pensou descrente, já que drows eram incrivelmente resistentes a energia mística.

Ele então deixou o pensamento de lado e olhou para seus aliados, vendo que estavam todos bem feridos e ainda em combate com suas respectivas oponentes. Ele largou as duas lâminas e puxou o arco curto das costas, já preparando uma flecha nele e apontando para a jovem drow com que lutara, já que estava relativamente seguro ali, deveria tentar manter aquela posição e ajudar seus aliados. A drow arregalou os olhos e balançou a cabeça em negação.

— Não faça isso. – ela ordenou dando um passo para frente – Ou farei sua morte ser a mais lenta e agonizante possível.

— Não acho que vá conseguir fazer isso. – ele respondeu apontando o arco na direção dela, para que não se aproximasse – Dorothy! Arlindo! Solomon! –gritou.

— O que está fazendo? – perguntou a jovem drow furiosa.

— Venham pra cá! Eles não passam daqui! – continuou o garoto – Rápido!

Dorothy e Arlindo se entreolharam e o clérigo logo saiu correndo para testar o que Charly dizia, sendo seguido pelo seu oponente que agora lutava com um sabre. A conjuradora de robe azul olhou tudo boquiaberta e se viu sem ter o que fazer.

— Não... Não. – ela sussurrou e então num lapso de raiva ela jogou sua adaga na direção do garoto.

Distraído ao ver o drow com quem Arlindo lutava o seguindo, ele não viu o arremesso da conjuradora, que o acertou na altura da clavícula o desequilibrando. A elfa então avançou até onde ele estava e pulou sobre o garoto o derrubando no chão e fazendo-o soltar o arco.

— Você pediu por isso. – disse ela empurrando o rosto do menino para o lado.

Ofegante e surpreso Charly tentou empurrar a drow de cima de si, mas ela se segurou com as pernas e começou a pressionar seu pescoço, tornando difícil sua respiração. O coração do jovem theolino começou a bater forte, tão forte quanto no dia em que viu sua primeira morte, a de sua mãe. “Não, não, não” ele pensava aflito tentando empurrar a drow de cima se si enquanto ela cravava as longas unhas em sua pele.

— ...N-ão. – murmurou o garoto se debatendo.

Charly esticou os braços e tocou no rosto da elfa, empurrando sua cabeça para cima. Ela se mexeu e a mão dele alcançou seu pescoço. Ele começou a apertá-lo com uma das mãos enquanto tentava se soltar com a outra. Seus olhos começaram a lacrimejar e ele viu que não iria conseguir tirar a drow de cima de si. Ele então a agarrou no pescoço com as duas mãos e usou toda a força de tinha para apertá-lo enquanto ela fazia o mesmo com ele.

A luz instável do elmo de Arlindo se aproximava enquanto ele encarava os olhos vermelhos da drow. Ele viu naqueles olhos raiva e desespero e isso o assustava muito. Ele fechou os próprios olhos e apertou as mãos o máximo que conseguia, sentindo o ar ficando cada vez mais escasso, até sentir o ultimo suspiro.

Charly abriu os olhos e viu os círculos vermelhos e sem vida o encarando enquanto o peso do corpo da drow caia sobre si. Ele soltou seu pescoço e a empurrou para o lado enquanto retomava o próprio fôlego assustado. Passando a mão sobre o próprio pescoço ele olhou em volta, ainda deitado, e viu o brilho do elmo de Arlindo parando ao seu lado.

— Você está bem garoto? – perguntou o clérigo olhando a elfa morta.

Charly apenas concordou com a cabeça com os olhos arregalados.

— Certo... Desça daí. – falou estendendo a mão para o garoto — Você estava certo! Eles não vem aqui. – disse e Charly viu ao fundo o drow que antes perseguia Arlindo os encarando há alguns metros. — Ainda consegue atirar? – perguntou e o garoto respondeu afirmativamente — Ótimo, então pegue seu arco. Vamos dar cobertura pra eles. – falou pegando a besta da bolsa tiracolo.

Charly meio desnorteado concordou com a cabeça por não conseguir falar direito e pegou o arco curto de cima da rocha. Ele mirou nos inimigos, mas acabou não gastando flechas, pois Solomon derrotou uma das drows e correu junto de Dorothy de lá enquanto Arlindo usava sua besta para intimidar quem os tentasse atacar.

Em instantes todos haviam passado para além da pedra e vendo que os elfos não os seguiriam eles correram. Charly ainda olhou mais uma vez para trás, vendo os drows indo embora furiosos e o corpo da primeira morte que causara.


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Notas finais do capítulo

Capítulo novo o/
E então o que acharam? Comentem que eu não mordo ♥