Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 23
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Esse capítulo ficou maior do que eu imaginava. Esse tamanho está bom para vocês ou gostariam que eu os dividissem? Eu acabo empolgando e escrevendo demais!!! xD Leiam as notas finais, tenho um pequeno pedido a fazer. Beijos.



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“Quem põe ponto final numa paixão com o ódio ou ainda ama, ou não consegue deixar de sofrer”. (Ovídio)

Desde que soube da possibilidade de reencontrar Amelia, um desconforto insuportável acompanhou os seus dias. Muitas versões de si mesmo pairavam em seus pensamentos. 

Pensou que pudesse agir de maneira amargurada e melancólica pelas dúvidas latentes que nunca o deixavam sozinho, ou até mesmo com a indiferença que aquela história mal explicada merecia.

Mas, surpreendentemente, as coisas não aconteceram nem perto dessas opções.

Quando avistou Amelia conversando com Gilan, o único sentimento que se manifestou foi raiva. Uma raiva brutal e sem cabimento. E quanto mais se aproximava das duas, mais compreendia que essa sensação nada tinha a ver com o seu passado. 

Estava simplesmente furioso com Amelia e pelo seu atrevimento de se aproximar de Gilan. Seu coração arrebentava dentro do peito só de imaginar que a noiva pudesse ser ofendida ou maltratada por aquele encontro. 

E Merda! Ele poderia relevar qualquer coisa, as ofensas, as malditas lembranças, as discussões inacabadas, mas jamais perdoaria Amelia se ela fizesse mal àquela garota.

— Obrigada por concordar em conversar comigo, Vince. — a voz de Amelia sempre pareceu harmoniosa, mas naquele momento, apenas causou uma contorção ruim em seu estômago.

— O que você quer, Amelia? — se esforçou para não soar tão grosseiro, mas falhou um pouco.

A líder de equipe arregalou os seus grandes olhos, parecendo desconcertada. Vincent travou o maxilar tentando recuperar a calma. 

Por Deus! Ele não queria ser áspero com ela, mas não conseguia se controlar. Eram tantas as emoções conflitantes que não o deixavam pensar direito. E o fato de Gilan parecer tão chateada com ele não o ajudava em nada.

Os olhos tristes da assistente refletiram em sua frente como uma lembrança penosa. Gilan não merecia isso. Mas ela não tinha nada a ver com essa história. E mais cedo ou mais tarde, a jovem perceberia que entre ele e Amelia havia assuntos que ninguém poderia compreender, ou interferir.

— Por que você se casará com ela? — Amelia o questionou sem a menor cerimônia, como era de se esperar.

— Pelo mesmo motivo que milhares de pessoas se casam. — ele retrucou irônico. — Foi para me perguntar isso que você quis conversar?

— Você pode enganar qualquer um naquele salão, você pode enganar até a si mesmo, Vince, mas eu te conheço.

— Conhecia. — ele retrucou.

— Você já disse que a ama? — ela insistiu, erguendo o olhar com petulância.

Amelia foi a única mulher que escutou essa confissão sair de sua boca. E ela sabia disso.

— Não. — ele apenas foi sincero. — Mas, isso não muda o fato de que eu estou noivo, e que daqui há uma semana irei me casar.

— Não se case. Não se case com ninguém que não seja eu.

Vincent sentiu o ar mais denso ao redor. Passou as mãos pelos cabelos para que as suas mãos não cometessem alguma loucura, e em seguida, a encarou.

— Você continua uma egoísta de merda! — ele praguejou, soltando uma risada debochada. 

Amelia não contra argumentou, ficando calada. O que só tornou aquilo tudo pior.

— Onde você se escondeu todos esses anos, Amelia? Não foram dias. Não foram meses. Foram anos.  — ele não segurou a elevação de sua voz. — Anos que eu passei sozinho. Conquistei coisas, segui com a minha vida. Sem sequer um telefonema seu. Sem um minuto da sua preocupação. — a voz de Vincent oscilou. — Onde você se escondeu quando Elaine entrou na porcaria da minha sala para me dizer que estava morrendo?

Amelia o encarou com surpresa. — Elaine está doente?

— Você estava ocupada demais me evitando. — ele continuou, a ignorando. — Posando para as revistas e ficando noiva de outro homem. — ela quis interrompê-lo mas Vincent não permitiu. — Não venha me dizer o que fazer. Não apareça depois de anos como se nada tivesse acontecido, como se você ainda me conhecesse, porque você não me conhece mais. 

Um silêncio se instalou entre os dois. Vincent se afastou alguns centímetros e soltou um longo e exausto suspiro.

— Eu me sinto aliviada. — Amelia finalmente falou.

— Aliviada?

— Eu jamais pensei que depois de tantos anos você ainda sentisse tanta raiva de mim. — Amelia soltou um imperceptível sorriso. — Eu me sinto aliviada por isso. Aliviada por saber que ainda existe algum sentimento dentro de você. De saber que você não é… Indiferente.

— Não vire o jogo, Amelia. Não existe nada positivo aqui dentro. — e Vincent apontou para a direção do próprio coração.

— Você ainda pensa em mim. — e isso não era uma pergunta.

— Eu segui em frente, Amelia. — Vincent disse simplesmente. — Eu irei me casar.

— O meu coração não consegue aceitar isso. — Amelia admitiu. — Eu juntei toda a minha coragem para vir até aqui, mesmo sabendo que o encontraria com ela. — Amelia sorriu fraco. — Você tem sido o meu assunto mal resolvido. E isso é tão angustiante, Vincent. E só eu e você podemos entender o quanto. Quando eu vi o anúncio do noivado. A sua foto na revista. Eu entendi, Vince. Eu não poderia deixar isso seguir dessa maneira, precisamos nos resolver, precisamos esclarecer muitas coisas. 

— Esse momento já passou. — ele virou as costas, mas não se afastou. — E eu nem deveria estar aqui. Porra, Amelia! — ele gritou, e a encarou novamente. — Eu esperei tanto tempo para te ouvir dizer exatamente essas palavras, mas justamente agora... Eu não posso.

— Por que você simplesmente me deixou ir? —  Amelia o encarou como se aquela fosse uma pergunta que fizesse qualquer sentido.

— Eu te dei todas as chances de se explicar, de esclarecer as coisas. Não diga que eu não fiz a minha maldita parte. — ele praguejou.

Amelia balançou a cabeça negativamente.

— Eu estava ofendida, Vincent. — ela o fitou intensamente. — Você dizia que acreditava no meu amor, mas a cada briga, o menino abandonado pelo pai vinha à tona. Eu não podia mais lidar com isso. E eu queria acreditar que você saberia melhor. Mas você simplesmente me deixou ir.

— Confiança precisa ser construída. — Vincent murmurou, sem a certeza de que tivesse sido escutado.

— Não se case com ela. — Amelia soou desesperada. — Temos tanto o que falar e Gilan jamais poderá-

Vincent avançou na direção de Amelia e a encurralou perigosamente numa pilastra do jardim.

— Não diga o nome dela. — com as veias pulsantes e as pupilas dilatadas, Vincent parecia irreconhecível. — Não quero sequer que você a olhe novamente.

A expressão de Amelia era de puro terror.

— Você está me machucando falando comigo dessa maneira.

Frustrado, Vincent esmurrou a pilastra sentindo um corte se abrir em sua pele. Ele encarou o sangue que vazava do seu ferimento.

— Você já me machucou muito mais do que isso, Amelia. — e virou as costas, a deixando sozinha no jardim.

xXx

Gil olhou para os rostos desconhecidos que enchiam o salão e sentiu-se sufocada. Era como um soco na boca do estômago.

Seus pés se moveram com dificuldade procurando uma maneira de se afastar daquele lugar. Os olhos mal enxergavam o caminho, estavam cobertos de lágrimas que não podiam cair. 

Não ali. Não com todas essas pessoas ao redor.

Com o peito apertado e um nó na garganta, ela apressou o passo atravessando a pista de dança, desejando chegar o quanto antes ao hall de entrada.

Sentiu o baque de um corpo alto e rígido em seu caminho.

— Me desculpe. — ela disse, sem sequer olhar em quem havia esbarrado.

— Ei, ei! Gil? — sentiu a mão do desconhecido segurar o seu pulso com delicadeza e ela o encarou.

— Matt… — ela disse o nome dele como se fosse uma oração atendida pelos deuses. Quando notou o produtor tão confuso e preocupado, Gil não aguentou e deixou as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto.

— Quer ir embora? — ele disse simplesmente.

— Sim. Por favor, me tira daqui. — ela suplicou, tentando controlar os soluços que pareciam ainda mais intensos depois de sentir os braços do produtor envolverem os seus ombros.

Enquanto Matt dirigia, Gil fixou o seu olhar na paisagem noturna da cidade. Luzes, muitos carros e pessoas andando pela rua. 

Desejou poder ser qualquer um que via passar. Pareciam tão mais felizes do que ela. Namorados de mão dadas. Sorvetes em família. Jovens e suas cervejas. Tudo parecia tão melhor do que um emprego estressante, um noivado falso e um coração despedaçado.

— Isso tem a ver com Vincent? — Matt quebrou o silêncio, e a voz dele não escondia a sua reprovação.

— Tem a ver com as minhas expectativas. — Gil amenizou.

— Eu o vi com Amelia, foi esse o motivo?

Gil simplesmente assentiu.

— Ainda existe algo entre eles? — o produtor quis saber.

— Alguns assuntos mal resolvidos. — ela desconversou. O que poderia responder? Sim, o meu futuro marido é apaixonado por outra mulher.

Matt bufou frustrado e Gil pode notar que a ponta dos dedos dele apertavam o volante com muita força. Muita.

— É difícil te ver assim. — Matt prensou o maxilar, parecendo realmente tenso.

— Eu não queria preocupá-lo. Me perdoe por isso.

— Não me peça perdão. — ele fixou o olhar na estrada. Mas logo depois, a fitou por alguns segundos. — Eu estou apaixonado por você, Gilan.

Se Gil estivesse em qualquer outro momento de sua vida, ouvir aquelas palavras de um homem tão maravilhoso como Matt seria o mesmo que ganhar na loteria. Mas Gil não estava. Gil gostava de Vincent. E se via presa nesse sentimento, por contrato e por amor. 

E por mais que ela se sentisse protegida na presença de Matt, Gil não tinha o direito de continuar alimentando essa situação.

— Matt, eu estou-

— Noiva. Eu sei. E eu respeito isso. — Matt freou o carro e Gil percebeu que o GPS já os havia deixado em frente ao seu apartamento. — Mas se existe qualquer parte de você, por menor que seja, que duvida desse casamento, não se case. Você merece coisa melhor. Alguém que queira só você, porque só consegue enxergar você. E ninguém mais. — ele praticamente suplicou. — Você merece muito mais do que chorar sozinha no canto de um salão.

O produtor a encarava com os seus olhos claros e ternos. Gil sabia que Matt tinha razão. E era essa certeza que fazia a sua dor parecer tão difícil. Não existia nada no mundo que quisesse mais do que recuperar o controle dos seus sentimentos. Se pudesse escolher, se coubesse a ela comandar os próprios desejos em seu coração, Gil jamais teria descido daquele carro tão abruptamente.

Matt também desceu e se aproximou de Gil, tocando a pele do seu rosto. 

— Eu não consigo fazer isso, Matt. Eu não posso te usar cada vez que Vincent me magoar. — ela murmurou, envergonhada em admitir o quanto vinha sendo egoísta.

— Me use. — o produtor simplesmente pediu. — Apenas me chame, me procure. Mas não se afaste de mim. 

— Isso não é justo. — Gil mal conseguia encará-lo.

— Eu quero isso. — ele confessou. — Quero que venha até mim sempre que o seu coração precisar.

Gil desejou que Matt jamais tivesse dito isso. Pois era exatamente o que ela queria ouvir. Ela queria que ele continuasse por perto, por mais cretina e miserável que parecesse, Gil queria que Matt jamais a deixasse sozinha. E que ele fosse capaz de curá-la cada vez que Vincent pisasse em sua quase inexistente autoestima.

— Eu preciso tanto. — e antes que Gil pudesse continuar, as lágrimas teimosas deslizavam novamente pela sua face.

— Eu sei. — o produtor a puxou subitamente, a envolvendo com o calor do seu corpo confortável. Afagou os cabelos de Gil com cuidado, afastando alguns fios grudados de suor em sua testa.

Os pequenos dedos de Gil apertavam a cintura do produtor. Ela se agarrava ao abraço dele como se aquilo realmente pudesse protegê-la da realidade tão deprimente que a perseguia.

Molhou o tecido da camisa de Matt com o seu choro contínuo, e soltou um resmungo, tentando se desculpar pela bagunça de lágrimas e saliva. O produtor a apertou ainda mais contra o seu peito, lhe dizendo mesmo que sem palavras, que estava tudo bem.

Aos poucos, o seu corpo foi relaxando e a sensação de ansiedade foi dando lugar a algo tranquilo e anestesiante. Gil precisava daquele abraço mais do que gostaria de admitir.

— Melhor? — Matt perguntou.

— Muito. — ela respirou pausadamente e se concentrou nas batidas ritmadas que retumbavam no peito do produtor. — Obrigada.

— Disponha. — ele deu uma risada tão leve que Gil quis soltá-lo apenas para admirá-lo sorrir. Mas ela não se moveu. Ainda não estava preparada para sair daquele aperto tão confortante.

Gil fechou os olhos e exalou o cheiro que vinha do produtor. Um aroma que fez com que a tensão em seu corpo abrandasse imediatamente. Então, o peso de uma mão firme e quente lhe arrancou dos braços de Matt de uma só vez.

— Que porra está acontecendo aqui?

xXx

Depois de meses trabalhando ao lado de Vincent, Gil já havia presenciado todo tipo de ataque de fúria do chefe. Mas jamais, em nenhum momento, o havia visto com uma expressão tão assustadora como agora. 

Vincent se posicionou entre ela e Matt, dando as costas para o produtor. O chefe a encarava como se esperasse por respostas.

Gil instintivamente procurou pelo olhar do produtor, querendo sair daquela situação.

— Olhe para a merda dos meus olhos, Gilan! — Vincent gritou. Ele. Realmente. Gritou. — O que está acontecendo aqui?

— Não grite com ela, Vincent. — Matt interferiu.

— Se eu me virar e olhar para essa sua cara maldita, eu juro por Deus que irei te arrebentar, Matthew. — Vincent sibilou, com uma voz arrastada e ameaçadora, em seguida, fechou os olhos respirando pausadamente e a encarou novamente. — Eu te fiz uma pergunta, Gilan.

— O que está acontecendo aqui não é problema seu. — ela retrucou com convicção.

— Não enquanto for a minha noiva. — ele murmurou.

— Pensei que tivéssemos redefinido os termos do nosso noivado quando você me deixou sozinha naquele salão. 

— Eu não discutirei isso agora. — Vincent fez um discreto sinal na direção do produtor.

— É melhor você ir, Matt.  — Gil sorriu para o produtor e pediu gentilmente.

— Você ficará bem? — Matt quis se certificar e Gil apenas assentiu. — Lembre-se do que falamos. Sempre que o seu coração precisar.

Gil pode ver Vincent fechar os olhos e cerrar os pulsos. O produtor logo entrou em seu carro, deu partida e se afastou da vista dos noivos.

— O que Matthew quis dizer com isso? — Vincent a questionou. Gil o encarou com a expressão exausta e se virou, na intenção de entrar em seu condomínio, mas Vincent a segurou. — Vai dar as costas para mim?

— Se você pode, por que eu não poderia? 

— Você não entende. Amelia é– - 

— Um assunto não superado. Eu já entendi isso. — Gil cerrou os lábios fazendo uma força absurda para não chorar novamente.

— Eu ia dizer que ela é um problema meu. — Vincent fixou o seu olhar no chão e soltou um suspiro cansado.

— Foi você quem me colocou no meio disso, Vincent. — Gil se soltou do toque do chefe. — E agora eu também estou envolvida.

— O nosso contrato nada tem a ver com o meu passado. Não irei te desrespeitar, se é isso o que te preocupa. Embora não tenha sido eu a abraçar outra pessoa no meio da rua. — ele debochou.

— Você me largou na festa para conversar com Amelia. — ela se justificou. 

— E não demorou nem um minuto para que você entrasse na porcaria do carro do Matthew e sumisse de lá, não é mesmo?

— O que queria que eu fizesse? — ela riu nervosa. — Você me deixou completamente sozinha, como achou que eu me sentiria?

— E como acha que eu me senti ao procurar desesperadamente pela minha noiva e ouvir da boca de um convidado qualquer que ela havia saído com outro homem?

— Você está exagerando, Vincent. — ela revirou os olhos.

— Eu só estou cansado de lidar com mulheres que me fazem de idiota.

Um som estalado cessou as palavras de Vincent. Gil sentia os seus dedos arderem enquanto via a marca do tapa latejar no rosto do chefe.

— Eu não admito que você fale de mim dessa maneira. — ela despejou, a voz embargada por uma onda de choro que insistia em sair. — Eu não sou a Amelia. Ou qualquer outra pessoa que tenha passado pela sua vida. Minhas atitudes e minhas palavras são apenas minhas. E você não tem o direito de me julgar.

Vincent levou a mão ao rosto instintivamente, acariciando o local avermelhado.

— Existem coisas que vão muito além de um pedaço de papel, Vincent. Você pode assinar um contrato comigo, me sujeitar a posar para as revistas e me apresentar para pessoas que você não dá a mínima, mas você não pode me impedir de estar envolvida.

O chefe permanecia em silêncio, e ela continuou.

— Você não pode me impedir de ficar preocupada se você tomou ou não os seus remédios da gastrite. Ou quando eu tento me certificar de que esteja se alimentando melhor. Você não pode me impedir de me comover com a sua infância ou admirar a sua força de vontade. Não pode me impedir de amar tanto Elaine ao ponto de considerá-la da minha própria família. E você não pode me impedir de estar magoada… — Gil prensou os olhos. — Quando você me abandona por alguém que te fez tanto mal, que te fez tão difícil de se aproximar. Tão difícil de… — Amar. Ela completou mentalmente, e o fitou de novo. — Eu não tenho asco de você. O que eu sinto é raiva. Raiva por saber o quanto você é melhor do que esse personagem que inventou para fugir das pessoas. Eu tenho raiva de tudo que te fez sofrer assim. Mas que droga, Vincent! Eu tenho raiva desse seu passado que não te deixa ter um maldito futuro.

Gil virou-se de costas numa tentativa estúpida de impedir que Vincent percebesse as lágrimas que se formavam em seus olhos.

— Eu não posso mais. — Gil despejou e Vincent tentou tocá-la mas ela se afastou. Ele insistiu, até fazê-la se virar. — Não!  Me deixe, Vincent. Acabou, isso acabou!

— Porra, Gilan! Olhe para mim. — ele a sacudiu um pouco mais brusco.

— Eu não posso. Eu não quero mais me casar com você.

— Isso não vai terminar até você me ouvir. — Vincent a aproximou abruptamente, quase chocando os seus narizes.

— Ouvir o que? Que no final da noite eu estarei sempre sozinha?

— Você está sozinha agora?

Gil abriu e fechou a boca na intenção de respondê-lo, entretanto, Vincent continuou. — Eu estou aqui. E não vou embora até você me ouvir. — Gil quis simplesmente dar as costas, mas quando percebeu um ferimento na mão de Vincent, a sua expressão se suavizou um pouco. — Eu te ouvi. Cada palavra. E agora te peço o mesmo. Depois que escutar tudo o que eu tenho a dizer, você é livre para tomar a decisão que achar melhor e eu prometo que não contestarei. — e ele calmamente a soltou.

Gil não queria que aquela noite durasse um segundo a mais. Tudo o que precisava era entrar no seu apartamento, tomar um banho quente e se jogar em sua cama, mas no fim, ela simplesmente cedeu.

— Não aqui. — Vincent segurou a mão de Gil e a arrastou até o seu carro, estacionado a alguns metros dali.

Gil logo percebeu para onde Vincent estava dirigindo. O seu estômago revirou quando avistou a silhueta dos prédios da cidade. 

Estavam de frente ao skyline.

— Por que você me trouxe aqui? — sua voz não escondia a sua decepção.

— Você concordou que me escutaria. Venha, desça. — Vincent simplesmente pediu.

Enquanto caminhavam pelas margens do rio, Gil se lembrou como aquela vista sempre fora a sua favorita da cidade. Sua mãe lhe trouxe ali pela primeira vez para ensiná-la a andar de bicicleta, o que resultou em muitas cicatrizes em seus joelhos.

Quando Gil foi aceita para a universidade, Kerya comprou um fardo de cerveja e elas beberam a noite toda sentadas naquela mesma margem. 

O chefe travou o passo ficando de frente para Gil. 

— Desde o começo, a única coisa que eu queria era resolver o seu problema e o meu, Gilan. E eu achei que conseguiria manter tudo sob controle. 

Gil o encarou com desconfiança, ela queria tanto entendê-lo.

— Você me perguntou se aquele pedido de casamento em frente ao skyline havia sido real. — Vincent a fitou, e quando Gil achou que ele ia dizer alguma coisa, ele simplesmente se ajoelhou.

— O que você está fazendo? — ela olhou freneticamente para os lados, um tanto desconcertada com aquela cena.

— Nunca foi real. — Vincent confessou. — Quando eu descrevi o pedido para a sua irmã eu pensei em você. Apenas em você. Pensei em algo honesto, em algo simples e sem complicações. Tudo que eu, infelizmente, não posso te dar.

Vincent retirou uma pequena caixa de veludo do bolso.

— Eu jamais serei o bom moço que te resgata no meio de uma festa, ou alguém que te leva para passear no parque durante o expediente. — o chefe continuou. — Mas se existe algo real aqui é o quanto eu me importo com você. — Vincent suspirou alto e Gil percebeu que ela mesma estava segurando a sua respiração. — E lamento que essa noite eu a fiz pensar diferente disso.

Vincent abriu a pequena caixa, revelando um anel de ouro branco com pequenas esmeraldas cravadas por toda a lateral e uma exuberante safira solitária na ponta.

As nossas cores favoritas.

Ele ergueu a pequena caixa de veludo aproximando o anel das mãos trêmulas de Gil.

— Case-se comigo, Gilan. — Vincent pediu. — Case–se comigo e eu prometo que farei cada segundo daquele maldito contrato valer à pena.

 


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Notas finais do capítulo

Queridos leitores, eu vi que tem bastante gente acompanhando a fic e eu gostaria de pedir para vocês configurarem esse acompanhamento como "público" pois isso me ajuda PRA CARAMBA na divulgação da história. Purrrfavô, nunca te pedi nada *-*

Até semana que vem o/