Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 16
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Me desculpem o atraso, tô com uma gripe lazarenta e nem sei como consegui corrigir isso aqui! Se acharem algum erro me avisem, por favor. Boa leitura...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641819/chapter/16

"Todos temos por onde sermos desprezíveis. Cada um de nós traz consigo um crime feito ou o crime que a alma lhe pede para fazer". (Fernando Pessoa)

 

Dentro do táxi, Gil retocou a sua maquiagem, calçou os caríssimos sapatos e arrumou os cabelos da melhor maneira que pode. Logo estaria em casa, e enfrentar um questionário da irmã sobre o motivo de seus olhos vermelhos era a última coisa que ela precisava. Sentiu uma agonia dilacerar o seu peito só de pensar em encarar Kerya. Tinha o costume de contar tudo para a irmã, tudo. 

Mas agora se via incapaz de falar. O jantar havia sido tão humilhante, tão vergonhoso. Como Gil poderia explicar que fora tola o suficiente para se apaixonar pelo seu chefe, pelo homem que jamais a tratou com um resquício sequer de real interesse?

Sim. Ele gostava dela. Ele havia dito, e ela acreditava. Mas agora as peças se encaixavam. As coisas finalmente faziam tanto sentido. 

Ele gostava por causa de Elaine. Gostava por gratidão e não havia nenhuma intenção romântica por trás disso. Nenhuma.

 Os seus lábios tremeram levemente ao se lembrar das palavras dele. Seja a minha esposa. O chefe a considerava uma mulher tão indiferente que estava disposto até mesmo a se casar de mentira com ela. Deus! Se casar. Como ela poderia aceitar algo assim?

Sempre sonhara com o seu casamento. Costumava imaginar uma pequena cerimônia, poucos amigos presentes – apenas os mais queridos – Kerya chorando orgulhosa e emocionada, e um noivo no altar a esperando. 

Um noivo apaixonado por ela, que a desejasse, que a quisesse, que a amasse.

Como ela poderia aceitar um casamento de outra maneira, cheio de termos e de cláusulas? Aquilo parecia um pesadelo.

Ao chegar em casa, abriu a porta sem fazer muito barulho e se deparou com uma sala totalmente envolta pela escuridão. Acendeu as luzes e viu a irmã sentada no canto do sofá, fumando um cigarro.

Kerya não fumava.

— Sei que você odeia cigarro. — Kerya murmurou. Os seus olhos estavam vermelhos e fundos, como se tivesse chorado o dia todo. Gil nunca havia visto a irmã tão abatida. — Mas eu precisei. — ela bufou e apagou o fumo num copo qualquer.

— Não se preocupe. — Gil sentiu que o clima não era dos melhores e decidiu não discutir sobre isso. Suspirou pesado, já pressentindo que a irmã não deveria ter escutado boas notícias do advogado. — Como foi a reunião com o Dr. Stan?

— Ruim. — Kerya sibilou com a voz fraca. — Péssima. As provas não serviram de muita ajuda.

— Mas tenho certeza que o Dr. Stan irá encontrar uma saída. — Gil tentou animá-la.

— Ao menos não somos as únicas no processo contra essa quadrilha, vamos entrar com um pedido coletivo, isso deve acelerar o caso. — Kerya se levantou e seguiu até a cozinha, carregando o copo sujo entre os dedos. Ao chegar até a pia, o objeto escapou de suas mãos e se espatifou no chão. Kerya abaixou-se para juntar os cacos de vidro e num movimento descuidado, se cortou.

— Kery! — Gil a chamou e correu em direção à irmã, ajoelhando-se no chão. — Tenha cuidado, o vidro-

Kerya abraçou a caçula de repente, a apertando com força. 

— Me perdoe... Por favor... Me perdoe... — encostou a cabeça nos ombros de Gil e começou a chorar. — Eu não consegui resolver as coisas. O meu empréstimo... — ela soluçou em desespero. — Eu não consegui. Me perdoe por falhar. Me perdoe por nos colocar no meio disso... Eu fui tão burra... Tão burra.

— Não diga isso. — Gil a apertou no abraço e beijou a sua testa. Fez uma força sobrenatural para não se juntar à irmã naquele choro. Essa noite, era sem dúvida, uma das piores de sua vida. —  A culpa não é sua. Por favor, não chore... Vai ficar tudo bem.

— Pela primeira vez, eu não tenho tanta certeza disso. — os lábios de Kerya tremiam. — Daqui alguns dias não teremos nem onde morar. — as lágrimas caíram novamente e Kerya abaixou a cabeça.

— Você não precisa segurar isso sozinha. — Gil fez com que a irmã a encarasse. — Eu também estou procurando uma solução.

— Eu não quero que você se complique por minha causa. Você já fez um empréstimo e-

— Não me exclua disso, Kery. — Gil a interrompeu. — Eu não sou mais criança. Me deixe tentar. — e permaneceram assim, abraçadas e em silêncio por alguns minutos.

— Vamos tentar juntas. — Kerya fungou e limpou as lágrimas, em seguida, se levantou. — Me desculpe, por ter... Você sabe.

— Você não precisa fingir o tempo todo que está bem, sabe, eu também sou muito forte. — Gil estufou o peito, arrancando um sorriso da irmã.

— Eu sujei o seu vestido. — Kerya encarou a mancha de sangue. 

— O pior é que esse é um vestido emprestado. — Gil também olhou para a marca de sangue em sua roupa.

— Eu dou um jeito nisso. — Kerya levantou uma das sobrancelhas. — Onde você estava?

— Tivemos uma reunião de trabalho em um restaurante.

— Parece importante, e fecharam um bom negócio?

Gil balançou a cabeça negativamente.

— O cliente recusou o contrato.

xXx

— A Gilan já chegou? — Vincent perguntou pelo o que deveria ser a quinta vez.

— Ainda não, Sr. Parker. — Sara respondeu, parecendo irritada com as interrupções constantes do líder de equipe.

— Isso é estranho, ela nunca se atrasa. — Oliver comentou. — Será que aconteceu alguma coisa?

Vincent sentiu vontade de responder que sim. Aconteceu.

Ele aconteceu. 

Ele e a sua maldita falta de tato.

Rolou na cama a noite inteira pensando na forma que a jovem deixou o restaurante. Os olhos azuis tão decepcionados. Nunca imaginou que aquela proposta pudesse ofendê-la tão profundamente. 

Se soubesse, não a teria feito. Jamais.

Gilan se tornou uma pessoa muito importante na vida de Elaine, e agora, por sua culpa, ela estava magoada. Por que era tão difícil para ele expressar a importância daquele pedido? Ele jamais poderia tê-lo feito a qualquer outra. Tinha que ser Gilan. Porque admirava a sua dedicação e a sua bondade, porque conhecia a sua personalidade afetuosa, porque gostava dela. Gostava muito dela. Gostava tanto, que confiava nela. Demais.

E agora, tudo o que lhe restava era aguardar aflito por alguma notícia da assistente. E se ela não voltasse? E se a jovem pedisse demissão, alegando que o chefe a estava coagindo com propostas indecentes? Ele não poderia reclamar. Ele bem que merecia um processo por isso.

— Bom dia! — a voz da assistente invadiu a recepção do departamento esportivo e Vincent se virou imediatamente. — Me desculpem pelo atraso. — Gilan falou com a expressão tranquila. Tão tranquila, que não se parecia em nada com a garota atordoada de ontem à noite.

— Está tudo bem? — Vincent se aproximou da assistente e a examinou com cautela.

— Por que não estaria? — a jovem respondeu soando um tanto cínica. — Tome. — ela lhe entregou o café. — Espero que ainda esteja quente. — e se retirou, indo em direção à sua sala.

— Ela parece um pouco esquisita, não parece? — Oliver comentou.

— Muito. — Vincent colocou o café na mesa de Sara e abandonou a recepção, seguindo a assistente pelos corredores. — Gilan! — ele a chamou.

— Sim? —  a jovem se virou e o encarou sem demonstrar muita emoção.

— Você realmente está bem? — Vincent perguntou enrugando a sua testa.

— Eu já disse que estou bem, Sr. Parker. — a jovem retrucou sem paciência.

— Você saiu correndo ontem. — ele se aproximou da assistente, a cercando no corredor. — Eu gostaria que tivesse me escutado até o final.

— Eu tive um súbito mal-estar. — ela se afastou dois passos dele.

— Sobre aquele contrato... — ele apertou as têmporas. — Eu realmente-- — Vincent foi interrompido pelo toque do celular da assistente.

— Matt! — a jovem abriu um largo sorriso. — Tive um pequeno imprevisto mas devo chegar em uns vinte minutos, no máximo. — e desligou, virando as costas para Vincent.

— Eu preciso de você comigo na próxima reunião, Gilan. — ele disse num tom severo.

— O senhor se esqueceu que precisamos fazer o checklist do catálogo com a produtora? — a jovem respondeu ainda de costas para ele.

— Mas isso não pode ser feito na semana que vem? — Vincent andou apressado e ficou ao lado da assistente. 

— O Sr. Matt estará numa conferência em Nova Iorque. — a jovem acelerou o passo, o deixando novamente para trás. — E esse é o único horário disponível dele nessa semana.

— Deixe que eu me resolvo com o Matthew, você não vai sair daqui hoje. — Vincent segurou no braço de Gilan, não muito forte, mas o suficiente para fazê-la parar de andar.

A jovem fitou a mão dele com severidade, em seguida, o encarou com aqueles olhos azuis que mais pareciam pedras de gelo. — Me solte, por favor.

— Escute, eu apenas-- — assim que ele a soltou, a assistente voltou a caminhar apressada pelo corredor.

— Já organizei tudo para a sua próxima reunião. Não se preocupe, eu não serei necessária. — a jovem entrou em sua sala, pegou uma pasta com alguns documentos e a entregou para Vincent. — Agora se me der licença, eu tenho uma reunião com Matthew Green, e não quero, de maneira alguma, deixá-lo esperando.

xXx

Gil refletiu como deveria tratar o chefe depois daquele desastroso jantar. Estava tão ofendida e humilhada que a sua vontade era de nunca mais encontrá-lo. Algo impossível no momento, devido a sua precária situação financeira. 

Mais do que nunca, ela deveria manter esse emprego. Pelo menos, por enquanto.

Porém, sabia muito bem que não conseguiria disfarçar os seus sentimentos o tempo todo. Era quase sufocante seguir admitindo o quanto estava apaixonada por aquele homem. 

Um homem capaz de elaborar um plano torpe para enganar a própria mãe. Era inaceitável que seguisse alimentando uma paixão assim e chegou a – provisória – conclusão de que o melhor para ambos, era que ela agisse com indiferença.

Mesmo profundamente magoada, Gil não ficou nada orgulhosa em ser grosseira com ele. Ela odiava tratar as pessoas daquela maneira, entretanto, não teve muita escolha. Ou continuava assim, ou não aguentaria vê-lo sem desabar em lágrimas. 

E com toda a dignidade que ainda possuía, deixou o chefe falando sozinho e seguiu para a sua reunião.

Não demorou muito para que chegasse à produtora e antes de entrar, ouviu uma voz familiar cantarolando uma música. Virou-se, fitando um homem de cabelos bagunçados sentado na mureta e usando um fone amarelo nada discreto.

Matt.

— O que um renomado produtor está fazendo aqui sozinho? — Gil não segurou o sorriso ao flagrá-lo tão informal e relaxado.

— Esse produtor estava muito entediado naquele escritório claustrofóbico. — Matt apontou para a maleta que estava ao seu lado. — Topa trabalhar ao ar livre?

Gil sorriu, com uma chama aquecendo o seu peito. — Obrigada, Matt. De verdade.

— O prazer é todo meu. — o produtor bateu continência. Em seguida, ofereceu o seu braço para Gil. — Vamos ler esses documentos chatos debaixo da sombra de uma árvore?

— E comer cachorro quente? — Gil deu um pulo animada. — Estou faminta.

— Não acredito que ainda não tomou o seu café da manhã. — Matt zombou. — Vou denunciar o seu chefe por te fazer trabalhar com fome.

— Ele faz coisas bem piores, acredite. — Gil revirou os olhos. —  E eu tomei café da manhã, só que já são quase onze horas. — ela apontou para o seu relógio de pulso.

— Onde vai parar toda essa comida? — o produtor cutucou a barriga dela. 

Gil fez uma careta. — Você está me chamando de magrela?

— Eu jamais ousaria. — Matt pendeu a cabeça e soltou uma gargalhada. Gil deu um leve tapa na testa do produtor. — Ouch! Isso doeu.

— Você mereceu. 

— E eu que pensei em te pagar um sorvete.

— Não desista dessa ideia, por favor. — Gil o olhou com súplica.

— Tudo bem, mas não me olhe assim. — Matt fez uma expressão derrotada. — É encantadora demais para suportar. — e o produtor girou os olhos.

Gil gargalhou novamente. Era extraordinária a facilidade com que ela conseguia sorrir ao lado de Matt. Tudo parecia tão simples.

O produtor retirou uma manta de sua bolsa e a estendeu na grama do parque. Gil arrancou os seus sapatos e Matt imitou o gesto. O dia não estava ensolarado, mas o céu azul com poucas nuvens formavam uma paisagem perfeita e agradável. Gil não poderia desejar um lugar melhor para trabalhar. Depois de tudo o que havia acontecido, era maravilhoso poder respirar o ar fresco.

Revisaram todos os catálogos entre brincadeiras, cachorros-quentes e refrescantes sorvetes. Era como se Matt a tivesse resgatado. Naquele pequeno  momento, Gil se sentia livre dos seus problemas, se sentia livre da pressão insuportável que eram os seus sentimentos ao redor do Sr. Parker.

— Terminamos! — Matt se deitou na manta e esticou-se, colocando as mãos atrás da cabeça.

— Finalmente! — Gil deitou-se ao lado dele, pousando as suas mãos na barriga e admirou o céu. — Eu poderia ficar aqui o dia todo.

— Pois fique. — o produtor virou o rosto, a encarando.

— Até parece que você não conhece o chefe que eu tenho. Ele me buscaria pelos cabelos. — Matt fechou os olhos soltando uma divertida gargalhada e Gil o fitou atentamente.

O produtor parecia tão livre. Sem preocupações. Sem um chaveiro-misterioso-com-uma-história-não-superada. Ele era apenas o Matt. Um cara que se permitia trabalhar ao ar livre no meio da semana. Por que o coração de Gil não podia se apaixonar por ele? Por que ela tinha que gostar justamente de Vincent Parker quando existiam tantas pessoas mais fáceis?

— Um centavo pelos seus pensamentos. — Matt a chamou. — Você ficou séria de repente.

— Me desculpe por isso. — Gil suspirou. — Estou com alguns problemas pessoais.

— E eu posso te ajudar com alguma coisa? — o produtor parecia sinceramente interessado.

— Me ajudar mais? O que você fez hoje foi... Foi realmente incrível, Matt.

— Te pagar um cachorro quente de origem duvidosa foi incrível? 

Gil encostou a cabeça no ombro dele. — Ser você. Apenas ser você.

— Por que isso me pareceu tão triste? — Matt fez um cafuné nos cabelos de Gil. — Você tem certeza de que não quer conversar?

Gil não respondeu. Mas apertou o braço do produtor com força, como quem se segura em algo para não cair.

xXx

Pouco depois, Gil voltou para a sua temível realidade na B&B Larsson. Por sorte, todos ainda estavam em reunião. E ela decidiu se isolar em sua sala e evitar um novo encontro com o chefe pelos corredores.

Totalmente absorta em suas atividades, mal escutou o leve toque em sua porta. Uma voz fina a chamou, fazendo com que ela levantasse o olhar.

— Eu a incomodo? — Elaine perguntou, abrindo devagar a porta.

— Elaine! Claro que não. — Gil se levantou rapidamente e abraçou a amiga. Sentiu um leve desconforto quando encarou os olhos de Elaine. Gil estava constrangida. 

Constrangida pela proposta do chefe, pela ideia absurda de enganar aquela mulher tão amável.

— Todos sumiram, tentei encontrar o Vincent, mas não o vi em lugar nenhum. — Elaine disse, enquanto se ajeitava na cadeira.

— Estão em uma reunião, mas logo deve acabar. Você pode esperar aqui comigo.

— E por que você está aqui? Vincent ainda consegue fazer alguma coisa sem a sua presença? — Elaine brincou.

— Eu... Eu tinha outros compromissos. — Gil respondeu sem encarar os olhos de Elaine e começou a organizar freneticamente os papéis de sua mesa.

— Está tudo bem, minha querida? — Elaine franziu o cenho. — Você parece um pouco agitada.

— Só estou correndo contra o tempo. — o rosto impassível de Gil tentou disfarçar a sua real condição. — Temos que deixar tudo impecável para a transmissão da Rise&Sun.

— Oh, meu amor! E eu aqui te atrapalhando. — Elaine fez menção de se levantar, mas Gil a impediu.

— Não! Por favor, fique. Eu adoro a sua companhia. — Gil largou os documentos na mesa. — Preciso mesmo de uma pausa. — e sorriu amigavelmente.

As bochechas de Elaine ficaram vermelhas. — Você é tão agradável, querida. A única que tem tanta paciência comigo.

— Não diga isso, Elaine. O Sr. Parker melhorou muito, ele está sempre se preocupando com você.

— Realmente, não posso reclamar, o meu filho tem sido impecável comigo. 

— Fico feliz em escutar isso, mãe. — o coração de Gil acelerou com o som grave da voz do Sr. Parker. Ela o encarou por alguns segundos antes de desviar o olhar. — O que a senhora está fazendo por aqui? — o chefe entrou na sala, mantendo a sua atenção exclusivamente em Elaine.

— Eu vim pedir um favor para a Gil, mas queria a sua presença, pois caso ela aceite a minha proposta, precisaremos da sua bondosa permissão. — Elaine disse com a voz animada, sem perceber a feição amarga de ambos ao escutarem a palavra proposta.

— No que eu posso ajudá-la, Elaine? — Gil perguntou.

— Vocês já sabem que eu venho frequentando a ala infantil do hospital. — Elaine explicou. — Aquelas crianças tão jovens e lutando contra essa doença. Eu queria poder fazer mais por elas e me surgiu uma a ideia de realizar um leilão beneficente para arrecadar fundos.

— Que iniciativa linda, Elaine. Isso seria de uma ajuda enorme! — Gil ficou imediatamente animada. — E você já pensou em como gostaria de organizar esse leilão?

— Eu já pensei em tudo, minha querida. Mas preciso de alguém eficiente e proativo. E pensei em você. — Elaine mordeu os lábios parecendo receosa. — Você me ajudaria?

— Não precisava nem perguntar. — Gil sorriu largo. — É lógico que eu ajudo. Mas como você disse, preciso acertar com o Sr. Parker sobre os meus horários. — e nesse momento o chefe se aproximou, pousando uma de suas mãos no ombro de Gil. Ela quis se afastar, mas achou que Elaine pudesse estranhar a cena, então, apenas permitiu o toque.

— Gilan tem total liberdade para ajudá-la. — o chefe consentiu. — É uma excelente ideia, e vou convidar os executivos da B&B Larsson. Afinal, o que seria de um leilão sem um bando de ricaços para torrar o seu dinheiro? — ele piscou e sorriu. Um sorriso tão radiante, que Gil quase se esqueceu do incômodo de tê-lo ao seu lado.

— Isso seria maravilhoso. — Elaine bateu palmas. — Eu vou passar por aqui amanhã e trago todas as minhas anotações. Já consegui várias peças que minhas amigas se propuseram a doar, será um sucesso!

— A senhora não deixa de me surpreender. — o Sr. Parker disse, ainda mantendo a mão em Gil, fazendo com que ela desejasse pela primeira vez, que Elaine não se demorasse por ali.

— Meus queridos, — Elaine se aproximou do filho para lhe dar um beijo, o obrigando a se afastar de Gil. — já disse o que precisava, não vou mais incomodá-los.

— Você nunca incomoda, Elaine. — Gil afirmou com sinceridade. — Amanhã te espero, eu também já estou com algumas ideias.

— Obrigada, minha querida. — os olhos de Elaine lacrimejaram. — Deus foi muito generoso comigo ao me permitir viver tempo o suficiente para conhecê-la.

— A senhora sabe que eu não gosto que fale dessa maneira. — o chefe disse com a voz entrecortada. 

— Eu sei, eu sei. Essa velha está muito emotiva hoje. — Elaine se virou para o filho. — Tem tempo para um café, querido?

— Sempre. — o Sr.Parker respondeu, abraçando a mãe. — E eu te vejo mais tarde, Gilan. — e aquilo pareceu mais uma ordem do que uma despedida.

Observou o chefe fechar a porta, lhe permitindo finalmente soltar a tensão de seus ombros que ainda formigavam com o toque quente que estivera por ali.

xXx

— Parker? — Oliver chamou Vincent novamente. — Você me ouviu?

 Vincent estalou o olhar. — Repita por favor.

— Você já validou as fotos da campanha? — Oliver colocou uma das mãos no ombro do colega. — Você ao menos está nesse mundo?

— Eu já volto, Luhan. — deixar o chefe de pesquisas falando sozinho já estava virando um costume. E esse fato realmente irritou Vincent.

Nunca agia dessa maneira. Sempre se vangloriou por ser um profissional impecável, atento às suas obrigações e ágil em suas decisões. Mas ele não estava mais conseguindo ser o mesmo. E sabia muito bem o motivo.

Depois de voltar da tensa conversa com a mãe, não conseguiu um minuto sequer a sós com Gilan. Ele compreendia que todos andavam atarefados, mas a assistente parecia estranhamente empenhada em se manter ocupada.

No dia seguinte, viu o seu café em sua mesa e nenhum sinal da jovem. Aquilo não poderia continuar daquela maneira, ela o estava evitando, era óbvio. E por algum motivo, isso o incomodava mais do que deveria. 

Foi procurá-la em sua sala, mas a jovem também não estava lá. Andou despretensiosamente pelos corredores, porém, não teve a sorte de esbarrar com a assistente. Rendido, voltou para o próprio escritório e tentou se concentrar em algo que não fosse Gilan. 

Organizou alguns pedidos em sua mesa, quando uma batida fraca em sua porta o distraiu.

— Entre. — Vincent falou, sem encarar a porta. Passos suaves entraram em sua sala e quando ele levantou o olhar, viu a expressão tranquila de sua assistente. — Por onde você andou? — ele perguntou, tentando disfarçar um pouco a sua afobação.

— Eu estava no estoque, checando se os produtos batiam com os catálogos. — a jovem respondeu.

— Claro. Os catálogos. — então, Vincent se lembrou que ligara ontem para a produtora e a secretária dissera que nem Gilan e nem Matthew estavam na empresa. — Onde você e Matthew estavam ontem? Eu liguei na produtora e- 

— Eu e o Matt fomos trabalhar no parque. — a jovem prontamente respondeu.

— No parque? — Vincent achou aquilo bastante esquisito.

— Queríamos respirar um pouco de ar fresco. — Gilan respondeu, como se fosse a coisa mais comum do mundo e colocou os catálogos na mesa dele. — Pronto. Tudo revisado e conferido. Matt te enviará os outros detalhes mais tarde. — a jovem estava virando as costas quando Vincent se levantou.

— Espere. — ele segurou o braço dela, o soltando logo em seguida. — Nós precisamos conversar, Gilan. — a jovem não disse nada e apenas o fitou. — Sobre aquele contrato... Eu nunca quis ofendê-la, eu só-

— Eu aceito.

— Por favor, apenas me ouça. — Vincent arregalou os olhos. — O quê você disse? 

— Eu disse que aceito me casar com o senhor. — a jovem balançou a cabeça e sorriu fraco. — Com você. Eu aceito me casar com você, Vincent.

 

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Até a próxima semana! o/

Escrevi o cap. escutando: Birdy - Wings
https://www.youtube.com/watch?v=WJTXDCh2YiA



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor à venda." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.