Crônicas de uma garota Uchiha escrita por LittleR


Capítulo 7
Adivinhe quem vem para o jantar.


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera? Eu estava escutando In The End de Linkin Park quando tive uma senpou: chou ideia (arte sábia: ultra ideia kkkk) para essa história. Nesse capítulo ela entra em andamento.

Ps: Trilha sonora desse capítulo - In The End ;D



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"As pessoas se tornam mais fortes porque possuem memórias que não podem esquecer."
— Senju Tsunade.

 

VII.

 

Havia uma angústia em seu peito.

Dessas que você sente quando sai de casa e tem a impressão de que está esquecendo alguma coisa. Você já checou tudo e não tem a menor ideia do que quer que tenha esquecido, mas a angústia continua lá, pulsando em seu peito como as batidas do seu coração, entrando em seus pulmões assim como o ar que respira. Nunca tem  fim.

Conclui-se então que a dor não está relacionada à memória. Mesmo que você perca a segunda, a primeira continuará lá, como um espinho cravado na carne, o qual você não tem a mínima ideia de como tirar. Você acaba se acostumando, convive com a dor, esquece-a, vez ou outra, mas ela ainda está lá, uma companheira infindável.

Como quando você perde alguém importante, você chora, vive o luto, ainda que não saiba o porquê.

Os sintomas da alta ingestão de adrenalina no organismo da menina Uchiha já começavam a aparecer. O coração acelerado; as respirações curtas e rápidas; o sangue pulsando, voraz; e o corpo, tremendo. Não demorou muito para que os efeitos se agravassem: náuseas cruéis, uma dor irritante na boca do estômago, uma fadiga avassaladora.

Ela tentou se levantar, mas sua cabeça girou, fazendo-a tombar para trás.

Ah, como se sentia mal!

A menina gemeu, implorando a ajuda o iryonnin à sua frente, mas ele nada fez, além de ajeitar os óculos e observá-la, impassível.

"Estou sozinha", ela concluiu, com desespero.

Um desejo ardente cresceu dentro dela, tão grande que poderia ser considerado um sonho. Ansiava por ter uma resposta à pergunta que lhe fora feita: "Quem é você?". Desejava, do fundo de seu coração, saber quem era ela própria. A que viera, para onde iria. Apetecia a ela ter um nome que fosse seu, uma história, uma família e coisas como essas.

Sentia-se deslocada. Queria voltar para casa, qualquer casa, apenas uma que fosse sua, seja lá onde isso ficasse. Ela queria ter alguém com quem contar. Alguém a quem pedir ajuda quando estivesse mal. Ela sabia, com toda a certeza, nenhum daqueles dois que encontrara ao acordar podia ser sua família. Sabia que eles não se importavam com ela, sabia que eram perigosos, sabia que eles não sabiam seu nome e, portanto, não podiam dar a ela as respostas que ela queria. Eles eram inúteis.

A menina tomou para si um objetivo, naquela sua existência vazia de poucos minutos: buscaria por sua família com todas as suas forças. Ela descobriria quem e o que ela realmente era.

"Uma tradição comum para as garotas na sua idade, elas começam a se perguntar porque existem e o quanto valem" — uma voz muito calma invadiu sua mente. Nessa nova lembrança havia uma cabeleira branca e olhos cor de topázio.

Dor repentina transpassou-lhe a cabeça. Gemeu. O neurotransmissor da tristeza, injetado em seu corpo em dose alta por Kabuto, já estava começando a fazer efeito. Ela foi abatida pela dor da perda.

"Você não... pensava em... sair de fininho... sem se despedir de mim... né, senhorita Uchiha?" — uma nova explosão de imagens desconexas sobreveio sobre sua mente. Alguém morreu. Não se lembrava quem era, mas tinha plena consciência de que o amava.

"Sarada, eu havia prometido conquistar seu coração..."

Sarada. Então esse era seu nome. A menina já podia sentir seu coração na garganta. Quem era aquele rapaz loiro de suas memórias? Ela gostava dele, gostava muito. Doeu saber que ele estava morto.

"Uchiha Sarada... chorando por mim... isso é uma honra... lembre-se de mim quando eu me for."

Lembre-se... Lembre-se de mim...

Havia prometido se lembrar, mas ela esqueceu. E doeu saber disso. Como quando alguém cutuca aquele espinho cravado na carne, fazendo jorrar sangue vivo da ferida já fechada. A visão da menina Uchiha ficou turva pelas lágrimas, vermelho banhou seus olhos novamente. Como uma lança, sentiu a dor perfurar seu peito e, com ela, a raiva.

Uchihas e ódio têm um histórico bem ruim. Uma solução rápida é o ódio, transformando a luz nas trevas. Uma solução rápida apenas, até que as trevas engolem tudo e não  sobra nada além do  vazio pré-existente. Ódio e dor não são uma combinação que se deva fazer.

Então, em que lugar da alma habita o mal?

O ódio é quente. Ele queima pelas suas entranhas. Ele te destrói por dentro. O ódio tem cor de sangue.

Sarada ergueu o tronco, sentando-se. Sua cabeça ainda baixa, pendendo sobre o pescoço, ela olhava as lágrimas pingavam de seus olhos para os lençóis. Depois de um soluço, ela levou a mão ao peito. O neurotransmissor da raiva já estava começando a fazer efeito. Não é bom atiçar a raiva em uma pessoa, principalmente por estímulos cerebrais, porque elas se tornam extremamente agressivas. Mas era exatamente o que Orochimaru queria. É por meio da raiva e da dor que o Sharingan atinge seu máximo potencial. O Sannin queria ver do que a menina Uchiha era capaz.

A essa altura, Kabuto já estava preocupado. Teria ele exagerado na dose de adrenalina? Sim, porque se ele tivesse cometido esse erro, ela poderia sofrer um ataque cardíaco e acabar morrendo, o que seria péssimo.

O iryonnin deu um passo na direção da menina. A posição dela dificultava a visão de seu rosto, com os longos cabelos descendo-lhe pelos lados da face. No entanto, ele podia ver como os músculos dela enrijeciam.

— Ei, garota, você...

— Uc... — ela balbuciou, baixo demais para que ele pudesse ouvir.

— O que disse?

A menina cerrou os punhos e suspirou, calma e profundamente.

— Uchiha! — ela exclamou, a voz forte e imponente. — Uchiha Sarada!

Sarada ergueu a cabeça, encarando, ferozmente, Kabuto. O rapaz surpreendeu-se. Ele podia sentir seu corpo paralisar-se quando ele fitava aqueles olhos rubro-negros com formato de flor.

— Você também tem o Mangekyou Sharingan? — ele balbuciou, atônito, recuando um pouco.

Sarada pulou da cama sem delongas.

— Quem é você?! — ela exigiu saber. — E que maldito lugar é esse?! E quem é aquele garoto de cabelo loiro?! Foi você que o matou?!

— Do que diabos você está falando? — ele questionou, tentando não parecer assustado.

— O que fez comigo?! — quis saber, lágrimas de raiva brotando de seus olhos. — Por quê... por que estou tão triste?! Droga, eu estava bem! Isso é culpa sua, seu desgraçado! O que fez comigo?!

— Olhe como fala comigo, sua insolente! — Kabuto tentou se impôr

Sarada cerrou os dentes e o punho.

— Cala. Essa. Boca!

Irada, a menina fechou a mão em um punho e partiu com um soco na direção do ninja médico. Kabuto, por sua vez, conseguiu desviar do ataque com facilidade. O rapaz abaixou-se, formando um bisturi de chakra na mão, e o levou em direção à panturrilha da moça. Porém, seu ataque foi mal sucedido. Isso porque uma estrutura sólida e cor-de-rosa formou-se em torno da menina.

Kabuto ergueu os olhos para Sarada. Ela tinha um semblante sinistro, que era intensificado pela natureza fúnebre do local. A luz e as sombras no rosto dela fizeram o discípulo do Sannin tremer. O chakra rosa transformou-se numa criatura humanoide com formato de esqueleto. Kabuto arregalou os olhos e comprimiu o rosto, ele nunca vira nada semelhante àquilo.

Sarada sorriu de lado. A sensação de poder fluindo por seu corpo era extasiante. Era ainda melhor  quando ela queria esmagar todos os que se pusessem em seu caminho. Por isso, o punho da entidade fechou-se na direção de Kabuto com uma velocidade incrível.

Um grande tremor de terra abalou as estruturas da base inteira. De onde estava, Uchiha Sasuke quase foi ao chão.

 

***

Konoha

Dias atuais...

 

O coração voltou a bater. Era fraco, realmente, mas era mais uma esperança de que ele sobreviveria, pelo menos até o fim do dia.

— Vamos, garoto, resista! — Sakura incentivou, embora tivesse certeza de que ele não podia ouvi-la. — Eu já mantive seu pai vivo quando ele estava à beira da morte e vou fazer o mesmo com você.

A melhor iryonnin daquela aldeia estava fazendo de tudo para não deixar o filho do Nanadaime morrer, mas não era tão fácil assim. Além do mais, ela nunca vira algo semelhante àquele fenômeno, o coração dele parava e depois voltava a bater. Era uma boa coisa, de verdade, mas Sakura sabia que não seria assim para sempre. Nesse ritmo, ele não viveria nem até amanhã.O ninjutsu médico não estava ajudando muito, mas a mulher havia pensado num jeito de salvá-lo permanentemente.

Contudo, antes ela precisaria da autorização de Naruto e Hinata. Esse método... ele era muito radical.

Lá fora, na sala de espera, um pai e uma mãe muito aflitos esperavam notícias de seu filho, que antes havia sido dado como morto.

— Eu chequei os batimentos cardíacos dele. — disse o jovem pálido, de cabelos brancos desgrenhados que fazia companhia ao casal.

Mitsuki falou mais para si que para os outros. Estava sentado no sofá em frente à Naruto e Hinata e abraçava os joelhos enquanto fitava um ponto qualquer do chão.

— O coração havia parado. — ele continuou, um tanto incerto. — Ele... não havia pulso... — estava tão confuso. Sentia-se inútil, de certa forma. — Eu devia ter salvado... os dois... e agora eles...

Naruto fitou o rapaz com pena.

Ele próprio não parecia muito melhor. As olheiras sempre presentes pareciam três vezes mais profundas. O rosto estava pálido e, qualquer um que o visse, diria que ele estava prestes a ter um colapso. Mas, Naruto manteve-se forte mais uma vez em sua vida. Abraçou a esposa com carinho, aninhando-a em seu peito. Estaria ali para ela, da forma adequada, mesmo que aquilo o matasse. Já bastava ter deixado-a sozinha todos esses anos. Como ele se arrependia agora! Como perdeu a infância da filha, como influenciou mal seu primogênito. Era um desastre como pai.

O coração sempre forte de um homem que abrigava um demônio quebrou-se. Rachou, trincou e finalmente partiu-se. Mas ele jamais, nem por um instante, pensou em culpar Mitsuki. Naruto levantou a mão em direção ao rapaz, pronto para consolá-lo e dizer-lhe que não era sua culpa, porém, uma voz grave, um pouco rouca e muito abalada, ecoou:

— Naruto!

Aquele tom, ele conhecia. A forma como desdenhava e se impunha. Era Uchiha Sasuke. De pé, na janela do quinto andar do hospital. Ele ofegava com angústia expressa em seu rosto.

— Finalmente eu te encontrei. O que aconteceu? — pulou para o piso, caminhando apressadamente na direção do casal. — Como assim minha filha foi dada como morta?

— Sasuke...

— Isso não é verdade! — Mitsuki se pronunciou, pondo-se de pé. — Sarada... ela não morreu... só está desaparecida...

Sasuke virou-se para o rapaz.

— Como assim "desaparecida"? — quis saber. — Sequestraram ela? É isso?

Iie, Uchiha-san... Estávamos em missão... fomos atacados... e a Sarada... despertou o Mangekyou Sharingan...

Um instante  de torpor e incredulidade recaiu sobre o estoico e genial Sasuke do clã Uchiha. Se ele fosse um homem comum, poderia dizer que ele  estava boquiaberto.

— O quê? Minha filha... ela... despertou o Mangekyou? Isso é impossível! Pra despertar o Mangekyou é necessário passar pela dor da perda e...

Nesse instante, a ficha caiu para Sasuke. A equipe de Sarada era composta por quatro integrantes. O Sensei estava numa missão, a menina estava desaparecida, um dos rapazes estava bem à sua frente, então, onde estava o outro? Por coincidência, os pais deste último estavam bem ali, em um hospital, com um semblante cansado e abatido. Só havia uma resposta óbvia. Sasuke virou-se, temeroso, para o casal.

— Boruto. Onde ele está? — o Uchiha questionou.

Mais uma vez naquele dia, os olhos  de Hinata inundaram-se com lágrimas e, com soluços, ela afundou o rosto no peito do marido. Naruto, por sua vez, aconchegou a esposa em seus braços e segurou as lágrimas. Sua vontade era de sair correndo daquele lugar, rasgando as roupas e xingando a si próprio. Odiando-se tão profundamente que poderia sufocar. Kurama o xingou também, um ou três vezes, dizendo-lhe que também não era sua culpa e que ele era um tolo por pensar assim. A companheira inseparável cujo ódio foi dissipado porque Naruto propôs-se a ser seu amigo. Ele suportou o ódio dela e ela faria o mesmo. No fundo, a raposa estava triste pela tristeza dele.

Sasuke interpretou o silêncio do casal como um sim a seus medos internos. Pela segunda vez em muito tempo, seu coração estremeceu. Uchiha Sasuke não amava muitas coisas. Cerejeiras, talvez, e o gosto dos lábios de sua esposa logo depois da meia-noite. Ele também amava Boruto. Muito mesmo. Como se fosse seu próprio filho. E agora sua filha estava desaparecida, sabe-se lá como, e Boruto estava, provavelmente, morto.

— Boruto... — O Uchiha balbuciou, entorpecido. — Ele está...

— Ele está vivo!

Essa era Uchiha Sakura, dando esperança a todos. Os olhares na sala viraram-se para ela, desleixadamente encostada contra o portal da entrada. Ela parecia extremamente cansada, mas ainda determinada. Olhou rapidamente o marido e desencostou-se do umbral.

— Sasuke-kun, não sabemos onde Sarada está, mas temos meios de encontrá-la, fique tranquilo. Naruto pode lhe explicar melhor sobre isso mais tarde.

Sasuke assentiu, ligeiramente aliviado.

— Então, Boruto vai viver, né, Sakura-chan? — Naruto encheu-se de esperança. Dava pra ver em seus olhos, a forma como seu rosto se iluminava.

O semblante de Sakura, por sua vez, denunciou sua tristeza.

— Ele está à beira da morte, Naruto. Não há nada que eu possa fazer.

Hinata levou a mão à boca, desesperada. Agarrou-se ao marido e chorou toda a sua dor. Um filho não deveria morrer antes da mãe. Palavras não são capazes de expressar o que a doce e gentil Hinata sentiu naquele momento. Nenhuma outra dor é superior àquela. Somente uma dor era comparável. A dor de Naruto. As lágrimas escorreram pelas faces dele. Nunca, nem quando era desprezado por ser Jinchuuriki, ele sofreu tanto.

— Mas há alguém que pode salvá-lo. — Sakura revelou, tomando a atenção de todos.

— Quem? — Naruto quis saber, a esperança voltando a seu coração.

— Você!  — virou-se para o Uchiha. — Sasuke-kun.

Sasuke arregalou os olhos.

— Quê? Eu?

— Sim. Você, em parceria com Yamanaka Ino, pode salvar o Boruto.

A notícia era meio... quer dizer... a verdade é que todos naquela sala passaram de meio esperançosos pra totalmente confusos.

— Como eles podem salvar o Boruto, quando nem você, que é a melhor ninja médica da aldeia, conseguiu? — Naruto indagou.

— É por causa das habilidades deles, Naruto. Os olhos do Sasuke-kun, junto com o Shintenshi no Jutsu da Ino, podem despertar no Boruto a única coisa que pode salvá-lo e que está dentro dele próprio.

— E o que é essa coisa? — questionou Hinata, um pouco mais calma.

Sakura suspirou, profundamente.

— Chakra de Bijuu.

***

Esconderijo Norte

Anos atrás

 

Havia uma enorme cratera no chão, mas nem sinal de Kabuto. A menina Uchiha concluiu que ele devesse muito rápido. Não tanto quanto ela, é claro, mas quem perderia tempo matando uma barata? No fim das contas, não importava. Sarada bufou e deu de ombros.

Depois que o Susano'o se desfez, ela virou-se para a porta de entrada do laboratório, onde esbarrou com dois pares de olhos amarelos como o topázio refinado. Um sorriso mordaz brotou na face de Orochimaru.

— Mangekyou Sharingan. — ele murmurou, enquanto passava a enorme língua pelos lábios.

O olhar, a atitude, tudo naquele homem fazia a menina estremecer. Para espantar o medo, ela cerrou os punhos.

— Onde ele está? — perguntou, entre os dentes. Referia-se ao rapaz loiro de suas poucas lembranças.

— Ele está descansando agora. — respondeu Orochimaru, assumindo que ela se tratava de Sasuke

— Me leve até ele! — Sarada exigiu.

O Sannin soltou uma gargalhada sinistra.

— Na hora certa, criança. Agora, volte para a cama!

Sarada franziu o cenho.

— E quem é você pra me dar ordens? — como estava arrogante, aquela jovem, resultado de ter absorvido a personalidade de seu pai.

Sem hesitar ela  atacou o Sannin com um soco, mas ele desviou e invocou uma de suas cobras, que se enrolou-se ao redor da menina Uchiha, mantendo todo o seu corpo preso. Sangue escorreu da cavidade ocular esquerda de Uchiha Sarada quando ela exclamou:

Amaterasu!

A cobra que a prendia foi carbonizada pelas chamas negras, que se alastraram até a roupa de Sarada. Mas a garota descobriu que podia controlar as chamas com seu olho esquerdo, fazendo-as se extinguirem antes de causarem-lhe dano. A menina também possuía o Enton de seu pai.

Poucas coisas eram capazes de surpreender o Sannin das Cobras, mas quando o  Susano'o incompleto dela apareceu-lhe diante dos olhos, ele sentiu-se como um amador presenciando um dos mais belos fenômenos da natureza. Arregalou os olhos, sobrepujado pela própria fascinação, encarando o máximo potencial Uchiha, materializado com chakra rosa na forma de uma criatura humanoide e titânica.

A espada do Susano'o chiou, cortando o ar na direção de Orochimaru, pronta para partir o homem ao meio, mas o Sannin foi rápido o suficiente para cuspir um novo corpo antes de ser atingido.

Defronte o olhar gélido e opaco de Sarada, Orochimaru esticou seu pescoço,  fazendo emergir de sua boca uma enorme espada, cuja ponta ele lançou em direção ao estômago de Sarada. Não obstante, a Kusanagi, Espada Serpente, ser uma espada realmente especial, ela não foi forte o suficiente para romper a armadura do Susano'o.

Kusanagi foi agarrada pela mão esquelética da criatura. Foi alçada, junto com um Sannin, e lançada na parede direita, em cima das inumeráveis máquinas e computadores que ali haviam. Houve uma pequena explosão.

Quando achou  ter se livrado de Orochimaru, Sarada sentiu as consequências de usar seus poderes tão deliberadamente. Foi uma dor dilacerante rasgando todo o seu corpo, fazendo a curvar-se, levando a mão ao abdômen como uma tentativa falha de fazer parar. O Susano'o evaporou-se.

Resistiu ao ímpeto de cuspir sangue e resolveu que era melhor apressar-se e ir procurar aquela pessoa. Com dificuldade, virou-se para a porta de entrada do recinto. Arregalou os olhos ao deparar-se com um bando de ninjas com bandanas de Otogakure. Ela sabia, pelo olhar deles, que aquilo não era nada bom para ela.

Uma kunai foi lançada nela, ouviu a lâmina rasgando o ar.  Desviou o rosto por pouco, mas sentiu sua bochecha sofrer um pequeno corte. Encarou a ferida, e depois os  inimigos. Coitados deles. Fúria banhou seu semblante.

— Shannarooooooooo!!!!!

As bases do esconderijo estremeceram novamente com o impacto de seu punho com o chão. Depois disso, Sarada fitou a cratera deixada no laboratório sob seus pés, e o bando de ninjas que derrotou usando  apenas um único Okashou. Soltou um sorrisinho arrogante ao perceber do que era capaz.

Kuchiyose no jutsu! — ouviu a voz sinistra de Orochimaru exclamar, de repente.

Ainda conseguiu ver, de esguelha, uma enorme cobra roxa atrás de si, antes que a víbora a lançasse, com sua calda, na parede esquerda. A parede se rompeu com o impacto e a menina acabou caída, de bruços, numa enorme cratera, no corredor. Mentalmente, Sarada analisou os danos: três costelas quebradas e um tornozelo torcido.

Nem era tão ruim assim, o pior era a dor pungente que sentia a nível celular. Efeitos colaterais do uso do Mangekyou Sharingan. A garota Uchiha sentiu um líquido lhe subir pela garganta, ela reconheceu o gosto metálico. Tossiu sangue. Seu doujutsu se desativou e seus olhos voltaram ao negro costumeiro.

Ela tentou se levantar, apoiando-se nos joelhos e nos cotovelos. Tossiu sangue novamente, seus joelhos a traíram, cederam; e ela caiu de cara no chão. Insistente, espalmou as mãos sobre o solo e alçou o tronco. Ofegou, seu coração acelerado.

Com dificuldade, ela pôs-se de pé. Forçando as pernas bambas a manterem-se firmes, mesmo quase incapazes de sustentar o peso do corpo. A menina Uchiha levantou o olhar. Deparou-se, nesse instante, com olhos negros como o fruto da jabuticabeira, tais como os seus próprios. Em seu peito, o coração disparou com uma nova lembrança:

"Eu te vejo da próxima vez"

— Papa...? — ela gaguejou, a voz saindo bem do fundo da garganta.

Sasuke inclinou a cabeça para o lado, intrigado. Do que ela o chamara?

Sarada sentiu a cabeça girar. Suas pernas cederam e ela tombou para trás.

Orochimaru apareceu no buraco formado na parede. Estava ofegante, meio descabelado e um filete de sangue escorria do canto de sua boca.

Sasuke virou-se parcialmente para ele e perguntou, frio e calmo, como sempre:

— Orochimaru, o que significa isso?

— Não é nada. — Orochimaru passou a ponta dos dedos pelo sangue que escorria de sua boca. — Apenas uma nova experiência. Vá descansar.

O Uchiha olhou a garota inconsciente, de esguelha.

— Quem é ela?

— Ninguém interessante. — o Sannin caminhou até Sarada. — Apenas uma experiência que deu errado. Não se importe com o que ela disse, estava delirando.

Sasuke bufou e continuou seu caminho. Não sem antes dar uma última olhada na menina, quando passou por cima dela. Por algum motivo, ela lhe lembrava alguém. Ignorou tal pensamento e virou à direita.

Orochimaru agachou-se ao lado de Sarada. Kabuto logo apareceu.

— Orochimaru-sama — Kabuto o chamou. — Essa garota...

— É um tesouro! — o Sannin interrompeu. — Huhuhu, eu tive uma ideia brilhante sobre o que fazer com ela.

***

 

No próximo capítulo:

"Operação: Jardim da Intimidade"

 

"Sorrindo sedutoramente, Boruto inclinou o corpo na direção de Sarada, como um gato selvagem armando o bote para a presa, encostando seu nariz na bochecha dela. Ela, por sua vez, não parecia intimidada. Ao contrário, parecia incrivelmente à vontade na presença dele. O menino Uzumaki inspirou fundo, sugando o cheiro da menina Uchiha para seus pulmões, fazendo-a rir de leve ao sentir cócegas na bochecha.

Sarada pôs as mãos na face do rapaz e o fez olhar em seus olhos. Aproximou ambas as faces e encostou seus lábios nos dele. Boruto sorriu contra os lábios dela e passou a mão por sua cintura, inclinando-se ainda mais sobre o corpo feminino."

 

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Ficaram curiosos? Comentem! Isso adianta a saída do próximo capítulo.
Como diria Sasuke-kun:
Vejo vocês da próxima vez! XD



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