A Criança de Erebus escrita por The High Registrar


Capítulo 2
Capítulo 02: A Entrada da Escuridão




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Elsa chegou à biblioteca não muito tempo depois. Na ausência de Belle, era Anna quem estava no controle do lugar, organizando os livros e cuidando dos empréstimos; embora Elsa soubesse que sua irmã passava muito mais tempo lendo os títulos mais famosos do mundo em que viviam agora.

"Anna," Elsa chamou uma Anna semiadormecida no canto da biblioteca, com um livro em seu colo. "Anna, precisamos da sua ajuda."

"Elsa!" Ela exclamou. "O que aconteceu?"

A rainha de Arendelle lentamente se aproximou de sua irmã, que ergueu seus olhos para encará-la com preocupação evidente. A relação entre as duas irmãs andava tranquila, embora a mais nova muitas vezes brigasse com a mais velha a respeito de seu fechamento.

"Anna, há coisas acontecendo em Storybrooke recentemente, e eu estava esperando que você pudesse me ajudar" ela comentou com um suspiro. "A magia da Emma foi roubada por uma sombra misteriosa."

"Bom, sente-se," Anna gesticulou para que Elsa se sentasse ao seu lado. "Eu reparei que estava nevando, mas imaginei que pudesse ter a ver com você. Essa sombra teria poderes como os seus?"

Elsa meneou a cabeça lentamente e explicou a Anna o que ocorrera com Emma; sua irmã a escutou, pensativa, e quando a antiga rainha de Arendelle finalmente parou de falar, a outra se levantou e começou a andar em círculos. Elsa a encarou com um sorriso, recentemente Anna desenvolvera o hábito de se locomover continuamente quando precisava pensar sem dizer o que estava pensando em voz alta.

Enquanto Anna pensava, Elsa recebeu uma mensagem de Emma dizendo que descobrira que a sombra pertencia a um reino chamado Reino das Sombras e que ela podia agir de modo independente, embora provavelmente precisasse de um ajudante naquele mundo. Supondo que o ajudante pudesse ser Zelena, Emma contou à namorada que iria até a delegacia atrás de Regina para tentar montar um plano.

Quando finalmente se despediram, Elsa ergueu os olhos para encarar Anna e reparou que ela se encontrava em uma estante distante. A loira se ergueu e foi em direção à irmã, que parecia estar procurando por livros de contos de fada.

"O que é isso?" Perguntou Elsa, curiosa. "Por que contos de fadas?"

Anna suspirou e começou a pegar os livros na estante de maneira aleatória. "Como a maior parte de nós está em livros como esses neste mundo, eu achei que talvez pudéssemos começar com eles. Talvez nos deem alguma dica."

Elsa encara a irmã, surpresa diante da perspicácia do raciocínio. "Certo," ela comenta, fazendo uma pausa em seguida. Após um momento, ela conta a Anna o que Emma lhe dissera.

"O Mundo das Sombras? Que falta de criatividade!" A ruiva riu do próprio comentário. "Certo, enquanto você procura nesses livros, eu vou buscar uns a respeito de magia que a Belle deixou no escritório dela. Ela disse que eu poderia pegar emprestado se quisesse uma leitura diferente, então imagino que tudo bem!"

Elsa assentiu e, instantaneamente, começou a procurar entre as estantes por livros enquanto Anna desaparecia dentro de uma porta no canto oposto da biblioteca. Após coletar alguns volumes e pegar aqueles que sua irmã tinha selecionado antes, a loira se dirigiu à mesa mais próxima e começou a lê-los.

A antiga rainha de Arendelle já havia passado por um livro inteiro antes de Anna aparecer novamente, carregando um volume antigo e empoeirado. Ela abriu o livro diante de Elsa e começou a ler, antes que sua irmã mais velha tivesse a oportunidade de dizer qualquer coisa a respeito:

"Os Loa, também são referidos como os Invisíveis, são espíritos nascidos de sombras das pessoas que, segundo é comumente contado, habitam um mundo escondido nas sombras de outros mundos e são capazes de viajar entre eles," Anna ergueu os olhos para Elsa por um momento, para verificar se ela estava escutando, e se voltou para o livro logo em seguida. "Cada Loa é um ser distinto com a sua própria personalidade, a despeito de sua independência, entretanto, eles nunca trabalham sozinhos. Manifestações físicas do Loa e a sua interação com os seres não feitos de sombras só podem acontecer com a ajuda de um ritualista, geralmente um sacerdote ou um feiticeiro."

Anna para por um momento, bastante feliz com o que vem a seguir.

"Então?" Pergunta Elsa, impaciente, e Anna ergue as sobrancelhas, deixando escapar uma risadinha, antes de voltar-se para o livro.

"Como os Loa vivem sob a sombra deste mundo, eles também são sombra da natureza do mesmo; como resultado, ambos são atraídos e repelidos pela energia natural dos outros mundos. Os Loa alimentam de magia e energia natural para crescer, mas a força bruta da natureza é semelhante ao veneno para eles," Anna deixou escapar mais uma risadinha. "Será que podemos mudar o seu título para força bruta da natureza." Agora rindo abertamente. "Apresentando Elsa Kyrre, a força bruta da natureza."

Elsa riu junto com Anna e encarou o livro por um momento. "Na verdade, isso é muito útil! Obrigada, Anna! Eu deveria ir procurar a Emma," ela comentou, pensativa. "Sim. Ela provavelmente está com a Regina. Por mais que eu odeie admitir, Regina sabe muito mais sobre magia do que eu e a Emma, então—"

"Sem problemas! Vou continuar olhando, de todo modo," Anna sorriu e fechou o livro, olhando para a capa. "Que título engraçado! A História do Vodu!" Ela riu e fez uma leve careta.

Elsa riu também e pegou o livro. Após se despedir da irmã, ela deixou o lugar rumo à delegacia.

~~//~~

Apenas para provar que o seu dia podia ficar pior, quando Emma chegou à delegacia, ela teve que encontrar uma Regina deitada no chão, desacordada. Quando ela se ajoelhou e começou a procurar sinais vitais na outra mulher, entretanto, a prefeita começou a se mexer e abriu os olhos lentamente:

"Emma?" Ela piscou várias vezes, confusa. "O que aconteceu?"

Emma estendeu a mão para ajudar Regina a se sentar, perguntando-se se havia como o dia ficar pior. "Você está bem?" Quando a prefeita finalmente se sentou, Emma se levantou e pegou cadeiras para ambas. "O que aconteceu por aqui? Você assistiu a gravação? Havia mais alguém aqui?"

"Estou um pouco tonta," com a ajuda de Emma, no entanto, Regina finalmente conseguiu se erguer e sentar-se na cadeira que a Salvadora pegara para ela. "Não tenho a menor ideia. Eu estava reassistindo a gravação quando senti uma presença atrás de mim. Antes que eu tivesse a oportunidade de ver do que se tratava, eu senti ela drenando algo de mim e desmaiei."

Emma parou um momento para observar a expressão de Regina, preocupada. "E como está a sua magia?"

Regina olhou para Emma, espantada: ela não havia pensado sobre isso ainda. Olhando para suas mãos, a prefeita conjurou uma bola de fogo, o que, para seu alívio, funcionou. Quando, um momento depois, ela testou conjurar magia de luz, no entanto, nada aconteceu. "Parece que, o que quer que tenha sido— drenado de mim, foi o que permitia que eu conjurasse magia de luz."

Emma olhou Regina, estupefata. "Sua magia de luz?"

Regina assentiu em resposta. "Eu suponho que agora esteja de volta a ser escuridão plena," ela finalmente consegue reunir energia o bastante para se levantar. "Mas isso não tem muita importância agora. Veja," a prefeita liga a gravação, mostrando, com irritação, a verdade por trás da morte de Zelena. "Eu descobri que a gravação estava preenchida com magia e, quando consegui revertê-la— suponho que o Rumple tenha alterado a gravação para que Belle não descobrisse que ela tinha uma adaga falsa."

Antes que Emma pudesse responder, no entanto, Elsa apareceu correndo na delegacia, um livro de aparência antiga em seus braços. Emma soube, naquele momento, que seu dia acabara de piorar mais.

"Regina, Emma, vocês têm que ler isso!" Exclamou Elsa, colocando o livro sobre uma mesa.

Emma tinha perdido sua magia. Regina tinha perdido sua magia de luz, restando apenas trevas. A irmã psicótica da prefeita tinha sido assassinada pelo seu professor de magia. Agora, pelo título na capa do livro que Elsa trazia— parecia que estavam lidando com vodu. Isso depois de algumas horas de viagem de avião e carro com Henry. Maravilha!

Antes que Emma e Regina tivessem tempo de esboçar qualquer reação, Elsa começou a ler o sobre Loas, espíritos nascidos das sombras das pessoas. Sim, aquilo parecia assustadoramente familiar para Emma, especialmente—

"Emma, a informação bate com a que o Gold te deu, não?" Perguntou Elsa, quando ela finalmente terminou sua leitura. Ela passou algumas páginas e apontou para uma ilustração. "É essa a sua sombra, Emma?"

"Espere um pouco," interrompeu Regina, desconfortável. "O que Gold andou falando com você? E você acha mesmo que podemos confiar nele?" Ela apontou para a televisão, e ambas Emma e Elsa olharam naquela direção, a segunda bastante confusa.

Emma balançou a cabeça e se voltou para o livro, por um momento analisando a imagem antes de voltar à página onde estava o texto que sua namorada lera e lê-lo novamente. "Na verdade, Regina, eu não sei de mais nada," respondeu a loira, finalmente. "Mas a descrição do livro realmente se encaixa ao que o Gold me disse, e a imagem— é exatamente o que eu vi."

Regina encarou Emma por um momento antes de responder. "Então essa coisa, esse— Loa, é repelido e atraído por forças da natureza. Isso não faz com que a nevasca seja uma má ideia?"

"Levando em conta que mesmo com ela você foi atacada, a nevasca realmente se provou uma má ideia," Emma suspirou e deixou o corpo cair na cadeira, visivelmente cansada.

"Emma, você não tem culpa disso," falou Elsa, se aproximando e segurando a mão da namorada. "Estamos lidando com uma coisa que não conhecemos."

Regina ignorou as duas e encarou a figura no livro, ela estava confusa, mas especialmente: se encontrava frustrada. "Quem poderia estar ajudando essas criaturas a nos atacarem? E por quê?"

Elsa balançou a cabeça e se voltou para o livro, fechando-o. "O nome do livro tem algum sentido para vocês?" Não pela primeira vez naquele dia, a antiga rainha se sentiu mal por saber tão pouca teoria sobre magia. "A História do Vodu."

"Se é magia, não é uma que eu reconheça," disse Regina, olhando para a capa do livro.

"Vodu—" Respondeu Emma, com um sorrisinho irônico no rosto. "Vodu é uma coisa que existe nesse mundo, na verdade; é mais uma religião que envolve rituais e oferendas do que um tipo de magia. Mas sempre achei que fosse uma porcaria barata. Bom, quando você descobre que todos os personagens da Disney são reais, você começa a se questionar, eu suponho!"

"Como isso funciona?" Perguntou Elsa, com curiosidade.

Emma deu de ombros. "Não sei, eu só ouvi falar. Algo relacionado a rituais envolvendo animais e bonecos."

"Então, suponho que teremos que pesquisar mais," respondeu Elsa.

"Sim, mas pelo menos temos algumas pistas," Emma se voltou para Regina. "E agora que você descobriu a verdade sobre Gold, ele vai desejar ter ficado em Nova York."

Regina pareceu animada com isso. "Eu diria para colocarmos a barreira em volta da cidade de volta, mas não sei como conseguir todos os pergaminhos que reproduzimos de volta. Vamos ter que dar um jeito de mantê-lo na cidade quando o confrontarmos."

Elsa franziu o cenho diante da mudança de assunto, preocupada. "Mesmo que eu entenda a necessidade de confrontar o Gold, não devíamos estar mais preocupados com a sombra que está tirando a magia das pessoas?"

"Sim, senhorita Kyrre," respondeu Regina, com irritação. "Mas não precisamos de Gold mantendo segredos, e precisamos saber o que aconteceu com Zelena para riscá-la da lista de suspeitos de estarem envolvidos nisso. Além disso, eu achei que você e sua irmã estavam por conta disso."

"Nós teremos que confrontar o Gold mais cedo ou mais tarde, então é melhor que seja mais cedo," falou Emma, tentando apaziguar a conversa entre as outras duas mulheres. "Mesmo assim, é melhor nos dividirmos. Focar apenas no Gold não é inteligente, já que isso poderia resultar em um beco sem saída."

"Bom, façam como quiserem. Eu descobri que quando se trata da minha irmã, preciso estar vários passos na frente dela, e agora," ela tossiu levemente. "Agora parece que estou milhares de passos atrás." Com isso, Regina desapareceu.

Sim, o evidente conflito entre Elsa e Regina que se alastrara durante os últimos meses finalmente deixando de ser silencioso bem no momento em que elas deveriam estar trabalhando juntas. Sim, o dia podia piorar.

~~//~~

Enquanto isso, David vagava pelas florestas ao redor de Storybrooke, procurando por pistas, sem qualquer resultado, a respeito daquela misteriosa sombra que atacara a sua filha. Apenas muito depois do dia morrer, o homem resolveu que era hora de retornar à sua esposa e seus filhos.

Quando entrou no carro e ligou o rádio, no entanto, o aparelho começou a emitir barulhos altos de interferência. Ele o desligou rapidamente, levemente incomodado, embora não exatamente surpreso; afinal, estava no meio do nada! Apenas quando ergueu os olhos para a estrada com a intenção de ligar o carro e sair dali, ele percebeu uma silhueta negra flutuando diante do carro e o encarando.

O homem e a silhueta se olharampor alguns segundos antes que a segunda flutuasse para dentro da floresta. Reagindo rápido, David saiu do carro e olhou em direção ao lugar onde ela havia desaparecido, percebendo que ainda se encontrava ali, entre as árvores, encarando-o. Quando ele deu um passo na sua direção, entretanto, a silhueta também se moveu, saindo de seu campo de visão.

Contendo o impulso de segui-la sozinho à noite, David ligou para Ruby e Mary Margaret e lhes contou o que vira, pedindo-lhes que viessem ajudá-lo a rastrear a estranha silhueta. Embora em uma circunstância normal tivesse chamado Emma, sabia que a filha estava cansada após a viagem e resolveu deixá-la tirar uma noite de folga.

Elas demoraram apenas cerca de duas dezenas minutos para chegarem juntas, ambas parecendo ao mesmo tempo preocupadas e animadas.

"David!" Mary Margaret exclamou, caminhando cuidadosamente em direção ao marido. "Você encontrou alguma outra coisa?"

O homem balançou a cabeça negativamente, mas apontou para o lugar onde estava o rastro deixado pela criatura. "É estranho, porque a silhueta estava flutuando, mas de alguma maneira deixou pegadas na direção em que estava indo." David se voltou para Ruby, preocupado. "Você acha que consegue captar algum cheiro?"

Ruby franziu o cenho, enquanto procurava por um cheiro que não reconhecesse. "Sim, estou captando alguma coisa," ela se voltou para o casal ao seu lado. "Isso é estranho! Como uma sombra teria um cheiro?" Ela deu de ombros diante da própria pergunta; afinal, aquela era uma criatura mágica. "Bom, está indo em direção à cidade."

"Certo," disse David olhando das pegadas para o ponto que ele sabia que os levaria para a cidade; o cheiro e as pegadas os levavam para caminhos opostos, aparentemente. Eles teriam que se dividir se quisessem seguir ambas as direções. "Nós deveríamos seguir ambos?"

"Nós temos um plano?" Perguntou Mary Margaret, aparentando mais preocupação do que animação diante daquele pedaço de informação que acabaram de obter. "Quero dizer, se essa coisa está perseguindo criaturas mágicas, talvez possamos fazer ela permanecer nas florestas. Afinal, Ruby é uma criatura mágica."

A expressão de David se tornou bem mais preocupada diante das palavras da esposa. "Não. Você está certa, Ruby é uma criatura mágica e nós não temos um plano. Acho que o melhor a fazer é voltar para casa e dormir, amanhã nos reagrupamos e abrimos uma busca."

"Tem razão," Ruby se voltou para David. "E nós devíamos comunicar isso à Emma, David."

"Falando nisso, tem mais uma coisa que está me incomodando nisso tudo," respondeu o homem, olhando de Ruby para Mary Margaret. "Quando a sombra atacou Emma na loja do Gold, apenas ela podia vê-la. Depois disso, ela desapareceu por vários dias apenas para reaparecer para mim e voltar para a floresta. Além disso, o cheiro que Ruby sentiu não parece pertencer à silhueta que eu vi. As coisas estão ficando cada vez mais confusas."

Mary Margaret fechou os olhos e respirou profundamente, frustrada diante dos muitos becos sem saída. "Será que não podemos ter um dia sequer de paz? Se é Zelena a responsável por isso, não podemos descansar, temos que ligar para a Emma assim que possível."

"Snow, eu sei que você está preocupada, e eu estou também, mas não deveríamos deixar Emma descansar um pouco? Vamos fazer uma reunião com todo mundo amanhã de manhã e decidiremos como prosseguir."

Ambas Ruby e Mary Margaret foram forçadas a concordar com David àquele respeito. Emma precisava descansar, assim como eles; amanhã, eles resolveriam aquilo.

~~//~~

Conforme combinado com Emma e Elsa, Regina foi para o seu cofre para tentar buscar um feitiço que colocasse barreiras em volta de Storybrooke da próxima vez que Rumplestiltskin atravessasse os limites da cidade.

No entanto, quando entrou no cofre, outras coisas estavam em sua mente: ela precisava descobrir o que acontecera com sua irmã e se isso tinha alguma relação com a sombra que atacara ela e Emma. Após tanto sofrimento causado por Zelena, Regina já sabia que precisava ser muito cuidadosa quando ela fosse o assunto.

Então, ela procurou a única coisa capaz de impedir sua irmã, seu colar de esmeralda, que estava guardado no cofre. Regina tirou a caixa de onde a tinha guardado meses antes e a abriu. A prefeita ficou dividida entre surpresa e cética quando percebeu que o colar já não mais estava ali.

Assumindo que a ausência do objeto era a prova da qual precisava que a misteriosa sombra estava realmente conectada à Zelena, Regina resolveu que precisava de fato de uma noite de descanso e voltou para casa.

No caminho, entretanto, recebeu uma mensagem de Belle que mudou o curso das coisas. Uma solução para proteger a Emma, ou pelo menos era o que ela esperava ser uma solução. Não resolveria todos os problemas que eles enfrentavam naquele momento, mas certamente resolveria um deles.

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Apenas quando o dia finalmente amanheceu, David desistiu de tentar dormir. Passara a noite inteira olhando para o teto de sua casa, pensando a respeito da sombra sem olhos que, de alguma forma, o encarara na noite anterior. Quando percebeu a claridade da luz solar iluminando, ele se ergueu lentamente para tomar um banho gelado, em vias de ajudá-lo a se manter acordado.

Enquanto tomava banho, sua determinação foi lentamente crescendo. Ele precisava ajudar a sua filha a conseguir sua magia de volta, mas era verdadeiro também que necessitava de mais conhecimento a respeito do assunto. Com isso em mente, ele saiu do banho e ligou para Regina, convocando uma reunião na prefeitura em um par de horas.

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David e Mary Margaret chegaram à prefeitura em meados da manhã. Eles perceberam que Regina ainda não havia chegado e resolveram aguardar na sala de espera, junto à secretária. Mary Margaret se voltou para o marido, preocupada:

"David, você acha que um dia isso vai acabar?" Perguntou a mulher em baixo tom. "Quero dizer, eu gostaria de criar nosso filho em um ambiente pacífico."

O homem olhou para ela, incerto, mas segurou sua mão para lhe transmitir confiança. "Precisamos lutar pela nossa paz, mas um dia isso vai acabar e nós poderemos aproveitar a nossa conquista," ele se interrompe, no entanto, ao perceber Elsa se aproximando. "Elsa! Você viu a Emma? Eu tentei ligar para ela, mas ela não está respondendo."

Elsa cumprimentou Mary Margaret, que acenou de modo vago para ela, depois voltou-se para David. Elsa deixou escapar um suspiro diante da atitude da outra mulher, mas não comentou nada a respeito. "Eu não vejo a Emma desde ontem, na verdade," comentou a loira.

David franziu o cenho. "Eu estou um pouco preocupado. Conversei com ela mais cedo, e ela me disse que já estava à caminho. Já devia ter chegado," ele suspirou, tentando não demonstrar a proporção da preocupação que estava sentido. Havia algo errado, ele podia sentir isso; racionalmente, no entanto, sabia perfeitamente bem que a ausência de Emma poria se facilmente justificada.

"Talvez ela tenha simplesmente decidido passar na delegacia antes de vir," comentou Mary Margaret, apertando a mão do marido com força.

Elsa tentou não ficar muito preocupada, mas pegou o celular que estava apenas aprendendo a usar e discou o número da namorada. Quando não recebeu qualquer resposta, ela se voltou para David, balançando a cabeça.

O homem respondeu pegando o próprio celular. "Vou falar com Ruby para conferir na delegacia. Não é distante do restaurante, talvez ela possa dar uma passada lá e ver o que está atrasando a Emma."

David se afastou dos demais, deixando Elsa e Mary Margaret em um silêncio desconfortável enquanto conversava com Ruby. Desde que Emma e ela haviam começado a namorar, a mais velha vinha se sentindo estranha perto da namorada da filha, uma sensação desagradável de que aquela garota representava problemas.

Por sua natureza honesta, Mary Margaret não era capaz de fingir gostar de Elsa, que não era capaz de entender o que mudara entre as duas, uma relação que começara de modo muito pacífico. Dessa maneira, as duas mulheres se sentiam muito desconfortáveis quando sozinhas.

Elsa passou os minutos seguintes tentando pensar em um assunto enquanto Mary Margaret olhava pela janela, ignorando completamente a presença dela. Quando David voltou, entretanto, ambas se assustaram com a expressão aterrorizada em seu rosto, o celular ainda em seu ouvido.

"Ruby achou Emma desmaiada no chão da delegacia," às palavras de David, Elsa se colocou de pé em um salto e desapareceu sem dizer uma palavra sequer. O homem franziu o cenho para o lugar onde a loira havia desaparecido, mas deu de ombros e se voltou para a sua esposa por um momento antes de caminhar para longe, voltando a falar com Ruby.

Mary Margaret se aproximou de David lentamente, enquanto ele voltava a falar no telefone com Ruby. "Obrigado Ruby. Você viu alguma coisa em especial na delegacia? Algum sinal da sombra?"

"A porta da delegacia estava arrombada e dentro estava uma bagunça," Ruby respondeu, com um suspiro. "Emma foi atacada! E tem algo estranho no ar, não consigo explicar bem— é como se houvesse magia aqui. Além disso, eu achei um boneco estranho no chão, perto de onde Emma estava."

"Um boneco?" Perguntou David, franzindo o cenho, e Mary Margaret o encarou, curiosa.

"Está impregnado de magia, David," falou Ruby, com urgência.

Mary Margaret finalmente não conseguiu mais apenas escutar, ela estava muito preocupada com a filha e desejava ir vê-la o mais rápido possível. Aquilo não os estava levando a lugar algum! Eles precisavam ir atrás dela! Antes que a mulher pudesse dizer qualquer coisa ao marido, entretanto, Regina se aproximou lentamente deles.

"O que está acontecendo? Onde estão os outros?"

"Regina," falou Mary Margaret, aliviada. "A situação está ficando séria, e parece que a Emma é o alvo principal dessa sombra."

"O que?!" Regina perguntou, exasperada. "O que aconteceu com ela?"

"Ruby a encontrou inconsciente na delegacia," respondeu Mary Margaret enquanto David se afastava novamente com o telefone no ouvido.

Por um momento, Regina não soube o que responder. Então, estupefata e preocupada, ela começou a procurar com urgência as chaves de seu carro enquanto David se aproximava novamente delas, guardando o celular no bolso.

"Whale e Elsa estão com a Emma agora," disse David. "Segundo o Whale, ela não corre nenhum perigo."

"E como ele sabe disso? Se há algum dano, ele pode ser muito bem mágico!" Com isso, impaciente, Regina desapareceu também.

~~//~~

Ao desaparecer da prefeitura, Elsa reapareceu quase instantaneamente em frente à delegacia; a única magia nova que ela aprendera durante os seis meses que habitara Storybrooke. A porta do lugar estava arrombada, e Emma se encontrava deitada na cama dentro de uma das celas, sendo observada de perto por Whale.

Sentindo uma pontada em seu coração ao observar a namorada inconsciente e a delegacia parcialmente destruída, Elsa se ajoelhou ao lado da cama e estendeu a mão para tocar o rosto de Emma delicadamente. Quando seus dedos se aproximaram da pele da sua namorada, no entanto, uma barreira de gelo foi criada na ponta de seus dedos. Foi quando a antiga rainha de Arendelle percebeu que aquilo era de fato algo proveniente da sombra.

Sentindo o olhar de Whale sobre si, ela se inclinou e beijou a namorada. Sua magia instantaneamente reagiu criando uma barreira entre seus lábios e os de Emma, mas o gelo quase imediatamente desapareceu diante da magia de amor verdadeiro.

Ela endireitou o corpo esperando encontrar o olhar verde de Emma, mas os olhos dela permaneceram fechados. Elsa sentiu uma nova pontada no coração enquanto tentava controlar seu desespero. "Por que ela não acordou? A minha magia não está mais reagindo à proximidade com o corpo dela," ela estende a mão e toca o rosto de Emma, como que para provar para si mesma que dizia a verdade. "A maldição foi quebrada."

Após observar Elsa e sentir o pulsar da magia do amor verdadeiro, Whale se aproximou da xerife e a examinou novamente. "Não se preocupe," ele falou após alguns minutos, nos quais Elsa o observara, aflita. "Ela está apenas em um sono natural profundo, provavelmente estava exausta."

Elsa sorriu, aliviada, e apertou a mão de Emma. "Que tipo de sintomas ela estava mostrando antes?"

"Embora ela estivesse inconsciente, eu pude perceber que ela estava sentindo dor. Seus músculos estavam completamente contraídos e ela estava respirando com dificuldade," Whale comentou, se afastando e sentando-se em uma cadeira. "O que quer que fosse que estivesse causando aquilo, estava lhe provocando uma dor extrema."

Elsa olhou para as suas mãos e as de Emma, seus dedos entrelaçados aos da namorada. Foi quando ela percebeu algo peculiar: uma tatuagem vermelha brilhando nas costas da mão da Salvadora. Preocupada, Elsa tirou uma foto usando o celular de Emma e enviou para Gold e Anna, pedindo mais informações à respeito.

Naquele momento, Regina apareceu na delegacia e encarou Elsa com repreensão.

"O que aconteceu aqui?"

"Regina, ela estava amaldiçoada, eu acho. Já consegui quebrar a maldição." Elsa falou, erguendo os olhos, embora não fizesse qualquer movimento para se levantar. A garota suspirou longamente e ergueu a mão de Emma que segurava, "você conhece esse símbolo?"

Regina se aproximou e ajoelhou ao lado de Elsa, analisando o símbolo cuidadosamente. "Não, mas estou ciente de como essas coisas funcionam. Eu mesma fui vítima de algo similar quando o Wraith me atacou." A prefeita estendeu as mãos sobre o corpo de Emma, produzindo reflexo de luz que circundou o corpo da loira. Ela não pôde sentir nenhum resquício de qualquer maldição, o que a deixou aliviada. Finalmente, ela ergueu os olhos de Emma para Elsa. "Coloquei ela sob um feitiço de proteção até que descubramos o que essa— sombra é."

Elsa assentiu levemente. "Eu mandei uma mensagem para o Gold com a fotografia desse símbolo. Talvez ele possa nos ajudar."

Regina, entretanto, optou não falar sobre Gold naquele momento. Suas desconfianças a respeito de Zelena colocavam o feiticeiro em uma posição muito estranha. "Elsa, Emma teve a chance de pegar o pó de fadas com a Blue?" Perguntou Regina, por fim.

"Eu— eu não sabia que ela estava procurando por pó de fadas," Elsa estava genuinamente surpresa diante da pergunta. "Por que ela queria isso?"

"Belle me ligou ontem, dizendo o que precisamos fazer para proteger a Emma dessa sombra. Precisamos de pó de fadas e uma poção que peguei mais cedo na loja do Gold," Regina suspirou levemente e se levantou, sentando-se em uma cadeira próxima. "Eu não acho que ela me daria pó de fada, então— se você puder buscar."

Elsa ficou imediatamente em alerta. "Sem chances de eu abandonar a Emma aqui! Minha magia repele a dessa sombra."

Antes que Regina pudesse retrucar, entretanto, David e Mary Margaret entraram na delegacia; ambos aparentavam preocupação, mas não o desespero de Elsa e de Regina. "Elsa, Regina. Ruby foi buscar a Madre Superiora!" Falou David com alguma impaciência; ele teria dito aquilo mais cedo se as duas outras mulheres tivessem esperado antes de desaparecer.

O telefone de Emma, que ainda estava nas mãos de Elsa, começou a tocar naquele momento e, vendo que se tratava de Gold, a loira se apressou a atender, afastando-se dos demais.

"Rumplestiltskin!" Quando a mais nova falou o nome de seu antigo mestre, Regina se levantou de um salto e a seguiu, embora não fizesse qualquer menção de pegar o telefone ela.

David e Mary Margaret observaram as duas de longe. O homem se voltou para Whale com o cenho franzido. "O que aconteceu? Emma ainda está estável?" Ele sabia que o médico não podia dizer muito, mas esperava que pudesse informá-lo pelo menos do estado físico.

"Sim," falou Whale, brevemente. "Emma está dormindo profundamente, mas ouso dizer que é um sono natural."

David assentiu e se voltou para Elsa e Regina, que estavam lado a lado enquanto a mais nova conversava com Gold. Ambas aparentavam irritação uma irritação crescente, e David entendeu rapidamente que o feiticeiro não estava ajudando muito.

Quando Elsa finalmente desligou o telefone e olhou à sua volta, percebeu que os demais a encaravam. Ela estava irritada diante da posição brincalhona do feiticeiro e ainda mais preocupada do que anteriormente; Gold não fora de muita ajuda no que dizia respeito à maneira de resolver o problema, embora tivesse o apontado.

"Rumplestiltskin disse que o símbolo na mão de Emma significa uma conexão entre ela e uma sombra," Elsa e Regina trocaram um olhar preocupado, por um momento unidas no desespero pela outra mulher. "Ele disse— que a sombra está se alimentando da luz interna da Emma e que, se isso continuar, ela se transformará em uma sombra." Elsa tenta se acalmar controlando sua respiração, mas o método não é muito eficaz naquele momento.

"Isso não vai acontecer!" Falou Regina, seu tom de voz confiante tentando mascarar o seu próprio medo. Ela se voltou para David e Mary Margaret, incapaz de encarar Elsa naquele momento e fingir que suportava a garota. "Se essa coisa está se alimentando de luz. Belle me ensinou a preparar uma poção que vai proteger as pessoas que poderiam ser atingidas por ela, mas acho que precisaremos pará-la de vez."

Antes que qualquer um pudesse respondê-la, no entanto, Ruby retornou à delegacia, arfando levemente. Para a surpresa e decepção dos demais, ela se encontrava sozinha; mas antes que qualquer um tivesse tempo de questioná-la a respeito da ausência da Madre Superiora, ela estendeu a mão com um pequeno pote para Regina:

"Eu trouxe o pó de fada. Ela achou que você quereria, por algum motivo," Ruby se voltou para Regina e entregou um pequeno embrulho, mas não dá tempo para Regina respondê-la antes de continuar falando. "Ela disse que nós deveríamos trazer Emma e Regina para o convento, onde as fadas vão colocar um feitiço com várias camadas de proteção contra magia."

Regina pega o pó de fada, ponderando por um momento se deveria confiar nas fadas. A verdade é que nunca se dera bem com qualquer uma delas, à exceção de Tinker Bell. Mas a prefeita sabia que elas não teriam qualquer intenção de machucar Emma, e a loira era mais importante do que sua própria segurança naquele momento. "Certo. Eu vou nos transportar até lá, é mais rápido e seguro."

"Eu suponho que precisamos de um lugar à salvo," disse Elsa, com um suspiro. "Mas se essa sombra se alimenta de luz— as fadas podem mesmo proteger a Emma contra ela? Quero dizer, magia das fadas é a mas pura das luzes."

"Se elas não puderem, eu posso!" Ela respondeu, acreditando verdadeiramente em suas palavras. Toda a luz que tinha dentro de seu coração já tinha se evaporado! "Nos encontrem lá." Com um último olhar para Elsa, Mary Margaret e David, Regina segurou a mão de Emma e as duas desaparecem cercadas por uma fumaça roxa.

Elsa deixou escapar um suspiro, sentindo que precisaria se conter para não congelar a Regina nos próximos dias.

~~//~~

Regina apareceu em um quarto, cercada por várias freiras. Com a ajuda das outras mulheres, ela foi capaz de colocar Emma sobre uma cama pequena e simples. Apenas quando a mais nova estava confortável em sua cama, Regina se volta para as fadas, especificamente à Madre Superiora, que a encarava com os braços cruzados e seu familiar olhar reprovador.

"Vou conjurar um feitiço, mas precisarei de toda ajuda que conseguir para protegê-la enquanto isso," disse Regina com um tom de voz que não deixava espaço para contestação.

A Madre Superiora se adiantou lentamente. "Você pode confiar em nós, majestade," ela falou usando um tom seco. "No entanto, há uma coisa que você deve saber antes disso: há um homem que provavelmente pode ajudar vocês. Seu nome está perdido há muito tempo, mas ele é chamado de O Aprendiz. Um poderoso feiticeiro, mas também uma alma nobre e gentil."

"E onde está este homem?" Perguntou Regina, desconfiada.

"Sei apenas que ele se encontra em Storybrooke," respondeu a Madre Superiora. "Mas se me trouxer o livro de seu filho, posso lhe apontar quem é ele."

Regina não respondeu a outra mulher. Não, aquele não era o momento para se preocupar com um homem misterioso que talvez pudesse ajudá-las; aquele era o momento para proteger Emma. impedir que ela se tornasse uma sombra. Quando terminasse com o feitiço de Gold, ela talvez se preocupasse com aquilo.

Regina tirou do bolso uma folha de papel onde anotara as instruções que Belle lhe dera na noite anterior e as leu cuidadosamente duas vezes. Quando decorou o processo, colocou o pó de fadas cedido pela Madre Superiora no frasco que continha a poção que lhe fora cedida por Gold; em seguida, ela conjurou uma faca e fez um pequeno corte na palma de sua mão, deixando uma gota de seu sangue cair no frasco. Enquanto misturava os ingredientes lentamente, ela recitou três vezes:

Sangue vermelho

E alma iluminada

Guarde o novo, o velho

Contra a escuridão desgarrada

Sele, da luz, a dor

E dessa luta malograda

Obtenha-me a glória do vencedor

Regina observou impaciente enquanto a poção adquiria um brilho branco. Então, ela se sentou ao lado da Emma na cama e gentilmente inclinou a cabeça da loira, pousando o frasco sobre os lábios dela. Ela segurou a cabeça de Emma, inclinando suavemente o frasco, até que percebeu que a outra mulher bebera um gole a poção. "Vamos lá, Swan—"

Enquanto Regina encarava a loira com impaciência, a Madre Superiora observou a quantidade de magia em Emma diminuindo e aumentando rapidamente e consecutivamente. "Funcionou, mas temo que isso possa não ser algo bom."

Começando a entrar em pânico, Regina decidiu tentar em si mesma e também bebeu um gole da poção no frasco. Por um momento, ela sentiu uma faísca de magia de luz dentro dela, esperança; então, uma dor dilacerante a tomou por completo e ela caiu no chão, sentindo-se mais fraca do que nunca.

Apavorada, a Madre Superiora se adiantou e ergueu a manga da jaqueta de Emma, notando que vários símbolos diferentes começaram a surgir ao longo de seu braço.

~~//~~

Elsa estava usando a caminhada até o convento para tentar se acalmar após a conversa com Regina, David e Mary Margaret na delegacia. Era estranho como só conseguia pensar em Storybrooke como a sua casa quando estava perto de Emma; em todos os outros momentos, principalmente quando cercada por outras pessoas que não a sua namorada e a sua irmã, a cidade lhe parecia quase hostil.

Uma parte de si, uma parte relativamente pequena, desejava retornar a Arendelle e continuar seu trabalho como rainha. Ser ao menos cogitada e respeitada.

Perdida em seus pensamentos, demorou algum tempo antes que Elsa percebesse que seu celular estava tocando insistentemente. É a voz reconfortante de Anna que ela escuta do outro lado da linha:

"Elsa, olá!" Disse a mais nova, entre aflita e animada. "Eu estava checando alguns livros do Gold. Não tenho certeza se deveria estar fazendo isso, mas, bom— você não vai acreditar no que eu encontrei!"

"Anna," Elsa respondeu, cansada, quando fica claro que Anna estava esperando por uma resposta sua. "O dia mal começou e já está um inferno. Só me diga logo o que você achou."

"Um livro dos livros na biblioteca estava contando uma parte da história do Mundo das Sombras, de onde essa sombra teria vindo. Parece que ele foi selado há muito tempo por um poderoso feiticeiro, acobertado pela própria morte — estranha escolha de palavras, se me você me perguntar —, para que ele ficasse separado de todos os outros reinos," Anna parecia ficar mais animada a cada palavra. "Para isso, ele usou vários selos. Milhares deles. E o símbolo na mão da Emma é um deles."

Por um momento, Elsa estava surpresa demais diante de tamanha descoberta para responder alguma coisa. Anna, no entanto, pareceu ter sentido a animação crescente da irmã, pois continuou em um tom mais comedido:

"Elsa, há mais uma coisa," a mais nova suspirou longamente antes de continuar, e Elsa teve certeza que não gostaria do que viria a seguir. "Esses selos mágicos funcionam como cadeados, para manter o Mundo das Sombras lacrado. Uma vez que os cadeados se quebrem—"

Anna não continuou, mas era, de fato, desnecessário. "Mas por que esse selo apareceu no braço da Emma?" Perguntou Elsa, incerta. "Você acha que ele está selando a magia dela?"

"Elsa," o tom de voz de Anna se tornou subitamente muito sombrio, e Elsa teve certeza absoluta que o que viria a seguir tornaria o dia dela ainda pior. "Eu acho que é mais sobre canalizar a magia dela— para quebrar os selos que lacram o Mundo das Sombras."

"Os selos," finalmente, algo clica no cérebro de Elsa. Algo aterrorizador. "Anna! A magia que Gold nos indicou para proteger a Emma— preciso ir. Precisamos descobrir o que ele faz antes de conjurá-lo."

Com isso, Elsa desliga o telefone e desaparece.

~~//~~

O Dr. Facilier estava perdido em seus pensamentos enquanto caminhava pelos corredores da ala psiquiátrica do hospital de Storybrooke. Tinha sido uma longa espera, mas, finalmente, todas as peças do quebra-cabeça estavam lentamente se encaixando. O repentino despertar da magia de luz da antiga Rainha Má só fez com que o processo se acelerasse; os Loa haviam lhe alertado sobre isso, e eles nunca erravam.

Facilier olhou para trás uma última vez, apenas para ter certeza, e, usando uma mão para tocar a parede ao seu lado e a outra para sacar uma carta de seu bolso, tudo fica repentinamente escuro. Então, momentos depois, uma porta se abriu, revelando um painel de madeira coberto por máscaras, talismãs e símbolos pintados. As velas roxas espalhadas pela sala eram a única coisa que permitia Facilier de enxergar em meio àquela escuridão.

Quando várias sombras emergiram das paredes ao seu redor, Facilier sorriu e se ajoelhou. Ao seu gesto, várias máscaras começaram a brilhar.

"O seu momento está finalmente chegando, meus amigos," ele disse. "A luz da assim chamada Salvadora está para ser completamente roubada. Os selos não durarão muito."

As sombras observaram Facilier e uma voz profunda começou a ecoar por todo o quarto. Os Loa estavam ficando impacientes, queriam sua liberdade e que desejavam punir aquele que a tirou deles.

"Quando o último selo aparecer no corpo pálido e sem vida da Salvadora, vocês estarão livres para vagar por este mundo," o médico continuou, tentando acalmar as sombras agitadas. "Com a minha ajuda, vocês vão encontrar o que você estão procurando, e terão a sua vingança."

A escuridão se dissipou e o médico saiu do quarto. "Quanto a mim," ele disse para si mesmo. "Este mundo ainda tem que ver o meu pior."


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