Hunter - A caçada começou escrita por Julia Prado


Capítulo 8
História de magia


Notas iniciais do capítulo

Nos falamos lá embaixo ;*



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O dia de La Push geralmente acompanhava meu estado de humor mórbido. Aquele cinza chuvoso que sempre me deixava um pouco triste, por mais que houvesse beleza naquelas terras. Mas hoje era diferente. Eu acordei sentindo os olhos inchados e eles ardiam também. Mas havia uma leve luminosidade escapando pelas cortinas. Um sol em um dia de frio. Ótimo! Minha cabeça estava um pouco nebulosa ainda, como se não tivesse acordado ainda. A primeira coisa que notei foram os fios lisos e negros de Austin ao meu lado, dormindo virada para a parede.

Tínhamos dormido juntas.

Então consegui encontrar o motivo dessa situação toda. O cadáver. Meu estômago embrulhou e eu corri para o banheiro, foi em tempo. Vomitei dentro do vaso. E por mais que eu odiasse vomitar, de certa forma eu havia melhorado depois de colocar tudo para fora. Um peso tinha sido tirado levemente dos meus ombros, aliviando meu estresse e angústia. As coisas pareciam cada vez mais malucas em La Push e eu não estava sabendo como lidar com todas essas informações.

Fechei a tampa do vaso e dei a descarga, para depois lavar a boca e escovar os dentes. Tentei ajeitas os cabelos, para que eles me deixassem com uma aparência mais natural e não tão pálida e doentia como eu estava no momento. Não deu certa, minha apatia não poderia ser mascarada nem pelos cachos volumosos. Joguei mais uma água no rosto e belisquei um pouco minhas bochechas para dar um corzinha. Funcionou um pouco, mas meus olhos continuavam conturbados. Antes de sair do banheiro tentei arrumar isso, deixar os olhos um pouco mais suaves, eliminar a boca franzida e o cenho levemente contraído.

Sai do banheiro e Austin já estava de pé, ajeitando a cama. Eu sabia que ela tinha me escutado vomitando e eu vi toda a preocupação em seus olhos. Mas eu já estava melhor e sei que ela notou isso também. Desejou bom dia e entrou no banheiro em seguida. Voltei a me deitar na cama, sem vontade nenhuma de sair dela. Puxei as cobertas para cima e me virei para a parede, completamente sem forças.

Jane entrou no quarto e, com o incentivo de Austin, tentou fazer com que eu saísse pelo menos para tomar café, mas quando notaram que eu não iria, trouxeram o café para mim. Elas passaram quase o dia inteiro comigo no quarto, tentando me distrair como podiam, temendo que meu isolamento levasse a atitudes extremas. Eu não estava reclamando, era bom ter algo para fazer, assim minha mente não me trairia ao voltar para a cena do corpo flutuando...

Então jogamos cartas, banco imobiliário (que durou duas hora até Austin falir e Jane me quebrar), batalha naval e War. Foi divertido. Eu não sabia que poderia me divertir com as duas em uma forma tão... Família. Isso me lembrou da minha mãe. Eu falava muito pouco com ela desde que havia vindo morar com John. Mas se tinha alguém que eu puxei no gênio foi minha mãe. Eu a amava e ela me amava, ambas sabíamos que era isso o que bastava. Ficar ligando todos os dias não era muito a nossa cara. John também era assim, então minhas referências eram essas. Eu não me sentia mal por ligar apenas uma vez na semana para Vahiné, assim como ela não exigia mais de mim. Também não me importava de ver John apenas no café da manhã e conversar pouco, ele também não exigia mais de mim. Eu sabia que ele me amava e era isso o que importava.

De certa forma, eu sempre fui muito mais independente. Vahiné me criou assim, ensinou-me a ser forte e me virar. Sem ficar presa por causa de homem, amizades e relacionamentos. Eu tinha que conseguir as coisas por mim mesma. Acho que sua única exceção era ao me dar uma mesada.

Era diferente da relação de Austin e Jane. Elas eram próximas, pareciam o tempo todo compartilhar uma cumplicidade profunda e inexplicável entre mãe e filha. Faziam muitas coisas juntas, conversavam quase a todo o momento, de forma discreta como ambas eram. Trabalhavam unidas para acalmar os nervos de John, e agora os meus. Era engraçado até a forma como se movimentavam, perfeitamente sincronizadas uma com a outra. Um movimento completando o outro.

Por um breve momento eu me senti parte daquilo, a forma doce como Jane me olhava, como sorria solidária e cúmplice. Ou os olhares alegres e cautelosos de Austin, que me faziam sentir que sempre poderia contar com ela, lhe confiar meus segredos mais profundos. Eu me senti como nunca antes, parte de algo mais profundo e aberto. Era quase uma exposição. E era isso que eu sentia: exposta. Estava mais do que grata por tê-las ali comigo.

O dia começou a cair, Jane havia feito alguns lanchinhos enquanto eu voltava a minha leitura do livreto e Austin lia um livro para a prova de inglês. Jane estava deitada ao lado de Austin na cama, também com livro qualquer nas mãos. Era um silêncio agradável.

Voltei aonde parei no livro. Com o fim do relato dos primeiros espíritos guerreiros, com o autor os definiu. Dava para perceber que muito tempo havia passado e não era mais o mesmo autor, a letra era diferente, assim como a escrita. Aquele relato parecia um pouco mais recente, mas, como o anterior, não havia data.

No princípio, a tribo se fixou neste porto e seus integrantes se tornaram habilidosos construtores de barcos e pescadores. Mas a tribo era pequena e o porto era rico em peixes. Havia outros que cobiçavam nossas terras, e éramos pequenos demais para mantê-las. Uma tribo maior avançou contra nós e pegamos nossos barcos para escapar delas.

Kaheleha não foi o primeiro espírito guerreiro, mas não no lembramos das histórias anteriores à dele. Não nos lembramos de quem foi o primeiro a descobrir esse poder, ou coo foi usado antes dessa crise. Kaheleha foi o primeiro Chefe Espírito de nossa história. Em seu surgimento, Kaheleha usou a magia para defender nossas terras. Ele e todos os seus guerreiros deixaram o barco – não seus corpos, mas seus espíritos. As mulheres observavam os corpos e as ondas, e os homens levaram seus espíritos de volta ao nosso porto.

Eles não podiam tocar fisicamente a tribo inimiga, mas tinham outros meios. As histórias contam que podiam soprar ventos ferozes nos campos inimigos, podiam produzir um grande grito no vento, um grito que apavorava os inimigos. As histórias também contam que os animais podiam ver os espíritos guerreiros e compreendê-los; os animais fariam sua vontade.

Kaheleha levou esse exército de espíritos e arrasou o invasores. Essa tribo invasora tinha um bando de cães grandes e de pelos grossos usados para puxar os trenós no norte congelado. Os guerreiros espíritos viraram os cães contra seus donos e provocaram uma infestação de morcegos vindos das cavernas do penhasco. Usaram o vento uivante para ajudar os cães a confundir os homens. Os cachorros e os morcegos venceram. Os sobreviventes se espalharam, chamando nosso porto de lugar amaldiçoado. Os cães passaram a ser selvagens quando os guerreiros espíritos os libertaram. Os quileutes voltaram, vitoriosos, a seus corpos e suas esposas.

As outras tribos próximas, os hohs e os makahs, fizeram tratados com os quileutes. Não queriam se meter com nossa magia. Vivemos m paz com elas. Quando um inimigo vinha contra nós, os espíritos guerreiros o afugentava.

Passaram-se gerações. Depois veio o primeiro grande Chefe Espírito Taha Aki. Era conhecido pela sabedoria e por ser um homem de paz. O povo vivia bem e satisfeito sob os cuidados dele.

Mas havia um homem, Utlapa, que não estava satisfeito.

Utlapa era um dos mais fortes guerreiros espíritos o chefe Taha Aki. Um homem poderoso, mas também ganancioso. Ele pensava que o povo devia usar a magia para expandir as terras, escravizar os hohs e os makahs e construir um império.

Ora, quando estavam na forma de espírito, os guerreiros conheciam os pensamentos uns dos outros. Taha Aki viu o que Utlapa sonhava e ficou com raiva dele. Utlapa foi ordenado a deixar o povo e jamais voltar a usar seu espírito. Utlapa era um homem forte, mas os guerreiros do chefe estavam em maior número. Ele não teve alternativa a não ser partir. O furioso exilado escondeu-se na floresta próxima, esperando por uma oportunidade de se vingar do chefe.

Mesmo em tempos de paz, o Chefe Espírito era vigilante na proteção de seu povo. Em geral, ia a um lugar secreto e sagrado nas montanhas. Deixava seu corpo e percorria as florestas e a costa, certificando-se de que nenhuma ameaça se aproximava.

Um dia, quando Taha Aki saiu para cumprir com seu dever, Utlapa o seguiu. De início, Utlapa simplesmente planejava matar o chefe, mas este plano tinha suas desvantagens. Era certo que os guerreiros espíritos iam caçá-lo e destruí-lo, e eles podiam perseguir mais rapido do que Utlapa podia escapar. Enquanto estava escondido nas rochas e observava o chefe preparando-se para deixar o corpo, outro plano lhe ocorreu.

Taha Aki deixou seu corpo no lugar secreto e voou com os ventos para vigiar seu povo. Utlapa esperou até ter certeza de que o chefe tinha percorrido certa distância em espírito.

Taha Aki entendeu tudo no instante em que Utlapa se juntou a ele no mundo espiritual e também soube do plano assassino de Utlapa. Correu de volta ao lugar secreto, mas nem os ventos foram bastante rápidos para salvá-lo. Quando retornou, seu corpo já se fora. O corpo de Utlapa jazia abandonado, mas Utlapa não lhe deixara escapatória – cortara a garganta de seu próprio corpo com as mãos de Taha Aki.

Taha Aki seguiu seu corpo pela montanha. Gritou para Utlapa, que o ignorou como se ele não passasse do vento.

Taha Aki olhava com desespero enquanto Utlapa assumia seu lugar como chefe dos quileutes. Por algumas emanas, Utlapa nada fez além de se certificar de que todos os acreditassem que ele era Taha Aki. Depois as mudanças começaram – o primeiro édito de Utlapa foi proibir qualquer guerreiro de entrar no mundo espiritual. Ele afirmou que tivera uma visão de perigo, mas na verdade tinha medo. Ele sabia que Taha Aki esperava por uma oportunidade de contar sua história. Utlapa também tinha medo de entrar no mundo espiritual, sabendo que Taha Aki rapidamente reclamaria seu corpo. Então eram impossíveis seus sonhos de conquista com um exército de guerreiros espirituais, e ele procurou se contentar com o governo da tribo. Ele se tornou um fardo – pediu privilégios que Taha Aki nunca solicitou, recusou-se a trabalhar com os guerreiros, tomou uma segunda esposa jovem e em seguida uma terceira, embora a esposa de Taha Aki estivesse viva -, fato de que a tribo nunca ouvira falar. Taha Aki observava numa fúria impotente.

Um dia, Taha Aki tentou matar seu corpo para salvar a tribo dos excessos de Utlapa. Levou um lobo feroz das montanhas, mas Utlapa se escondera atrás de seus guerreiros. Quando o lobo matou um jovem que estava protegendo o falso chefe, Taha Aki sentiu uma tristeza terrível e ordenou ao lobo que se afastasse.

Todas as histórias nos contam que não era fácil ser um guerreiro espírito. Ser libertado do próprio corpo era mais assustador do que estimulante, e por isso eles só usavam a magia em épocas de necessidade. As jornadas solitárias do chefe para vigiar eram um fardo e um sacrifício. Ficar sem corpo era desorientador, desagradável, apavorante. A essa altura, Taha Aki estava longe do corpo havia tanto tempo que vivia em agonia. Sentia que estava condenado – nunca mais atravessaria a terra final onde esperavam seus ancestrais, preso naquele nada torturante para sempre.

O grande lobo seguiu o espírito de Taha Aki enquanto ele se retorcia e se encolhia de agonia pelo bosque. O lobo era muito grande para sua espécie, e era belo. Taha Aki de repente teve inveja do animal obtuso. Pelo menos tinha um corpo. Pelo menos tinha uma vida. Mesmo a vida de animal seria melhor do que aquela terrível consciência espiritual.

E depois Taha Aki teve a ideia que nos mudaria a todos. Pediu ao grande lobo para dar espaço para ele, para dividir. O lobo aquiesceu. Taha Aki entrou no corpo do lobo com alívio e gratidão. Não era seu corpo humano, mas era melhor do que o vazio do mundo espiritual.

Unos, homem e lobo voltaram à aldeia no porto. O povo correu de medo, gritando pelos guerreiros. Os guerreiros correram para encontrar o lobo com suas lanças. Utlapa, é claro, ficou escondido e seguro.

Taha Aki não atacou seus guerreiros. Afastou-se devagar, falando com os olhos e tentando gritar as canções de seu povo. Os guerreiros começaram a perceber que o lobo não era um animal comum, que um espírito o influenciava. Um guerreiro mais velho, um homem de nome Yut, decidiu desobedecer à ordem do falso chefe e tentar se comunicar com o lobo.

Assim que Yut cruzou para o mundo espiritual, Taha Aki deixou o lobo – o animal esperou obediente por sua volta – para falar com ele. Yut entendeu a verdade num instante e deu as boas-vindas a seu verdadeiro chefe.

Nessa hora, Utlapa veio ver se o lobo havia sido derrotado. Quando viu Yut deitado sem vida no chão, cercado por guerreiros protetores, percebeu o que estava acontecendo. Sacou sua faca e correu para matar Yut, antes que ele pudesse voltar a seu corpo.

‘Traidor’, gritou ele, e os guerreiros não sabiam o que fazer. O chefe havia proibido as jornadas dos espíritos, e era decisão do chefe punir aqueles que o desobedecessem.

Yut voltou a seu corpo, mas Utlapa estava com a faca em seu pescoço e a mão cobria sua boca. O corpo de Taha Aki era forte e a idade deixara Yut fraco. Yut não pode dizer nem uma palavra para avisar os outros antes que Utlapa o silenciasse para sempre.

Taha Aki observou o espírito de Yut deslizar para a derradeira terra que lhe era vedada por toda a eternidade. Sentiu uma raiva imensa, mais forte que qualquer emoção que tinha sentindo na vida. Entrou no grande lobo de novo, pretendendo dilacerar o pescoço de Utlapa. Mas, enquanto se uniu ao lobo, aconteceu a magia maior.

A raiva de Taha Aki era a raiva de um homem. O amor que ele tinha por seu povo e o ódio que tinha pelo opressor eram vastos demais para o corpo do lobo, eram humanos demais. O lobo tremeu e – diante dos olhares de choque dos guerreiros e de Utlapa – transformou-se num homem.

O novo homem não tinha o corpo de Taha Aki. Era muito mais glorioso. Era a interpretação em carne do espírito de Taha Aki. No entanto os guerreiros o reconheceram imediatamente, porque já haviam voado com seu espírito.

Utlapa tento correr, mas Taha Aki tinha a força do lobo em seu novo corpo. Pegou o usurpador e arrancou seu espírito antes que ele pudesse sair do corpo roubado.

O povo se alegou ao entender o que acontecera. Taha Aki corrigiu tudo: voltou a trabalhar com seu povo e devolveu as jovens esposas a suas familias. A unica mudança que manteve foi o fim das viagens em espírito. Ele sabia que era perigoso demais, agora que estava presente a ideia de roubas uma vida. Os guerreiros espíritos deixaram de existir.

A partir desse ponto, Taha Aki foi mais do que lobo ou home. Chamavam-no Taha Aki, o Grande Lobo, ou Taha Aki, o Homem Espírito. Ele liderou a tribo por muitos e muitos anos, porque não envelhecia. Quando o perigo ameaçava, ele reassumia sua identidade de lobo para lutar ou afugentar o inimigo. O povo vivia em paz. Taha Aki foi pai de muitos filhos, e alguns descobriram que também podiam se transformar em lobos quando chegavam à idade adulta. Os lobos eram diferentes, porque eram lobos espíritos e refletiam o home que traziam em si”.

(Eclipse, pg 179 a 183)

Era como se eu estivesse acordando no meio de um filme. O capítulo terminava com a imagem do grande lobo. Aquela que eu tinha analisado antes de encontrar com o homem no rio. Os olhos eram perigosos sim, mas parecia que depois da história eu tinha conseguido encontrar alguma humanidade neles, alguma razão. Mas os dentes de adaga ainda me assustavam, a forma rabiscada como o desenho havia sido feita também não me deixava mais calma.

Eu tinha meu coração aos saltos. Fechei o livreto, julgando ser o bastante para um dia. Não havia como passar isso para o meu trabalho, era algo que eu estava refletindo não sob o ponto de vista científico. Mas havia tanta certeza naquelas letras, na historia em si. Eu estava quase acreditando. Isso, é claro, até eu me lembrar que nada disso poderia ser possível. Não digo sobre a parte dos espíritos, eu realmente acredito nesse tipo de coisa, mas guerreiros que depois se transforavam em lobos por causa da magia em seu povo? Isso já era crendice demais.

No entanto, eu começava a entender o motivo dos quileutes serem tão reservados com a sua cultura. Para um povo muito supersticioso, ter tudo isso revelado poderia trazer certos transtornos. Havia gente louca para todo o tipo de coisa. Alguém poderia querer começar uma caçada contra os quileutes. Temerosos do que não conseguiam entender, mas que poderiam acreditar. As palavras no livro eram, realmente, muito convincentes. Seja que foi que escreveu essa parte do diário... Era óbvio que ele ou ela acreditava naquilo.

O barulho de Austin levantando da cama me fez pular. Suas molas rangendo em um ambiente tão silencioso. Ela se desculpou e disse que tinha que se arrumar para a festa de Drew. Eu tinha me esquecido completamente dessa festa, então sorri para ela. Guardei meu livro na bolsa e voltei e me deitar, observando todo o processo simples de Austin para sair. Ela simplesmente se trocava, passava um perfume e já estava pronta. Não tinha nenhum trabalho com aquele cabelo liso perfeito e nem com a pele lisa e morena.

– Você poderia ir se quiser. – Jane disse descontraída, ainda com os olhos em seu livro. Mas eu reparei que seus olhos não se mexiam. – Conversei com seu pai, ele não viu problema.

De uma forma, eu sentia que deveria ficar dentro de casa e impregnar esse local com minhas angústias e medos. Mas por outro lado, eu não queria fazer isso com Jane por muito mais tempo. Ela já tinha passado o dia inteiro comigo, aturando os meus momentos de isolamento ou quando algumas ânsias voltavam todas as vezes em que minha mente me traía. Estava sendo mais dificil reprimir essa memoria do que qualquer outra que eu já tivera.

Então sair com amigos talvez não fosse ser tão ruim assim. Porém eu não encontrava o animo para sair. Não me via pegando uma roupa bacana para usar em uma festa que eu provavelmente teria que sair correndo por que os pais tinham chegado. Não estava no clima para isso.

– Vamos, por favor. Vai ser bom! – Austin disse animada, ela sorria encorajadora para mim.

Honestamente, que diferença faria aqui ou lá? O sentimento seria o mesmo.

Joguei as cobertas para o lado e fui jogar uma água no corpo, pois não tinha tomado banho desde quando acordara. Não lavei os cabelos, estávamos entrando no inverno e eu não queria ficar doente nele. Coloquei um strappy bra – por mais que ninguém fosse realmente ver, seria bem dificil tirar a blusa de frio em um tempo como esse -, depois coloquei uma blusinha top solta vermelha clara de alças, ela sim deixaria a mostra as linhas do sutiã. Coloquei o suéter branco por cima, minhas calças jeans de cintura alta, meus novos Adidas brancos. Joguei o celular no bolso, por mais que eu não estivesse usando muito ele nos últimos dias.

Enquanto eu prendia os cachos em um coque despojado, soltando propositalmente algumas mechas cacheadas, olhei para a minha bolsa. O livreto estava como o deixei antes, meio para fora. A lembrança do último conto me veio a mente. Um tremor percorreu meu corpo. Magia era algo tão além da minha imaginação terrena que me deixava aflita. O mundo seria muito mais fácil com ela, pelo menos poderia evitar que eu visse corpos... Deixe para lá. Voltei a me focar na preparação. Passei o perfume e puxei meu sobretudo bege claro pelos ombros.

Meu pai realmente não se incomodou quando avisei que iria com Austin. Ele parecia bem aliviado, para ser sincera. Foi me ver poucas vezes hoje, daquele seu jeito sem jeito. Mas John fugia de situações na qual não sabia como lidar. Por isso não ficou muito comigo hoje. Ver-me saindo como uma adolescente normal, em um dia que todos se esforçavam para ser normal, parecia ser o melhor remédio.

Austin quem dirigiu dessa vez, durante o caminho foi me prometendo que os pais de Drew não interfeririam dessa vez. O garoto pegou os pais em uma cena meio embaraçosa no banco traseiro do carro na garagem (eu realmente não precisava saber disso, nem a escola inteira) e por isso, como recompensa por não abrir o bico – até onde os pais sabiam – eles deixaram Drew dar sua tão sonhada festa.

Ficariam fora a noite inteira. Então pelo menos isso seria normal hoje.

Fosse por estar lendo o livreto ou por que eu sempre me sentia estranha quando entrasse nas terras da reserva, me encolhi discretamente no banco quando estávamos chegando na casa de Drew, que ficava bem no início da propriedade. Era uma daquelas casas que sempre ficavam abertas mesmo de noite, com uma paz que transbordava em ondas e se espalhava para qualquer um que passasse na frente.

O que deixava os quileutes tão confortáveis ao ponto de não trancarem seus portas?

Austin estacionou o carro na frente da casa, havia bastante carros por ali, mas não o suficiente para lotar. A maioria do pessoal ou vinha de carona ou vinha a pé, não era tão longe assim. Já estava de noite, a casa estava bem iluminada e uma música alta fazia os vidros vibrarem. Não era rap, mas algo proximo a isso. Eu conseguia escutar aqui de fora as risadas e gritos animados que só uma festa no interior tinha... Era quase pacífico.

Fiquei imaginando, enquanto andava até a entrada da casa, se alguém falaria algo sobre ontem. Eu sabia que a cidade inteira já sabia, e que provavelmente Forks também. O povo de La Push não era muito intrometido – muitos anos vivendo com os quileutes os ensinaram a manter discreto -, mas sempre tinha aquelas pessoas – leia-se Lali – que tinham a coragem e dissimulação de entrar no assunto.

Eu realmente esperava que ninguém o fizesse. Eu já me sentia um lixo só de ignorar a memória, imagina se alguém me pedisse para contar tudo novamente. Não ia ser possível, ia acabar vomitando na frente de todo mundo novamente.

Austin abriu a porta da casa. Um calor sufocante me atingiu, como um bafo quente com cheiro de salgadinhos, terra e bebida. Rolei os olhos enquanto tirava meu casaco e puxava as mangas no suéter para cima, tentando encontrar um conforto térmico nisso. Não adiantou muito, então tirei o suéter também, o pendurando na entrada.

Era estranho ficar de alcinhas e com a barriga quase aparecendo no meu dos la pushianos. Podia ser considerado até cômico, mas eu não era a única (embora não tivesse visto ninguém com um strappy bra e nem com uma leve indicação de barriga de fora, por sorte a calça era cintura alta). Encontramos nossos amigos perto da entrada da cozinha. Brady e Colin tinham vindo, o que era muito bom e muito raro. Eles geralmente tinham alguma coisa para fazer junto com os outros meninos da reserva a essa hora.

Ninguém me perguntou nada por enquanto, mas eu juro que preferia que o fizessem. Os olhares cuidadosos e curiosos não estavam me ajudando. Pareciam achar que a qualquer minuto eu ia simplesmente começar a chorar desesperadamente, ou abrir a boca e contar tudo o que aconteceu. Nenhuma das duas opções iriam acontecer, sinto muito galera.

Em algum momento um copo de bebida parou nas minhas mãos, havia muita gente se espremendo na casa pequena, e um povo já ocupava o jardim de Drew – que era um jovem um pouco baixo para os padrões da reserva, de corpo magro e meio desengonçado. Eu nunca fui de beber, mas acho que tomei essa decisão de última hora, quando não aguentava mais os olhares que todos, absolutamente todos, me lançavam de tempos em tempo. Nem de Colin, ao tentar descontrair quando eu encarava alguém que estava me olhando.

Para ser bem sincera, acredito que algumas pessoas estavam deliberadamente passando a todo o momento ao meu redor para descobrir se eu estava falando sobre o assunto. Vi duas meninas passarem três vezes ao meu lado, com seus ouvidos quase no meio da roda. Era frustrante. Parecia o primeiro dia de aula todo de novo, só que mil vezes pior e por motivos horríveis.

E lá se foi meu primeiro, segundo e terceiro copo. Eu não tinha ideia do que estava bebendo, acho que nenhum deles tinha. Colin e Brady – por mais que estivessem bebendo com uma frequencia supreendente – não estavam nem um pouco alterados. Austin também não, embora sorrisse um pouco mais do que o normal. Eu estava bem mais alegre do que ela. Rindo de qualquer coisa que Graham dissesse e até flertando um pouco com ele, já Lali era do tipo pegadora quando alcoolizada. Estava em um canto dando uns amassos em um cara do mesmo ano que nós, mas de outra sala.

– Ela devia pegar leve. – Graham disse depois de eu o pegar observando Lali com o menino. – Vai acabar ficar falada. Já é o segundo.

Rolei os olhos.

– Pelo amor de Deus, Graham! Deixa a menina em paz! – eu disse, mas algumas coisas sairam um pouco emboladas e nós dois rimos. – Temos os mesmos direitos de vocês, homens que se gabam constantemente sobre quantas mulheres pegaram! Deixa a menina pegar quantos ela quiser, tá super certa. Vai Lali! – vibrei e sei que ele não entendeu metade do que eu disse.

Graham riu. Colin e Brady trocaram um olhar preocupado com o meu estado de acoolismo. Mas eu ainda não estava bêbada. Ainda.

Fui até a cozinha para pegar mais bebida para todos. Eu me sentia extremamente quente, meu rosto estava em chamas, assim como meu corpo. Eu acho que estava suando um pouco também. A casa estava muito quente, tinha que pedir para Drew abaixar esse aquecedor. Mas ele estava com seus amigos da reserva, que também eram os amigos estranhos de Colin e Brady – tão sóbrios quantos os mesmos. Que chato!

Coloquei organizadamente cinco copos na minha frente, a cozinha não estava tão cheia, mas eu era empurrada de vez em quando. Comecei a mexer nos armários em busca das bebidas, mas não estava encontrando nenhuma. Onde as bebidas estavam? Voltei meu corpo para a mesa e quase tive um enfarto.

Apoiado descontraidamente na bancada, estava Jacob Black, com sua melhor feição você-está-bêbada-e-isso-vai-ser-divertido. Encontrei a garrafa de bebida ao meu lado direito, abaixo dos armários. Não me incomodei com o olhar de Jacob, que também tinha um quê de cautela. Puxei a bebida e caminhei até a bancada, ao lado dele, onde meus copos estavam.

Concentrei toda a minha atenção em não deixar cair bebida fora do copo, mas era difícil com Jacob tão perto e me olhando atentamente. Eu não consegui me controlar e ri um pouco, cobrindo a boca com uma das mãos para tentar abafar riso, mas não adiantou muito. Jacob me lançou um leve sorriso de canto, mas não era o meu sorriso favorito.

– Você parece estar se divertindo – ele disse com uma malícia e travessura na voz, mas havia uma preocupação não tão bem camuflada.

– E você parece velho demais para estar em uma festa de colegial. – falei, a frase não saiu tão perfeita quanto eu gostaria, mas pelo menos deu para entender. Voltei com a difícil tarefa de colocar bebidas no copo. Meu corpo estremecia um pouco, minhas mãos tremendo, e eu sabia que isso não tinha nada a ver com a bebida... E sabia que essa era a primeira vez que admitia para mim mesma as reações físicas do meu corpo ao lado de Jacob.

– Parece uma tarefa quase impossível. – Jacob disse olhando de canto para o meu trabalho. Eu tinha terminado de encher o terceiro copo.

– É só porque você me deixa nervosa. – soltei antes de pensar.

Senti meu rosto esquentando ainda mais, assim como todo o meu corpo em vergonha. Foquei meus olhos nos copos, para não olhar Jacob e descobrir o que ele estava pensando, se tinha ou não gostado do meu comentário. Era sempre um mistério com Jacob. Eu me sentia nova demais para ele ter algum interesse, mas ao mesmo tempo sentia o oposto, que era exatamente o ideal.

– Mas e ai, você não me respondeu. – falei para mudar de assunto. – O que faz em uma festa de criança?

Jacob riu baixinho, parecendo ser um riso só para mim, exclusivo. Fiquei mais quente. Droga, Drew realmente poderia diminuir esse aquecedor. Eu sabia que era por causa de Jacob, em partes, que eu estava assim, mas o calor da casa também não estava me ajudando. Assoprei de leve para baixo, tentando trazer algum conforto.

– Drew poderia abaixar esse aquecedor. – comentei distraída.

Jacob riu mais uma vez.

– Não acho que seja o aquecedor. – sua boca estava próxima da minha bochecha. Um sopro quente se concentrando ali e, ao invés de esquentar, fez formigar. Meu estomago embrulhou, mas não como mais cedo. Era algo mais... Inquietante.

– Não seja convencido. – repreendi, terminando, finalmente, de encher os copos. Peguei o meu e o beberiquei. O álcool não machucou minha garganta, como costumava, então olhei para Jacob.

Ele estava muito próximo, com uma intensidade que emanava de seus músculos, me atingia e transformava em nervosismo. Senti minhas mãos tremendo novamente. O mais intenso de tudo, no entanto, eram seus olhos negros. Que escondiam tudo, mas também colhiam muita coisa. Muita coisa sobre mim, eu sentia. Era como se ele pudesse ler meus pensamentos, saber exatamente o que eu estava pensando e o motivo disso.

– Você é desconcertante. – falei sem pensar novamente, afastando meus olhos do dele enquanto voltava a beber.

– Eu não acho que seja o único. – ele sorriu de canto, seus olhos passando por meus ombros nus e meu busto, onde as linhas do sutiã saiam de forma estilosa.

Por um lado eu amei ter arriscado a comprar esse tipo de sutiã, por outro me senti envergonhada por revelar tanto. Mas suas palavras e seu olhar me aqueceram ainda mais. E então eu estava febril, um leve suor cobrindo minha testa e minhas costas. Eu precisava de ar, precisava ficar longe de Jacob Black e o seu calor.

– Convencido. – consegui dizer e trombei meu ombro de leve no dele, de brincadeira.

Oh meu Deus! Gaele! Pare de flertar com Jacob!

Eu realmente tentei meu controlar, mas não era tão fácil assim. Fiquei de costas para a bancada também, me apoiando nela em uma imitação barata da posição de Jacob. Ele fazia isso muito melhor do que eu, de um modo muito mais descontraído. Era melhor ficar de lado do que de frente, eu me sentia mais segura assim.

Voltei a beber mais um pouco.

– Há um motivo especial para tanta bebida? – ele perguntou me observando.

Rolei os olhos.

– Não me diga que vai contar para o meu pai. – satirizei.

Jacob sorriu de canto, de um modo completamente travesso. Ele seria uma das últimas pessoas que passaria algo assim para o meu pai. Jacob não parecia ser exatamente o modelo cidadão a ser seguido.

– Não faz muito meu estilo. – ele disse dando de ombros. Não havia repreensão em seus olhos e nem em sua pergunta anterior. Ele só queria saber. – E se é sua escolha passar dos seus limites hoje, não há lugar melhor para isso. – sorriu e olhou na direção dos meus amigos.

Lali já tinha voltado dos seus amassos, mas estava bêbada demais e rindo, Austin ainda se mantinha alegre, Graham estava de cara fechada e Colin e Brady estavam tranquilos, rindo das palhaçadas dos outros. Realmente, não era como se eu fosse fazer alguma burrada com eles por perto. Eu estava segura para encher a cara.

– Mas com certeza seu pai vai saber. Não é do feitio de La Push manter segredos.

Estreitei meus olhos.

– Hm... A reserva não está incluída nessa frase, eu diria. – falei e voltei a bebericar.

Jacob sorriu de canto, mas não disse mais nada. Rolei os olhos e bufei. Eu tinha, propositalmente, mudado o rumo da nossa conversa. Eu não queria me lembrar de ontem... Ou de anteontem. Não fazia ideia de que horas eram. Puxei meu celular, eram meia noite, mas não havia nenhuma ligação de John. Austin já havia deixado avisado, antes de sairmos, que poderiamos voltar bem tarde.

– Como está a leitura, falando nisso? – Jacob disse de repente, seu olhar esperto absorvendo todo o meu rosto.

– Bem instrutiva. – falei sorrindo de canto e tombando um pouco a cabeça. Dei um passo para frente e fiquei meio de frente para ele. – Magia, luta, drama... Tudo o que um bom livro pede. – e rolei os olhos indo me servir de alguns salgadinhos.

Estavam quase todos intactos.

Quando voltei meu olhar para Jacob, não recebendo nenhum comentário de volta, notei que ele estava com os olhos semicerrados, e havia uma leve frustraçao neles. Eu não entendi o motivo, entao, me encostando na bancada oposta (o que não fazia muita diferença, a cozinha era minúscula) eu o encarei em busca de respostas. Mas meu cérebro não estava tão bom assim para agir de forma inteligente, então só fiquei encarando ele. Aos poucos algumas coisas foram furando a nuvem de embriaguez.

– O que? Vai me dizer que acredita naquilo tudo? – ironizei. – Jacob, por favor! Essas coisas não existem. Essa coisa de magia é besteira. O homem que vira lobo para proteger seu povo, vamos lá! É só a forma como a antiguidade encontrava para explicar o que acontecia ao seu redor, através de mitos e lendas. - balancei a mão como quem dispensa uma mosca. – Se inunda é por que os deuses brigaram e criaram ondas enormes, esse tipo de coisa. É só abrir um livro de mitologia grega, tá tudo lá.

Jacob balançou a cabeça.

– É engraçado como as pessoas insistem em serem obtusas mesmo com a verdade na cara delas. – disse.

Estreite meus olhos e me aproximei dele. Eu nem sei o porquê fiz isso, mas senti a necessidade de olhá-lo mais de perto enquanto falava, como se isso fosse me ajudar a enxergar melhor as emoções escondidas de Jacob Black. Parei quase entre suas pernas. Ele não se mexeu, embora seus olhos estivessem mais atentos.

– Então é isso o que vocês, quileutes, escondem? – eu disse bem baixinho. – Esse é o grande segredo? Uma magia antiga que anda na forma de quatro patas quando o povo está em perigo, mas que na maior parte do tempo é humano? – eu mirei seus olhos com intensidade, tentando penetrar neles.

Mas havia outras emoções interferindo no momento. Algo mais poderoso, que crescia em meu peito e arrepiava meu corpo. Que me fazia respirar mais rápido, e meu corpo esquentava. Minha garganta estava seca e meus dedos formigaram. Eu precisava encostar nele, era uma necessidade tão física que eu quase me afastei assustada. Mas quando Jacob te olhava daquela maneira, que fazia você sentir tudo isso, era impossível se afastar.

– E se for? – ele disse bem baixo, nunca deixando seus olhos dos meus, mas aproximando o rosto.

Um sorriso lento de canto se formou em meus lábios.

– Então vocês precisam de ajuda profissional. – falei.

Jacob abriu um sorriso travesso. Eu me senti compelida a me aproximar, era puxada na direção dele. E ele não estava me tocando, não me tocou em nenhum momento. Mas nem precisava, seus olhos faziam isso por ele. Um beijo teria sido menos íntimo do que esse olhar. Meus pés agiram antes que eu os comandassem. E eu estava entre suas pernas. O copo de bebida esquecido na bancada atrás de mim, assim como qualquer outro pensamento que me caçasse nas últimas horas. Era impossível pensar em qualquer outra coisa que não fosse ele.

A mão de Jacob se levantou e meu corpo tremeu antecipando o toque. Meu coração tinha triplicado os batimentos, mas minha respiração era calma, um pouco acelerada, mas nada nem comparado com os meus batimentos. Jacob tocou meu maxilar e eu jurava que ele ia me puxar para um beijo. Eu via isso muito claro em seus olhos, pela primeira vez livres de qualquer barreira. Ele queria isso. Por algum motivo misterioso.

E eu estava pedindo por isso. Eu queria saber como era beijá-lo, se era tão bom quanto ele fazia parecer. Deveria ser, se apenas seu toque me fazia isso, imagine o beijo. Meus olhos suplicavam por isso, minha boca estava mais do que preparada.

Mas ele não beijou. Endireitou seu corpo, ficando mais alto do que eu. E então sorriu, inclinando seu rosto e beijando próximo da minha têmpora.

– Não vou beijá-la enquanto está embriagada. – disse no pé de meu ouvido. Sua voz rouca e baixa fazendo minha pele se arrepiar. – Prefiro sóbria.

– Então vou ser beijada. – soltei com um sorriso, uma espécie de brincadeira e verdade.

Jacob sorriu aquele sorriso. E não precisou dizer mais nada.


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Notas finais do capítulo

E entãaaaao? Alguém aí sabe quando os dois vão ficar junto? Alguém tem uma ideia de quando Gaele finalmente vai descobrir tudo sobre La Push?
Vamos comentar pessoal! Amando, comentando fiel como sempre. Obrigada amore!
Beijos e nos vemos semana que vem ;*



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