POV Draco

                -Na boa... O que foi aquilo?!

                -Nada Blásio! Esquece isso e me deixa!

                -Você e a sabe-tudo estavam...?

                -Chega! Que saco, eu já não falei que só fui ao banheiro?!

                -Tá, desculpa! Relaxa – É fácil pra ele falar, nem sabe pelo que eu estou passando! – Mas que é estranho é! Eu nuca vi aquele monitor se comunicar com a gente. Por que ele inventaria uma história dessas?

                -Não sei Blásio, só sei que eu estou cansado e não aguento, mais essa escola. Não faz nem duas semanas e já consegui uma detenção, além de estresse demais.

                -Eu te entendo Draco. Só comentei, porque logo o pessoal da Sonserina vai te odiar.

                -Por que? – Perguntei impaciente.

                -Antes que você ache que sou igual a eles, não me importo com essa coisa de sangue, e rivalidade entre casas... Quero dizer, Sonserina é a melhor, mas enfim. – Ele riu. – Se você tem ou teve algo com a Granger, logo eles vão te encher com: “Você é um traidor”, “Amiguinho do Quatro-Olhos” e todo o “bláblá”, e não vão mais querer falar com você.

                -Bom para mim. Assim, não preciso mais aturar gente falsa e interesseira. Agora chega desse papo, sério. Estou morrendo de sono.

                Chegamos às masmorras, e entramos no Salão Comunal, e lá estava o mais novo casal da escola: Pansy e Goyle. Esse é o “namorado incrível”?

                -Aí Goyle. – Ela soltava risadinhas no colo dele, enquanto recebia beijos pelo pescoço. – Para!

                -Só se você falar as palavrinhas mágicas. – Sério isso?

                -Por favor, garanhão! – “Garanhão”. Quase não consegui conter meu espírito maléfico e soltei uma pequena risada, que acabou chamando a atenção.

                -Algum problema Draco? – Ela falou olhando para mim.

                -Tirando o show ridículo de vocês dois, não tenho mais nenhum problema.

                -Está com ciúmes? – Pansy perguntou olhando séria para mim

                -De quem? – Sorri sarcasticamente segurando novamente uma gargalhada – Do “Garanhão”? – Imitei sua voz. Blásio também segurou um riso e fingiu ir pegar um drink no bar da cozinha.

                -Está com inveja, porque não tinha nenhum apelido.

                -Estou com pena de Goyle, já que você usou a última gota da sua criatividade limitada para inventar um título ridículo como esse! – Continuei rindo

                -Não fala assim com ela!

                -Oh! Desculpe senhor “garanhão”, errei minha fala? Era para ficar com ciúmes e sair? Desculpe se não fiz parte do ensaio medíocre de vocês, porque sinceramente, é óbvio o objetivo de me causar ciúmes.

                -Eu não quero causar ciúmes! Eu gosto dele, talvez mais do que você gosta da Sabe-Tudo.

                -Eu não sei do que você está falando. – Tentei desviar o assunto.

                -Que apelido ela sussurra para você Draco? – ela prosseguiu com as provocações.

                -O que? Você com a Sangue-Ruim? – Goyle perguntou sarcástico.

                -A “Sangue-Ruim”, tem mais conhecimento que vocês dois, “Sangues-Puros”, juntos. É muito fácil querer promover a “pureza de sangue”, sendo trasgos que não sabem nem usar uma varinha direito.

                -Desde quando você liga para conhecimento? – Ela perguntou

                -Desde que eu percebi que só vou ficar com garotas sem futuro como você, se não achar uma inteligente. – Ela parou. – Cansou? Porque eu já estou entediado. Boa noite. Saí e Blásio veio em seguida.

                -Seria uma boa noite, se você não tivesse estragado tudo. – Ouvi a voz de Goyle se abafando à medida que íamos em direção ao dormitório.

Apenas deitei e pensei por um momento nos acontecimentos do dia. Eu tinha que falar com a Hermione, me desculpar. Eu não ligava para Sonserinos revoltados, só me importava apenas com Hermione. E se a Pansy, atacar a Hermione? E o Weasley? Ele claramente gosta dela, e poderia fazer uma loucura. Que droga! Na boa, eu quero que eles se explodam. Ninguém vai fazer mal a ela, não enquanto eu estiver por perto. Vou falar com ela sim.

~No dia seguinte

Sábado chegou. Acordei cedo, decidido a falar com ela. Não havia necessidade do uso de uniforme, então vesti uma calça jeans, uma camisa branca, e como estava fazendo frio, um casaco. Saí das masmorras, e fui até o Grande Salão, procurar por Hermione na mesa da Grifinória, que estava meio vazia comparada a das outras casas. Perguntei por ela para uma garota que estava lendo o Profeta Diário.

—Ela provavelmente foi ver a seleção do time da Grifinória com a Gina.

—Obrigado!

A garota sorriu meio desconfiada, e eu me retirei apressado.

Cheguei quase sem fôlego. Aparentemente o treino já havia acabado, pois todos estavam se retirando sem o uniforme do time. O Weasley tinha um grande sorriso no rosto, ele e Potter estavam conversando animados. Algumas pessoas olharam desconfiadas por me ver ali.

—Veio aqui espionar, Malfoy? – Weasley falou, e Potter apenas olhou.

—Não. – E virei às costas.

Segui meu caminho até que encontrei a Hermione, que levou um susto quando me viu.

—Preciso falar com você! – Eu disse ofegante

—Você deve estar ficando louco. Já pensou se te atacam?

—Não me importo. Só vim pedir desculpas por ontem.

—Não tem problema, ninguém acreditou naquilo.

—Não me referi a isso. Eu forcei a barra na Sala Precisa, me desculpa. Só não queria que você me odiasse, eu estou enlouquecendo!

—Eu... – Ela ficou sem palavras.

—É claro! Veio visitar a namorada! – Ouvi a voz do Weasley de novo. Me virei e ele estava acompanhado de Potter e alguns outros Grifinórios.

—Ainda com esse assunto? Insistente você. Se eu estivesse namorando com ela, falaria. Não teria vergonha.

—Só que ela não gosta de você. Ela gosta de mim. – Só no seu mundo.

—Então porque não está com ela? Acho que temos um amor não retribuído aqui. É claro! Granger... – Usei o sobrenome, para não levantar mais suspeitas, em respeito a Mione. – ...que eu saiba, gosta muito mais de Runas Antigas, do que Trato de Criaturas Mágicas. – Disse isso olhando para ele dos pés a cabeça.

—Malfoy, por favor, para. – Hermione sussurrou para mim – eu já te desculpei, agora sai daqui. – Ela sussurrou mais uma vez – Por mim.

—Eu vou. – e dei um beijo na bochecha dela, que me olhou meio tímida. – Já alcançou a atenção que desejava não é camarada? – Dei uma batidinha no ombro do Weasley.

—Vem Mione! – Weasley me ignorou e a chamou

—O que?! Depois de tudo que você me disse quer que eu volte como um cachorrinho?! – Eu a ouvi aumentar o tom de voz pela primeira vez naquele dia.

—Então você vai ficar do lado dele?!

—Eu vou ficar do meu lado, tenho amor próprio. Não sou seu capacho, e já disse que não tenho nada com ele! Vá comemorar sua entrada no time e não me enche!

—Tudo bem, mas...

—Rony, chega. Não estrague este dia, você já a machucou de mais. – Potter se manifestou. – Tudo estava bem até você aparecer! – Ele olhou para mim

—Me desculpa! Não quis estragar o dia de ninguém. Vim falar apenas com a Hermione. Não tenho culpa se você não conseguiu conter seu amigo de se intrometer! Mas eu já vou, não tenho mais nada pra fazer aqui.

POV Hermione

Ele saiu em passos rápidos. Eu segurei o choro, o dia de todos tinha sido abalado e eu tinha minha parcela de culpa.

—Vem. Vamos sair daqui. – Gina me abraçou e começou a me levar sei lá onde.

—Mione. – ouvi a única voz que não queria ouvir me chamar.

—Não se preocupa Rony. Você tem outras prioridades. – Segurei as lágrimas e saímos rapidamente. Gina me levou até o dormitório, e ficou um pouco comigo:

—Precisa de alguma coisa?

—Não, obrigada. Valeu por ficar aqui, mas pode ir comemorar. Vocês mereceram. – Sorri.

—De jeito nenhum vou te deixar aqui sozinha!

—Deixa amiga. Eu quero descansar um pouco.

—Mas... – Ela me olhou por um tempo e assentiu.  Saiu e fechou a porta do dormitório.

Fui me deitar, mas não conseguia dormir. Eu nunca imaginei que o Draco falaria comigo, depois do fora que dei nele na Sala Precisa. Mas quem me abalou de verdade foi o Rony. Eu queria por um momento esquecer tudo e sumir. Logo os pensamentos foram esvaindo e eu peguei no sono.

Acordei com batidas na porta do dormitório e fiquei imaginando quem poderia ser. Se fosse a Gina, não precisava bater, afinal, ela é uma garota.

—Hermione... – Não. De novo não. – Sou eu. Por favor, fala comigo.

—Me deixa, Rony.

—Não vou sair daqui até... – Ouvi um barulho e um urro de Rony. Abri a porta apressada, para ver se ele estava bem: Havia escorregado pela escada, por ser um menino e tentar entrar no dormitório feminino. - ...poder falar com você.

—Você está bem? – Ele assentiu com a cabeça. Esperei um pouco, e perguntei: – Quem te mandou dessa vez?

—Eu vim por conta própria. Me perdoa por favor. Eu gosto muito de você. – Cruzei os braços e o encarei.

—Já ouvi isso antes. – Falei fria.

—Eu sei. – Ele respirou fundo, e prosseguiu. – Me desculpe por ter te magoado, por colocar o Quadribol em primeiro lugar, por ter sido ridículo, por ter ficado com ciúmes... – Por um momento, achei que ela tinha decorado uma lista, mas eu percebi que ele estava sendo sincero.

—Eu te desculpo.

—Sério?! Quero dizer...

—Me desculpa também – eu o interrompi. – Eu não te apoiei muito, e causei confusão para você.

—Tudo bem.

Ficamos em silêncio, por um instante, e eu o abracei, pegando-o de surpresa. Ele retribuiu em seguida e sentamos no sofá.

— Parabéns pelo seu desempenho hoje. – “E parabéns para mim, pelo bom uso do feitiço Confundus”, pensei.

—Obrigado. Vamos jantar?

—Jantar? Eu dormi tanto assim?

—Você estava dormindo e não estudando?

—Idiota. – Rimos. Finalmente tudo voltou ao normal. Eu e Rony fomos descendo as escadas e conversando. – Você se resolveu com a Gina e o Harry?

—Sim. Eu me desculpei com eles no vestiário, enquanto os outros já estavam indo para o campo. Disse que não queria deixar um clima ruim no treino. E daí os dois me abraçaram.

—Que bom que tudo se resolveu. – Sorri e o abracei na entrada do Grande Salão. Entramos assim e fomos até a mesa da Grifinória. Gina e Harry estavam conversando alegremente. Sentamos do lado oposto e quando olhei para a mesa da Sonserina, Draco parecia decepcionado, por me ver entrar colada com o Rony. Eu imaginei que ele fosse ficar assim, depois de me ouvir no dia da detenção. Mas eu vou me resolver com ele, e deixar levar. Quem sabe eu o perdoe.