~Alguns instantes antes

POV Hermione

Eu e Harry sentamos em um sofá que surgiu com a nossa necessidade. Abri uma mochilinha e despejei vários livros em cima de uma mesinha de centro que apareceu.

—Como?

—Feitiço indetectável de extensão. – Eu o interrompi, e ele ficou boquiaberto.

Começamos a separar os livros bagunçados por matéria, importância em uma escala “Hermione”, e livros emprestados da biblioteca. Uma cortina se ergueu com um pedido meu, e eu fui me arrumar.

—O que eu faço com esse? – Harry perguntou

—Qual? – Não vi o livro ao qual ele se referia. Eu já havia tirado o uniforme, e colocado uma calça jeans velha, e tênis apropriados, que estavam dentro da mochila.

—Não tem nome, tem uma capa dura, bege... – Droga! Meu diário!

—Não mexa nesse livro! – Falei saindo apressada de trás da cortina.

—Por que?! Calma!

—Porque... – Arranquei o diário de suas mãos – ... Tem segredos aí...

—Um diário? Era só ter me falado, eu não iria ler.

—Desculpa. São coisas muito confidenciais!

—Percebi. – Ele estava tentando não olhar para mim, e eu não estava entendendo o porquê – Mas o que é tão grave ao ponto de te fazer sair tão apressada sem se vestir?

—O quê?! – Olhei para baixo e percebi que estava vestindo um sutiã. Eu corri de volta para de trás da cortina e vesti a blusa. Saí sem olhar para ele – Que vergonha...

—Ah tudo bem. Não tem nada aí que eu não tenha visto.

—Harry! – Senti minhas bochechas ficarem quentes.

—Foi mal. Eu não devia ter dito isso.

—Tudo bem.

—Você irá amanhã, então? – Ele obviamente queria mudar de assunto.

—Para assistir você, sim.

—O que aquele ser fez de novo? – Ele já imaginava que Rony havia pisado na bola, e parecia impaciente com isso. Eu contei o que aconteceu: as mentiras do Rony, a discussão com a Gina. – Eu não o ajudo mais. – Ele respondeu quando eu terminei de falar.

—Harry... – eu estava surpresa – Achei que você estivesse do lado dele.

—Vocês dois são meus melhores amigos, vou sempre defender os dois, mas eu tenho o bom senso de saber quem errou. – Ele parou e chegou mais perto. – Tem outra coisa: se nós estivéssemos namorando, quem são eles para interferir? Rony tem sorte de ser meu melhor amigo, porque senão eu teria dado em cima de você! Você está ainda mais bonita do que a última vez.

—Por que você continua lembrando daquilo?

—Como não vou lembrar com você seminua na minha frente?! E é sempre difícil esquecer a primeira vez. Acho que você também acha isso. – Fiquei ainda mais envergonhada. – Eu gosto muito da Gina, mas você também me chama atenção. Desculpe ser tão direto, mas as vezes eu sinto que vou enlouquecer! – Eu fiquei em silêncio, com a cabeça abaixada. – Melhor eu ir... – Ele saiu em passos rápidos.

Agora mais essa: Harry indeciso em relação a mim e Gina. Fiquei estática ali, com uma expressão provavelmente confusa, mas eu não tinha tempo para pensar nisso. Fui correndo até o meu dormitório guardar minhas coisas, e corri até a sala de McGonagall. Todos já estavam lá:

—Desculpem o atraso!

~...

—Malfoy? – Quebrei o silêncio. – Você me desculpa por ter surtado, e feito aquilo com você? – Ele pareceu surpreso. – Não valeu a pena. Perdi uma pessoa que gostava de mim, por causa de outra que me trata mal.

—O que o Weasley fez desta vez?

—Foi idiota.

—Me diz um dia que ele não é idiota?

—Mas foi diferente. Te azarei, estapeei você, para nada.

—Eu também tive meus momentos ruins hoje – Olhei curiosa – Mas não devemos ligar pra pessoas que não merecem. Você é forte, melhor que muitos aqui – Sorri. Incrível como depois desse tempo todo, ele ainda consegue me arrancar um sorriso. – Mas a quem ele se referia?

—O que?

—“Namorado”?

—Ah... – Fiquei vermelha, pois não esperava que ele acreditasse no Rony e perguntasse aquilo – Harry...

—Potter!?

—Sim. Mas é claro que não está rolando nada, somos só melhores amigos. – Ele sussurrou alguma coisa. – O que? – Perguntei.

—Nada.

—Mas por que o interesse?

—Nada é só que... – Ele começou a andar na minha direção coçando a nuca e tropeçou em um balde, caindo na minha direção. Fui tentar segurá-lo, mas como ele é mais pesado, me levou junto, fazendo com que eu caísse em cima dele. Ficamos ali estáticos, com os olhos fixos um no outro.

—Ei! Vocês deviam estar limpando, e não se agarrando no chão! Anotarei o nome dos dois! – Um monitor chegou e levantamos rapidamente.

—Não estou a fim de me meter em uma encrenca maior! – Draco agarrou minha mão e saímos correndo.

Chegamos ao corredor do sétimo andar e ele parou em frente a uma parede e fechou os olhos. Fiz o mesmo, sabia que ele queria entrar na Sala Precisa.

—Essa foi por pouco! – Ele disse. Estava muito próximo de mim... – Por muito pouco... – Ele se aproximou cada vez mais e nos beijamos. Me pegou de surpresa. Ele agarrou minha cintura, me puxando pra próximo dele. Eu estava quase cedendo, e na verdade era tudo o que eu queria, mas uma parte de mim me alertava a não fazer isso:

—Não Malfoy, sério. Não estou com humor para isso. – E empurrei-o levemente.

—É assim que você quer que eu aceite suas desculpas?

—E você por um acaso me pediu desculpas por atacar meu amigo?

—Você deu oportunidade? – Fiquei quieta. – Me desculpa?

—Tudo bem.

—Hermione, por favor, fica comigo?

—Não posso! Não depois de tudo. Por que vou me arriscar novamente? Para sofrer depois? Ser mais uma da sua coleção?

—Mas você é diferente...

—Olha Malfoy, eu sinceramente não caio mais no seu papo. Vamos voltar logo para lá antes de nos metermos numa encrenca maior. – Ele ficou me olhando com uma cara fofa, mas mesmo assim, fui forte, e saí. Em seguida ele veio de cabeça baixa, e voltamos para onde estávamos. Aparentemente, outro monitor estava lá:

—Onde vocês estavam? – Ele perguntou ao nos avistar.

—Fomos ao banheiro. – Malfoy inventou uma desculpa qualquer

—Os dois? Juntos? – Desconfiou o monitor.

—Claro que não! – Falei impaciente – Eu só fui junto porque não confio nele. Não queria limpar tudo sozinha, e queria ter certeza de que ele não estava fugindo. – Falei confiante. Malfoy e ele olharam para mim: Malfoy surpreso, e o monitor com cara de desconfiado.

—Vocês têm mais uma hora, limpem o máximo que puderem e, se possível, segurem a bexiga. – Ele olhou para Malfoy, que retribuiu uma cara de deboche.

Passamos o resto da detenção em profundo silêncio. Depois do que aconteceu era melhor assim mesmo. Agora mais um pensamento para me perturbar: primeiro, o Rony resolve ser idiota. Depois Harry praticamente se declara. E agora vem o Malfoy, e por mais que eu estivesse louca para agarrá-lo, não havia o perdoado daquilo ainda.

Após uma hora, o segundo monitor nos chamou e nos levou até a sala de McGonagall, de novo.

—Foram eles, professora! – O primeiro monitor apontou para mim e Malfoy. – Eles que estavam se agarrando no chão corredor!

—O quê?! – Rony perguntou num salto

—Ainda conseguiram fugir, os malditos! – Continuou o primeiro monitor

—Você realmente acha que eu iria me agarrar com essa coisa no meio do chão frio de um corredor? – Perguntei indignada.

—Mas eu vi!

—Caímos, seu estúpido!

—Sua fedelha de uma...

—Chega vocês dois! – Disse a professora – Você viu alguma coisa, Michael?

—Quando eu cheguei neste corredor, vi que alguns materiais de limpeza estavam lá. Fiquei desconfiado, mas os dois retornaram e disseram que o garoto foi ao banheiro, e ela o acompanhou, pois achou que ele iria fugir. – O segundo falou tranquilamente.

—Sei... – Rony disse – Não sabia que você tinha gosto por sonserinos, Hermione.

—Você acha que EU, um sangue-puro, ficaria com uma sangue-...

—Não se atreva a terminar! – Minerva falou

—E você não tem nada a ver com minha vida, Ronald! – Falei raivosa – Enquanto você cria mais intrigas, perde uma bela noite de sono. Seu desempenho na seleção pode decair amanhã. – Falei a última frase com um sorrisinho sarcástico. Eu sabia que aquilo era a coisa mais importante para ele. Ele retribuiu uma cara de raiva.

—Estão dispensados! – Minerva falou depois de um longo período de tensão, e nos entregou as varinhas.

Eu saí antes de todos, mas Rony tentava me alcançar.

—Você vai me escutar! – Ele disse – Isso ainda não acabou! - Estávamos na escada que dava para o retrato da Mulher Gorda, quando ele segurou o meu braço.

—Me solta, ou eu grito. – Falei – Não estou com paciência para você!

—Você pensa que é quem? Para me trocar por dois em uma só noite?!

—Te trocar? Nós nunca tivemos nada! Você só pode estar delirando. – O tom de nossas vozes aumentou – Me larga!

—Que gritaria é essa?! – Ouvi a voz de Gina, e quando me virei, eu a vi saindo, junto com Harry, do dormitório. – Rony, larga ela!

—Não.

—Rony, para com isso. Vocês são melhores amigos. Sentem e conversem.

—Não pedi sua opinião, Harry! – Rony disse rispidamente.

—Qual é o seu problema, Ron?! – Harry perguntou. – Eu não te fiz nada. Você faz burradas e quer descontar nos seus amigos?!

—Você e Hermione estão juntos! Que amizade é essa, em que você a rouba de mim?

—Você deve estar brincando! – Harry falou impaciente

—Mas, como eu sou seu amigo, devo lhe avisar que ela já te trocou pelo “Draquinho”!

—Cala a boca seu idiota! – Eu disse. – Por que você acha que eu ficaria com o Malfoy?!

—Me diga você!

—Rony, você está errado, mas não quer admitir. Vá dormir e esfrie essa cabeça! – Gina falou

—Você não manda em mim! Mas eu vou mesmo! Tenho um teste para fazer amanhã, e nada, nem mesmo vocês vão me colocar para baixo! Boa noite! – Rony entrou no quadro, e logo depois, nós também.

Ficamos ali um pouco, para aliviar o clima. Harry foi para seu dormitório, e eu e Gina para o nosso.

—Não fica assim, amiga. – Gina me abraçou – Não é sua culpa. Desculpe-me, acho que ele só te chateou porque levou uma bronca minha.

—Não há motivos para você se desculpar. Amanhã eu te conto o que houve e você entenderá.

—Tudo bem, boa noite.

—Boa noite. – E assim, deitei minha cabeça no travesseiro e comecei a pensar em tudo. Todas as meninas já estavam dormindo e eu era a única acordada. Comecei a chorar com o mínimo de barulho que pudesse fazer. Depois de derramar a todas as lagrimas, me juntei às meninas e dormi.