Visão: As Faces da I.M.A. escrita por Larenu


Capítulo 2
O Pensador


Notas iniciais do capítulo

Ae, voltamos aqui também!



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Visão ergueu os braços em um gesto de redenção. Por prevenção, diminuiu sua densidade.

— Acalme-se, senhorita Danvers. Pense direito e...

Ela atirou. A bala o atravessou, deixando-a com uma expressão de espanto. Vendo que não poderia vencê-lo, Carol largou a arma e tentou correr. Apostando que daria certo, diminuiu a densidade e afundou no chão, saindo de volta na frente dela.

— Por favor, espere. Por que não conversamos?

— Você é uma aberração!

— Não diga isso, por favor. Meu nome é J.A.R... é Visão.

— J.A.R...?

— J.A.R.V.I.S. era meu nome anterior.

— Tony Stark.

— Como?

— Você era o mordomo de Tony Stark, J.A.R.V.I.S., a inteligência artificial.

— Sim.

— Como ganhou esse corpo?

Ele roubou de mim.

Essa última frase foi dita por Ultron.

— Ultron — disseram Carol e Visão juntos.

Bom saber que me reconhecem, meros mortais.

— Meros mortais? Você fala como se fosse imortal — disse Carol.

O Pensador pode me fazer ser isso!

— Quem é esse pensador, de quem tanto falam? — questionou Visão.

O Pensador Louco é um mistério até para a I.M.A., meu caro. Ele financia experimentos e muitas outras coisas, mas seu nome continua desconhecido.

— Defina “muitas outras coisas”.

Simples. Ele está financiando a fundação da I.R.D.A., mas seus motivos para isso não são claros.

— I.R.D.A.? O que seria isso? — perguntou Carol Danvers.

Ideias Radicais de Destruição Avançada, ou algo do tipo. Não me recordo agora. De qualquer forma, acho que o nome já deixa seus objetivos claros.

— Destruição. Visão, isso não é bom. Sei que nos conhecemos agora e não há nenhuma prova de que podemos confiar um no outro, mas, como somos os únicos aqui dentro dispostos a fazer algo contra a I.M.A., a I.R.D.A., Ultron e o Pensador Louco...

— Compartilho de seu ponto de vista, senhorita Danvers.

— Me chame de Carol, por favor.

— Como desejar.

Esperem, heróis. Acham mesmo que podem derrotar o Pensador Louco?

— Achamos, sim.

Então estão enganados.

— Como sabemos que não está tentando nos enganar para temermos ele, de forma que você ganhe seu corpo?

Porque eu já tenho o corpo. O que falta apenas é a independência do mesmo para com os fios que o prendem.

— Visão, não vou conseguir me concentrar com esse aí nos importunando.

— O que sugere?

Ela se aproximou de um painel e o abriu.

— Talvez com um desses fios a menos... Ah, claro. Este aqui.

Carol cortou um dos fios e a voz de Ultron sumiu.

— Certo, ele não pode mais falar neste corredor, mas ainda nos vê. Temos que ser rápidos para chegar ao Pensador Louco, ou Ultron nos entregará para a Cientista Suprema.

— Quem?

— A Cientista Suprema da I.M.A., Monica Rappaccini. Ela e o Cientista Supremo, Andrew Forson, comandam todos os cientistas da organização.

— E eles estão aqui?

— Estão sim. Vieram para uma reunião com o M.O.D.O.K. e o Dínamo Escarlate.

— E você simplesmente fugiu?

— Não. Com a I.M.A. nada é assim. A Viúva Negra virá atrás de mim.

— A Vingadora, Natasha Romanoff?

— Obviamente não. Estou falando de Yelena Belova, a Viúva Negra que desempenha serviços para a I.M.A. e a Hidra. A verdadeira lealdade dela é um mistério, mas se trata de uma mulher extremamente perigosa.

O Visão cessou a caminhada de repente. Olhou em volta como se tivesse ouvido ou visto antes.

— O que foi?

— Não sei. Tive a sensação de estar sendo observado.

Atrás de uma parede, Yelena Belova usava um visor em seu rosto para enxergar Carol Danvers e o Visão. Era um visor prateado com várias lentes vermelhas.

— Em breve nos veremos, Carol. Em breve.

Ela mexeu em seu cinto e ativou a invisibilidade. Sua missão era capturar Carol Danvers e imobilizar quem com ela estivesse para então leva-la para os Cientistas Supremos, Monica Rappaccini e Andrew Forson. Começou a segui-los discretamente. Yelena caminhava sem fazer nenhum barulho. Apesar disso, vira que o Visão percebera algo os observando.

O que será?, se perguntou Visão. Ele sabia que havia algo ali os observando, mas não queria chamar a atenção dessa coisa para si.

— Carol, você faz alguma ideia de onde está o Pensador Louco?

— Sim. Precisamos chegar ao final deste corredor e virar à direita. Encontraremos um outro corredor, que contudo leva a apenas uma porta maior, onde está o Pensador Louco.

­— Acha que haverá seguranças com ele?

— Não. Ele tem o próprio androide protetor, Andy.

— Andy?

— Sim. É um apelido para Androide do Pensador Louco.

— Entendo. Andy está com ele neste momento?

— Está, claro. Andy nunca deixa o Pensador só.

Viraram no corredor. Visão já identificara a porta citada mais à frente.

­— Carol, me espere do lado de fora.

Ela assentiu. Visão se aproximou da porta e diminuiu sua densidade, para que então atravessasse a porta. Chegou a uma sala escura em forma de hexágono. Não estava enxergando nada lá dentro. Cruzou a sala e chegou a um teclado. Apertou alguns botões aleatórios.

Vários monitores foram ligados. Eles mostravam salas do submarino. A sala onde Visão estivera, destruída, foi a primeira a ser mostrada. Em seguida, Carol do lado de fora. Uma quinjet foi mostrada voando do lado de fora do submarino, acompanhando o movimento deste. Cientistas se preparavam para receber M.O.D.O.K. e Dínamo Escarlate, que caminhavam em um corredor. Em um corredor vazio, algo parecia se mover, mas não era visível. Visão então se viu, mas havia também algo no escuro.

Ele olhou para trás e as luzes se acenderam. No centro da sala havia uma cadeira, e do lado desta uma enorme criatura prateada. A cadeira girou e Visão pôde ver o homem nela sentado. Era um homem de roupa verde com uma barriga um tanto gorda. Seus cabelos castanhos eram um pouco compridos e caíam para o lado simetricamente. Ele estava curvado para frente e com o queixo apoiado no punho, cotovelo na perna. Olhava para Visão agora com uma expressão analítica, calculista e pensadora.

— Você é o Pensador Louco.

— Isso foi uma afirmação.

— Sim, foi.

— Minha frase também. Tente ser mais atento. Sei que o corpo é novo para você, mas anos como empregado de Stark deveriam ter te ensinado algo.

— Como sabe disso?

— Sei de muitas coisas. Sei, por exemplo, que gosta de ser chamado de Visão e que está preocupado com sua amiga recém-conhecida Carol Danvers, que está lá fora e pode ser morta a qualquer momento por um vulto que você acredita ter visto.

Visão se espantou com o saber dele.

— Todos se espantam a princípio, mas logo se acostumam. Você, porém, não ficara aqui por muito tempo.

— Posso cuidar de você.

— Claro que pode. Assim como Andy pode cuidar de você. Andy, apresente-se.

O Androide do Pensador Louco deu dois passos para frente.

— J.A.R.V.I.S., este é Andy. Andy, este é J.A.R.V.I.S., mas ele quer que o chame de Visão.

O Pensador olhava para Visão como quem lê um livro. Curiosamente, Visão se sentia exposto e podia crer que o Pensador Louco realmente o estava lendo como um livro aberto. Ele deu um bocejo de tédio, surpreendendo Visão, que acreditava que o Pensador estava fascinado.

— Surpreso? Minha face não é tão legível quanto a sua.

— Não, é só que...

— Se sente vulnerável? Acredite, não é uma ilusão. Todos os seres são vulneráveis em algum momento, e a maioria o faz em minha presença.

— A maioria? Por que não todos?

— Certa vez conheci um ser poderoso, o governante de seu próprio império sob o solo. Ele se auto intitulava Tyrannus. Aquele homem não foi intimidado por mim. Ainda assim, ele era muito cruel. Era um verdadeiro tirano, sabe? — Ele riu de sua piada sem graça, mas foi uma risada seca. — Bom, ele está morto. Seus subjugados, os Molóides, agora estão livres. Vagam pelo Subterrâneo sem um destino certo, sem um líder para lhes dizer o que fazer. Como toda civilização sem líder, não tem nenhum senso do que é certo ou errado, justo ou do injusto, bom ou mau. Eu acredito que eles vagam em busca de um novo líder, mas muitos poderiam discordar.

— Como alguém subjuga uma civilização inteira?

— Ah, não, ele não subjugou todos. Os que se curvaram perante ele foram chamados de Tyrannóides. Bom, já estou me distraindo. Andy, por favor.

O Androide deu dois passos para frente.

— Obrigado.

O Pensador Louco mexeu em algo em sua cadeira, que foi erguida do chão até um buraco no teto. O buraco se fechou, de forma que Andy e Visão estavam sós ali.

Do lado de fora, Carol Danvers apontava sua arma na direção de onde viera um som semelhante a paços. Ela disparou inutilmente. Quando olhou para o lado, viu Yelena Belova. A Viúva Negra descartou seu visor.

— Olá, Carol.

— Yelena.

Ela sorriu.

— Fugindo dos Cientistas Supremos da I.M.A.? Que coisa feia, Carol. Não esperava isso de você, a menina comportada. — Essas últimas palavras foram pronunciadas com nojo e um forte sotaque carregado, talvez alemão ou russo.

Carol apontou a arma para ela. A Viúva Negra ativou seus braceletes e estendeu os braços na direção de Danvers.

— Entregue-se.

— Jamais.

Yelena Belova pulou nela, eletrocutando-a com tudo e escapando dos tiros.

— Perdeu. Que dó de você.

Ela amarrou-a com um sorriso macabro no rosto. A bela Yelena Belova colocou o visor e checou se fora percebida por Visão. Não, ótimo, pensou. Amordaçou Carol e colocou-a nos ombros. Em seguida, ativou a invisibilidade novamente.

No andar de cima, o Pensador Louco se levantava de sua cadeira e atravessava vários cabos na sala. Olhou para o ser no meio da sala, ao qual os cabos se prendiam.

Visão está aqui embaixo? — ele perguntou.

— Está sim.

Faça Andy perder. Quero eu mesmo cuidar de J.A.R.V.I.S. com minhas próprias mãos e do meu jeito.

Está certo.

Pensador Louco comunicou-se com Andy pela mente, habilidade que ganhara através de um chip embutido na cabeça. Perca, ordenou. Em seguida, o Pensador deixou a sala.

Abaixo, Andy recebia as ordens do Pensador Louco. Como era um androide inteligente, conseguiria fingir sua derrota de forma que fosse convincente para Visão.

— Androide, prepare-se para perder!

Visão aumentou sua densidade e socou o corpo metálico do androide com força. O robô caiu para trás, mas logo se colocou de pé. Preparou um soco, mas Visão não foi afetado após diminuir a densidade. Ainda com pouquíssima densidade, Visão atravessou o piso e saiu atrás de Andy.

— Ei, androide!

O robô rapidamente se virou, acertando com tudo o punho de Visão. Andy caiu no chão. Visão disparou um laser amarelo nele por garantia. Acreditando ter vencido, diminuiu novamente a densidade e atravessou para o piso de cima. A sala em que estava agora era redonda e pouco iluminada. Vários cabos estavam pendurados pela sala. Seus olhos se voltaram para a figura presa aos cabos, no centro da sala.

Olá, Visão. Seja bem-vindo ao seu inferno.

Visão o reconheceu imediatamente.

— Ultron.






BÔNUS

Na mansão que um dia pertencera ao Mandarim na China, uma criança comia cereal com leite e assistia à televisão. Ele tremia de medo, nervoso e ansiedade. O garoto levou uma colher a boca. De repente, escutou um forte som e largou a tigela, sujando o sofá de seu pai. Ele vai ficar furioso quando voltar, pensou assustado.

O que ele não sabia, porém, era que seu pai estava morto. Ouviu paços vindos do corredor. A princípio pensou que era o Mandarim retornando de sua jornada.

— Pai?

Não obteve resposta. Nervoso, olhou para trás. Viu um homem calvo de capuz e roupas verdes se aproximando. O homem colocou um sorriso no rosto e acenou.

— Temugin Hammer, prazer. Meu nome eu não posso revelar, porém vim aqui ficar contigo.

— Meu pai te mandou?

— O Mandarim? Oh, não. Lamento informar, mas ele foi morto por Tony Stark.

— Ele odiava esse homem.

— Sim, eram grandes inimigos. Uma pena que essa inimizade tenha tido um fim tão trágico, não acha?

— O que quer comigo?

— Bom, algumas coisas. Primeiro, quero dar-te meus pêsames pela morte de Justin Hammer. Segundamente, quero te propor algo.

— Uma proposta? — Temugin já estava se assustando.

— Sim. O que acha de vingar a morte de seu pai, meu jovem?

— Ele não se importava comigo.

— E por isso não terá honra? Deixará a morte dele passar despercebida e o assassino ficar feliz e sair ileso?

— Não é isso, é que...

— Errado. É exatamente isso, Temugin. Entenda, meu caro amigo, que é uma questão de honra. Seu pai não era um homem bom, mas você deve ser diferente. Deve começar a mudar sua personalidade e vingar a morte de seu pai.

— Mas era exatamente isso que meu pai queria fazer.

— Queria se vingar. É diferente vigar alguém.

— Entendo, mas...

— Acalme-se, criança. Você não estará só. Tenho uma equipe preparada para ajudar-te.

— Como posso saber se devo confiar em você? Nem sei seu nome.

— Um dia entenderá meus motivos melhor que ninguém, meu jovem. Mas esse dia não é hoje. Se lhe serve de consolo, deixarei que converse com o menino-prodígio de nossa equipe. Por favor, conheça Amadeus Cho.

A porta se abriu, revelando um menino mais velho que Temugin, porém ainda jovem.

— Prazer Temugin, sou Amadeus.

— Oi.

— Oi — respondeu Amadeus rindo.

O homem se levantou.

— Deixarei que conversem a sós.

— Certo. Obrigado.

Quando ele saiu, Amadeus passou a mão no sofá sujo e se sentou.

— Posso ser sincero com você? Devia aceitar a proposta dele. A equipe, os Fugitivos, está sendo financiada por ele e duas outras mulheres. Temos outros membros, mas para ele é muito importante ter você também. Todos são filhos de vilões, exceto eu.

— Ele também é?

— Sim. Vocês dois têm mais coisas em comum do que você imagina.

— E essas duas?

— Honestamente, eu não sei. Mas acho que não. Uma delas é irmã de um mutante poderoso, mas ele é do bem.

Temugin pensou um pouco.

— Tá bom, eu vou aceitar.

— Ótimo.

Amadeus acenou para que o homem se aproximasse.

— Temugin aceitou.

Um sorriso iluminou o rosto do homem.

— Maravilhoso! Contudo, ainda não é a hora de irmos. Vamos ficar aqui até ser o momento certo de voltar para a América.

— Quando tempo?

— Quatro meses.

Amadeus e Temugin se surpreenderam, mas aceitaram.


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