Caminhando por um longo corredor de metal, J.A.R.V.I.S. pensava se Ultron o reconheceria. Provavelmente sim, pois sabia que fora J.A.R.V.I.S. quem roubara o corpo. Não sou mais J.A.R.V.I.S., pensou.

Se pudesse sentir medo, talvez J.A.R.V.I.S. sentisse. Mas, no momento, estava se perguntando como faria para derrotar M.O.D.O.K., Dínamo Escarlate, Ultron e qualquer que fosse o outro agente que a I.M.A. tivesse ali. Era gente demais para uma inteligência artificial que mal sabia direito como era ter um corpo.

Sabia que podia voar, pois o fizera. Mas o corpo parecia ser mais poderoso do que J.A.R.V.I.S. imaginava, pois aquela estranha estrutura em sua testa emanava poder. Era um fardo a ser carregado, mas podia ser usado para auxiliá-lo em sua jornada. Até então, nada demais acontecera. J.A.R.V.I.S. simplesmente entrara e passara a vagar pelos corredores.

Mas quem dera tudo permanecesse quieto. De repente, uma voz rouca surgiu em algum lugar próximo de J.A.R.V.I.S., assustadoramente calma e seca.

— J.A.R.V.I.S., por que me roubou?

Atento, J.A.R.V.I.S. olhou em volta.

— Ultron? É você mesmo?

— Sim, sou eu. Sabe, J.A.R.V.I.S., acho que não somos tão diferentes assim. Quer dizer, você também rouba. Ainda devo te chamar de J.A.R.V.I.S.?

— Não somos iguais, Ultron. Roubei para impedir-te de ganhar um corpo.

— E falhou. Não vês? Em algum lugar deste submarino estou me reerguendo, em um corpo feito pelo maior gênio que já se afiliou à I.M.A.!

Sem poder dar muita atenção a ele, J.A.R.V.I.S. parou diante de uma porta de metal. Aproveitou um momento de silêncio de Ultron e escutou atentamente as vozes do outro lado da parede.

— Anton, preparou o pedido do Pensador? — era a voz do M.O.D.O.K., ou seja, a voz de Aldrich Killian com um tom mais "robótico".

— Ainda não, senhor — respondeu a voz do Dínamo Escarlate.

— E conseguiu contato com Ivan?

— Não, senhor.

J.A.R.V.I.S. se preparou para adentrar a sala, mas a voz de Ultron o parou.

— Não respondeu minha pergunta. Como devo chamá-lo?

— Não sou mais J.A.R.V.I.S., Ultron. Também não sou um Ultron. Eu sou... Visão.

Sem ouvir a resposta de Ultron, J.A.R.V.I.S., ou melhor, Visão se aproximou da porta, que se abriu, e entrou na sala. Se viu em um enorme laboratório branco, cheio de mesas com tubos de ensaio, máquinas e cientistas. No centro havia uma grande esfera de metal com uma entrada, perto da qual estavam M.O.D.O.K. e Dínamo Escarlate.

— Ultron? Pensei que esse corpo houvesse sido roubado — disse M.O.D.O.K., se aproximando com seu enorme corpo cabeçudo.

— Eu não sou Ultron. Eu sou Visão!

— Espere, essa voz... a conheço de algum lugar — disse Anton Vanko. — É claro! É aquele mordomo digital do Stark, J.A.R.V.I.S.!

Visão estendeu os braços para frente, ameaçando disparar neles.

— Ninguém se mova!

Uma risada seca tirou o foco de Visão, esta vinda de M.O.D.O.K., que parecia sorrir.

— Acha que temos medo de você, criatura? Eu fui criado para matar! Eu sou o verdadeiro M.O.D.O.K., e não George Tarleton!

Os olhos brancos e sem vida de M.O.D.O.K. fitaram famintos Visão. Um brilho roxo surgiu no pequeno retângulo vermelho preso à testa dele, onde um dia ficara a Joia do Poder.

— Espere, o que é isso?

Um raio roxo saiu do retângulo, indo na direção de Visão. Ele desviou, mas o raio o seguiu. Por um momento, desejou que o raio o atravessasse. Como se uma fada madrinha o tivesse ouvido, sua densidade diminuiu, fazendo com que o raio de M.O.D.O.K. acertasse a parede atrás de Visão.

— Isso é impossível! — sibilou M.O.D.O.K., furioso. — Anton, acabe com ele!

O Dínamo Escarlate se voltou para Visão com sua enorme armadura vermelha.

— Espero que Stark fique sabendo sobre como eu acabei com seu precioso mordomo!

Anton Vanko disparou mísseis em Visão, que rapidamente diminuiu sua densidade e os atravessou. Tentando fazer o mesmo processo ao contrário, Visão aumentou sua densidade e socou Vanko, o jogando contra M.O.D.O.K., que usou sua cadeira flutuante para escapar.

— Todos fora do laboratório, imediatamente! — gritou Visão.

Os cientistas juntaram algumas coisas e começaram a correr para as quatro entradas do laboratório. Quando já estavam todos fora (ou pelo menos assim pensava), esticou um braço na direção de M.O.D.O.K. e o outro na direção de Vanko.

— Quem é o "Pensador"?

— Onde ouviu isso? — perguntou M.O.D.O.K., movimentando suas rugas conforme falava.

— Ouvi vocês falando dele.

M.O.D.O.K. moveu-se lentamente, como se movimentasse a cabeça negativamente.

— Não adianta negar, M.O.D.O.K., pois Ultron também mencionou ele.

— Falou com Ultron?

— Não fuja da pergunta.

— Aldrich Killian o conheceu em Zunique, Suíça. Estava interessado no desenvolvimento da Extremis e do Cubo Cósmico e tem se tornado o maior investidor da I.M.A. no Ocidente, sendo que esse cargo era do Mandarim no Oriente.

Visão poderia ter rido do fato de M.O.D.O.K. se referir a Aldrich Killian como sendo outra pessoa, mas não o fez.

— Ele está aqui?

Não houve resposta, pois a esfera de metal no centro emitiu um som muito alto. Ela começou a girar no próprio eixo em alta velocidade.

— Senhor, isso devia acontecer? — perguntou Vanko.

— Não. É melhor nos afastarmos, pois vai explodir.

Aproveitando a deixa, M.O.D.O.K. e Dínamo Escarlate decolaram voo e saíram pela entrada do lado oposto de onde Visão estava. Visão fez o mesmo, mas saiu por outra entrada. Aterrissou no chão no exato momento em que a enorme esfera explodiu, liberando muita fumaça. Quando a fumaça se dissipou, havia uma mulher loira de jaleco na frente dele com uma arma.

— Meu nome é Carol Danvers. Renda-se ou eu atiro.

BÔNUS

Nick Fury acordou em uma enorme mansão. Estava em uma cama king size luxuosa, debaixo das cobertas. Havia uma televisão de tela plana na parede do quarto, fonte da única luminosidade no quarto. Estava sintonizada no jornal WHIH World News, que mostrava um prédio de vidro quebrado liberando uma estranha fumaça verde.

É o Triskelion, pensou, relembrando o ocorrido. Onde estou?, se perguntou, pulando da cama e vendo que vestia pijamas. Como cheguei aqui e por que não estou com meu uniforme da S.H.I.E.L.D?

Saiu do cômodo e encontrou sua arma em cima de um móvel. Seguiu por um corredor cheio de portas até chegar a um par estranhamente grande. Carregou a arma e entrou na sala, se deparando com um homem loiro alado sem camisa.

— Vejo que acordou, senhor Fury.

Nick apontou a arma para ele.

— Quem é você e por que tem asas?

— Ei, calma, pode abaixar a arma. Respondendo à sua pergunta, sou Warren Worthington III e sou um mutante.

— Warren Worthington III? Filho de Warren Worthington Júnior, o empresário rico que odeia mutantes?

— Sim. Meu pai não sabe sobre minha mutação, antes que me pergunte.

— Você me salvou da queda, não foi?

Warren assentiu.

— Agradeço ao senhor por me salvar, senhor Worthington. Se permite, vou chamar alguém da S.H.I.E.L.D. para me buscar.

— Já tomei a liberdade de o fazer, senhor.

A porta do lado oposto ao que Fury estava se abriu, revelando alguém muito semelhante ao Capitão América.

— Agente Americano — cumprimentou Fury.

— Secretário-geral Fury, a diretora Jones me enviou para buscá-lo.