Cassis escrita por Metamorphosis


Capítulo 5
Capítulo 5




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“Mesmo que a tristeza vier, não chore sozinha.”

Depois da bronca e do sermão que dei para o Kouyou do quanto era prejudicial à saúde dele continuar fumando, ele finalmente parou. E desta vez eu certifiquei-me de que ele tivesse parado mesmo de fumar. Passaram-se dois meses e aquela semana prometia ser a mais agitada. Minha mão já havia melhorado e já tinha voltado para os ensaios. Na escola, as aulas estavam suspensas para os ensaios e preparativos do festival. Como tínhamos apenas uma semana para fazer duas músicas para apresentar no dia, ficamos o dia inteiro testando as idéias de todos, acordes diferentes, enquanto Miyavi e Ruki faziam a letra.

_ CACETE! COMO TA DIFICIL ESSA PORRA!

_ Deixa a sua mãe ouvir você falar esses palavrões, você vai ter a boca lavada com sabão. – Tive vontade de jogar o Sekai na face debochada do Miyavi na hora, mais como sabia que eu iria me arrepender, então não o fiz.

_ Você também não tem a boca limpa, então não venha dar uma de santo!

_ Tem como as moças pararem de trocar faíscas e se concentrarem! Temos hoje e mais três dias para fazer as músicas e apenas dois para ensaiar, então parem com a idiotice. – Falou o Reita logo depois de desferir um soco na minha nuca e na do tatuado. Voltamos a ensaiar mais nada saia alem de cordas e baquetas quebradas e papéis amassados no meio da sala. Isso já estava ficando frustrante; maldita hora que concordamos com o Kai de deixar para fazer as músicas quando fosse próximo do dia das apresentações. Naquele dia não saiu nada a não serem palavrões das nossas bocas. Mas no dia seguinte, Miyavi e Ruki chegaram loucos da vida gritando.

_ O que foi? – Reita segurou Miyavi pelos ombros o fazendo parar de pular feito um maluco. – Conseguiram fazer alguma letra de música?

_ Melhor do que isso!

_ Então fizeram as duas músicas? – Kai se aproximou correndo sendo seguido por mim e por Kou.

_ Na verdade eu tinha uma letra de música feita em casa que eu não achava, mais revirei meu quarto deixando ele todo bagunçado e o Ruki tinha também! – Dou uma tapa no ombro dos dois o que os deixaram, não só a eles assustados, mais os outros garotos também.

_ Meevy, o seu quarto já é bagunçado por natureza! Eu não quero nem imaginar como ele está agora!

_ Ele está arrumado! Por que a vovó me obrigou a arrumar! – indagou todo emburrado mostrando que ele realmente detesta arrumar o próprio quarto.

_ Idiotas! Perdemos um tempo valioso ontem tentando fazer as músicas e vocês já tinham feitas em casa! Passa pra cá as letras! – arranquei ferozmente as folhas de suas mãos, arrastei uma cadeira e sentei sobre a mesma, começando a lê-las enquanto os garotos continuavam a me olhar com medo.

_ O que deu nele? Ele está assim desde ontem!

_ Não liguem! Ele só está ansioso para o festival! – Kou arrastou uma cadeira para perto de mim e sentou-se ao meu lado. –Yuu! Pega leve!

_ Com o que?

_ Você nem prestou atenção no que acabou de fazer não é? Como o Meevy e o Ru-chan iam saber que tinham músicas feitas em casa?

_ Mais mesmo assim eles tinham...

_ Não é motivo para você brigar com eles! – olhei para ele desviando meu olhar dos papéis. – As letras são boas?

_ São! Já estou tendo algumas idéias para a guitarra vê o que acha?! – toquei para ele e ele me seguiu fazendo outra cifra um pouco diferente, logo o Reita entrou com a cifra do baixo, o Kai com a Bateria e pegando a letra, Ruki e Miyavi cantaram juntos. Quando vimos, a primeira música já estava pronta e só precisaríamos ensaiar e se fizéssemos a mesma coisa com a segunda música, só teríamos que ensaiar até o dia da apresentação. E foi o que aconteceu, a segunda música saiu tão natural quanto a primeira e ficamos os dias que nos restavam para ensaiar.

No ultimo dia de ensaio, na verdade não chegamos a tocar em nossos instrumentos. Eu bem que tentei mais logo o Kai me arrastou para longe do meu Sekai. Mãe do Kai estava na escola para tirar nossas medidas e fazer o figurino. A do Kai já estava feita e ele deu uma idéia para a mãe dele para a roupa de cada um.

_ Senhora Uke, foi à senhora quem fez esses desenhos? – Ruki olhava admirado para os desenhos em suas mãos.

_ Sim querido! Só precisava que o Yutaka me falasse o jeito de cada um para poder fazê-los.

_ Tia Uke, a senhora é incrível!

_ Obrigada Takamasa! Agora fique parado! – o olhar rasante do Miyavi para o Kai foi o que despertou as gargalhadas do pessoal deixando a mulher sem entender nada. – O que? Foi algo que eu disse?

_ Mãe não o chama por esse nome! Ele odeia! – ela olhou para o Miyavi que sem jeito desviou o olhar e ficara emburrado despertando ainda mais risos em nós.

_ Ah querido! Perdão! Eu não sabia que não gostava do seu nome! Mais como posso te chamar então?

_ Miyavi! Ou Meevy se a senhora preferir! – ele aproximou o próprio rosto ao da mulher dando uma piscadela deixando a mulher envergonhada e em seguida levando um peteleco do Kai. – Itai!

_ Sem vergonha! É minha mãe seu assanhado! – eu já não agüentava mais rir, não sei o que era mais engraçado, a cara de assustado do Miyavi ou o ciúme do Kai para com a própria mãe.

_ Miyavi! Já falamos que pessoas da família não são para paquerar! Só ex-namoradas e amigas.

_ O que eu posso fazer Akira-kun, eu não resisto! – uma cadeira voou na direção do moreno que se não tivesse a agilidade do futebol, acabaria machucado. – O QUE SIGNIFICA ISSO SEU RETARDADO? QUER ME MATAR?

_ NÃO! MAIS PODE TER CERTEZA QUE TE MATO NA PROXIMA VEZ QUE ME CHAMAR POR ESSE NOME RIDÍCULO!

_ Meninos! Acalmem-se! Eu não entendo porque de quererem usar esses pseudônimos, os nomes de vocês não são ridículos, são bonitos! – a mulher anotava as medidas do Meevy em um caderninho. Ela fez o mesmo procedimento com todos e depois foi embora.

_ Kai-kun! A sua mãe é muito boa gente! Muito Boa! Gostei dela! – agora o olhar rasante era para o Miyavi.

_ Se esse gostar não quiser dizer que vai tentar dar em cima dela de novo...

_ Miyavi você está tão desesperado assim?

_ Não! É que faz tempo que eu não saio com uma mulher mais velha que eu! – ele se assustou com os olhares pasmos e se escondeu atrás da bateria do Kai. – Por que sempre fazem isso quando eu falo a verdade sem malicia? Dá medo isso sabia?

_ Como assim já saiu com mulheres mais velhas?

_ Saindo oras! Sabe... Cinema, abraço, mãos dadas, beijo! Um encontro comum...

_ Cara você é mais experiente do que eu podia imaginar!

_ Você nem faz idéia! – fez uma expressão de sem-vergonhice com o qual só ele sabia realizar. Mais ela logo muda para a de susto, se escondendo novamente atrás da bateria, pois estávamos o olhando pasmos de novo. – Parem com isso! - Depois de rir, saímos da sala e fomos para casa.

Chegou o grande dia, era naquele dia que a banda iria se destacar e talvez até ser reconhecida por algum empresário. Tá! viajei agora, eu sei! Avisei aos meus pais da apresentação na noite anterior e eles garantiram que estariam no anfiteatro para assistir. Eu sabia que eles iriam mesmo que eu não falasse nada, era a apresentação do único filho então, a meu ver, eles se sentiam obrigados em ir a todas as minhas apresentações da escola. Tomei meu café da manhã cedo e sai correndo para a escola só com o Sekai nas mãos. Ao chegar à escola, vi que teria de enfrentar aquela multidão de gente andando de um lado para o outro arrumando os últimos retoques para o festival ficar na história do colégio. Desviava deles com um pouco de dificuldade, até que consigo chegar à sala do clube de música.

A mãe do Kai estava na sala com o pessoal, ajudando e fazendo os últimos ajustes nas roupas. Cumprimentei a todos e foi ai que dei por falta do Kouyou.

_ Ele não chegou?

_ Chegou! Ele está no banheiro colocando a roupa dele!

_ Ah! E a minha? Eu quero ver a minha! – Kai me entregou uma sacola preta com a roupa.

_ Vê se você consegue tirar o Uru-kun do banheiro por que ele está lá desde que entreguei a roupa pra ele.

_ Certo! – fui para o banheiro do clube e bati na porta. – Uruha! Sai daí que eu quero colocar a minha roupa!

_ Bom Dia para você também Aoi! E eu não saio desse banheiro com essa roupa! Estou me sentindo uma garota com ela.

_ Para de ser idiota! Sai daí e me deixa ver como você está! – ele abriu a porta do banheiro todo sem graça, ele estava lindo. Usava um colete que ia até as coxas amostras, um short de couro roxo preso a uma poliana também de couro roxo, regata roxa e preta com fios soltos presos no decorrer da regata e uma bota preta no pé. Ele estava simplesmente maravilhoso.

_ Yuu! Fala alguma coisa, por favor! To ficando mais nervoso do que já estava!

_ Você... Você vai ter problemas!

_ O que? Eu sabia... Não ficou... – tampei a boca dele com a mão.

_ Vai ter problemas por que depois do festival as garotas da escola não vão te deixar em paz. Ainda mais com essas coxas gordas a mostra! – ri soltando sua boca e entrando no banheiro.

_ Muito engraçado!

Ele foi de encontro à senhora Uke enquanto eu colocara o meu figurino. Um Colete com estampa de onça nas costas e o resto completamente preto. Calça preta com detalhes na barra, um par de botas pretas, regata preta e luvas também pretas. Eu me empolguei em ver aquela roupa. Vesti-me e sai do banheiro já indo para a minha guitarra.

_ Yuuzão! A Roupa caiu como luva em você! – Miyavi já estava arrumado também. Regata preta sem nenhum detalhe, calça jeans preta, bota e um bracelete no pulso. Nada muito extravagante, pois só sua voz, tatuagens e piercings já chamariam a atenção de todos.

_ Valeu, Meevy! Você também está bonito!

Todos já estavam arrumados, quero dizer, quase, faltava alguma coisa, foi quando bateram na porta da sala. Quando Reita abriu a porta eram as meninas do clube de arte.

_ Pediu para virmos aqui?

_ Sim! Lembra daquele favor que você estava me devendo?

_ Sim!

_ Hora de pagá-lo agora! – deu passagem para as três entrarem. Uma delas se encantou com o Kouyou e não parava de olhar para ele. Na verdade a garota olhava era para as coxas do Uruha, o deixando envergonhado, e a mim frustrado. – Quero pedir que você nos prepare no que der para a apresentação! A Roupa ficou por conta da mãe do Yutaka, mas sabemos que ainda falta alguma coisa.

_ Como Roqueiros que se prezem precisamos de mais algumas coisinhas.

_ Claro... O Cabelo escovado, maquiagem e unhas pintadas de preto.

_ Não meninas! Não exagerem...

_ Gostei da idéia! – Miyavi se sentou e uma das meninas se aproximou dele.

_ Vamos fazer o seguinte! Arrumamos o garotão aqui e se acharem que ele fica legal, vocês deixa que a gente arrume vocês.

_ Como é? Vou virar cobaia agora?

_ Não foi você esperto que disse que gostou da idéia?

_ Vai-te catar, Yuuzão! – ele se ajeitou e as garotas começaram com a transformação, cabelo, maquiagem e unhas. Não demorou muito e ele já estava pronto.

_ E então?

_ Demorou meninas!

Elas se dividiram para arrumar cada um de nós, algumas horas depois já estavam todos prontos para a apresentação no anfiteatro da escola. Espiamos por de trás da cortina que nos dividiam da platéia e avistamos que a mesma estava lotada de pais e alunos só esperando o início das apresentações. A inspetora da escola que estava organizando tudo nos chama de canto.

_ Meninos! Vocês estão diferentes!

_ Obra das meninas do clube de arte. Mais o que aconteceu senhorita Megumi?

_ Ah! É mesmo! Vocês vão ser os primeiros a se apresentar! Aconselho que já irem ajeitando as coisas e se posicionando. Quando estiver tudo pronto me de um toque, vou estar aqui nos bastidores. – Estávamos quase entrando em pânico quando ouvimos isso. Mais obedecemos e logo que já estava tudo em ordem a cortina se abriram. Os olhares de todos a reparar em nossas roupas nos deixou um pouco acanhados a falar. Então vendo a situação como estava Miyavi tomou a frente por nós  levando o microfone na direção de seus lábios agora um pouco rosados por causa do batom.

_ Er... Eu sou Miyavi, aluno do terceiro ano assim como... Como todos da banda... E somos do Clube de Música. – começamos a tocar as músicas. Achamos que todos iriam escutar sentados apenas curtindo o som, mas nos enganamos. Todos estavam de pé, uns aplaudindo, outros até gritando nossos nomes. Na hora me senti um verdadeiro guitarrista de banda internacionalmente conhecida, e me deixei levar pela música.

Tocamos as duas músicas e ao fim da segunda, todos já estavam pedindo mais uma. Como não tínhamos feito uma reserva, agradecemos e saímos do palco. Ficamos extasiados com tudo aquilo. Nos bastidores, ficamos sentados um do lado do outro tentando se recuperar e a cada minuto vinha um professor ou funcionário da escola nos parabenizar pelas músicas. Todos nós estávamos felizes e sorridentes com o que aconteceu menos nosso Kouxudo.

Depois que os outros garotos resolveram sair para trocar de roupa eu meu aproximei dele, passei meu braço por de trás de seu pescoço o puxando para perto de mim e iniciando um abraço.

_ O que foi? Tá preocupado com o que?

_ Em como vou fazer para me livrar do meu pai! – me afastei e fiquei o encarando assustado. – É verdade! Por que ele não liga mais para mim mesmo.

_ O que é isso? Tenho certeza que ele estava no meio dessa multidão toda com a sua mãe assistindo a gente! – comecei a acariciar seu rosto já sem suor com as pontas de meus dedos.

_ Não estava! Eu vi minha mãe, mais ele não.

_ Ele... Ele deve ter algum motivo para não... Para não ter vindo Kou! Não julgue antes de saber.

_ Está certo! Então vamos falar com a mamãe! – ele me arrastou para a platéia onde encontramos a mãe do Kou na porta do anfiteatro. – Mãe!

_ Oi filho! Oi Yuu! Vocês estavam lindos! Parabéns! – ela abraçou a mim e o Kouyou ao mesmo tempo. – Muito lindos mesmo!

_ Obrigado Senhora Takashima!

_ Cadê o papai? Ele veio?

_ Er... Filho... Ele não... Ele não veio!

_ Viu Yuu! Eu disse que ele não veio! Eu vi lá de cima que ele não estava aqui!

_ Não fique assim filho! Deve ter acontecido alguma coisa na empresa para ele não poder vir!

_ Não ficar assim mãe? Ele prefere mais aquela maldita empresa dos infernos do que o próprio filho! Eu não agüento mais isso! – saiu correndo do anfiteatro esbarrando em tudo e em todos.

_ Senhora Takashima... – me aproximei dela que estava quase em pratos.

_ Não sei mais o que fazer Yuu... Meu marido obcecado por essa vaga em Hokkaido e meu filho sofrendo querendo ficar. Eu sinceramente não sei o que fazer.

_ Vai tudo acabar bem! – sorri e a acompanhei até o portão da escola que agora estava vazio.

_ Avisa para o Kouyou que tive que ir.  – Assenti e voltei para a escola. Fui para o clube trocar de roupa e encontro o Kouyou encolhido sobre a cadeira chorando e rodeado pelos meninos. Aquela cena me partiu o coração em migalhas. Detestava vê-lo daquele jeito.

_ Yuu! Onde estava?

_ Acompanhei a Senhora Aiko até o portão da escola! Ela falou para te avisar que precisava ir. – me agachei na frente do Kou. – Ela está muito preocupada com você e ainda mais da forma que você agiu quando falou com ela.

_ Cansei disso tudo! Cansei! Cansei mesmo! – aquele não era o Kou que eu conhecia seus olhos não tinham mais o costumeiro brilho e pareciam sombrios.

_ Er... Eu vou até sala do clube de culinária... Quem... Quem vai comigo?

_ Eu! – Todos saíram da sala, com exceção a mim e ao Kouyou que permanecia chorando. Eu sabia que aquela desculpa do Miyavi de ira na sala do clube de culinária era fachada só para me deixar sozinho com o Kouyou, mas não falei nada, eu precisava mesmo ficar sozinho com ele.

Sentei na cadeira ao lado dele, como que por um impulso ele me abraçou forte continuou a chorar. Abraçava-me forte e soluçava muito. Retribui o abraço, afagava seus fios loiros e sentia meus olhos arderem, poucos minutos depois estávamos os dois chorando. Não agüentava mais também toda aquela situação, era forte de mais para nós.

“Mesmo estando separados, vamos continuar acreditando em nós dois.”

Depois do festival, a nossa popularidade na escola aumentou. As garotas, praticamente, corriam atrás de todos nós como se fossemos celebridades. Não tínhamos mais sossego durante e depois das aulas, mais essa não era nossa verdadeira preocupação. A Partida do Kouyou estava ficando cada vez mais próximo e a tensão por causa dia crescia mais e mais. Kouyou parou de freqüentar o clube, mal falava com a gente, mas mesmo assim não deixava de andar conosco na escola, o que não era muita coisa, por que seus pensamentos estavam distantes.

Estávamos todos na casa do Kouyou, conversando, jogando vídeo-game, e o garoto nem abria a boca nem para reclamar que perdia, o que ele fazia há quase quatro meses atrás. Resolvi que todos iriam para o playground. Chegando lá, cada um ficou em uns brinquedos diferentes, só sentados para conversar.

_ Kou-chan! Ficar assim não vai adiantar nada! – Kai tentava alegrá-lo, mas ele continuava inerte encostado na grade fitando o chão.

_ Quanto tempo falta para a mudança?

_ Dois dias! – ele olhou nos olhos do Reita depois de responder. – Dois dias foi o que me sobrou para ficar aqui! Depois desses dois dias, me considerarei um garoto órfão de pai!

_ Kouyou, para com isso! O que você não está pensando em fazer nenhuma besteira não é? – levantei do escorrega onde estava sentado e caminhei em sua direção recebendo o olhar opaco do garoto.

_ Não Yuu! Pode ficar tranqüilo que eu não vou fazer nada contra ele! Só não o considero mais como meu pai.

_ Uru-chan! Não me leve a mal certo? Eu não acho que deveria agir assim com o seu pai! Afinal, ele deve estar querendo um emprego melhor, que pague bem para poder te dar do bom e do melhor.

_ Meu pai já falou com você não é Takanori! Ele já colocou isso na sua cabeça! – indignação é a melhor palavra que poderia ser colocada para a expressão do loiro. - Com qual de vocês mais ele falou? Qual de vocês mais já te a cabeça feita por ele?

_ Ele não fez minha cabeça! Eu só dei minha opinião, mas se ao gostou eu calo minha boca e não falo mais nada!

_ Chega disso! A gente não está aqui para brigar! – me sentei no balanço que estava ao meu lado. - Kou! Já entendi sua tramóia! Mais tentar nos afastar de você não vai diminuir a dor da despedida, só vai aumentá-la.

_ Mais eu...

_ Querendo ou não, nós sempre seremos as pragas da sua vida! – aquele comentário do Miyavi despertou um riso que permanecia escondido atrás da expressão séria do Kouyou.

_ Você lembra ainda disso!

_ Claro que lembro! Foi o primeiro apelido que você colocou em mim, depois desse foi o tatuado desgovernado, maluco, saco sem fundo... E por ai vai! – agora eram todos que riam.

Passamos hora conversando, relembrando as trabalhadas que ao longo dos anos passamos juntos. Quando percebemos, já era tarde da noite e tínhamos que voltar para casa. Como a maioria da turma morava por perto do prédio, foram dos embora. Quando estava na minha vez de ir para casa, a senhorita Aiko não me deixou embora.

_ Não Yuu! Você mora longe e eu não me perdoaria se algo acontecesse a você no caminho! – estava parada à minha frente impedindo minha passagem.

_ Mais eu não falei nada para minha mãe!

_ Não tem problema! Ligue para a sua mãe e fale que como ficou muito tarde, você vai ficar aqui!

_ Mais não vai atrapalhar nas coisas?

_ Não vai não Yuu! Por favor! – me puxando para a sala. Eu não consegui dizer não quando era o Kou quem pedia, assenti e fui levado pelo garoto para o seu quarto. – Já que você vai ficar aqui, vai precisar de uma roupa para dormir.

_ É acho que sim né? – falei me sentando na cama dele enquanto ele se dirigia a seu guarda-roupa embutido na parede. Ao abrir a porta ele tirou um conjunto de moletom e entregando para mim.

_ Toma! Veste isso! Deve servir! – me entregou e sorriu para mim.

_ Certo! – Levantei da cama e fui para o banheiro trocar de roupa. Aquele moletom serviu mesmo em mim e quando voltei, ele estava de pijamas sentado na cama e perdido em pensamento com os quais tinha curiosidade de saber quais eram. – Kou! Você está bem?

_ Ah! Estou sim! Viu? Eu não disse que ficaria bem com a roupa. – sorri para ele enquanto me aproximava dele. Seu rosto ficava cada vez mais avermelhado e ele desviava meu olhar. Sentei ao seu lado e acariciei seu rosto rosado com a ponta de meus dedos o deixando ainda mais corado.

_ Obrigado... Por tudo... Mais eu queria saber o que tanto você esconde de mim! Eu sinto que você ainda esconde muita coisa de mim!

_ Eu... Eu não... Escondo nada de você! – levantou e foi para a janela. – Nunca faria isso!

_ Mentira! – levantei da cama e me dirigi até ele, ficando atrás dele.

_ Er... Você está certo! Eu... Eu escondo uma coisa de você... – ele se virou para mim ficando bem perto de mim, mais não escondia a vermelhidão de seu rosto. - E... Eu... Queria te contar... Mais não sei como!

_ Fala ué?! – Acariciava seu rosto na tentativa de encorajá-lo, mas ele se afasta e a senhorita Aiko entra no quarto.

_ Espero não ter atrapalhado nada! Mais já está na hora dos garotinhos irem dormir, já são mais de duas da manhã!

_ Não atrapalhou não mãe! Já vamos dormir, não é Yuu? – concordei contra a minha vontade, Kouyou arrumou, com minha ajuda, um colchonete no chão ao lado de sua cama e foi lá onde passei a noite em seu quarto. Acabei que não liguei para minha mãe, mais como ela não ligou de volta, julguei que ela deduziu que passaria a noite ali. No dia seguinte, à tarde coloquei a minha roupa e me ajeitava para voltar para casa. – Obrigado pela hospitalidade! Agora tenho que voltar para casa!

_ Mais está cedo, Yuu!

_ Eu sei, mais não quero atrapalhar com as coisas que têm de fazer. – me despedi dos dois e fui para casa. Chegando a minha casa, me joguei no sofá e perguntava a mim mesmo o que ele tanto escondia de mim e se talvez fosse a mesma coisa que eu escondia de até mim mesmo: O amor que sinto por ele. Tinha descartado a hipótese de estar apaixonado por ele quando vi que não sentia atração apenas para homens mais por mulheres também. Mas um dia desses, mamãe me disse que já havia vários casos de bissexualidade na família e isso me deixou um pouco intrigado. Intrigado ainda mais sem saber se seria correspondido.

_ A noite foi divertida filho? – meu pai se sentou ao outro sofá olhando para mim.

_ O que está insinuando pai?

_ Não dormiu em casa, não ligou para avisar que ia dormir fora! Sua mãe ficou preocupada e queria ligar no seu celular, mais não deixei! Vai que você estivesse numa situação, digamos que... Constrangedora!

_ Pai você só pode ser de outro mundo! – ele riu enquanto me sentava no sofá e o encarava. – Sabe que eu estava na casa do Kouyou, não ia fazer nada dessas coisas!

_ Sei que você é loucamente apaixonado por esse garoto! Achei que vocês finalmente se acertaram ainda mais que ele está para se mudar. – me assustei com aquilo. Não sabia que meu pai suspeitava da minha paixão pelo loirinho, mais por ele estar brincando com isso, significa que ele não tem preconceito algum e tenta me dar força para eu me declarar.

_ Cuidado com o que você fala! Pode deixar as pessoas em choque! Mais como você... Soube disso?

_ Sua mãe me contou, o que acha? Em minha opinião, você deveria falar logo o que sente por ele antes que Kouyou vá embora e nunca mais tenha a chance de falar com ele.

_ Eu vou falar! Pode deixar!

 

CONTINUA....


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