Dramione - Start a Fire escrita por Anne Bridgerton


Capítulo 21
No...


Notas iniciais do capítulo

E aí, gente? Voltei, como combinado.
Espero que gostem!



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– Hermione...

BAM. BAM. BAM.

– Hermione, acorda...

BAM. BAM. BAM.

– Estamos esperando na sala comunal...

BAM. BAM. BAM.

– HERMIONE!

– RAÍZ DE MANDRÁGORA! - levantei em um pulo.

– O que?

Olhei para o lado. Draco estava parado ao lado da cama, o rosto distorcido pela preocupação, e um pouco confuso. Usava apenas uma calça de moletom cinza, os cabelos completamente bagunçados, de varinha em punho. Apesar da iluminação, percebi que ainda estava escuro. BEM escuro. Que horas eram? Balancei a cabeça.

– Nada. O que está acontecendo?

BAM. BAM. BAM.

Virei a cabeça rapidamente em direção á porta do quarto. Estava aberta. Provavelmente o barulho vinha da porta principal, já que, percebendo bem, apesar de alto, o som parecia um pouco distante. Me voltei para Draco. Ele suspirou.

– Isso está acontecendo. Alguém decidiu começar a esmurrar a porta no meio da madrugada. Mas estamos todos aqui dentro, e ninguém mais sabe onde este dormitório fica além dos professores, e eu duvido muito que seja um deles. – se voltou para a mesinha ao lado da cama.

– Bom... – abaixei um pouco a cabeça – Gina sabe onde é...

– Há, acredite... Não é a ruivinha. – afirmou. Me entregou um bolinho de roupas. – Vista isso. Precisamos ir lá conferir o que é, e nem ferrando que vou te deixar aqui sozinha. Lovegood e Abbott já estão esperando na sala comunal.

Tinha acordado de forma tão abrupta que fiquei um pouco confusa por ele estar falando para me vestir... E então notei que estava completamente nua. Imagens da noite anterior inundaram minha cabeça, fazendo com que ruborizasse ligeiramente. Era quase surreal que tivesse mesmo acontecido. Quase como se tivesse sido um sonho e só acordasse agora. Mas a leve dor no meio das minhas pernas e a pequena mancha de sangue no colchão confirmavam que tinha sido real. Notando minha súbita vergonha, Draco sorriu.

– Não se preocupe... Elas garantem que o barulho não incomodou. – acrescentou, com seu sorriso de lado.

– DRACO! – joguei o travesseiro nele, que ria descaradamente. Também ria, incrédula pela cara de pau dele.

BAM.BAM.BAM.

Saltei na cama novamente, assustada. Draco revirou os olhos.

– Vamos, se vista. Temos que chutar a bunda de um intrometido.

Com uma sincera vontade de fazer aquilo, assenti, pronta pra me levantar e começar a me vestir, quando lembrei o POR QUE de precisar me vestir. Ruborizando um pouco mais, joguei a cabeça para o lado.

– Será que dá pra... Hã... – gesticulei um círculo com o dedo, querendo dizer “vira?”. Ele riu, surpreso.

– Sério? Hermione, não tem nada aí que eu ainda não tenha visto. Pra que isso? – o sorriso continuava preso em seu rosto, e eu já percebia os lampejos de desejo que retornavam aos seus olhos. Começava a cogitar a ideia de mandar aquele barulho pro inferno e continuar ali.

Mas então ele expirou, tanto derrotado quanto divertido.

– Certo, certo! – se virou com as mãos para cima, em sinal de rendição.

Me levantei e observei o bolo de roupas que tinha: um camisão que provavelmente era dele – já que, pelo que me lembre, não tinha nenhuma blusa gigante escrita “Quidditch” -; um short de pijama que deve ter renascido do buraco negro da minha bagunça do guarda-roupa; minha roupa íntima. Rapidamente vesti tudo e me virei para Draco. Suas costas estavam ligeiramente vermelhas em alguns pontos... Creio que por culpa minha.

BAM. BAM. BAM.

– INFERNO! – gritei, incapaz de me controlar. Draco se virou tão rápido para mim que não sei como não quebrou o pescoço. – Eu pensei que iria transar e acordar no dia seguinte com o som dos passarinhos e ficaria enrolando com você na cama até alguém vir me implorar pra levantar. Não com um desocupado esmurrando a porta no meio da madrugada! Vamos logo com isso.

Peguei minha varinha na mão de Draco, que se controlava bravamente pra não rir e saí pisando duro, o sonserino logo atrás de mim. Atravessei nossa saleta, onde o fogo da lareira já tinha se resumido á cinzas, e saí na sala comunal, encontrando Luna e Hannah em seus pijamas. Luna, por incrível que pareça, se encontrava visivelmente irritada, andando de um lado para o outro. Hannah... Não sei dizer. Ela apenas estava sentada no sofá, encarando o teto como se fosse a coisa mais fascinante do mundo. Ignorando, desci as escadas e me juntei a elas.

– Mione, finalmente! – Luna exclamou, sendo interrompida por outro “BAM. BAM. BAM.” Revirou os olhos, claramente tentando manter a calma. – Como você não acordou com esse barulho?

– Também queria saber. – Draco acrescentou. Se virou para Luna - Você viu que quando chamei só faltava ela me dar um murro na cara e voltar a dormir.

– Vocês foram lá no quarto? – perguntei de supetão, entendendo tardiamente o que ele tinha falado. Luna olhou para Hannah, tentando fazer “aquela” troca de olhares, mas a lufana continuava aérea. Luna expirou. Não querendo... Piorar?, as coisas, apenas dispensei o assunto que eu mesmo levantei com a mão.

– Sem problema. Pra ser sincera, estava com um sono tão pesado que era capaz de continuar dormindo se não me chamassem. – olhei de soslaio para Draco.

– Hannah foi a primeira a ouvir. Na primeira batida ela já estava correndo pelo quarto, me chamando como se fosse o fim do mundo. – contou, achando um pouco de graça apesar de tudo. Olhei para a lufana, que parecia estar dispensando um pouco de atenção que fosse á nossa conversa, mas ainda fitando o teto.

– Sono leve. Mas nem por isso significa que gosto que me perturbem. – Hannah se levantou, com uma postura diferente. Parecia mais... Curvada? Tentando não me prender demais a detalhes, correspondi ao seu sorriso meigo.

– Concordo. E agora que me acordaram... Estou bem incomodada.

Formando quase uma barreira humana, fomos em direção á porta.

– Alohomora. – pronunciei, fazendo com que a porta lentamente se abrisse. O que revelou fez meu queixo cair.

Blásio se encontrava do outro lado. Seus olhos completamente vidrados pareciam não enxergar nada, e ainda usava as roupas da festa. Draco e eu ficamos momentaneamente paralisados, sem entender nada. Com certeza Blásio não estava ciente do que fazia, mas quem, por Merlin, havia enfeitiçado ele? E como sabia onde estávamos? E por que tinha enfeitiçado?

Minha cabeça girava e girava e girava. Ouvi Draco chamar.

– Blás?

Não houve resposta. O outro sonserino continuou lá, parado na porta, com o olhar vazio. De repente, começou a andar em nossa direção. Apenas dois passos, o suficiente para que cruzasse a porta e agora estivesse do lado de dentro. Então, pronunciou a seguinte mensagem, a voz irreconhecível.

Vocês desejam me conhecer, correto? Ah, sei que desejam. Afinal – uma risada seca – não é qualquer um que recebe a honra de se tornar meu alvo. Sabe, não costumo desperdiçar muito tempo com quem sei que conseguirá ferrar com a sua vida por si próprio. No caso, você certamente precisa de um empurrãozinho, Granger – “Blásio” passou a se dirigir diretamente a mim - E intrometida como sei que é, sei que está explodindo por não saber quem é que tão ardentemente tenta por um fim em sua vida. Não se preocupe, o desejo é recíproco. Também desejo encontra-la e destruí-la pessoalmente, visto que minhas tentativas falharam tão vergonhosamente.

Eu conseguia apenas encarar. Draco parecia desarmado ao meu lado, já que era seu melhor amigo ali, enfeitiçado e me fazendo ameaças de morte com um sorriso no rosto.

– Mas não se preocupem, não vou me demorar mais. Apenas pretendo avisar que espero todos os quatro – olhou para Luna e Hannah rapidamente – na Sala Precisa, ainda esta madrugada. Não há necessidade de adiar ainda mais este encontro, não é verdade? – sorriu ainda mais, e eu sentia uma crescente vontade de vomitar – Ah, mas por favor, não demorem. Costumo ficar impaciente facilmente.

Com um último sorriso doente, Blásio piscou e, ao reabrir os olhos, eles haviam voltado ao normal. Não conseguindo se manter de pé, vacilou, quase atingindo o chão se Draco e eu não o segurássemos.

– Blásio! Blásio! – eu chamava insistentemente, enquanto Draco conjurava rapidamente um pouco de água. Luna e Hannah continuavam em um canto, chocadas.

– Ei... Herms... – Blásio conseguiu pronunciar após alguns segundos, e eu suspirei em alívio. Abracei-o, incapaz até de pensar que algo ruim acontecesse com aquele desmiolado. Draco também se acalmava do outro lado.

– Seu maluco! – deu um soco no braço de Blásio – Se algum dia fizer isso de novo, eu mato você.

– Ah, o Draquinho ficou preocupado? – fez um biquinho que me fez rir – Viu isso Mione? Ele paga de durão, mas não é nada sem o papai aqui! – apontou para si mesmo, logo dando impulso para se sentar no chão ao nosso lado.

– Ah, claro! – concordei, entrando na brincadeira – Nem sei como ele ainda não me chutou e fugiu com você.

Draco revirava os olhos, tentando esconder o alívio.

– Draquinho, precisa esconder melhor nosso relacionamento! A Herms já está quase descobrindo! – Blásio fingiu estar zangado.

Merlin, eu nem sei o que faria se algo tivesse acontecido com ele. Mesmo nas piores situações, Blásio continuava tão cheio de vida, tão positivo. Tinha sorte por ser sua amiga. Mas mesmo aliviada, tínhamos um problema nas mãos. E dos grandes.

– Não querendo atrapalhar a briga do casal... – anunciei, interrompendo Draco de acertar um tapa na cabeça de Blásio – Acho que acabamos de receber uma intimação.

Blásio, que segundos antes parecia o retrato da descontração, murchou o sorriso e se encostou contra a parede. Fitou o teto.

– Não sei o que aconteceu. Depois que Minerva e os outros professores apareceram e tiraram todo mundo do Salão, eu não sabia mais onde vocês tinham se metido. Não sabia se estavam bem, se tinham se machucado... Eu não sabia. Como eu estava bem, corri pra ala hospitalar e fiquei sondando lá por umas horas, no caso de vocês estarem lá.

Sorri. Por que eu passei tantos anos odiando sonserinos mesmo?

– Quando eu notei que vocês não estavam lá, me aliviei e voltei pro dormitório da Sonserina. Mas quando eu estava passando por... – forçou a memória, logo desistindo – Um corredor que eu não lembro qual era, tudo apagou. E acordei aqui.

Draco grunhiu ao meu lado, passando a mão pelo rosto. Inferno, nós estávamos completamente desprotegidos dentro da nossa própria casa. E eu não suportava a ideia de que essa... Pessoa estivesse usando e machucando meus amigos para me atingir. Me atacar diretamente era uma coisa, mas envolver meus amigos...

Esse psicopata estava prestes a descobrir o por que de eu ter sido selecionada para a Grifinória. Queria um encontro? Pois bem, um encontro era o que teria.

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Já devidamente vestidos, deixamos o dormitório dos monitores. Blásio insistiu em vir junto, e eu mesma apoiei a ideia. Não tínhamos tempo para leva-lo até as masmorras, e não queria deixa-lo andando pelos corredores novamente, por medo de dessa vez ser atingido por um balaço.

Praticamente com sangue nos olhos, marchava pelos corredores. A Sala Precisa não era longe, mas parecia que estávamos levando anos para chegar até ela. No meio do trajeto, Hannah veio falar comigo.

– O que você acha que essa pessoa quer com todos nós?

– Eu sinceramente não sei Hannah. – balancei a cabeça – Desculpe por esconder o que estava acontecendo de vocês e agora envolve-las. Só estava tentando evitar que mais pessoas saíssem machucadas.

– Sei bem. Depois de ter visto você ser envenenada por algo que veio pelas MINHAS mãos... – abaixou a cabeça, logo se recompondo – Fiquei me sentindo um monstro, mesmo com você falando que não era minha culpa. Mas apesar disso, estava realmente preocupada com você, pronta pra procurar a professora Sprout, Minerva, o ministro, qualquer um, pra que essas bizarrices parassem de acontecer. Mas ninguém pôde prever que o próximo ataque poria meia Hogwarts em perigo, não é? – sorriu, pesarosa.

Retribui o sorriso, grata pela preocupação dela. Hannah era uma verdadeira lufana; sempre preocupada com os amigos, sensível aos seus problemas e um ombro amigo pra todas as horas.

– Eu sei. Mas hoje isso acaba. E que Merlin me segure, ou posso acabar indo para Azkaban quando ver o rosto do covarde.

Depois disso ficamos em silêncio, Draco á frente junto com Luna e Blásio, discutindo cautelosamente. Na parcela da minha mente que estava calma – e ela ere BEM pequena, fiquei feliz por ela estar se entendendo com os dois. Mas logo desviei o foco do pensamento, já que tínhamos acabado de adentrar no corredor que levaria á Sala Precisa.

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– Bem, temos uma falha aqui. – Luna observou – Como vamos entrar? Digo, para encontra-lo?

– Acho que precisamos desejar isso, não? – Blásio tentou.

– Mas nós nem sabemos realmente quem é! – disse – Pensamos o que? “Desejo encontrar o psicopata que está tentando matar Hermione Granger?”

– Talvez... Se... – Draco começou. Estávamos parados a uma certa distância da parede, até que ele decidiu dar alguns passo pra mais perto. Eu observava tudo atentamente, até que ele, ao dar mais um passo para frente, desapareceu.

– Draco?! – chamei, surpresa e com uma ponta de desespero. Já tinha visto coisa demais por aquela noite. Mais isso não!

Mas logo ele reapareceu, triunfante.

– É, isso é um campo de proteção. Não sei como não reconheceu Mione. Você é perita neles. – virou para mim, não perdendo a oportunidade de se vangloriar. Revirei os olhos.

– Dá um tempo! – andei em direção á ele, logo entrando no pequeno contorno conjurado, ocultando a porta da Sala Precisa, que já se encontrava aberta. Logo fui seguida por Blásio, Luna e, por último, Hannah.

No encalço de Draco, adentramos a Sala, a escuridão sendo a única coisa presente. Ele segurava minha mão com tanta força que quase não sentia meus dedos. A única luz presente era a que saía da ponta de nossas varinhas, que não ajudava muito a nos localizar.

Mas então, subitamente, um clarão tomou conta da Sala, que nos cegou temporariamente. Ao acostumar a vista, dei uma olhada e percebi que estávamos no centro de algo... Era como se estivéssemos em um palco, os holofotes todos concentrados em nós. Como se estivéssemos apresentando um show ao inimigo. Como se fossemos sua diversão.

– Sério? Você é tão covarde a esse ponto que precisa disso? – comecei a gritar, extravasando a fúria que vinha contendo. – O que foi? Não consegue encarar um bando de estudantes?

O silêncio foi a resposta. Nos organizamos em um círculo, um de costas para o outro, prontos para revidar qualquer ataque que viesse de qualquer direção.

De repente, uma voz ecoou por todos os lados, como se a escuridão falasse conosco.

Não preciso disso. Eu disse Granger: não perco tempo com quem sei que irá se derrubar sozinho. Você... Só precisava de um empurrãozinho.

Um calafrio percorreu minha espinha, enquanto a escuridão parecia aumentar, me sufocar. Algo estava errado.

– Draco, você... – comecei, preocupada. No entanto, ao olhar para o lado, quase fui perfurada.

Draco apontava sua varinha para mim, com um ódio no olhar tão grande que isso por si só quase me destruiu.

Seus olhos não estavam opacos, sem vida. Ele estava bem consciente de suas ações. O que...?

– Draco? – chamei, preocupada. Ele cuspiu, o rosto contorcido.

– Quando lhe dei permissão pra me tratar pelo primeiro nome, sujeitinha de sangue-ruim?

Arregalei os olhos, incrédula.

– D-Draco? – repeti.

– Ah, por favor, você achou mesmo que eu amava você? Achou mesmo que eu poderia ter algum sentimento que não fosse nojo por uma imunda como você? – passou o olho por mim, fuzilando, como se quisesse me matar com o olhar. Sua varinha continuava apontada para mim.

Lágrimas brotavam em meus olhos, sem entender o que estava acontecendo. Era um pesadelo? Olhei para os lados, tentando buscar apoio em quem fosse.

– B-Blásio? – chamei por meu amigo. Ele... Ele me ajudaria a entender. Chamaria Draco de volta á razão. Por favor, ele faria isso. – BLÁSIO!? – gritei.

– O que você quer? – o sonserino respondeu, surgindo por trás de Draco.

– Blás, por favor... Draco... O que... – tentava articular palavras, sem muito sucesso. Ele simplesmente deu uma risada seca.

– Ah Herms – pronunciou o nome de forma zombeteira – Estou feliz que finalmente Draco ouviu a voz da razão. Desde que ele começou a ter alguma coisa com você que o aconselhei a cair fora. Olha pra você – repetiu o mesmo exame por meu corpo que Draco tinha feito -, você não é nada! É uma nojentinha metida a sabe-tudo, sangue-sujo, sem um único atrativo... Por que eu apoiaria meu amigo a ficar com você? Tudo o que você faria seria arrastá-lo para a lama, onde é o SEU lugar. Não o dele.

A essa hora eu já chorava. Não, não podia ser verdade. Blásio era meu amigo. Draco... Draco... Eu amava Draco. Ele me amava. ME AMAVA! Ele não faria isso, não. Não, não, não. Era impossível. Era tudo um truque. Tinha que ser. Era um pesadelo. Eu tinha que sair dali. Tinha...

– LUNA! LUNA! – berrava, alucinada. Onde ela estava? Luna nunca me magoaria. Sei que não. Onde ela estava?

– Sim Mione? – Luna surgiu do outro lado, a voz suave, piscando os olhos inocentemente. Suspirei aliviada.

– Ah Luna! Por favor, temos que sair daqui. Temos que acordar desse pesadelo. Eu não sei se aguento...

– Ah Hermione. Não tem como sair. – ele jogou a cabeça para o lado, sorrindo. Dei alguns passos para trás, observando-a também brandir sua varinha contra mim.

– Não... Você também não... Você... Você é minha amiga...

Ela deu de ombros.

– Não preciso de você. Nunca precisei. Mas você precisa ter o que merece. – começou a andar em minha direção.

Girei no mesmo lugar, percebendo que Draco e Blásio também começavam a se aproximar, suas varinhas faiscando.

Fiquei girando no mesmo lugar enquanto agachava, em completa negação. Aquilo não estava acontecendo... Não estava, não estava, não estava, não estava...

Terminei sentada no chão, a cabeça enfiada nos joelhos, repetindo que estava em um pesadelo...

– Hermione!

Alguém gritou á minha frente, seguido por um toque em meu braço. Não quis levantar a cabeça. Não queria mais ofensas atiradas a mim. Não, não queria.

– Hermione.

Dessa vez a voz foi mais suave, a mão em meu braço acariciando-o levemente. Desenterrei o rosto, lágrimas escorrendo incessantemente dos meus olhos... E encontrei Hannah, ajoelhada á minha frente, os olhos meigos e amigáveis. Parecia... Humana. Real. Ela sorriu.

– Hermione, nada disso é real. É um feitiço. Lute contra.

– E... Por que você não faz parte dele? – perguntei, a voz quase irreconhecível de tão embargada.

Ela riu pelo nariz.

– Não estou na Lufa-Lufa á toa. – piscou.

E com isso eu me lembrei... De onde estava, o que estava passando. E não acreditei que fui derrubada tão fácil... “Não perco tempo com que sei que irá se derrubar sozinho. Você... Só precisava de um empurrãozinho.”... Ah, mas não mesmo. Não seria derrotadaassim. Não seria mes...

Avada Kedavra!

Tudo parou. Em um momento, Hannah estava ajoelhada á minha frente, seu sorriso cheio de vida me dando forças para levantar e reagir. No outro, a vida deixava seus olhos, deixando apenas uma casca á minha frente, uma boneca que despencava sem a sustentação das cordas.

O corpo de Hannah tombou para o lado lentamente, mal produzindo som ao atingir o chão, mas foi como um estrondo em minha mente.

Não tive coragem de olhar. Não podia. Apenas fechei os olhos, tudo se embaralhando na minha cabeça... Tudo se perdendo, se encontrando, se fundindo...

Abri os olhos, a escuridão já não me amedrontando mais; me sentia parte dela. A raiva era a única coisa que movia minhas pernas, meus braços, minha mente. Sem nunca desviar os olhos da frente, levantei lentamente, como uma leoa, preparando o ataque.

Fiquei parada por alguns segundos, apenas inspirando e expirando, vendo sem enxergar. Draco, Blásio e Luna podiam ter sumido, ou se encontrar ao meu lado, não saberia dizer. Apenas abri os braços e, com toda a fúria que reuni, que acumulei, gritei:

– ESTUPEFAÇA!

Uma onde deixou meu corpo, varrendo o infinito. Conseguia apenas ouvir o barulho da destruição, como se houvesse liberado um tsunami... Como seu eu fosse o tsunami.

Outro clarão tomou conta da sala, seguido de outro calafrio e, dessa vez, ao fechar os olhos, deixei que minhas pernas tombassem, indo direto ao chão. Isto é, se três pares de braços não tivessem me segurado.

– Hermione... Hermione...

Abri novamente os olhos, encontrando Draco com o olhar escurecido pela preocupação e desespero logo acima de mim. Incerta, respondi.

– Draco?

Ele sorriu, parecendo aliviado. Dando um puxão, me deu um abraço que quase me sufocou, afundando o rosto no meu pescoço.

– Você está bem, ah... Fiquei tão assustado... – esfregou o rosto, e senti seu hálito quente misturado á umidade de... Lágrimas?

Sim. SIM! Aquele era Draco, o Draco por quem tinha me apaixonado. Eu estava de volta à realidade. Ah Merlin, que alívio!

Passei meus braços ao redor dele, retribuindo o abraço com força igual ou maior á que ele me apertava.

– Draco, por Merlin, diga que me ama. – agarrei seu rosto e o forcei a me encarar. – Por favor, diga. Eu preciso ouvir.

– Claro que te amo Hermione! – falou sorrindo, mas um pouco confuso. – Sou louco por você, e te provaria de mil formas diferentes.

Sorri em meio ás lagrimas que escorriam pelo meu rosto. Trouxe seu rosto de encontro ao meu, dando-lhe repetidos beijos, um alívio tão grande no peito que sentia vontade de nunca mais soltá-lo.

– Merlin, eu não estou entendendo nada. – ouvi acima de nós. Desviei o olhar e encontrei Blásio. Sorri mais ainda.

– BLÁSIO! – completamente desgovernada, levantei e abracei meu amigo. Ele, surpreso com a atitude, demorou um pouco a entender, mas logo retribuiu o gesto, rindo.

– Que foi? Vou ganhar beijo também?

– Cala boca! – ri, nervosa. – Você é meu amigo, Blásio. Pare de ficar me dando sustos ou vou acabar enlouquecendo!

Me separei dele, rindo da sua cara de bobo. Procurei Luna, enlaçando-a também.

– Minha linda! – dei um beijo em sua testa, e ela corou.

– É você...

Mas, apesar do meu surto de alegria que ninguém parecia entender, notei que também pareciam tristes... E assustados. Tinha mais alguma coisa no ar. E não era boa.

– O... O que houve? – meu sorriso murchou. Ninguém respondeu.

Então notei que faltava alguém.

Hannah.

– Onde... Onde está Hannah?

Luna se moveu desconfortavelmente. Parecendo prestes a desmaiar, andou até um canto que não tinha posto os olhos ainda...

E desejei que nunca tivesse feito.

Igual á minha ilusão, Hannah se encontrava deitada no chão... Sem sorrir, sem respirar, sem vida. Meus olhos se arregalaram, e um grito deixou meus lábios.

– NÂO!.. O QUÊ?! NÃO... Como... Isso tinha... Acontecido só na minha cabeça... Não era pra ser real... Não... – e eu voltava ao meu terrível estado de negação. Por Merlin, nós não estávamos mais na guerra. Não era pra mais ninguém morrer, muito menos Hannah.

Ah, pobre Hannah.

Fui até ela, cambaleando, e me sentei ao seu lado, observando-a, como se esperasse que alguém aparecesse com as câmeras e os confetes e anunciasse que estava em uma pegadinha.

Não aconteceu.

Com lágrimas de tristeza dessa vez, segurando a mão de minha... Antiga... Amiga, me virei para qualquer um e perguntei:

– Como?

Draco trocou olhares com os outros e, então, começou a explicar.

– Depois que entramos aqui, você ficou sob o efeito de um feitiço ilusório... Tudo o que você mais temia, que você não queria... Aconteceu com você. – levantou as sobrancelhas, triste – Você temia que quem você ama a deixasse, não é? Que nós a odiássemos?

Suspirei, ainda em choque.

– Seria meu pior pesadelo. FOI meu pior pesadelo.

Com uma súbita raiva, Draco continuou.

– Por isso... Quando tentei me aproximar, você ficou me olhando com medo. Começou a chorar, balbuciar, correr de mim... E isso me deixou desesperado. Meu coração se apertou, e você correu para o Blásio. Ele tentava te chamar, mas você ficou do mesmo jeito com ele, e depois com Luna... Hannah foi a única que conseguiu se aproximar de você e, por alguns instantes, você voltou á realidade, mas só via ela... E a viu morrer... De verdade. Ah Hermione, ao ouvir aquela maldição... Eu fiquei desesperado quando vi que o raio ia em sua direção... Mas aí, Abbott morreu - abaixou a cabeça, parecendo sinceramente comovido. Balançou a cabeça. - Depois disso, você voltou ao seu pesadelo, soltando “estupefaças” pra todos os lados, quase atingindo nós três. – ele contava, torturado, e percebi a tristeza em seus olhos por pensar que eu estava com medo ou repulsa ele. Aquilo me deu ainda mais certeza de que ele me amava, mas também me encheu de uma fúria tão assassina... Fúria direcionada ao causador de tudo aquilo. - Mas aí... – continuou, interrompendo meus pensamentos - Ouvimos um gemido no escuro, seguido de um baque na parede...

Me virei completamente para ele, não sem deixar de segurar a mão de Hannah. Um único questionamento em meus olhos, o qual Draco entendeu. Confirmou com a cabeça.

– Nós o pegamos Hermione.

Trinquei o maxilar. Deixando a mão de Hannah carinhosamente em cima de seu peito, andei até Draco, com uma fúria tão controlada nos pulsos que até sentia dor, rosnando ao perguntar:

– Onde?

– Veja por si mesma.

Parecendo tão raivoso quanto eu, pronunciou:

– Lumos Maxima!

Uma bola de luz brilhante se dirigiu ao teto, iluminando a Sala Precisa, que se revelou estar completamente vazia, sendo apenas um cômodo branco sem mobília. Lá, estávamos apenas nós no centro e, encolhido e amarrado ao canto, com um olho roxo, sangue saindo do nariz, e postura amedrontada, estava... Sem reação, sussurrei.

– Gilderoy?


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Notas finais do capítulo

É isso! :)
Deixem comentários!!
Obs: Espero que não tenham ficado com raiva de mim :P



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