Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 29
26º Capítulo - Escondidas (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

E depois de um tempão sem vir aqui...
A Parte I deste enorme capítulo...
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/64105/chapter/29

(Terceira Pessoa POV)

 

A casa estava escura, mas isso não perturbava a vista do homem que se escondia nas sombras, observando cada promenor da sala. Observando os retratos das raparigas na parede... Não tinha sido difícil chegar ali, não tinha levantado nenhum problema, de facto. Aliás, o jogo começava a perder a graça...

- Querida, vai tirando as coisas do carro. – Disse uma voz masculina à porta da casa. – Vou abrindo a porta...

A porta abriu-se e a luz do sol encheu o hall de entrada, teria sido irritante a chegada dos dois, não fosse isso poder ser usado como uma vantagem a seu favor. Ouviu o homem que falara entrar em casa e aproximou-se ligeiramente da entrada da sala onde o homem estava a entrar.

- Hum... – O homem alto e com aspecto atlético disse ao ver a luz da caixa de mensagens electrónicas piscar, avisando que tinham mensagens. – Alguém nos ligou...

Ele carregou no botão.

- Você tem uma mensagem não ouvida. - Disse a voz do voice-mail.

Voltou a carregar no botão.

- Mãe?! Sei que não estás em casa, mas era só para te dizer para não te preocupares. Não estou em Forks, mas estou bem. Estou a voltar para casa. Ligarei em breve, beijos! – A mensagem terminou e o recém-chegado ergueu as sobrancelhas em espanto.

- A Bella está... – O homem ía dizer, mas a criatura escondida nas sombras saiu do seu esconderijo e tocou-lhe no ombro, fazendo-o olhar para trás. – Mas que raio...

Na rua, uma mulher loira com bonitos olhos azuis, carregava alguns sacos do carro para casa.

- Phil?! Podias dar-me uma mãozinha? – Ela perguntou entrando em casa, quando viu o corpo do esposo caído no chão chamou por ele. – Phil?

A porta da rua fechou-se sozinha, o hall caindo na escuridão novamente, fazendo a mulher gritar assustada.

- Não faças barulho. – Disse uma voz masculina muito suave, quase melódica, mas isso não a sossegou, apenas deixou mais assustada ao sentir as mãos frias do intruso taparem-lhe a boca. – Caso contrário, terás o mesmo destino que ele...

Renée só então percebeu que Phil, o seu querido marido, estava morto no chão da sua sala... e o assassino dele ameaçava matá-la também.

 

 

(Bella POV)

 

Acordei sobressaltada no quarto de hotel onde nos encontrávamos. Tínhamos chegado rapidamente a Phoenix e estávamos num hotel perto do aeroporto.

- Estás bem? – Alice perguntou entrando no quarto. – Pareceu-me ter-te ouvido conter um grito.

- Apanhaste-me. – Disse sorrindo fracamente. – Tive um pesadelo.

- Alguma coisa que querias compartilhar?

- Sonhei que a minha Mãe e o seu marido tinha voltado da Florida mais cedo...

Alice percebeu a minha preocupação e abraçou-me.

- Tens medo que eles voltem enquanto o James não estiver morto, não é?

- Preocupa-me isso sim... Temo que aquele monstro não caía realmente na nossa armadilha.

- Não te preocupes, vão conseguir matá-lo antes que consigas acreditar. – Ela sorriu-me calorosamente. – Vem, o Jazz pediu o pequeno-almoço para ti.

- Obrigada, fadinha. – Sorri-lhe e segui-a para fora do quarto.

A suite que tínhamos alugado tinha uma sala espaçosa com uma televisão, a qual Jasper observava atentamente; em cima da mesa encontravam-se algumas frutas, uns bolos e um sumo de laranja, achei por bem comer algo antes de me juntar aos dois vampiros no sofá. Estava prestes a morder um queque quando o telemóvel de Alice tocou, não chegou sequer a terminar o toque quando a fadinha atendeu.

- Edward? – Ela disse para o aparelho. – Sim... O quê?! Raios... Não... está tudo bem... Sim, ela está aqui ao pé de mim... Sim... Vou passar-lhe. – Ela estendeu-me o telemóvel. – Ele quer falar contigo.

Peguei no telemóvel rapidamente, colando-o ao meu ouvido no mesmo instante.

- Edward?! – Exclamei para o telemóvel, ansiedade colorindo o meu tom de voz.

- Bella. – Ele respondeu-me alívio. – Estás bem?

- Sim. – Respondi, também alíviada por poder ouvir a voz do meu vampiro. – E tu?! O meu pai?! A Ana?! O Emmett?! E o Carlisle?!

- Eles estão bem... Estamos todos bem... – Ele disse, mas havia algo na sua voz que não correspondia ao que ele dizia.

- Edward, vocês já apanharam o James? – Perguntei, sabendo que a minha desconfiança estaria certa.

- Infelizmente, ele percebeu que se tratava de uma armadilha, percebeu que era Ana que vinha connosco... E voltou para Forks.

- Raios...

- Não te preocupes. – Ele pediu-me, sabendo exactamente o que eu havia de fazer. – O Angel, a Isabel, a Emily, o Joe e os outros estão lá, qualquer coisa o Angel terá todo o gosto em matar o James...

- Eu sabia que devia ter ido contigo... – Resmunguei.

- Não. Devias estar exactamente onde estás, ao menos aí sei que estás em segurança.

Ficámos uns momentos em silêncio, ouvindo apenas a respiração um do outro. Desejava tanto poder estar perto dele, sentí-lo contra mim...

- Sinto a tua falta. – Disse para o telemóvel.

- E eu a tua. – Ele respondeu-me, inspirando fundo. – Eu vou ter contigo e depois... depois vamos para um lugar bem longe daqui.

- Edward... – Tentei interrompe-lo, mas ele não mo permitiu.

- Não, Bella... Não vou permitir que fiques em perigo constante... Tu és a minha vida, se algo te acontecesse, eu nem quero imaginar... – Houve uma pausa e eu senti as lágrimas chegarem-me aos olhos. – Chego a Phoenix amanhã! Vamos apanhar o primeiro avião para bem longe...

- Sinto tanto a tua falta. – Repeti, sentindo as lágrimas caírem. – Parece que me falta um bocado do coração...

- Também eu... – Ele disse, a voz carinhosa, o tom preocupado subitamente desaparecido. – Quando parti foi como se tivesses ficado com uma parte de mim.

- Vem buscá-la! – Desafiei-o, esperando que ele respondesse positivamente ao desafio.

- Irei! – Ele prometeu. – Assim que me for possível, irei buscar o que me falta, meu amor.

- Amo-te. – Disse-lhe, fungando ligeiramente.

- Também te amo... – Ele disse. – Até amanhã, minha Bella.

- Até amanhã. – Respondi-lhe desligando depois o telemóvel.

Olhei para Alice e Jasper e vi como os olhos de ambos estavam fixos em mim, tentei ignorar o ar de pena que estava nos olhos de ambos, mas isso era totalmente impossível.

- Importam-se de parar?! – Perguntei passado um bocado.

Jasper foi o primeiro a desviar o olhar, mas Alice continuou até que a sua vista perdeu o foco e ela prendeu a sua respiração. Rapidamente deixei que a minha mente entrasse na dela e assim pudesse ver o que ela via.

Estava novamente na sala de espelhos... O estúdio de ballet. James decidira vir para Phoenix... a sua decisão levara-o ao estúdio... Sorri incoscientemente, ele estava onde eu o queria, ele estava exactamente onde eu o podia caçar, seria fácil, demasiado fácil... Eu caçá-lo-ia, matá-lo-ia e acabaria com isto de uma vez por todas.

A visão de Alice mudou subitamente, não de cenário, mas nas pessoas presentes... James estava lá... e eu também. Sorri quase vitoriosa perante aquilo, seria como eu planeava... Vi as coisas mudarem conforme as minhas decisões avançavam, vi como as coisas se arranjavam perante aquilo que eu decidia...

- Pára, Bella! – Alice exclamou, saindo subitamente da visão. – O Edward nunca o iria permitir!

- Ele não tem que permitir nada, se eles não conseguiram matar o James, então nós iremos conseguir. Eu irei conseguir!

- É perigoso! – Jasper disse. – Lembra-te que não conseguiste enfeitiça-lo!

- Isso não quer dizer nada! – Exclamei, quase rosnando. – Agora não é uma questão de usar magia, é uma questão de força. Sou uma lutadora experiente das minhas lutas com o Angel!

- Tu só lutaste com o Angel! – Alice disse exasperada.

- Eu, se fosse a vocês, não ía por ai. – Uma voz doce disse da porta, fazendo-nos virar rapidamente para ver o recém-chegado.

Assim que apanhei um flash dos cabelos loiros daquela que nos havia interrompido, rosnei, sabendo exactamente quem se tinha juntado a nós.

- Ela já lutou com bastantes vampiros da Academia... – Ana disse, entrando para a suite.

- O que fazes aqui?! – Rosnei, sentindo-me alarmada. – Onde estão os outros?!

- Eles só me iam atrasar! – Ela disse calmamente. – Além disso, tinha que vir ter contigo para o caso de quereres fazer o que eu pensei que tu quererias.

Vi, então, na mente dela as imagens que voltaram a fazer-me ver vermelho... James tinha a minha mãe! O meu sonho, não fora um sonho! Não fora sequer um pesadelo! Fora uma visão!

Rosnei, cega pelo ódio, pelo medo... Odiava James, odiava-o porque ele tinha posto as minhas familias em perigo, arriscando a vida de todos aqueles que eu amava. Odiava-me por estar a pôr a minha mãe em perigo... Eu nunca deveria ter vindo para Phoenix... E tinha medo, medo que as coisas não corressem bem, que tudo acabasse mal... Que tal como acontecera a Phil, no meu “pesadelo”, o mesmo acontecesse a minha mãe e James terminasse com a vida dela tão rapidamente como fizera com o meu padastro.

- Eu vou matá-lo! – Rosnei e vi Jasper encolher-se ao mesmo tempo que uma jarra de flores que se encontrava perto da televisão se partiu.

- E achas que esse é o melhor plano?!

Na mente de Ana, vi o que eu faria, exactamente aquilo de que me acusavam... Irresponsável... Na visão da minha irmã, eu dirigia-me ao estúdio de ballet e não levava arma alguma.

Definitivamente não foi a tua melhor ideia! Ana disse-me pela mente. Não me parece que o papá fosse ficar contente, ou devo dizer-te que o Tio Angel, a Tia Izzy, o Tio Carlisle, a Tia Esme, o Tio Carl e a Tia Erica, para não falar do teu namorado. Eles definitivamente não iriam ficar muito felizes, para além de ser uma autêntica loucura!

Teria o elemento surpresa do meu lado. Respondi-lhe.

E ele teria o elemento força e rapidez à sua disposição... Ah para não falar de que ele é venenoso, Bells! O olhar que ela me deu passou despercebido a ambos os vampiros que estavam connosco. Tu sabes o que o veneno de um deles nos faz!

Odiava admiti-lo, mas ela tinha razão... E eu também a tinha.

Ele tem a mãe! Rosnei mentalmente e recebi um olhar curioso de Jasper que certamente terá sentido o ódio que emanava de mim.

Silêncio... Ana sabia o que a nossa mãe significava para mim... E eu sabia o que ela significava para a minha irmã... Para mim, Renée fora importante, fora com ela com quem eu crescera, fora com ela que eu me tornara quem sou... Para Ana, ela abandonára-a, ela deixára-a para partir comigo... De certo modo, a loira ressentia-me a mim e à nossa mãe, achando que Renée me preferira a mim e por esse mesmo motivo me levára quando partira de Forks...

Ela ama-te tanto como me ama a mim. Repeti-lhe na sua mente, lembrando-a dos Verões em que trocavamos de lugar, Renée entregava-me a Charlie e ele passava-lhe Ana... Claro, tivemos esta troca por pelo menos seis anos, até que Ana exigiu que o pai não a mandasse para Phoenix com a mãe, para a minha gémea custava-lhe imenso não poder fazer magia e junto da nossa mãe isso era impossível.

Ana virou-me costas, seguindo para o quarto da suite. Suspirei, levando as minhas mãos aos cabelos com desespero e sentei-me. As coisas não podiam ficar piores do que já estavam, ou então eu estaria a pensar cedo demais.

- Bella... – Alice chamou-me, sentando-se ao meu lado.

- Está tudo bem, Alice. – Disse-lhe com um suspiro cansado. – Só estou cansada... e para piorar as coisas, a Ana juntou-se a nós e deixou o Tio, o Pai, o Emmett e o Edward desprotegidos.

- O Edward sabe tomar conta de si e os outros também. – Ela disse-me calmamente. – Consigo vê-los perfeitamente, não há nada que me tape a vista deles. E o Edward e os outros estão a vir para aqui.

Ficámos em silêncio durante um bocado, conseguia ouvir Ana a mexer-se no quarto e Jasper estava sentado na mesa, ainda prestando atenção à televisão, ou talvez estivesse realmente a prestar atenção a mim e à minha gémea, não estava muito interessada em saber em quê ou em quem Jasper estava a prestar atenção... No entanto, Alice estava mais preocupada com a minha pose defensiva e a minha atitude perante a chegada da minha irmã, conseguia ouvir na sua mente todas as suas preocupações, até via onde ela procurava para descobrir o que se passava realmente comigo.

- Só estou cansada... – Disse-lhe, sentindo-me exausta. – E preocupada... Isto do James...

Não cheguei a terminar realmente a minha frase pois toda a minha preocupação e desespero desapareceram, sendo substituidos por uma calma e um cansaço estranho. Tentei lutar contra as falsas emoções, mas Jasper estava a ser mais persistente que eu...

- Jasper... – Disse, a minha voz rouca com o sono que ele me estava a impingir.

- Descansa, Bella. – Ele disse e eu não ouvi mais nada.

 

- Temos que a acordar. – A voz de Ana entrou-me nos ouvidos, passando facilmente pela pesada nuvem de sono que ainda me toldava a mente.

- Não! – Jasper disse e pela proximidade da voz dele, percebi que estava em frente à porta, talvez impedindo a passagem à minha irmã. – Ela precisa de descansar e o avião do Edward não vai chegar ao aeroporto até ao meio-dia.

Ouvi um rosnado, muito suave, uma ligeira ameaça... e, então, outro, este muito mais forte, vindo do fundo da garganta, um aviso.

- Párem com isso. – Alice disse, a sua voz aproximando-se. – Ela já acordou de qualquer maneira.

Ouvi a porta abrir-se e levantei-me ligeiramente da cama, esfreguando os olhos para tentar afastar o sono. Alice entrou no quarto, um sorriso ligeiro a brincar nos seus lábios, os seus olhos não tinham a cor dourada de antes, estando esverdeados, dando-me a certeza de que Ana ou até mesmo a vampirinha tinham andado a fazer magia.

- Bom dia, Bella adormecida. – Ela brincou. – Dormiste bem?!

Sentia a garganta tão seca que nem conseguia falar, pelo que apenas assenti. Alice deve ter percebido o que se passava com a minha garganta pois deu-me um copo com água rapidamente.

- Obrigada. – Disse-lhe depois de beber. – Acho que exageraste na administração de cansaço ontem, Jazz.

Ele baixou a cabeça com um pequeno sorriso nos lábios. – Desculpa, não era minha intenção apagar-te daquela maneira,

- Não faz mal, precisava de descansar de qualquer maneira...

Ficámos em silêncio, pelo menos de um modo vocal... As mentes deles estavam a mil e eu tentava proteger-me de os ouvir, mas o modo como estava desconcentrada, tornava a minha decisão dificil. Estava a tentar focar a minha mente em alguma distracção, quando Ana me chamou.

Bella! O chamado mental da minha irmã fez-me olhar para a porta do quarto no mesmo instante.

E foi aí que o telemóvel de Alice tocou. Ana trazia-o na mão.

- É a mãe! – Ela disse entregando-me o telemóvel, na sua mente, ela mostrou-me James em nossa casa, Renée estava sentada no sofá olhando com medo para o vampiro.

Peguei no telemóvel e olhei para Alice e Jasper, pedindo-lhes silenciosamente que saissem. Assim que ambos estavam fora do quarto, Ana sentou-se na cama e eu atendi o telefone.

- Mãe? – Perguntei, deixando que a insegurança enchesse a minha voz.

- Bella?! – A voz da minha mãe trouxe uma onda de pânico, fazendo-me olhar para Ana com medo.

Já protegi o quarto à prova de som... Tudo o que o Jasper e a Alice irão ouvir será uma conversa normal entre mãe e filhas. Ela disse-me assentindo.

- Vai ficar tudo bem, mãe! – Prometi-lhe sentindo as lágrimas queimarem-me os olhos. – Vai ficar tudo bem.

- Bella! – Ouvi-a dizer, mas a sua voz foi ficando cada vez mais afastada.

- Bom dia, Isabella. – A voz de James disse ao telefone.

- Seu monstro! – Rosnei para o telefone. – Liberta a minha mãe! Ela não tem nada a ver com isto.

Ele riu-se e eu senti-me como se pudesse lançar-lhe um feitiço de onde estava, amaldiçoá-lo para o resto da sua eternidade. Num momento de loucura cega, a minha mente recordou-se da série televisiva Buffy: A Caçadora de Vampiros, lembrei-me do personagem Angel (que o meu querido padrinho dizia ser baseado nele, visto o nome do vampiro e até a sua história), um vampiro que fora amaldiçoado com uma alma, estando condenado a passar a eternidade a arrepender-se dos seus crimes hediondos do passado. Teria o seu quê de graça amaldiçoar James com uma consciência... Mas não graça o suficiente para me vingar.

- Ora, ora, Bella! – Ele disse o meu nome de uma maneira que me fez ficar ainda mais raivosa. – Ela é tua mãe, é claro que tem alguma coisa a ver com isto. Afinal de contas, se não fosse ela e o teu querido papá, tu não existirias.

Rosnei, desejando estar frente a frente com o vampiro para lhe poder arrancar a cabeça com ambas as minhas mãos.

- Não te atrevas a mencionar o nome do meu pai, sua ratazana! – Rosnei-lhe, deixando que o veneno que eu não tinha nas veias encher-me as palavras. – Juro-te, James, vou matar-te e vou fazer-te sofrer tanto que tu...

- Sim, claro... – Ele disse de modo a calar-me. – Tal pai tal filha, dizem os ditados... Acredito nisso piamente quando falo de ti. Agora... Não sei com quem estás, mas certamente não estás sozinha...

- Não, não estou. – Disse-lhe entrando na conversa dele, era melhor colaborar se queria a mãe viva.

- Hum... – Ele disse de modo pensativo. – Quero que venhas ter a tua casa, sozinha.

- Será impossível passar pelo Jasper e pela Alice. – Disse-lhe, vendo na mente da minha irmã a contradição.

- Fá-lo, ou então a tua mãezinha paga.

Cerrei os dentes, ele estava a pôr-me entre a espada e a parede...

Hoje! Ana disse-me. No aeroporto... Poderemos dispistá-los...

Era uma ideia louca... Mas era a minha única opção.

- Onde queres que vá ter?! – Perguntei sentindo-me derrotada.

- Linda menina. – Ele disse, como se falasse para um animal de estimação. – Na casa da tua mãe... Vem sozinha! Eu saberei se alguém te acompanhar.

- Está bem. – Disse-lhe.

- Agora despede-te da mãe. – Ele disse, encenando, julgando que eu estava com Jasper e Alice.

- Adeus, mãe. – Disse, mordendo o lábio de modo a impedir que as lágrimas caissem.

E o telefone ficou mudo... James desligara, não me permitindo falar com a minha mãe.

- Ele tem a mãe... – Disse para Ana, estando segura de que Alice e Jasper não nos ouviriam. – Ele tem a mãe e quer que eu vá ter com ele à casa onde nós viviamos.

- E é isso que tu vais fazer. – Ela respondeu-me.

Sabia que seria pedir demais da minha irmã que ela me acompanhasse, para além disso, James dissera para ir sozinha caso contrário seria Renée a pagar pelo meu descuido. No entanto, dentro do meu peito, eu não podia deixar de desejar que a minha irmã me acompanhasse.

- Não poderei ver o Edward. – Disse, sentindo as lágrimas escorrerem.

Não me tinha dado conta de quão vazia me sentia sem ele, era como se houvesse mesmo um buraco no meu peito, provocado pela sua ausência. E agora que estava a tão pouco tempo de o ver, via o meu tempo a ser roubado.

Ana tocou-me no braço, olhando para mim com um olhar pesaroso, em parte, sabia que ela compartilhava o mesmo sentimento que eu, em relação a outro ser mitíco totalmente diferente.

- Vai correr tudo bem. – Ela disse-me, o seu sorriso tentava consolar-me, mas eu conseguia ver para além da máscara... Também ela não sabia o que ía acontecer.

- Ambas sabemos que não. – Disse-lhe, fazendo-a olhar para mim chateada.

- És tão pessimista. – Ela disse irritada.

Ana saiu do quarto deixando-me sozinha para pensar. Ouvi-a na sala a falar com Alice e Jasper, explicando o que a mãe tinha dito... Dizendo que Charlie tinha ligado a Renée dizendo que eu me irritara com o meu namorado e decidira voltar para casa... Suspirei olhando à volta do quarto, até à minha outra família teria que mentir...

Ainda observando o quarto, reparei numas folhas em cima de uma mesa de canto, junto estava uma caneta... Era exactamente aquilo que eu precisava.

 

Já nos encontrávamos os quatro no aeroporto quando começei a ficar inquieta. Sentia todas as células do meu ser vibrar como se, de alguma maneira inconsciente, o meu corpo soubesse que Edward se aproximava...

E tu não vais estar aqui para o abraçares... A minha consciência fez o favor de me lembrar. Suspirei olhando para todos os lados. Jasper tinha os seus olhos fixos em mim, sentia o seu poder a testar a atmosfera à minha volta, seria demasiado óbvio ele não estar a testar-me. O marido da fadinha sabia que se passava algo de muito errado comigo, ele sabia que eu estava a preparar algo.

Ana estava à minha frente, juntamente com Alice, ambas olhavam para o placar de chegadas... A minha querida irmã observava com suspiros desejosos os aviões que aterravam de Seattle, Alice prestava atenção em especial aos aviões que chegavam de Anchorage, Alasca... Nem pensei que eles tivessem ido tão longe.

- Alice. – Chamei-a. – Julguei que eles tivessem ido até ao Canadá.

- Ele acharam melhor seguir até ao Alaska. – Ela respondeu-me. – O Edward julgava que se chegassem perto o suficiente de Denali, os nossos primos pudessem ajudar.

Os primos? – Aquele clã que vocês falaram ao Laurent?! – Perguntei, percebendo agora de quem Alice falava.

- Sim. Carlisle julgava que seria mais fácil com a ajuda deles.

Olhei para a placa também, vendo lá os minutos que faltavam até o avião deles chegar. Meia hora... Meia hora apenas... As coisas só podiam piorar.

Ana disse que queria ir comer algo ao quiosque-café que havia ali perto, pouco depois da minha conversa com Alice, afirmando que o que comera ao pequeno-almoço não fora o suficiente para lhe encher o estômago. Foi exactamente no momento em que chegámos ao quiosque e olhei novamente para o painel de vôos que vi a palavra escrita a letras verdes brilhantes aparecer: Atrasado.

- Oh não... – Alice disse reparando no mesmo que eu. – O Edward vai ficar ainda mais impaciente...

- Calma, Alice. – Jasper disse. – Vai tudo acabar por correr bem.

Rezei internamente para a Deusa, agradecendo-lhe pela ajuda que me estava a prestar... Afinal havia alguém lá em cima a olhar por esta criatura sem alma... Inspirei fundo, preparando-me para agir. Reparei como Ana olhou para mim, apercebendo-se do que eu planeava.

- Jasper, Alice. – Disse chamando à atenção deles. – Eu preciso de ir à casa de banho... – Senti o meu rosto ficar quente com o sangue que me subiu ao rosto.

- Eu vou com ela! – Ana disse rapidamente acabando de beber o seu café. – Tenho que ir retocar a maquilhagem... Onde já se viu uma bruxa andar toda desgrenhada no meio dos humanos?!

O seu ar indignado convenceu Alice, que a muito custo, quase não se juntou à nossa viagem aos w.c. públicos, preferindo ficar com Jasper ali.

- Ok. – Jasper disse depois de confirmar com a fadinha. – Mas não se demorem.

Saí de junto dos vampiros com a minha irmã ao meu lado. Enquanto estávamos ambas a uma distância em que seria fácil para Alice e Jasper escutarem o que diziamos, Ana decidiu que seria uma óptima distracção para eles falarmos de maquilhagem... Ela preocupava-se com a sua aparência e eu criticava-a por pensar apenas nela. Só quando chegámos às casas-de-banho femininas é que a loira mudou de tema.

- Despacha-te! – Ela disse-me empurrando-me para a segunda porta da casa-de-banho. – Apanha um táxi, vai para a casa da mãe... Eu distraio-os o máximo que conseguir... Não vai ser por muito tempo, apesar de tudo... Tens que ser muito rápida, Isabella.

Abraçei-a, sentindo-me grata por a ter como minha irmã, grata por a ter do meu lado. As lágrimas cairam-me dos olhos e eu apertei a loira mais contra mim, sentindo as lágrimas dela molharem-me a camisola.

- Temos que parar com isto. – Ela disse afastando-me e empurrando-me para a porta. – Vai!

Até breve, minha irmã! Ouvi os seus pensamentos antes de desatar a correr o mais rápido que podia sem chamar muito à atenção dos humanos.

Sentia-me como um animal a ser caçado. E a pior parte era que a sensação não era apenas isso e sim uma realidade. Estava a chegar à porta da rua, já não faltava tudo...

- Bella! – A voz de Alice chegou aos meus ouvidos... Não tinha reparado que os meus sentidos estavam tão ligados que foi-me possível ouvir a minha melhor amiga. – Não...

Lamento, Alice. Pensei saindo para a praça de táxis.

Apanhei o primeiro táxi livre que vi, dei as indicações ao taxista, pedindo-lhe desesperadamente para ir para o endereço o mais depressa possível. O tempo parecia passar mais devagar do que devia, cada batida do meu coração era mais rápida que a passagem do ponteiro dos segundos, magoando-me o peito com a saudade. Assim que o taxista arrancou, olhei reflexivamente para trás, o meu peito ficando apertado quando imaginei Edward a sair do edifício do aeroporto e ver o carro onde me encontrava afastar-se.

Oh Edward... Pensei, suspirando e vertendo mais lágrimas.

Algum tempo depois, chegámos à casa da minha mãe, paguei ao homem, deixando-o ficar com o troco do pagamento, e saí do carro rapidamente, parando desconsoladamente à porta da casa a que eu costumava chamar lar.

Olhei à minha volta e sorri amargamente quando o sentimento de insegurança se alastrou pelo meu peito, eu tivera razão quando me habituara a Forks, eu nunca mais iria ser capaz de me sentir segura longe das florestas verdes de Washington.

- Vamos a isto, Bells. – Disse aproximando-me do alpendre.

Procurei pela chave no sitio onde a mãe geralmente a escondia... Quando a encontrei, sorri ligeiramente. Aparentemente, Phil não a tinha descoberto e trocado do seu lugar.

O meu coração apertou-se ao lembrar-me do que iria ver quando entrasse em casa. Mordi o interior da bochecha para impedir que novas lágrimas caíssem e entrei em casa...

Estava tudo às escuras, os estores corridos, impedindo a brilhante luz do sol de iluminar a casa. Sem a luz, a casa parecia fria e, por mais móveis que tivesse cada divisão, vazia. Não havia o som das notas a fluirem do piano da sala enquanto a minha mãe tocava algum clássico ou sequer o som de alguma música jazz a sair da aparelhagem, não havia aquele calor típico de um lar... Não havia nada. Olhando assim para as paredes nas sombras, perguntei-me como poderia alguma vez ter vivido ali?! Como poderia nunca ter realmente apreciado Forks, que apesar do seu constante tempo nublado, era o único sítio para além de Salem a que eu podia chamar lar.

Entrei na sala, tendo o cuidado de olhar para o chão para não pisar o corpo inerte de Phil. Assim que os meus olhos encontraram a sua forma inerte no chão, fiquei furiosa ao ver que James não fora capaz de o deitar convenientemente no solo e de lhe fechar os olhos, deixando o meu padastro a fixar o ar com um olhar vazio. Baixei-me sobre o corpo, pousando os seus braços ao comprimento do corpo e fechando-lhe os olhos, permitindo-lhe que ele descansasse em paz.

- Desculpa, Phil. – Sussurrei para o corpo. – Lamento imenso que tenhas tido que sofrer isto.

Naquele momento, olhando para o rosto sem vida do meu padrasto, prometi-me a mim mesma que iria matar James, ter a minha vingança pelo que ele já tinha feito à minha família, iria fazê-lo sofrer, implorar pela morte que demoraria imenso tempo a chegar, ele iria desejar nunca ter sido transformado. Levantei-me, decidida que iria encontrar o monstro que se atrevera a dar-me caça, o caçador tornara-se a presa... E eu não era uma caçadora de liga leve... Não tinha aprendido a destruir criaturas vís como ele à toa.

Olhei à volta da sala, procurando por algo que indicasse que o caçador estivera ali. Senti o seu cheiro, misturado com o familiar odor da minha mãe e do seu, agora morto, marido. Segui cada rastro que encontrei, segui-o da cozinha ao meu quarto, e do meu quarto de novo à sala, perto de um armário onde a minha mãe guardava os videos da minha infância. Olhei para a televisão, vendo o leitor de cassetes ligado, cerrei os dentes e acendi o televisor, vendo uma imagem de mim com seis anos.

- Bella?! Bella?! Onde estás?! – A voz da minha mãe encheu a sala conforme eu meti o video a rodar. – Bella! Ah... Aqui estás! O que estás aqui a fazer?

Apareci no armário dos vestidos do estúdio de ballet... Vestida com um body e um tutu de bailarina, quase sorri ao ver a figura em que estava, mas o video dissera-me para onde ir a seguir, apesar de não ser aquilo que James queria que eu visse.

Andei até à mesa onde estava o telefone e, então, vi o que ele queria. Em cima da mesa, para além do telefone, estava um pequeno papel com um número de telefone. Claro... Ele queria jogar às escondidas? Então ele teria o seu jogo. Marquei o número rapidamente, batendo o pé impacientemente enquanto ouvia a chamada a ser feita. James atendeu rapidamente...

- Ah... Vejo que conseguiste... – Ele estava a pedi-las.

- Não creio que estejas a ver... – Disse com sarcásmo. – Afinal... Não estás aqui para realmente ver.

Ele riu-se, mas o som parecia forçado. – Tens sentido de humor. Gosto disso. Pena que não teremos mais tempo para o vermos em prática...

Rosnei para o telefone, desejando estar a uma distância ainda menor para poder despejar toda a minha raiva no vampiro.

- Tic Tac. Tic Tac. – Ele disse, imitando o som de um relógio. – O tempo voa, Isabella... E tempo é aquilo que a tua mamã não tem... Se a queres ver viva, é melhor apressares-te.

- Onde queres que vá ter agora? – Apesar de já saber onde, deixá-lo-ia continuar o seu jogo de charadas.

Um sorriso surgiu na voz do vampiro, tornando-a mais desdenhosa. – Lembraste do estúdio de ballet onde tiveste aulas quando criança? Aquele no fundo da rua.

- Sim.

- Vem cá ter... – Ele fez uma pausa e então o som de gritos abafados por alguma coisa juntou-se à sua voz no auscultado. – Estaremos à tua espera.

- Bella! – A voz da minha mãe surgiu do outro lado da linha.

- Mãe! – Gritei também, mas o telefone ficou mudo antes que me fosse dada alguma resposta.

Poisei o telemóvel na bateria, ouvindo o apito habitual que avisava que o telefone estava à carga. Estava demasiado enraivecida para me conseguir mexer, demasiado furiosa para conseguir que os meus músculos obedecessem às ordens que o meu cérebro lhes mandava. No meio da minha raiva, senti algo a vibrar no bolso das calças e fui ver o meu telemóvel com uma mensagem de Ana.

Três palavras apenas que diziam tudo.

Eles chegaram. Vai!

Arrumei o telemóvel e olhei uma última vez para o meu antigo lar e para o corpo daquele que um dia fora o meu sorridente e vivo padastro. Com um sentimento de despedida, saí da casa, murmurando pequenas palavras em latim para celar a casa a qualquer visita indesejada... Mais tarde voltaria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então o que acharam?!
Na Parte II vai ser a versão do Edward... veremos até que parte...
Deixem comentários que assim deixam-me muito feliz!
Beijinhos a todas e a todos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Twilight - a Magia do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.