Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 30
26º Capítulo - Escondidas (Parte II)


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a todos os leitores... Em especial à Lah! Brigada pela recomendação!



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(Ana POV)

Limpei o rosto das minhas lágrimas depois de Bella sair da casa de banho, Jasper e Alice irião perceber que eu tinha ajudado a minha irmã a fugir se me vissem com o rosto marcado pelas lágrimas. Chamei pela minha magia para fazer com que as marcas desaparecessem, meditei sobre a força do meu próprio poder para mascarar os meus sentimentos aplacando o medo e substituindo-o por saudade, permiti que pensamentos de Jacob me invadissem a mente, fazendo com que a sensação de saudade fosse mais verdadeira.

Quando me senti pronta sai da casa de banho, fiz um sorriso, ninguém iria ver para além da máscara, ninguém saberia melhor que eu. Dirigi-me para junto de Alice e Jasper que olharam para mim confusos.

- A Bella?! – Jasper perguntou olhando para trás de mim.

Deixei que confusão se mostrasse no meu rosto. – Ela não está convosco?

- Que queres dizer com “ela não está convosco”. Ana?! – Alice disse e eu quase me senti mal por estar a mentir-lhes de tal maneira. – Ela estava contigo!

- Quando entrámos na casa-de-banho, sim! – Disse-lhe, um tom de semi-pânico presente na minha voz. – Também tive que fazer umas coisas lá! Quando saí de uma das toilettes, ela já lá não estava. Julguei que ela tivesse vindo ter convosco!

Jasper e Alice olharam para mim com pânico nos seus olhos. Eles teriam que me perdoar mais tarde...

- Bella! – Alice disse, baixinho enquanto os seus olhos ficavam desfocados, indicando que ela estava a ter uma visão... e eu soube o que ela estaria a ver... – Não...

- Alice... O que viste!? – Jasper disse agarrando nos ombros da baixinha. – Diz-me!

- A Bella... – Alice disse baixinho. – Ela foi para a casa da mãe dela.

Jasper prendeu a sua respiração ao mesmo tempo que a visão de Alice voltava ao normal. Os olhos da baixinha voaram para mim, acusadores e mortais.

- Tu ajudaste-a a fugir! – Ela acusou-me.

- Achas que eu quero que a minha irmã morra, Alice?! – Quase lhe gritei, sentindo-me revoltada. Podia ser verdade que eu tinha ajudado Bella a ir-se embora, mas isso não quer dizer que eu tenha querido que ela realmente fosse... Eu sou irmã de Bella, sou a gémea dela, pelo amor da Deusa! Eu nunca quereria que algo lhe acontecesse, fosse em que situação fosse! – Ela é minha irmã gémea! Onde raio iria eu querer que ela morresse?! Que ganharia eu com isso a não ser uma sensação louca de vazio no meu peito! Eu nunca ficaria com o lugar dela relativamente a Salem! Eu nunca ocuparia o lugar dela aos olhos do meu pai e da minha mãe! Nem de nenhum dos meus familiares! Eu não quero que lhe aconteça alguma coisa! Tal como tu não queres que lhe aconteça alguma coisa...

Vi o ar de arrependimento infiltrar-se nos seus olhos e eu soube que fora mais convincente contando a verdade do que mentindo descaradamente... No entanto, como dizia o ditado, com a verdade me enganas! E seria isso que eu faria até que tudo estivesse terminado.

Voltámos a focar-nos no painel de chegadas e eu sabia que se Jasper e Alice tivessem corações a bombear sangue, então os deles estariam prestes a disparar do seu peito... Não sabia o que temiam, mas muito provavelmente deviam temer o que Edward iria dizer acerca da fuga da sua querida namorada. Eu tentava abstrair-me da atitude deles, focando-me na minha irmã, permitindo que parte da minha mente se fundisse totalmente ao meu dom e me deixasse ver o que a minha querida gémea fazia. Ela estava em casa da mãe, vi o corpo de Phil no chão e senti pena da mãe, ela teria que viver com aquilo pelo tempo em que a sua vida durasse... Bella falou ao telefone com James, ouvi como o grito desesperado da mãe ecoou pelo auscultador e doeu-me, sentindo a mesma dor que a minha irmã.

- Eles chegaram. – Disse Alice e o seu tom dizia tudo, ela tinha medo da reacção deles.

Vi ainda mais Bella observar a casa quase com medo do que poderia encontrar fora dela... Ela estava a perder tempo. Tempo necessário. Puxei do meu telemóvel discretamente e digitei uma mensagem, ela perceberia...

Eles chegaram. Vai!

Só me bastava rezar que tudo corresse bem.

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(Edward POV)

Estávamos a chegar a Phoenix.

Haviamos perdido James e Ana havia-nos abandonado... As coisas não tinham como ficar piores, mas pelo menos havia uma coisa boa no meio de isto tudo... Em breve veria Bella novamente, tê-la-ia nos meus braços outra vez.

O meu corpo tinha tanta consciência de que o meu anjo se aproximava como eu tinha, cada célula do meu ser vibrava com ansiedade de rever os seus olhos castanhos profundos, o buraco no meu peito parecia diminuir conforme me sentia mais próximo dela... No entanto, os transportes humanos eram demasiado lentos para me levar para junto da minha razão de viver, tornando a espera muito mais dolorosa.

Tentei distrair-me olhando para o meu pai e os outros. Carlisle estava sentado ao lado de Charlie e, agora mais que nunca, ambos pareciam realmente irmãos, a mesma expressão séria mascarava os seus rostos, os mesmos pensamentos preocupados passavam pelas suas mentes... Não soubesse eu que eles não estavam realmente ligados pelo sangue diria que eram realmente irmãos, como eu e Joe, mas o meu pai e sogro eram tão iguais como eram diferentes. Emmett estava ao telefone com Rosalie, recebendo informações acerca do que se passava em Forks, esperei que ele desligasse o telemóvel para ouvir o que ele tinha ficado a saber. Não aconteceu muito depois...

- Eles apanharam a fémea. – Ele sussurrou, para que só nós ouvissemos. – Ela tinha acabado de sair da escola, aparentemente tinha lá ido para ficar a saber mais coisas sobre a Bella. O Angel e o Joe apanharam-na quando ela saiu do liceu.

- O que lhe fizeram? – Carlisle perguntou no mesmo tom de voz que o meu irmão falara. – Têm-na refém?!

- O Angel não faz reféns, Carlisle! – Charlie disse. – Diz-me, Emmett, por favor. Diz-me que o meu cunhado matou aquela vampira.

- Pelo que eu percebi, eles ainda a têm presa na garagem. – Emmett concluiu. – Acho que estão a tentar tirar alguma informação dela.

Suspirei ao mesmo tempo que Charlie, sentindo-me para lá de exausto. Só queria que isto terminasse, só queria poder voltar a estender-me ao sol com Bella ao meu lado na nossa clareira... Imaginando um futuro... Voltando a Salem, escolhendo uma casa, pedindo Bella em casamento, tendo filhos... A minha menina... Aquela adorável criança com os cabelos castanhos e os olhos castanhos chocolate de Bella...

- Edward. – Alguém me chamou e abri os olhos apressado.

- Sim? – Estivera tão distraido com os meus pensamentos que tinha ignorado por completo o meu pai e os seus pensamentos.

Está tudo bem, filho? Ele perguntou-me, os seus olhos azuis fitando-me com atenção.

Assenti, fechando novamente os olhos e permitindo que a minha mente me defendesse de outros pensamentos com imagens da família que eu imaginava que seria apenas minha e de Bella em Salem.

- Caros passageiros, apertem os vossos cintos. Estamos prestes a aterrar no aeroporto internacional de Phoenix. – A voz do piloto do avião anunciou a aterragem e eu senti-me suspirar de alívio. Dentro de muito pouco tempo teria Bella nos meus braços, nada mais importava.

Posso levá-la para a Europa... Para a Irlanda, talvez. Pensei, imaginando para onde a poderia levar, algum sítio onde a magia fosse abundante, uma terra onde as lendas que envolviam a sua espécie fosse abundante... Irlanda, Escócia, Inglaterra... Qualquer lado, bem longe dos Estados Unidos, bem longe de James.

Quando o avião aterrou, foi necessária todas as minhas forças para não me afastar do meu pai e dos outros para correr à minha velocidade para junto de Bella. Sentia-me demasiado ansioso para ficar quieto. Ouvi a mente dos meus irmãos antes de os ver e, logo, nesse instante, soube que algo estava mal.

You can’t hurry love. No! You’ll just have to wait. She said love don’t come easy… A mente de Alice estava um pandemónio, obviamente uma tentative de me manter longe dos seus pensamentos.

Saltei para a mente do meu irmão, procurando por respostas... Ele sempre era mais sensato que Alice.

Life... Nananana… Life is life… Jasper cantava na sua mente, apesar de eu conseguir notar um tom desesperado nos seus pensamentos.

Comecei a desesperar nesse momento. Jasper nunca iria distrair-se enquanto estivesse numa missão. Sai da mente do meu irmão, procurando uma mente qualquer que me dêsse uma vista do grupo... A mente que encontrei surpreendeu-me... Ana estava com eles?! Então fora para aqui que ela viera.

- A Ana está com eles. – Disse para o meu grupo.

- Graças à Deusa. – Charlie suspirou. Ouvi na sua mente a preocupação que ele sentira quando Ana desaparecera de junto de nós, mas esse sentimento não abalava em nada o medo que ele sentia em relação a Bella.

A mente de Ana estava focada... Demasiado focada. Estivera perto dela por tempo suficiente para saber como a sua mente funcionava e eu sabia o que ela estava a fazer... E apenas das duas opções que tinha, só podia escolher uma: ou estava focada no futuro, ou então, e essa ideia assustava-me, ela estava focada no presente.

Enquanto caminhavamos na direcção do grupo, mantive a minha mente ligada à mente de Ana, procurando respostas... No entanto, só via James, numa sala de espelhos. Quando chegámos junto deles, os meus olhos e a minha mente saltaram de Ana, desejosos por encontrar o silêncio que caracterizava a mente de Bella e por encontrar os seus olhos castanhos... Qual não foi o meu espanto quando não a encontrei... em lado nenhum!

- A Bella?! – Perguntei rapidamente para a minha irmã, entrando na sua mente.

It’s a game of give and take... Alice continuous a cantar, fechando os seus olhos com força.

- Alice! – Exclamei.

I WANT YOU TO WANT ME! I NEED YOU TO NEED ME! I LOVE YOU TO LOVE ME! AND I BEG YOU TO BEG ME! Os seus pensamentos agora cantavam mais alto, barrando-me a passagem, e isso enfureceu-me.

Agarrei nos ombros da fadinha abanando-a, tentado obrigá-la a olhar-me e a dizer-me onde estava Bella.

- A BELLA, ALICE?! ONDE ESTÁ A BELLA! – Exclamei, atraindo olhares para o nosso grupo.

- Edward! – Carlisle chamou-me colocando-me a mão no ombro, mas eu ignorei-o.

Teria continuado a abanar a minha irmã, mas Jasper colocou-se na minha frente, agarrando-me em ambas as mãos com mais força do que a necessária... E se eu fosse humano, ele ter-me-ia esmagado os ossos e os muscúlos.

Ela fugiu, Edward. Ele pensou simplesmente. Ela foi ter com o James.

E aquelas seis palavras fizeram o meu mundo acabar.

Como poderia ela?! Ela tinha prometido que não iria correr mais riscos! Porque ir de encontro àquele que a queria matar?!

- Como? – Perguntei, sentia-me mortificado e a minha voz demonstrava isso.

- A Ana e a ela tinham ido à casa de banho... A Ana teve que se afastar por um momento e a Bella aproveitou-se disso para fugir. – Alice explicou, a sua voz tão fraca que até tive que fazer um esforço para a ouvir. – Desculpa, Edward.

Por momentos, deixei de sentir as pernas... Teria caido se Emmett não me agarrasse.

- Eu sabia que a devia ter levado comigo. – Sussurrei quando me sentei numa das cadeiras do aeroporto.

- Ela deixou-te isto. – Ana disse, pronunciando-se pela primeira vez.

Olhei para a gémea da minha amada e naquele momento, não pude deixar de reparar em pequenas coisas que eram iguais em ambas. O modo como o lábio de baixo era desigual ao de cima, mais cheio, provocando assim um pequeno desequelibrio. O modo como o seu rosto tinha a mesma forma de coração. O modo como os seus cabelos loiros se encaraculavam e caiam em volta do seu rosto alvo de uma maneira mais suave que milhares de humanas desejavam que o delas caísse.

Olhei para as suas mãos e lá estava um pequeno envelope branco, escrito a tinta negra numa fina letra e uma grafia delicada, que eu reconheci por ser o tipo de letra de Bella, estava o meu nome. Ao ver aquilo, senti uma pressão acomolar-se no meu peito, causando uma sensação de medo e pânico.

- E isto para ti, papá. – Ana estendeu um envelope igual na direcção de Charlie.

Apesar de o feiticeiro aparentar estar calmo, eu vi como as suas mãos tremeram ligeiramente quando as esticou para apanhar o envelope. Abri o meu, deixando Charlie para abrir o dele e ignorando todos à nossa volta.

Meu amor,

Peço-te tantas desculpas. Eu não planeava que as coisas acontecessem do modo como aconteceram... Não planeava que tivesse que me separar de nenhum de vocês sem ao menos poder me despedir.

Espero que me consigas perdoar por isto.

Se estás a ler isto, então é porque já chegaste a Phoenix e eu já fui de encontro ao James. Não fugi apenas para desafiar a tua autoridade e a minha segurança, tens que entender.

Quando a Ana surgiu no nosso quarto de hotel, a Alice tinha acabado de ver que o James se dirigia para o estúdio de ballet perto de casa... Percebi que ele tinha conseguido fugir de vocês e que nós teriamos que nos esconder e eu prometi a mim mesma que nunca iria fugir de nada. Não por teimosia ou estupidez, apenas porque não está na minha natureza fazer isso e eu não suportaria continuar a correr. Mas a pior parte não foi ficar a saber que o caçador se dirigia para perto de mim, foi ficar a saber que ele tinha a minha mãe e tinha morto o meu padrasto.

Isso mesmo, James tem Renée como refém e matou o meu padrasto, Phil... Tens que entender que eu não posso permitir que a Renée pague por algo que nem tem nada a ver com ela. Eu preciso de a tirar das garras daquele monstro.

Lamento muito por ter quebrado as minhas promessas... Mas não posso ficar parada quando isto afecta a minha família.

Pede desculpas à Alice e ao Jasper por mim. Não queria mentir-lhes, nem queria que a Ana tivesse que mentir também. Sim, ela ajudou-me a sair de junto de vocês... Peço desculpas mais uma vez.

Nunca te esqueças que te amo, não importa como isto acabe... O meu coração, a minha alma, o meu corpo e a minha mente são todos teus.

Com amor,

Bella.

O meu corpo prendeu-se ao desespero. Ela foi ter com ele...

- O quê, Edward? – Carlisle perguntou aproximando-se de mim. Não tinha percebido que tinha sequer falado.

- Ela foi ter com ele! – Repeti, ainda demasiado desesperado. – A Bella foi ter com o James.

- O James tem a Renée! – Charlie exclamou quando acabou de ler a sua carta.

Olhando para o feiticeiro, surpreendi-me. Estava habituado a ver o homem, que eu agora olhava como mais um exemplo, estar calmo, irritado, ansioso, animado, sério, inexpressivo, divertido, confiante... Mas nunca, nunca me tinha passado pela cabeça que aquele ar lhe fosse passar pela face. O seu rosto tinha o mais absoluto ar de desespero, medo e algo muito mais além disso tudo.

Amei, amo e sempre amarei. A resposta de Charlie de quando lhe perguntei se tinha amado a mãe de Bella e Ana reverberou na minha mente. Conseguia imaginar o que ele deveria sentir de facto ao saber que o amor da sua existência se encontrava em perigo. Neste momento, estávamos os dois na mesma situação.

- É impossível. – Alice disse. – Eu não os vi voltar! Eu teria visto se a Renée voltasse para Phoenix.

- A Renée sempre foi muito impulsiva! – Carlisle disse, o seu rosto preocupado. – E estavas demasiado focada em nós e no James para conseguires ver as decisões dela.

- O que vamos faze?! – Emmett perguntou. – Temos que ir salvá-las.

- Onde é que elas estão, Alice?! – Jasper perguntou virando-se para a sua esposa, também os seus olhos preocupados.

- No estúdio de ballet! – Alice respondeu rapidamente, os seus olhos nem tinham ficado desfocados com a presença de uma visão, não fora necessário.

- Então do que estamos à espera! – Charlie exclamou.

Nunca fora capaz de imaginar o meu sogro a mostrar o seu lado mais passional, mas eu tinha a certeza de o porquê de ele não o mostrar se devia às consequências que isso causava.

- Espera. – Carlisle disse agarrando o braço do irmão e eu olhei para todos os lados, procurando por aquilo que lhe passava pela mente. – Onde está a Ana?!

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(Bella POV)

Sentia-me apavorada. Tinha que admitir. A luz do Sol, por mais que eu gostasse dela, e a falta de vegetação, não estavam a ajudar nada às minhas emoções enquanto corria desesperada para o estúdio de ballet. Era nestas alturas que eu tinha saudades de Forks, o verde das florestas transmitia-me segurança, os céus nublados transmitiam-me conforto e nada disto me atormentava.

O calor que se fazia sentir era outra coisa que me deixava desconfortável, poderia ter escolhido outro sitio para me esconder... James não teria vindo para Phoenix e não teria colocado a minha mãe em perigo, se eu me tivesse decidido a ir para outro lugar...

Não sejas estúpida! A minha mente gritou-me. Ele viria para Phoenix e raptaria a Renée de qualquer maneira... É a tua fraqueza.

E a consciência tinha razão, a minha família humana era a minha maior fraqueza. E eu iria resolver os meus problemas com James neste momento. Com estes pensamentos obriguei-me a correr mais depressa, puxando as minhas pernas aos limites humanos... Tinha pressa, mas ainda tinha que manter as aparências.

Assim que cheguei perto do estúdio, reparei que estava fechado, todas as janelas cobertas por percianas, impedindo o sol de entrar... James era dramático... Eu dar-lhe-ia o espectáculo da existência dele, antes da sua morte.

Respirando fundo, seguindo o rastro deixado pela minha presa, entrei no estúdio, a recepção estava como eu tinha memória dela, a secretária de atendimento e ainda algumas cadeiras junto da parede onde os encarregados de educação poderiam esperar que as suas filhas acabassem as aulas de ballet. Segui pela porta da esquerda, que dava para um grande salão, todas as paredes eram cobertas por espelhos, desde o chão ao tecto, as percianas estavam corridas, mas mesmo assim, o sol ainda entrava pelas frestas, dando alguma iluminação ao lugar. Inspirei fundo mais uma vez e soube que estava no lugar certo. O cheiro de James empragnava cada minúscula particula de ar naquela sala, quase mascarando o cheiro suave de calor e terra da minha mãe.

- Mãe?! – Chamei, primeiro precisava de saber que ela ainda estava viva.

- Bella! – A voz de Renée encheu o ar e eu corri para o lugar de onde a ouvira.

Quando a encontrei, reparei como o seu rosto estava pálido, os seus olhos vermelhos e o rastro que as lágrimas tinham feito marcavam o seu rosto jovial, deixando-o estranhamente mais velho. Os seus olhos pareciam loucos com o medo que neles brilhava e eu sentia-me ainda pior do que já me sentia.

- Mãe!

Tentei aproximar-me, mas senti o predador por perto e isso despertou a bruxa.

Trataremos dela mais tarde. A voz de Isabella encheu-me a mente e eu sabia quem devia ser naquele momento.

- Vim sozinha. – Disse para o ar, a minha voz estava tão forte como eu não me sentia. – Como disseste.

Um riso rouco chegou-me aos ouvidos, fazendo a magia nas minhas veias arder com força ao ponto de quase ser doloroso. A pobre Bella teria desmaiado perante a dor que a magia causava ao seu corpo, despertando cada pequena célula do seu corpo, acelerando a magia de tal maneira que eu própria sentia a mudança a remodelar o meu corpo... Mas eu não era Bella... Eu era Isabella, a poderosa bruxa que só agora estava a deixar que o seu poder surgisse à superfície.

- Bem vejo... – James respondeu, sentia a sua presença na minha pele, sentia a sua sede na minha garganta, sentia a sua mente na minha cabeça... Acabara-se o jogo do gato e do rato. Virei-me para o encarar, estando desejosa que ele se apercebesse das mudanças no meu rosto e que a pequena informação chegásse ao seu cérebro e informasse os seus sentidos, dizendo que a sua posição como predador acabara... – Sabes, este jogo foi muito mais fácil do que eu imaginei.

As suas palavras fizeram incendiar a sede que eu tão estupidamente tentara conter desde que pus a vista pela primeira vez nos Cullen. Como me poderia ter contido? A sensação de poder era maravilhosa, não compreendia como poderia ter sido tão... idiota.

A resposta está no teu coração... A voz suave que me encheu a mente não era a minha... e, por momentos, fez com que a bruxa vacilasse. Tu não queres ser um monstro.

Edward. Suspirei mentalmente, não poderia deixar que isso me impedisse de fazer o que é certo.

- Lamento decepcionar-te... – Disse, a minha voz como o mel... Doce mas viscosa, que prenderia facilmente os bichos. – Mas tu também me decepcionas-te.

O sorriso nos seus lábios fizeram aquela pequena percentagem de veneno no meu sangue arder. – A sério?

- Sim. – Respondi em tom de conversa. Emaranha-lho na minha rede, amarrar os nós, prende-lo de maneira a que os fios se prendessem em volta dos seus pulsos, pescoço e tornozelos, impedindo que ele se libertasse facilmente. – Esperava um pouco mais de desafio. Depois de viver em Forks, uma caça é o melhor para afastar o tédio... Mas tu? Não foste difícil...

- Ai não? – O seu tom era divertido, mas por detrás dele eu conseguia ouvir aquele tom que me dizia que estava a ter sucesso, o tom raivoso que o denunciava.

Sorri um pouco mais. – Não... Previsível... Demasiado. – Ponderei durante um tempo. – Sabes, a minha mente sincronizou-se com a tua num instante... E o Angel já te conhece... Foi canja.

- Mas troquei-te as voltas, não foi? – O meu sorriso esmorreceu.

O que James tinha de facilidade em irritar, tinha também em facilidade de ser o irritante.

- Apanhei a tua mãezinha... – Ele passou junto de Renée e tocou-lhe nos cabelos loiros agora totalmente desgrenhados. – Uma das tuas fraquezas... Sabia que ia resultar, pelo modo como reagiste na clareira com a tua prima...

Rosnei. Sentia uma vontade imensa de o matar, mas ainda não estava na hora... Primeiro teria que libertar Renée... Apesar de a mãe saber o que eu era, ela nunca iria ficar bem sabendo o que eu era capaz de fazer...

- Então sabes o que vou fazer a seguir, suponho eu...

Poderia ganhar tempo, usar magia nas cordas, fazendo com que elas se queimassem e libertassem a minha mãe...

Arriscado demais... O James é mais rápido... Acabaria com a mãe num instante e depois matava-te...

Ou poderia atacar e oferecer à minha mãe uma ida para o hospital psiquiatrico depois do choque que ela passaria...

E arriscarias ter que lhe apagar a memória acerca de ti... Para não falar que terias que apagar a memória dos humanos em Forks para que se esquecessem de ti e do pai para voltarem para Salem... Enquanto dicutia comigo mesma, num recanto esquecido da minha mente, os meus olhos seguiam James, procurando fraquezas...

- Espero que ataques. – Ele disse confiante, o sorriso escarnecedor encontrando o seu caminho para os lábios do vampiro. – Estou desejoso por um pouco de luta já que o teu namoradinho não ma vai dar.

Ele tocara no meu ponto fraco e não me consegui conter mais. Ataquei sem pensar duas vezes, todas as técnicas de luta aprendidas com Angel esquecidas, não havia qualquer ponta de racionalidade nos meus actos, apenas uma raiva cega. Mas o meu ataque foi feito curto, James curtara a minha investida dando-me um estalo com a sua mão no meu braço, lançando-me para longe, de encontro a um dos pilares do estúdio.

- Bella! – Ouvi a minha mãe gritar, mas não me importei, sentindo uma pontada de dor no meu ombro.

Assim que inspirei fundo, senti o cheiro e senti-me nauseada. Olhei para o meu ombro e era só o que me faltava, com a força com que James me mandara pelo ar, o meu embate com o espelho fê-lo partir-se e alguns dos seus fragmentos espetaram-se no meu ombro direito, encharcando a minha blusa com sangue.

- Ah... – Gemi, tentando pôr-me de pé. Mas antes que conseguisse, James aproximou-se os seus olhos loucos com a sede.

- Olha para ali. – Ele ordenou-me e eu olhei.

Senti vontade de bater com a cabeça na parede... Claro que James iria ter a câmara com ele... Fora tão estúpida ao achar que por mudar alguns eventos isso mudaria tudo.

- Espero que não te importes que tenha trazido a tua máquina de filmar... Queria que o teu querido Edward e o bom Angel vissem a minha vitória.

- Eu sou aquilo que tu queres. – Disse-lhe por entre dentes, tentando manter a naúsea longe. – Liberta a minha mãe.

- Hum... Não me parece... Afinal, ela também tem um cheiro delicioso... Não tanto como tu, claro, mas também é muito bom.

- Liberta-a. – Rosnei-lhe. – Se não...

- E o que tencionas fazer? Matar-me? – Ele riu-se. – Estás ferida... Nunca na tua miserável vida irias conseguir combater-me e libertar a tua querida mamã.

- Queres apostar?! – Uma nova voz disse, vinda das costas de James, olhando por cima do seu ombro, senti os meus olhos arregalarem-se.

No fundo do salão, perto da porta, estava Ana, os seus cabelos loiros ligeiramente despenteados (como se ela tivesse estado a correr), os seus lábios arreganhados sobre os dentes brancos e os seus olhos, tão negros como uma noite sem luar.

Surpresa, surpresa. Ana pensou e mesmo à distância a que eu estava, vi nos seus lábios surgir um sorriso provocador. Julgaste que eu iria perder a diversão, não foi?

Apesar da dor que sentia no ombro e a naúsea que me incomodava o estômago, sorri à minha gémea. Sim, julguei.

- Ora ora... A loirinha juntou-se a nós. – James riu-se saindo da sua posição de caçador. – É uma honra.

- A honra será minha quando te arrancar a cabeça. – Ana disse com um sorriso agridoce no seu rosto. – Nunca te ensinaram que não deves brincar com a comida? Ou melhor, nunca te ensinarão que os vermes se encontram na base da cadeia alimentar? Respeita os teus superiores.

Queria rir-me, mas a dor começava a incomodar-me muito para conseguir fazê-lo.

Liberta a mãe, eu distraio-o. A loira disse-me, nunca desviando o seu olhar do vampiro.

Levantei-me sem fazer barulho, mas James apercebeu-se virando-se para mim mais depressa do que eu me conseguia mexer. Uma das suas mãos frias empurrou o meu ombro magoado para baixo ao mesmo tempo que me empurrava contra o pilar novamente. A dor duplicou-se, vindo de pontos diferentes... A minha cabeça e o meu ombro... E como se não bastasse, assim que já me encontrava de novo no chão, James pisou a minha perna esquerda e o estalo que os ossos fizeram chegaram aos meus ouvidos apesar do grito que dei.

- Bella!!! – Ouvi o grito de ambas as loiras no recinto e senti as lágrimas cairem dos meus olhos.

- Ainda não acabei contigo. – Ele disse, os seus olhos estavam negros com a sede.

- Seu monstro! – Ana gritou e mesmo sem ver, soube o que a minha querida irmã ia fazer.

- Ana, não! – Gemi, tentando falar mais alto, tentando gritar, mas estava tudo a ficar escuro.

Não vi o que aconteceu, ouvi um estrondo e, então, os gritos de Renée, senti as mãos frias de James a segurarem-me no pulso do braço direito, fazendo a dor que já provinha do ombro aumentar. Gemi mais alto, sem forças para gritar.

- Diz as tuas últimas palavras para o teu namoradinho... – A voz de James estava demasiado próxima. – Pede-lhe que te vingue. A raiva alimentou a minha voz, dando-me forças para gritar.

– Edward, não! – Se pudesse, isto acabaria aqui, comigo, neste momento. – Não o faças!

- Se é assim que queres...

Fechei os olhos e esperei. Naquele momento, nem a magia que me corria nas veias me podia salvar! Eu não tinha forças para lutar, eu não conseguia fazer nada a não ser esperar que tudo acabasse. Era tudo o que eu podia fazer, deixar que ele me matasse! E rezar para que tudo acabasse depressa. Rezar para que a minha morte devolvesse a paz ao meu amor! À minha família...

Abri a minha mente, rezando que onde quer que ele estivesse, onde quer que Edward se encontrasse naquele momento, que fosse capaz de me ouvir.

Edward, eu amo-te... Pensei.

No meio da escuridão, atormentada pela dor dos meus ossos partidos, do meu ombro ferido e pela dor que surgira na cabeça depois do embate, surgiu uma nova dor que, por momentos, fez todas as outras desaparecerem. A dor do veneno do vampiro a entrar em contacto com o meu sangue...

E então, nada mais sentia.


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