Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 20
17º Capítulo - Explicações




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(Bella POV)

 

- Eu?! – A minha voz saia tão rouca e incerta.

Parecia um sonho… um daqueles mesmo muito estranhos, no qual uma pessoa não sabe se está a dormir se está acordada de tão real que parece.

- Só podes estar enganado… - Ele contara, ele mostrara e, no entanto, eu não conseguia acreditar.

- Quem me dera! – Joe disse ajoelhando-se à minha frente. – A menos que não te chames Isabella, não és a minha querida cunhada.

O mesmo nome! Era impossível.

- Qual era o apelido dela?! – Não sabia sequer como é que eu estava a aguentar tudo tão bem.

Edward estava paralisado ao meu lado, o seu rosto congelado numa expressão que estava entre o choque, a dor, a confusão e… eu julgaria estar enganada, mas já aprendera a estudar demasiado bem o seu rosto, alegria. Até o meu pai estava em versão estátua do lado oposto a Edward, mas no seu rosto não havia pontada nenhuma de estranha alegria, só confusão, choque e… raiva. Eu não gostava da expressão de nenhum dos dois. Tal como não achava graça nenhuma à expressão de Alice que estava com um sorriso demasiado amplo no seu rosto igual a Ana, nem da expressão no rosto de Esme que estava demasiado próxima da expressão das duas videntes, já o rosto de Emmett, Rosalie e Jasper estava apenas surpreendido, o de Carlisle estava sereno, inexpressivo.

- Disso, eu recordo-me! E não deves assustar-te, Bella. – Carlisle pronunciou-se. – É uma coincidência muito grande, Joe, o facto de ambas se chamarem Isabella, mas a noiva do Edward não tem nada a ver com a minha sobrinha!

O meu coração disparou, não que Carlisle já não se tivesse dirigido a mim com muito carinho e já não se tivesse referido ao meu pai como seu irmão, mas ainda não se tinha referido a mim como sua sobrinha.

- A Isabella que conheceste chamava-se Prime. Aqui a nossa Bella é Swan, não Prime. – O médico continuou com a sua explicação. – Lamento desiludir-te.

- Carlisle! – O meu pai chamou-o saindo da sua forma petrificada. – Por acaso, não julgas que a minha filha… - Reparei perfeitamente no modo como ele enfatizou o pronome possessivo ao referir-se a mim. – Possa ser a reencarnação dessa rapariga, pois não?

Carlisle olhou para Esme e depois olhou para mim. – É uma possível explicação.

Reencarnação? Isto estava a tornar-se demasiado para a minha pobre e humana cabecinha!

- No entanto, há outra pessoa que tem que se explicar! – O meu pai disse olhando para Ana. – Diz-nos, filha. Em que circunstâncias viste o Joe.

Ana olhou para todos nós e depois fixou o seu olhar nas suas mãos que estavam suspensas sobre o seu colo. – Não fui bem eu que o vi. – Eu nunca tinha visto Ana tão insegura como ela estava naquele momento. – Foi a Emily. Ela disse-me que ele viria! Disse-me que eu deveria vir com ele para Forks, que era isso que me faria chegar a tempo.

- Quando foi isso, Ana? – A voz de Esme estava muito doce, paciente e carinhosa. Quase me fez lembrar a voz da Avó quando ela tentava fazer com que Ana ou Emily lhe dissessem o que viam. – Quando é que a Emily te disse que o Joe iria passar por Salem?

- Hoje de madrugada. – Ela disse baixinho. – Andávamos preocupadas, não conseguíamos dormir e a Emily andava a ter visões mais recentemente, muitas mais vezes do que eu. A Avó disse que era por ela estar com grande afinidade ao meu dom, por estar sempre comigo. Mas a Em andava a visionar outras coisas, ela focava-se numa pessoa… não no futuro da pessoa, mas ela seguia todos os passos dessa pessoa. Acabou por me dizer que eu tinha que vir para Forks…

- Porquê?! – Perguntou Rosalie, pronunciando-se pela primeira vez desde que Ana e Joe chegaram.

- Ela estava a vê-lo. – Ela olhou para Joe e eu percebi um brilho de irritação nos seus profundos olhos azuis. – Disse-me que eu tinha que vir porque a Bella ia precisar muito de mim, que eu precisava de estar perto da Bella quando eu visse aquilo que mudaria o decorrer das coisas, que eu tinha que vos vir avisar.

- Podias ter telefonado. – Disse-lhe recordando-me da visão que me avisara do futuro e da sua presença. – Fizeste-me pregar-lhes um grande susto. Esqueces-te que eu não reajo bem às tuas invasões?

- Desculpa. Mas não sabia como avisar da visão! Foi muito de repente! – A sua voz estava assustada, eu conhecia Ana demasiado bem para saber que eram poucas as coisas que realmente a assustavam (algo que eu achava exagerado e a assustava imenso era fazer compras num Wal-Mart). – Foi no momento em que o Joe pisou os terrenos de Forks que eu vi os três vampiros, sabes que as minhas visões vêm de repente ou quando eu me concentro mesmo muito, mas isto foi diferente! Foi como se houvesse um tipo de aviso, foi diferente das outras vezes! – Ela parou por um segundo. – Foi isto que se passou.

A sua voz ecoou na minha mente. A Emily disse-me também que se alguma rapariga desta zona tocasse num único cabelo do Joe que ela acabaria com a vida dessa desgraçada. O olhar que ela me lançou respondeu à pergunta que me surgiu na mente. Ele para ela é o que o Edward é para ti e o Jacob é para mim.

Desculpa por me ter atirado ao Jacob… Pensei olhando-a nos olhos, sabendo que ela iria ouvir.

Era necessário! Não te culpo… O Eddie não te ia contar mesmo… Ela pensou encolhendo ligeiramente os ombros de modo a que só eu percebesse. Ele reagiu bem…

Bem melhor do que eu esperava… Mas podias ter-me contado tu. O olhar que lhe lancei passou despercebido a todos.

E tirar a graça de ele ter que te salvar? Ora isso era uma seca! Ela retribuiu o olhar. A Tia Esme ficaria feliz de te ter visto mais cedo… Mas os outros poderiam não te ter aceite tão facilmente. Assenti com a cabeça lentamente, ela conseguia ter razão mesmo quando estava errada (contraditório, não? Pois, mas essa era a verdade sobre Ana).

- O que fazemos agora? – Perguntou Jasper fazendo Ana e eu olharmos para ele. – Com esses vampiros a virem aqui e a tentarem caçar a Bella, não podemos deixá-la aqui!

Eu não esperava ouvir aquilo de Jasper mas também não podia deixar que eles se arriscassem por mim.

- O Jasper tem razão, Bella. – Foi Edward que disse fazendo-me olhar para ele. Eu sei o que estavas a pensar, não vamos permitir que fiques em perigo, ele pensou colocando-me a mão no ombro.

Coloquei a minha mão sobre a dele, sentindo-a mais fria do que estava antes e pensei. Obrigada, mas não quero que se arrisquem por mim.

O seu olhar endureceu. Não sejas tonta! Fazes parte desta família! E eu não permitirei que aquele monstro te toque. Tu és minha.

Não pude deixar de corar com a intensidade dos seus pensamentos, ele passava o tempo todo a dizer-me por outras palavras que me amava e eu nem sequer tinha coragem de lho dizer.

- Desculpem… - Joe tirou-me do meu transe. – Não quero ser intrometido, mas quem são esses vampiros que vêm atrás da Bella? Quando entrámos em Forks, a Ana dizia algumas coisas sobre um vampiro loiro e uma sala de espelhos…

Olhei para Ana e ela assentiu com a cabeça olhando depois para Alice. Não foi necessário dizer a Alice o que a minha gémea queria, a fadinha levantou-se e desapareceu por meio minuto para depois surgir com um caderno de desenho e um lápis que entregou a Ana. A loira não demorou meio segundo para começar a trabalhar, os seus olhos focados na folha, perdendo algumas vezes o foco enquanto as suas mãos trabalhavam minuciosamente na folha, quando ela acabou na folha estava um rosto belíssimo emoldurado por longos cabelos que estavam apanhados num rabo-de-cavalo e um sorriso cruel nos lábios que me encheu de arrepios.

Joe pegou na folha e depois de a examinar olhou para Alice e depois novamente para a folha.

- Tu conhece-lo! – Acusou a pequena fada com um tom rígido.

- O quê?! – Todos perguntámos ao mesmo tempo.

- Como te atreves a acusá-la?! – Jasper exclamou levantando-se do chão e agarrou em Joe pelo colarinho do casaco de ganga que ele usava. – Não te atrevas a repetir o que disseste! Ou eu juro que te mato!

- Jasper! – Ralhou Esme.

- Eu não estava a acusá-la de nada, General! – Joe disse olhando Jasper nos olhos. – O passado da sua esposa está ligado ao vampiro que a Ana viu! Ele foi a causa dela ter sido transformada!

Ficámos todos em silêncio. Jasper largou Joe como se este lhe tivesse dado um choque; Emmett mexeu-se rapidamente para o lado de Jazz, o seu rosto estava num misto de fúria e incredulidade, como se ele pensasse que iria estrangular Joe; Rosalie veio para junto de mim, Ana e Alice, colocando-se mais perto de Alice com um tom cauteloso sempre que olhava para Joe e um olhar preocupado quando olhava para a vampira com ar de fada; Esme levara as mãos à boca com o espanto e olhava para Alice com preocupação, tal como Carlisle que estava ao seu lado, mas ele apenas olhava preocupado para Alice; Edward mexera-se para ficar mais próximo da irmã e o meu pai avançava cautelosamente para junto da minha amiga.

Dizer que todos parecíamos estátuas a olhar para Joe era verdade, mas num momento, estava tudo silencioso e no seguinte Alice agarrava Joe pelo colarinho do casaco como Jasper fizera antes.

- Diz! Diz-me o que sabes sobre mim?! – Ela gritava abanando-o. Isso deixou-me espantada, não pensava que Alice poderia reagir assim. – Como é que sabes isso! Diz-me!

- Acalma-te! – Disse-lhe Joe tentando afastá-la de si. – Sei porque vi!

- Como assim?! – Perguntou Edward. – Como é que viste?

- É o meu dom! – Explicou Joe olhando para o irmão. Ok, isto foi estranho de pensar. – Eu vejo o passado. – O seu olhar percorreu todos da sala, o seu olhar parou primeiro em Carlisle. – O seu é interessante, uma história de vida com que todos poderíamos aprender. – Depois o seu olhar passou para Esme e o seu rosto ficou triste. – Lamento imenso a sua perda, minha senhora. Mas devo agradecer-lhe por ter tomado conta do meu irmãozinho. – O rosto de Esme entristeceu-se também, mas Joe olhou logo para Rosalie. – Se eu estivesse convosco quando a senhorita se juntou à família, eu próprio teria destruído aqueles que a obrigaram a juntar-se a este estilo de vida. – O rosto de Rose contorceu-se numa careta de dor mas foi o rosto de Emmett que mostrou descontentamento perante as palavras de Joe, que olhou seguidamente para ele. – O senhor… Devo dizer que não foi inteligente passear por uma floresta cheia de ursos pardos acabados de sair da hibernação, mas vejo no seu passado que foi um irmão para o Edward, olhou por ele como eu teria olhado. Obrigado.

Cada um daqueles que já tinha ouvido as palavras de Joe, olhava para ele com incredulidade e seguia o seu olhar esperando pelas palavras que ele iria dizer a seguir. As suas palavras reverberavam na minha mente tanto como ele as tinha dito como aquilo que ele dizia ter visto, diferentes tipos de dor, diferentes modos de como a morte chegou para cada um deles. Senti novamente as lágrimas a formarem-se no meu rosto enquanto assistia silenciosamente ao passado de cada um daqueles que eu já julgava como da minha família.

- Quem sou eu?! – Perguntou Alice exasperada, não aguentando mais o tempo que o vampiro demorava para lhe dizer a verdade. – Diz-me de uma vez.

- Ele vê no teu passado que te chamas Mary Alice Brandon. – Disse Edward, olhei para o seu rosto e vi-o tentar conter a dor que sentia. – Ele vê que foste colocada num manicómio devido às tuas visões, que a tua família te abandonou.

Vi o rosto de Alice contorcer-se com dor pelo que Edward lhe contava. Aproximei-me dela e abracei-a, senti o seu corpo tremer com um soluço e algo molhar-me a camisa.

- Alice. – Eu sussurrei ao seu ouvido fazendo-a olhar para mim. – Sei que queres mesmo muito saber a verdade do teu passado, embora saibas que te vai magoar. – Ela assentiu, os seus olhos castanhos esverdeados brilhando com as lágrimas. – Desculpa, amiga.

Sabia que estava fraca, demasiado cansada pelo uso de magia, mas queria fazer este favor à minha nova amiga. Foquei-me na mente de Joe, vendo as imagens passarem pela minha mente vezes e vezes sem conta e depois toquei no rosto de Alice, deixando que aquelas imagens passassem para a sua mente. Vi os seus olhos arregalarem-se primeiro com surpresa, mas depois outras emoções passaram por eles, entre elas a dor e a tristeza. Quando a larguei, senti novamente a fraqueza tomar o meu corpo e perdi o equilíbrio para ser agarrada por Edward que me sentou no sofá encostada ao seu peito.

- Não devias esforçar-te tanto. – Ele sussurrou no meu ouvido fazendo-me virar para ele. – Isso não te deve fazer nada bem.

Assenti e depois ambos olhámos para Alice que estava paralisada no mesmo sítio, Jasper ao ver a esposa naquele estado apressou-se para o lado dela.

- Ali? – Ele chamou-a carinhosamente e depois olhou para mim. – O que fizeste?

- Ajudei-a a lembrar-se. – Respondi.

Os seus olhos iluminaram-se com compreensão e depois viraram-se para Alice que despertou daquele transe e me abraçou com mais força do que antes.

- Obrigada, Bella… Obrigada, Joe. – Ela disse virando-se para o vampiro moreno.

- Sempre às ordens. – Joe respondeu fazendo uma pequena vénia educada.

- No entanto, isso traz-nos de volta ao nosso problema. – Disse Charlie trazendo a atenção para si. – Ana, quando é que o James vem para Forks?

Ana focou-se no futuro e quando voltou deu um sorrisinho e olhou para o pai.

- Ainda temos tempo… Eles só vêm no domingo. – Ela respondeu.

- Hoje é quarta… Não é tempo suficiente. – Contra-disse-a eu.

- Ora ai te enganas! – Foi Carlisle que me respondeu olhando para o meu pai em seguida com um sorriso travesso no rosto. – Disseste que íamos jogar basebol… e é o que vai acontecer. Mas tenho uma ideia melhor do que sermos só nós os Cullen a jogarmos.

- Isso é um convite, meu irmão? – Perguntou Charlie com o mesmo sorriso no rosto.

- Eu tenho um plano.

Todos olhámos para Carlisle com ares curiosos e confusos, mas o seu ar estava bastante confiante, a sua mente estava a bloquear-me e isso impedia-me de apanhar qualquer coisa antes que o médico partilhasse o seu plano.

 

 

(Edward POV)

 

Se eu fosse humano, de certeza que já teria desmaiado ou, talvez, teria tido um ataque cardíaco. Perguntei-me se Bella se sentia tão esmagada pelas novidades como eu, certamente ela estaria pior, afinal, ela era mais humana do que alegava ser.

Quando a vi perder os sentidos nas escadas quando a ia levar ao carro, senti-me entrar em pânico e quando ela no meio da sua inconsciência nos dizia o que via… senti-me inútil, não a podia ajudar, não podia fazer nada! Nem entrar na sua mente eu podia! Saber que ela seria caçada por um da minha espécie foi a gota de água… Todos reagimos… mas eu não sabia sequer como reagir, deveria ficar desolado? Furioso? Preocupado? Eu não sabia qual dos sentimentos era mais forte, sentia-me desolado por eu a estar a colocar em perigo, sentia-me furioso por um monstro a querer morta quando ela era minha e sentia-me preocupado… claro que esse haveria de ser um dos mais fortes, depois de saber que estar comigo colocaria a sua vida em risco iria fazê-la pensar duas vezes antes de querer estar comigo novamente… Afinal, por tudo o que ela sabia (não importava que parte da sua família fosse composta por vampiros), nós éramos monstros… eu era um monstro.

Não sabia se desejava chorar de desespero ou se destruir coisas com fúria… Era tudo demasiado novo… O sentimento de me importar assim com alguém era forte demais para tudo aquilo que eu já tinha vivido… Tal como o ciúme era uma coisa nova e tão violenta sentida por mim, o sentimento de que estavam a mexer com algo que me pertencia, que era meu, era tão poderoso e violento como o ciúme. Eu não sabia o que fazer…

E quando Ana surgiu na floresta com Joe… Eu estava curioso por conhecer a irmã da minha Bella, mas naquele momento, as preocupações e as outras emoções fortes fizeram-me esquecer por completo da minha curiosidade sobre a chave que Ana poderia ser para o puzzle que Bella era… E o novo visitante com os olhos carmins despertava as minhas preocupações e a minha fúria ainda com mais força, eu já estava preocupado com o ataque de um desses vampiros… Ainda tinha que ter outro no mesmo lugar que o meu anjo minutos após eu saber que esperávamos um ataque? Era demasiado para a minha sanidade.

Como se não bastasse tudo o que eu sentia, ainda tive que adicionar confusão pela identidade do vampiro recém-chegado… Masen, disse ele… As suas memórias diziam-me que eu o conhecia… diziam que ele me conhecia… diziam que ele conhecia Bella. Tantas perguntas surgiram… não conseguia fazer-me perguntá-las… nem exigir explicações eu conseguia, estava demasiado atordoado pelas verdades que me tinham contado.

Na minha cabeça, embora eu tivesse imenso espaço adicional para pensar outras coisas, era difícil organizar as boas e as más novidades… Nem organizar por factos eu consegui. Um facto que eu conseguira, sem dúvida, tirar do meio da confusão fora que antes de eu ter conhecido a Bella de agora, eu tinha a conhecido como um bebé e que já nessa altura, ela tinha tocado o meu coração, este era o facto mais simples que eu conseguira tirar… Outro: Joe era meu irmão. As suas memórias correspondiam a algumas das minhas, as dos pais, da Gripe… outras nem por isso… eu não conseguia lembrar-me da dita noiva que ele alegava que eu tinha tido! E ele alegava que a minha noiva tinha sido a Bella! Eu lembrar-me-ia se Bella já tivesse sido minha noiva, disso eu tenho a certeza! Mas ele próprio mostrou-me nas suas memórias a minha Bella ao meu lado… Como podia ser que eu não me lembrava de nada?

Vampiros poderiam ter dores de cabeça? Eu acabava de fazer uma nova descoberta, sim podiam!

Mais coisas confusas… Joe dizia que Alice conhecia o vampiro que ia andar atrás da minha Bella! Mas… outro facto que era verdade… Alice não se lembrava de nada da sua vida humana, como poderíamos desmenti-lo quando ele dizia (e eu podia confirmá-lo) que via o passado?

Bella parecia estar a levar tudo com muita calma… e em menos de dois dias, eu perguntei-me se ela estaria a entrar em choque. Não seria possível alguém aguentar tanta noticia chocante e não apresentar sequer algum sinal de desconforto, mas Bella não, ela era superior a isso tudo… ela não era como os outros. Tal como a sua preocupação pelos outros primeiro em vez do seu bem-estar… Vi-a, pela terceira vez neste dia, perder as forças e agarrei-a antes que ela caísse.

- Não devias esforçar-te tanto. – Sussurrei-lhe enquanto a encostava a mim. - Isso não te deve fazer nada bem.

Eu teria que esforçar-me muito para que ela conseguisse pelo menos esquecer-se um pouco dos outros para tratar de si… Mas eu estava disposto a aceitar essa missão para toda a minha eternidade.

Vi Jasper dirigir-se para junto de Alice.

- Ali? – Ele chamou-a, mas Alice estava perdida nas memórias que Bella lhe restaurara, pelo que não o ouviu. - O que fizeste?

- Ajudei-a a lembrar-se. – Bella respondeu-lhe, a sua voz estava calma e não aparentava sinais de cansaço, mas eu sabia que não era essa a realidade.

Pouco depois Alice saiu do seu passado para voltar ao presente e abraçar Bella com força.

- Obrigada, Bella… Obrigada, Joe. – Ela disse para os dois, lágrimas pequenas corriam pelo seu rosto delicado de fada e eu senti pena da minha irmãzinha.

- Sempre às ordens. – Vi Joe curvar-se numa vénia e não pude evitar mas sentir um pouco de raiva… Consegui prever sem a ajuda de Alice que ele deixaria de ser só Masen para passar a ser um Cullen também… e eu não gostava que ele me fosse tirar o lugar do eterno cavalheiro do século XX.

- No entanto, isso traz-nos de volta ao nosso problema. – Charlie disse repentinamente, tirando-me dos meus pensamentos e voltando para o presente. - Ana, quando é que o James vem para Forks?

Foi quase como ver uma versão estranha de Bella… Uma mistura de Bella, Alice e ainda Rosalie numa só pessoa… Quase. Os olhos da Swan loira ficaram desfocados e quando ela os voltou a focar, os seus lábios abriram-se num sorriso travesso.

- Ainda temos tempo… Eles só vêm no domingo. – Ela respondeu com muita calma.

- Hoje é quarta… Não é tempo suficiente. – Bella contrariou a irmã, a sua voz agora preocupada.

- Ora ai te enganas! – Contra-disse Carlisle com um sorriso travesso no rosto, também. - Disseste que íamos jogar basebol… e é o que vai acontecer. Mas tenho uma ideia melhor do que sermos só nós os Cullen a jogarmos.

- Isso é um convite, meu irmão? – Charlie questionou imitando o sorriso do meu pai e da sua própria filha.

- Eu tenho um plano. – Carlisle respondeu.

Aquilo subitamente deu-me uma esperança renovada, seria possível livrar Bella de sofrer o atentado à sua vida? Eu confiava no meu pai para ser o homem que encontraria a resposta para a minha pergunta, ele costumava ter quase sempre uma resposta para os nossos problemas… E eu sabia que ele considerava Bella como sua sobrinha, embora o carinho que ele sentia por ela não se aproximasse do carinho que um tio sente por um sobrinho mas sim do carinho que um pai sente por um filho.

- E qual é o plano, pai? – Perguntei, fazendo-o olhar para mim com os seus olhos azuis a brilhar.

- Sozinhos, não conseguiremos tratar do assunto. – Ele disse olhando para todos. – Embora sejamos mais que eles, o James é uma força imparável! É difícil combatê-lo utilizando só a força bruta… é necessário sermos mais inteligentes e mais rápidos que ele para termos alguma hipótese. Mas nós temos duas armas que ele não tem… se calhar até temos mais! Temos dois leitores de mentes na família e duas videntes… Uma que estará atenta a todas as suas decisões e outra que estará atenta a todos os finais possíveis que surgirem para este… desentendimento.

A escolha de palavras de Carlisle era interessante… Mas eu não estava a ver onde é que termos dois leitores de mentes e duas psíquicas nós dava alguma vantagem… no fim de contas, caso houvesse necessidade de lutar, continuaríamos a ter dois pontos fracos por toda a batalha.

- Oito contra três com dois pontos fracos, não me parece uma luta favorável, Carlisle. – Disse Jasper… pelos vistos não era eu o único a pensar que Bella e Ana poderiam ser demasiado vulneráveis num campo de batalha era a nossa fraqueza.

- Mas quem disse que seriamos só oito? – Perguntou Carlisle olhando divertido para o meu irmão (Jasper). – Claro que a Isabel e o Angel também iriam querer jogar. O jogo já passava a ser favorável para o nosso campo.

- Não se pode esquecer da Emily! – Exclamou Ana muito de repente. – Ela não o iria perdoar se não a incluísse no seu plano!

- A Ana tem razão! – Bella interrompeu parecendo subitamente mais interessada e menos cansada do que há pouco. – Os poderes da Emily seriam imensamente úteis e ainda por cima ela conseguiria saber se algum vampiro do outro clã tem algum poder.

- Qual é o poder da Emily? – Perguntou Emmett com um interesse fora do comum.

- Ela é uma copycat. – Respondeu Bella vendo o meu irmão urso fazer uma careta de confusão. – Ela imita os poderes que a rodeiam.

Isto era interessante. Ou pelo menos estava-se a tornar.

- E podíamos pedir ajuda aos lobos! – Sugeriu Ana fazendo-nos calar a todos.

Olhámos para ela como se ela fosse doente da cabeça, porque só podia! Ela tinha praticamente acabado de chegar e já sabia da existência dos lobos em La Push? E ainda queria que lhes pedíssemos ajuda? Ela só podia estar louca.

- Eles ficariam muito contentes em ajudar. – Ela insistiu vendo a cara de todos.

- Como podes ter tanta certeza? – Perguntou Joe olhando desconfiado para ela.

- Oh, tolinho! Eu vejo o futuro lembras-te? – Ela retorquiu apontando para a sua cabeça como eu fizera com Bella quando lhe falara do meu poder.

Reprimi a vontade de me rir, mas vi Bella ao meu lado revirar os olhos e apertar os seus lábios um contra o outro a tentar impedir o seu riso. Sorri ligeiramente ao vê-la normalizar.

- E o cheiro deles? – Perguntou Rosalie erguendo uma sobrancelha. – Achas que o irias aguentar, semi-vampira?!

As duas loiras olharam-se e por momentos perguntei-me se Ana não teria nascido no tempo errado com a irmã errada, Ana e Rose eram parecidas devido aos cabelos loiros, à pele branca e à beleza exuberante que ambas tinham, mas os tons azuis dos olhos das duas eram totalmente diferentes. Os olhos azuis de Rose faziam lembrar safiras e os azuis de Ana faziam lembrar o céu com a profundidade do mar.

- Chamo-me Ana, muito prazer, Rosie! – Ana disse com a voz carregada de sarcasmo. – O cheiro não me iria incomodar… E desde que existissem o número suficiente de seres mágicos a usar magia no mesmo lugar… também não te iria incomodar a ti.

A resposta calou Rose e deixou-me surpreendido como Ana poderia estar a mostrar-se ser tão diferente de Bella.

- Importam-se de parar as duas? – Perguntou Bella olhando para as duas loiras com as sobrancelhas franzidas. – Deixem Carlisle acabar de dizer o seu plano.

Esta era uma das muitas razões por eu a amar…

- Muito obrigado, Bella. – Carlisle agradeceu. – Como eu estava a dizer… Com os restantes Swan seremos muitos mais e o James não terá quaisquer hipóteses. E a Ana tem razão… Os lobos seriam uma grande ajuda.

- Poderiam vir a ser. – Concordei. – Mas como é que os faríamos aceitar ajudar-nos?!

Vi Bella e Ana trocarem um olhar e depois vi Charlie olhar para elas desconfiado.

- Há alguma coisa que as meninas não nos estejam a contar? Ou que não me queiram contar? – Ele perguntou, o seu tom estava cheio de implicações que eu não conseguia ver na sua mente.

Vi as duas irmãs corarem no mais bonito tom rubro. Vi Joe mexer-se inquietamente no outro lado da sala e pelos seus pensamentos ouvi que ele tentava ignorar a cor nas bochechas das duas raparigas.

- Ahn… Pai… - Bella começou e recordei-me do que ela me contou de como ficou a saber que eu era um vampiro pelo jovem Black… o lobo.

- Sabes, papá… - Disse também Ana, nervosa e na sua mente eu podia ver a reacção que ela achava que o seu pai iria ter. – Sabes que… Bem… O meu futuro…

- Oh, não! Nem pensar! Que nem vos passe isso pela cabeça! – Charlie exclamou olhando para ambas as filhas.

- Pai… - Ana disse, a sua voz parecia saturada. – Por favor… Não é como se lhe fosse fazer diferença!

- Anabella, tu estás a ouvir-te?! – Charlie pôs-se de pé e praticamente gritou para a filha. – Tu queres condenar um ser inocente à vida amaldiçoada de ser um ser sobrenatural!

Bella encolheu-se e encostou-se mais a mim, instintivamente, coloquei os meus braços à volta dela protectoramente.

- Odeio isto. – Ela sussurrou muito baixo, como se não quisesse que eu ouvisse.

- Quando ele se tornar, ele vai saber entender! – Ana gritou de volta, reparei que os seus olhos azuis começavam a tomar uma tonalidade mais escura. – E tu sabes disso!

- Charles… Ana… Por favor. Vocês têm que parar. – Carlisle pediu calmamente.

- Parar?! – Charlie não parecia estar a conseguir conter a raiva que, supus eu, tinha tomado conta dele. – Carlisle, não sei se estás a perceber a questão… Aqui a tua sobrinha está a querer acelerar o processo de transformação num dos lobos!

- Mais cedo ou mais tarde vai acontecer! – Ana interrompeu-o e eu perguntei-me se ela teria sequer noção do estado de fúria em que o pai dela estava. – E é preferível que ele se transforme enquanto eu estiver aqui do que depois! Tens ao menos noção dos problemas que ele poderá vir a trazer caso eu não esteja aqui?

Bella continuava agarrada a mim, estava tão quieta que perguntei-me se teria adormecido outra vez, mas percebi que estava apenas a inspirar o meu cheiro, como se tentasse acalmar-se. Encostei a minha cabeça à sua e inspirei o seu odor, tentando ignorar as imagens que passavam na mente de Ana… Pareciam visões antigas, mas eu não gostava do seu conteúdo.

- Que mal poderá fazer, Ana?! – Bella perguntou, afastando-se de mim, os seus olhos estavam focados na irmã, como se não vissem mais nada. – O que é que o Jacob vai fazer se não te conhecer logo que se transformar em lobo?!

- Foste mais eficaz do que pensavas… - A loira disse olhando a minha morena nos olhos. – A tua… persuasão foi levada como um bocadinho mais de interesse da parte do Jake. E ele não é daqueles que desistem facilmente.

Então as imagens na mente de Ana tomaram um novo sentido… um possível futuro em que havia uma bola de pêlo entre mim e a minha Bella.

- Então sou obrigado a dar razão à Ana, Charlie. – Disse-lhes. – É preferível que o lobo se transforme mais cedo e na presença da Ana do que mais tarde e traga problemas. – Os olhos de Charlie arregalaram-se e poisaram em mim, cheios de incredulidade. – Por favor, tente entender… Os lobos são instáveis…

- Eu sei disso! – Ele exclamou. – Porque é que achas que eu não quero nenhuma das minhas filhas a menos de dois quilómetros dele quando ele se transformar?! Acredita, rapaz, ainda tens muito que viver para aprenderes metade do que os meus duzentos anos me ensinaram!

- Pelo amor de Deus, acalmem-se todos. – Esme pôs um ponto final na discussão. – Charlie, não achas que já chega por hoje? Tivemos uma noite muito cheia… Elas precisam de descansar… - O seu olhar recaiu sobre Bella que se voltara a “colar” a mim e sobre Ana que se voltara a sentar e olhava para o chão como se esperasse alguma coisa.

- Sim… tens razão. – Charlie pareceu reconhecer a razão de Esme. – Meninas, vamos embora.

- Charlie, se calhar devias ficar… A viagem até vossa casa ainda é longa e tu também deves estar cansado… Sei bem a quantidade de energia necessária para tornar um de nós em semi-humano, devo imaginar quanta energia utilizaste para nos tornar a todos. – Carlisle raciocinou com o bruxo. – Fiquem cá… temos camas em todos os quartos.

- Não me importo de ceder a minha! – Ofereceu Alice rapidamente. – Afinal de contas não dormimos, não é?

- E eu a minha! – Rosalie também ofereceu, fazendo Emmett olhar para ela quase que escandalizado.

Pensei em oferecer a minha cama também… Mas a minha consciência alertou-me para o facto de que se eu oferecesse a minha cama, só haveria uma pessoa a deitar-se nela… e essa pessoa certamente seria Bella… e Charlie estava comigo debaixo do seu olho.

Olhei para Bella, ela não parecia estar ali, os seus olhos tinham-se focado em algum lugar distante… e o facto de eu não poder saber em que lugar é que o seu pensamento estava era extremamente frustrante.

- Não podemos ficar. – A sua voz surpreendeu-me, estava tão distante como o seu olhar.

- Não sejas tola, Bella. – Disse-lhe Alice, tentando tirá-la daquele estado. – Ouviste a Esme… Vocês são família.

- Sim, mas...

- Está decidido! – Interrompeu-a Rosalie fazendo todos olharmos para ela. – Vocês ficam e ponto final. Ali, vamos arranjar qualquer coisa para a Ana e a Bella vestirem para poderem dormir.

Alice e Rose levantaram-se e cada uma agarrou numa das gémeas puxando-as consigo, deixei Bella ir com Alice, contrariado. Depois de elas as quatro desaparecerem pelas escadas, Charlie deixou-se cair num dos sofás e suspirou.

- Esta noite não durmo! – Ele resmungou.

E aquela pequena afirmação não me agradou… Se Charlie estivesse a dormir, eu poderia esquivar-me e entrar no quarto onde Bella fosse dormir e observá-la-ia durante toda a noite, tal como costumava fazer… Mas com o pai do meu amor acordado, isso seria uma missão impossível.


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