Twilight - a Magia do Amor escrita por Sol Swan Cullen


Capítulo 21
18º Capítulo - Salem




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(Bella POV)

 

Era difícil contrariar Alice e Rose quando se juntavam… Edward tinha-me avisado disso e na altura eu duvidara ligeiramente, mas agora o seu aviso confirmara-se. Porque é que elas não podiam perceber que eu não podia continuar a abusar da hospitalidade deles? Família ou não, não me sentia bem por estar a ficar na casa deles e dormir quando sabia que nenhum deles o iria fazer. Até porque era facto confirmado, tanto pela minha mãe como pela Ana, que eu falava durante o sono… seria humilhante estar na companhia de qualquer um dos Cullen depois de eles ouvirem as baboseiras que eu certamente falava durante o sono.

No momento, estava no quarto de Alice e Jasper (que era assustadoramente pintado em tons de cor-de-rosa, lembrando o quarto de Ana em Salem), esperando que Alice encontrasse algo que eu pudesse usar durante a noite… Eu sem dúvida que iria dar graças aos céus quando me encontrasse em casa com as minhas calças e camisola velhas para dormir. Podia ouvir a pequena fadinha dentro do armário (eu deveria repensar a definição de armário quando me referia ao lugar onde a fada guardava as suas roupas, nem a Tia Izy tinha um armário tão grande e ela era louca por compras), ouvia também na sua mente a indecisão sobre o que haveria de me obrigar a vestir. Para Ana fora fácil, felizmente (para Alice e não para mim), a minha irmã compartilhava com Alice a mesma paixão por compras e o mesmo dom… logo foi só a loira entrar no quarto que sabia logo o que haveria de vestir (coisa que Alice aprovou imenso pois a camisa que a minha irmã escolhera era demasiado… descapotável).

- Ah! Ah! – Alice gritou de forma vitoriosa e eu encolhi-me, temendo interiormente que aquilo que a fada me tinha escolhido fosse pior do que Ana escolhera. – Isto vai ficar per-fei-to! – Ela até enfatizou a última palavra… Era razão para estar com medo.

Quando Alice saiu das portas duplas do seu armário, carregava um pedaço de tecido azul… o mesmo tom de azul da minha camisola… o tom de azul que Edward elogiara na minha pele… Compreensão desceu sobre mim quando ela me mostrou a peça de cetim azul (não me atreveria a chamar àquilo camisa de dormir, nem doida!).

- Oh, não… Nem penses, Alice! Eu não vou usar isso! – Exclamei pondo-me de pé em seguida. – Nem pensar!

- Oh, vá lá, Bella! É só uma inocente camisa de dormir… - Alice tentou convencer-me, usando o mesmo tom carinhoso e semi-amuado que Ana usava quando tentava convencer-me de algo que eu não queria (ou não gostava). – E vai ficar perfeita na tua pele! A sério, acredita em mim.

Tentei dirigir-me lentamente para a porta, tentando evitar que Alice reparasse nos meus pequenos movimentos. Não iria usar aquilo de modo algum… era demasiado curto e mostrava demasiadas extensões de pele para quem quisesse ver.

- Não, Alice. – Disse firmemente… Porque será que sinto que é uma batalha perdida este assunto com Alice?

O rosto de Alice passou de calmo para uma daquelas expressões de cãozinho sem dono, os seus olhos pareciam tristes e à beira das lágrimas e os seus lábios estavam a fazer beicinho… Tudo menos aquilo…

- Por favor… - Mais beicinho. – Siiiiiiiiiiiiiim?!

Aquela carinha afectava-me muito… Já quando Ana a usava, eu perdia. Estava perdida no futuro! – Está bem. – Consenti e vi Alice dar pulinhos de alegria.

- Óptimo! – Ela até bateu palminhas! Eu estava tão lixada… - Vai lá para dentro e muda-te! Já te levo ao quarto onde vais dormir.

- Espera! – Chamei-a antes de entrar, ela olhou para mim com olhos desconfiados. – Eu não vou dormir aqui?

O seu rosto abriu-se num sorriso. – É claro que não. Nós queremos que vocês fiquem confortáveis… A Ana dorme aqui e tu vais dormir noutro quarto. Vá mas agora vai-te vestir!

Fiz como ela me mandou, entrei para o armário e retirei a minha roupa, substituindo-a pela minúscula camisa de dormir (ou deveria chamar-lhe lingerie?). A suavidade do cetim na minha pele era agradável, escorregava bem, mas a imagem no espelho era aterrorizante. Quando me olhei ao espelho, o que vi deixou-me… espantada e ligeiramente curiosa. A camisa era pequena mas chegava a cobrir-me as coxas por completo, para além disso acentuava as minhas curvas (aquelas que eu achava serem inexistentes) perfeitamente bem, o meu corpo surpreendeu-me e depois o meu rosto espantou-me… os meus olhos castanhos e os meus cabelos pareciam dar-me um ar inocente que combinado com a figura do meu corpo, parecia apenas uma doce tentação… Talvez Edward fosse gostar do resultado de deixar Alice escolher-me alguma roupa. Abanei a cabeça para tentar afastar aqueles pensamentos da minha mente, não deveria de maneira alguma pensar aquilo… era totalmente impróprio… e totalmente tentador. Não, Bella! Não pensar assim, regra número um das estadias na casa dos Cullen.

Quando sai do armário, só faltava o queixo de Alice cair ao chão e isso fez com que o sangue afluísse ao meu rosto.

- Pelo amor de Deus, Alice! Não faças essa cara, já me sinto péssima por estar a usar isto. – Indiquei a camisola com uma mão.

- Se o Edward te visse… - A fadinha não terminou a sua frase, se calhar por ver como o meu rosto estava. – Oh, vá lá, Bella! Achas que nenhum de nós reparou no modo como tu e o Edward agem perto um do outro?! Por favor! Está demasiado óbvio!

- Importas-te de parar?! – Sussurrei. – Podes me mostrar o quarto onde vou dormir?

- Claro. Anda!

Segui-a, estávamos no segundo andar e ela levou-me para o terceiro e último andar da casa, parámos na última porta do corredor e ela ia a abrir a porta quando…

- Alice… - Uma voz suave como o veludo fez-nos virar para trás.

Quando me virei, deparei-me com um Edward feito estátua no meio do corredor a olhar para mim com os seus olhos verdes arregalados e fixos em mim, o seu rosto estava ligeiramente rubro (o que demonstrava que o feitiço estava a acabar e que em breve ele voltaria a ser totalmente o meu vampiro). Senti o meu rosto aquecer e a primeira coisa que tentei fazer foi cobrir-me mais, puxando o pouco tecido da camisa de dormir mais para baixo… Como era possível que agora que um hipotético desejo se estava a realizar, eu não estava a gostar? Edward virou-nos as costas num piscar de olhos e falou para a sua irmã por cima do ombro.

- D-Desculpa, Bella… Não tinha a intenção de…

- Vá, Edward. Diz lá o que queres? – Alice disse, fazendo-me olhar para ela, no seu rosto estava um sorriso malandro e eu senti vontade de lhe bater.

- Eu vinha perguntar-te onde… em que quartos é que ias colocar a Bella e a Ana. – Ele disse, tendo sempre o cuidado de se manter de costas voltadas para mim. – Desculpa mais uma vez, Bella.

Linda… Magnifica… Uma total aparição. Não consegui evitar ouvir os seus pensamentos e senti o meu rosto arder mais, no entanto, os meus lábios formaram um pequeno sorriso… tal como eu imaginara, Edward tinha gostado do resultado de ter sido Alice a vestir-me.

- Bem… A Ana vai dormir no meu quarto. – Alice disse-lhe. E a Bella vai dormir no teu, ouvi-a pensar e senti os meus olhos arregalarem-se.

A porta à minha frente era a porta do quarto de Edward e Alice não me disse nada?! Como é que ela esperava que eu reagisse a esta notícia? O meu pai iria passar-se…

Parei por ali, percebendo que fora por isso que Alice pensara na última parte para que Edward a ouvisse e o meu pai não. Ela até tinha alguns planos realmente brilhantes.

- Ahn… Alice, poderias… - Edward começou e novamente me surpreendi ao ouvi-lo tão nervoso.

- Claro, claro. – Alice virou-se para mim e entregou-me um robe de cetim que combinava com a camisa de dormir, mas que ao menos me cobria mais as pernas do que apenas a camisola. – Vou deixar-vos a sós por uns momentos… - Ela sussurrou-me piscando-me o olho e eu senti o meu coração acelerar.

Eu? Com tão pouca roupa? Sozinha com Edward? No quarto dele? Alguém queria matar-me a mim e a Edward (era só o meu pai saber da minha vestimenta neste momento em que ficaria a sós com Edward que ele iria matar o meu vampiro, de certeza absoluta). Vesti o robe apressadamente vendo Alice afastar-se de mim e passar por Edward com um sorriso convencido.

Oh, não se preocupem… Não vou para a sala… Vou para ao pé da Ana para evitar problemas com o Charlie. Ela pensou piscando-me o olho a mim e a Edward. Senti o meu rosto voltar a queimar e tive a certeza que o rosto de Edward também estaria assim caso ele fosse humano.

- Posso… Posso virar-me? – Edward perguntou depois de Alice desaparecer nas escadas.

Apertei o robe mais contra mim e disse-lhe que se virasse. Quando o seu olhar percorreu o meu corpo já coberto pelo robe, senti a minha pele a arder e senti um outro tipo de fogo queimar-me. Ele aproximou-se de mim e ergueu a sua mão para me acariciar o rosto, os seus olhos brilhavam com carinho e eu senti-me derreter sob o seu toque.

- Estás linda. – Ele sussurrou tirando-me uma madeixa da cara. – Tu és sempre linda.

Ele de certeza que conseguia ouvir o meu coração tão bem como eu o sentia… Senti os meus olhos humedecerem-se… Rezei silenciosamente para que não me caíssem nenhumas lágrimas dos olhos… Sério… Não agora! Não agora que ele estava a dizer estas coisas…

- Vamos? – A sua voz tirou-me do meio do meu raciocínio. – Quero… mostrar-te algo.

Ele puxou-me para dentro do seu quarto. Estava tudo escuro, o que não dificultou a minha visão… Mas mesmo sem luz e descontando a minha boa visão nocturna, a luz da lua iluminava o quarto e era possível ver a maior parte das coisas com clareza.

No meio do quarto havia uma enorme cama (que, de repente, me pareceu imensamente convidativa, mas eu não iria deixar o cansaço tomar conta de mim… ainda não), uma das paredes era toda de vidro, tal como a parede da sala e isso fez-me pensar se toda a extensão de parede da parte de trás da casa não era em vidro, a outra parede estava coberta desde o tecto até ao chão com algo que me pareceu CD’s e no meio das prateleiras repletas de discos havia uma aparelhagem daquelas que eu temia aproximar-me; para além da cama havia um sofá preto encostado à parede de vidro; o chão pareceu-me estar coberto por carpete, mas devido à falta de luz não conseguia declarar de que cor era a dita carpete e as outras paredes pareciam estar cobertas por algum tipo de tecido também, questionei-me por que seria.

Edward puxou-me até ao meio do quarto e depois afastou-se ligeiramente de mim para ligar a complexa aparelhagem, o som que encheu o quarto era tão suave que eu quase que achei impossível combater o sono. Quase. Foi então que Edward se aproximou de uma secretária num dos cantos do quarto e agarrou em algo para voltar para junto de mim. A luz prateada da lua tornava-o ainda mais belo se isso era possível, mas aquilo que realmente me surpreendeu foi o que ele trazia nas mãos… com a luz da lua, as rosas vermelhas do ramo ganhavam um tom prateado que as deixava ainda mais deslumbrantes (não mais do que o meu vampiro, mas mesmo assim eram lindas).

- Não sabia como tas havia de dar. – Ele sussurrou dando-me o ramo. – Pensei em levá-las para a escola e dar-tas lá, mas depois lembrei-me que tu não gostas de chamar à atenção.

A sua voz estava tão suave que parecia música e misturada com o som que saia das colunas, era a melhor melodia que eu já tinha ouvido. Cheirei as rosas e senti a suavidade aveludada das suas pétalas na minha pele. O momento parecia mágico… e eu quase que conseguia esquecer-me de que estava numa casa de vampiros com super audição.

- São lindas. – Agradeci, não sabendo como mais fazê-lo.

- Não. – Ele contradisse-me e colocou uma das suas mãos no meu rosto. – Tu és linda.

Ele acariciava-me as bochechas com o seu polegar, traçando os meus lábios e depois a linha do meu maxilar. Teria ronronado como um gato se não estivesse tão presa aos seus olhos verdes, inúmeras emoções passavam por eles e eu só conseguia compreender uma. Os seus olhos brilhavam e eu praticamente que não precisei de ouvir as palavras para entender a mensagem silenciosa que os seus olhos me lançavam.

Poderia ser só impressão minha e da minha mente que se esforçava para trabalhar coerentemente, mas eu podia sentir-me a ser puxada na direcção de Edward e ele parecia estar a ser puxado na minha direcção, inclinando ligeiramente a cabeça para alcançar a minha cara… Senti o meu coração começar a bater mais depressa, a minha respiração ficar descompassada e os meus olhos a fecharem-se, antecipando o momento que se iria seguir…

Começou como um simples roçar de lábios, os seus lábios (agora mais frios) roçavam nos meus, suavemente, e depois foi como uma carícia, ele encostou os seus lábios aos meus num beijo casto para depois iniciarem um ritmo lento em conjunto com os meus. Num momento tinha o ramo nas mãos, no outro nem me importava se tinha caído para o chão se o tinha colocado na cama que se encontrava a alguns centímetros de mim, tudo o que me importava era as mãos de Edward a segurarem-me firmemente pela cintura, as minhas tomaram vida própria e subiram de encontro aos seus cabelos, entrelaçando os meus dedos nos fios cor de cobre do cabelo dele.

Era como se o mundo tivesse parado, melhor, como se não existisse nada para além de nós os dois naquele quarto, naquele momento com a doce música de fundo a ser completamente ignorada. Senti Edward empurrar-me levemente, guiando-me e depois só senti a suavidade dos lençóis sob as minhas costas e isso fez-me aperceber de que estava deitada e Edward estava por cima de mim. Parte da minha mente tomou nota disso, tentou arduamente fazer-me recordar de como estava vestida, de que o meu pai e os pais dele estavam dois andares abaixo e conseguiam ouvir muitíssimo bem todo e qualquer movimento nos andares de cima, que as nossas irmãs que viam o futuro se encontravam no andar de baixo e que o irmão dele que conseguia sentir as emoções estava junto dos nossos pais dois andares abaixo; estes pormenores tentaram fazer-se importantes na minha mente, mas como é que eu lhes podia dar qualquer importância quando eu estava nos braços do homem que amava? Era simplesmente impossível, não havia nada de mais importante do que a sensação dos seus lábios nos meus, das suas mãos na minha cintura, do seu corpo prensado ao meu, prendendo-me contra a cama…

Bella, está na hora de parar, a vozinha da consciência puxou um pouco de razão para mim e eu senti-me irritada, não queria parar com aquilo. Tens que parar, se o Charlie subir para ver como é que tu e a Ana estão, ele não vai gostar de te ver nesses preparos com o Edward.

Odiava quando a consciência tinha razão, porque era verdade… Eu não queria imaginar o que aconteceria se Charlie subisse as escadas e me encontrasse deitada debaixo de Edward com tão pouca roupa… Muito certamente ele iria dar cabo de Edward.

O meu vampiro parou de me beijar e então eu percebi que parara de lhe responder.

- Bella… Desculpa, eu… - Ele começou, olhando para mim com os olhos subitamente assustados, como se tivesse feito algum mal ou algo que me tivesse zangado. – Eu não queria…

Antes que ele pudesse acabar a sua frase, ataquei os seus lábios, silenciando-o. Ele respondeu-me mas eu afastei-me antes que aprofundássemos mais.

- Shhh… - Sussurrei colocando a minha mão na frente dos seus lábios. – Não fizeste nada de errado. – Voltei a beijá-lo suavemente. – O Charlie está lá em baixo… E já sabemos que ele consegue ouvir tão bem como qualquer um de vocês.

A compreensão pareceu descer sobre ele, mas o seu rosto continuava preocupado, percebi porquê. Acariciei-lhe o rosto, passando a minha mão especialmente nas rugas que se tinham fincado na sua testa.

- Não fizeste nada de errado. – Repeti, porque é que ele estava a demorar tanto a perceber? Será que não tinha sido óbvio o quanto eu queria que ele me beijasse? – Eu queria… E ainda quero.

Os seus olhos brilharam e os seus lábios voltaram aos meus, dando-lhes leves beijos mas não menos apaixonados. Quando se afastou de mim, ficou a fazer-me festas no rosto, tal como eu lhe estava a fazer a ele.

- Quem me dera ter o anel igual a este. – Ele disse tirando um anel dourado do seu anelar direito. Nunca tinha reparado nele, tal como nunca tinha reparado nas suas roupas antes da noite em que ele me salvou em Port Angeles. – Queria dar-to…

Vi o pequeno anel circular entre os seus dedos, a pequena argola dourada chamou-me à atenção e eu julguei já ter visto algum anel idêntico àquele. Simples mas não menos belo por isso. As minhas mãos fizeram com que os dedos de Edward parassem de brincar com o anel ao recolhe-lo das suas mãos; observei-o cuidadosamente, nada de incomum… a não ser as palavras nele inscritas. “Sempre e para sempre”. Coloquei-lhe o anel no dedo de onde ele o tirara e quando olhei para o seu rosto, ele observava-me.

Fiquei presa ao seu olhar, não sabendo como me libertar… nem sabendo se queria libertar-me. A música continuava a tocar, suave e calma, mas foram as suas palavras que me soaram como música.

- Amo-te.

- Também te amo. – Sussurrei, passando a minha mão levemente no seu rosto.

Os seus olhos brilharam e ele inclinou-se na minha direcção para encostar os seus lábios levemente nos meus, fechei os olhos e subitamente senti o quão cansada estava, inconscientemente, aninhei-me ao corpo de Edward não me importando realmente com o meu pequeno problema nocturno de falar. Ouvi-o rir-se, mas logo senti as suas mãos a afagarem-me os cabelos e os seus lábios frios tocarem-me na testa.

- Dorme, minha querida. – Ele sussurrou-me. – Amanhã estarei aqui contigo.

E foi exactamente o que eu fiz, deixei a inconsciência tomar conta de mim, deixando que o mundo dos sonhos me apanhasse…

 

Acordei com a luz fraca do Sol a entrar pela janela do quarto. Quando abri os olhos e olhei à volta, não reconheci o quarto à primeira, mas então relembrei-me da noite anterior. A noite tinha começado muito confusa, mas no fim… tinha valido a pena.

- Bom dia, Bella!!! – Alice exclamou entrando de rompante pela porta do quarto de Edward.

Perguntei-me como é que ela conseguia ter tanta energia… mas claro… ela era uma vampira!

- Bom dia, Alice! – Respondi-lhe esfregando os olhos.

- Trouxe-te umas roupas. – Ela disse colocando as ditas roupas em cima da cama. – Vai tomar banho que eu já te venho arranjar!

- Tenho opção de escolha?! – Perguntei ao vê-la sair do quarto.

Poderia sempre esperar que Alice fosse diferente de Ana, pelo menos neste aspecto, não podia?!

- Não!

Poderia sempre desejar…

Tomei banho, vesti-me e depois… foi pior que ser entregue aos lobos, Alice divertiu-se a arranjar-me, tal como Ana se divertia. Pelos vistos a minha irmã gémea tinha encontrado a sua alma gémea… Quando descemos, senti o cheiro delicioso de panquecas! Perguntei-me se seria Esme que estava a cozinhar, mas quando entrei na cozinha, surpreendi-me ao ver quem estava ao fogão.

Dizer que eu já achava Edward perfeito em todos os sentidos e conseguia imaginar mais alguns era pouco, então vê-lo ali a cozinhar só me deixou adivinhar que eu ainda tinha muito mais para descobrir acerca dele. Ele estava a preparar-me o pequeno-almoço e quando me sentiu na cozinha, sorriu-me.

- Bom dia, princesa. – Ele disse pondo-me o prato com a comida à frente e beijando-me a testa. – Hum… Vejo que a Alice esmerou-se.

Olhei para ele e fiz uma careta demonstrando-lhe que não tinha gostado de ter sido “massacrada” pelas mãos de Alice. Ele deu-me o meu sorriso enviesado e eu esqueci-me completamente de respirar.

- Acho melhor comeres! – Alice disse. – Não é por nada, mas temos que ir para a escola!

Comecei a comer, saboreando as panquecas e os ovos mexidos que compunham o meu pequeno-almoço, estava tudo realmente delicioso e isso fez-me lembrar de Esme.

- Onde é que estão os outros? – Perguntei quando acabei de comer.

Edward pegou-me no prato e então respondeu-me. – O Carlisle, a Esme, o teu pai, a Ana e o Joe foram para Salem hoje cedo.

- Para Salem?! – Perguntei.

- Sim. Foram mais cedo, mas nós vamos ter com eles assim que nos livrarmos da escola. – Alice respondeu-me.

- E como é que isso vai acontecer? – Voltei a perguntar.

- Tu vais gostar imenso do modo como nos vamos ver livres da escola! – Prometeu Emmett entrando na cozinha seguido por Rosalie e Jasper.

- Bom dia, Bella. – Disse Jasper abraçando Alice.

- Bom dia, Jasper. – Respondi-lhe. – Bom dia, Rose.

Ela sorriu-me e respondeu-me. – Bom dia, Bella. – Ela olhou para Edward que já se encontrava ao meu lado. – Estamos prontos? Quanto mais cedo chegarmos, mais depressa despachamos este assunto e podemos ir ter com eles.

- Vão andando para o carro. – Edward disse-lhe. – Nós já lá vamos ter.

Eu estava pronta para ir-me embora, mas o braço de Edward na minha cintura impediu-me. Olhei para ele e vi o olhar significativo que ele me lançava, depois vi os outros a saírem da cozinha e a lançarem-nos olhares significativos demais.

- Oh, Eddy! – Emmett surgiu no arco da cozinha e eu vi o ar malandro dele. – Não faças nada que eu não fizesse.

Ouvi Edward rosnar-lhe e senti as minhas bochechas aquecerem quando as imagens na mente de Emmett alcançaram a minha. Quando ficámos a sós, Edward virou-me para ele e abraçou-me pela cintura, sorrindo-me abertamente.

- Agora sim posso desejar-te um bom dia como deve ser. – Ele disse inclinando-se e beijando-me os lábios. – Bom dia.

- Bom dia. – Disse-lhe sorrindo.

- Fecha os olhos. – Ele pediu-me delicadamente, senti-me curiosa em relação ao seu pedido, mas acedi sem dizer uma palavra.

Senti-o pegar-me na mão esquerda e colocar-me qualquer coisa no dedo, depois senti os seus lábios tocarem-me na mão suavemente. Quando abri os olhos, Edward sorria-me e os seus olhos brilhavam com uma intensidade que se aquele brilho fosse uma luz verdadeira, seria cegante.

- Edward, o que…

Ele elevou-me a mão e mostrou-me o pequeno anel que agora adornava o meu dedo anelar, o anel era simples mas era perfeito e era igualzinho ao anel que Edward tinha. Então ele elevou a sua mão onde tinha o anel.

- O teu pai disse-me que tinha uma coisa que a tua avó me tinha mandado… uma coisa que eu lhe tinha dado para ela te dar a ti quando partimos de Salem. – Ele começou a explicar. – Ele disse-me por pensamentos que queria que eu passasse hoje pela esquadra para ele me entregar este anel, mas como as coisas se complicaram ele decidiu dar-mo antes de partir para Salem.

Retirei o anel do dedo e olhei para o interior, no lado que estava em contacto com a pele havia exactamente a mesma frase que se encontrava no anel de Edward… Sempre e para sempre. Ele retirou-me o anel da mão e então ajoelhou-se.

Não pude deixar de me recordar daquilo que tínhamos dito perante os humanos… Que eu e ele namorávamos às escondidas… Agora parecia que era realmente verdade.

- Isabella Marie Swan… - Ele pegou-me na mão e eu fiquei novamente presa ao seu olhar. – Aceitas namorar comigo?

Não havia muito que eu pudesse dizer… Uma só palavra…

- Sim.

Ele colocou o anel novamente no meu dedo e depois levantou-se. Como é que eu podia ter tanta sorte? Edward amava-me… Não podia pensar em alguém mais sortudo.

- Pombinhos!!! – Ouvi Emmett gritar. – Despachem-se! Temos aulas, lembram-se?!

Senti o meu rosto aquecer e Edward riu-se, olhei para ele e o seu semblante brilhava quase como se realmente estivesse ao sol.

- Vamos!

Chegámos ao carro e eu vi que eles tinham-se acomodado os quatro no banco de trás, deixando o lugar do passageiro para mim, Edward passou-me à frente e abriu-me a porta para entrar, sorri-lhe e beijei-o antes de entrar.

- Ow! Tão fofos! – Alice exclamou. – Quando estivermos em Salem tenho que vos tirar uma foto!

Edward voltou a rir-se e no momento a seguir já estava sentado no lugar do condutor. Ele meteu a sua mão na minha perna e sorriu-me, depois arrancámos da casa e seguimos para a escola.

Foi estranho… Era quase como o primeiro dia novamente, todos olhavam para mim, mas desta vez eu não me sentia tão consciente disso, era como se os olhares deles não me atingissem enquanto eu me despedia dos meus novos amigos ou enquanto me dirigia para a minha primeira aula de mãos dadas com Edward. Era realmente estranho, no entanto, eu sentia-me mais normal do que nunca, porque sabia que não tinha que me esconder realmente, Edward e os seus familiares sabiam o que eu era e aceitavam-me perfeitamente, isso bastava-me.

Mais estranho do que ser novamente o motivo de comentários da juventude do Liceu de Forks, foi o facto da minha aula de Trigonometria ter sido interrompida por uma Miss Cope que aparentava estar realmente preocupada. Quando vi a mulher ruiva entrar na sala e dirigir-se ao professor, reparei que no corredor se encontravam todos os Cullen, todos eles usavam um ar de curiosa preocupação… mas eu vi além da máscara. Aquela era a minha deixa.

- Miss Swan. – O professor chamou e eu tive que ouvir a sua mente para saber qual era a minha desculpa. Pobre rapariga… E pobre Chefe Swan… Uma família tão boa e agora têm estes problemas.

Curioso… Qual terá sido a desculpa que o pai usou?! Levantei-me e dirigi-me à frente da sala.

- Sim, senhor?! – Perguntei fingindo inocência.

- Bella, querida, o seu pai ligou. – Miss Cope disse.

- Passou-se alguma coisa com ele?! Aconteceu alguma coisa? – Perguntei, adicionando um tom de alarme bastante convincente à minha voz.

Boa actriz… Ouvi os pensamentos de Edward do lado de fora da sala. Mas, querida, mantém-te ao de leve na actuação… Não queres deixar a Miss Cope com remorsos por ter-te vindo avisar que tinha havido problemas, pois não?

Quis-me rir, mas não podia deixar cair a máscara, não em frente destes humanos.

- Não, não se passou nada com ele. – Miss Cope informou-me tentando sossegar-me. – Ele apenas disse que tinha havido uns problemas com alguém da sua família e que precisava que a menina fosse para casa com urgência.

- Está dispensada, Miss Swan. – O professor disse-me. – Pode ir pegar nas suas coisas e ir-se embora.

Fiz como o professor Varner me disse e tentei a todo o custo não acelerar a minha velocidade para sair da sala mais depressa. Quando finalmente cheguei ao corredor, fui recebida por Edward com um enorme sorriso. Abracei-o e ele deu-me um beijo na testa.

- Como correram as aulas? – Ele perguntou-me.

- Bem… Estava a ver que nunca mais me vinham buscar. – Murmurei para que Miss Cope não me ouvisse.

- Eles devem ter demorado um pouco mais a ligarem para a escola, não podíamos sair das aulas sem que fosse dada ordem dos nossos pais. – Ele explicou-me enquanto nos encaminhávamos para o parque de estacionamento.

- E qual foi a vossa desculpa para serem dispensados? – Perguntei agora genuinamente curiosa.

- A Esme disse que um familiar tinha tido uns problemas e que tínhamos todos que ir ver esse familiar. – Esclareceu-me Jasper. – Foste surpreendente ali dentro. És uma boa actriz.

- Obrigada… Mas isso só porque aquilo que eu sou me obriga a mentir bem para os humanos.

- Tal como nós. – Afirmou Rosalie sorrindo. – Agora… Vamos para Salem?

- Uh! – Alice disse de repente, rindo-se em seguida. – A viagem vai ser muito divertida.

Ri-me e dirigimo-nos para o carro, novamente Rosalie, Emmett, Alice e Jasper sentaram-se no banco de trás, estando as duas sentadas no colo dos seus respectivos maridos. Edward voltou a sentar-se ao volante e eu no lugar do passageiro (que parecia ter definitivamente o meu nome escrito), sentei-me, coloquei o cinto de segurança e então liguei a rádio… Alice tinha visto que a viagem seria divertida e eu considerava por diversão música.

Foi quase como um déjà vú… Mas agora era totalmente diferente, eu não estava no carro com o meu pai, mas sim com o meu namorado (seria difícil habituar-me a pensar em Edward nestes termos, mas eu já pensava nele com um sentimento muito possessivo para desistir do titulo) e com os meus amigos. E todas as músicas que passavam na rádio não se identificavam com nenhum de nós… Pelo que eu conhecia de cada um. Ana saberia exactamente o que iria procurar, Emily mais que certamente iria usar alguma magia dela e faria uma música nossa tocar ou até ela começaria a cantar com a sua belíssima voz, mas eu não era nenhuma das duas e não sabia bem o que procurar.

- Pára aí! – Alice exclamou.

Tirei as minhas mãos do rádio num instante, numa reacção ligeiramente retardada ao susto, mas a música que estava a tocar chamou-me à atenção.

 

From the moment I’ve met you

I just knew you’d be mine

 

Ri-me ao ouvir Emmett cantar, a sua voz estava encantadora e eu nunca tinha imaginado que o grande urso poderia ter uma voz tão agradável.

 

You touched my hand

And I knew that this was gonna be all time

 

Jasper cantou a seguir seguindo a letra da música perfeitamente e olhando para Alice com todo o seu amor espelhado nos seus olhos. Não pude deixar de sentir um pouquinho de ciúmes e isso fê-lo olhar para mim e sorrir ligeiramente.

 

I don’t ever want to lose this felling

I don’t wanna spend a moment apart

 

Cantaram os dois ao mesmo tempo e eu pude ver as suas respectivas esposas a derreterem-se nos seus colos.

Cause you bring out the best in me

Like no one else can do

That’s why I’m by your side…

 

As vozes deles eram realmente algo doutro mundo. Punham as vozes dos cantores autênticos a um canto. Mas a que realmente me encantava era aquela que ainda não tinha cantado.

 

That’s why I love you.

 

Edward cantou por cima dos irmãos e eu olhei para ele. Era muito bom sentir o meu coração querer saltar do peito sempre que o ouvia dizer aquilo… Embora, oficialmente, ele só me tenha dito aquelas mesmas palavras pelo menos duas vezes!

 

Every day that I’m here with you

I know that this feels so right

I just get to be near you

Every day and every night

 

Era tentador demais ouvir Edward cantar naquela voz tão suave e magnífica. Era demasiado para o meu pequeno coração ouvir a voz de Edward repleta de amor. Ainda para mais com esta música… que pouco depois reconheci como sendo a música Best In Me da banda dos Blue.

 

And you know that we belong together

It just had to be you and me

 

Jasper cantou os dois versos e depois foi seguido pelos irmãos no refrão, sentia-me totalmente deslumbrada. Aquela música era a perfeita declaração de amor. Perguntei-me se nós, as raparigas também não devíamos participar da “brincadeira”, mas Alice e Rosalie responderam à minha pergunta não falada quando se juntaram ao canto com as suas vozes maravilhosas.

 

And you know that we belong together

It just had to be you and me

Cause you bring out the best in me

Like no one else can do

 

Percebi a minha deixa.

 

That’s why I’m by your side

Cause you bring out the best in me

Like no one else can do

That’s why I’m by your side

That’s why I love you

 

Reparei que Edward me lançou um olhar espantado, tal como os rapazes no banco de trás. Não percebi o espanto deles, a minha voz não era nada de especial, não chegava nem sequer ao pé da voz deles e eu tinha noção disso. Nunca fui uma cantora, como eu já tinha dito, eu não tinha jeito nenhum para artes musicais… Artes mágicas? Tinha algum jeito e gostava, agora qualquer outro tipo de arte não era aplicável à minha pessoa.

Todos juntos acabámos a música. Vi pelo espelho retrovisor como os casais no banco de trás se olhavam e senti-me ligeiramente mal por olhar para eles, mas então senti a mão de Edward sobre a minha que estava poisada sobre as minhas pernas. Olhei para ele e fui presenteada com o meu sorriso favorito.

- Bella! – Alice exclamou empoleirando-se nas costas do meu banco. – Estavas a mentir quando disseste à Esme que não tinhas jeitinho nenhum para música! – Ela acusou-me com os seus olhos dourados a brilharem perigosamente.

- Sim. – Apoiou Rosalie e eu vi o seu rosto pelo espelho, estava com o mesmo tom acusatório. – Tens uma voz fantástica.

- Ya, maninha! – Sorri pelo modo como Emmett me chamou. – A tua voz é mesmo muito boa.

- Concordo com eles. – Disse Jasper.

Corei e desviei o meu olhar dos quatro vampiros, mas claro que o riso de Edward me fez olhar para ele.

- És o meu rouxinol! – Edward afirmou ainda a rir-se.

Senti o meu rosto aquecer mais e revirei os olhos. Decidi entrar na brincadeira deles e imitei um rouxinol assobiando e fiz todos eles rirem-se.

- Talvez devêssemos alimentá-la com alpista! – Gracejou Emmett e eu tentei fuzilá-lo com o olhar.

Mas ao ser relembrada de comida (mesmo que fosse comida de pássaro, era comida), o meu estômago fez-se presente, arrancando gargalhadas dos outros ocupantes do carro. Vi Alice remexer-se no banco de trás e depois entregou-me algo e eu soube imediatamente o que era.

- Brigada, Lice! – Exclamei agarrando na sandes que ela me deu.

Devorei a sandes e depois ouvi todos eles prenderem a respiração, olhei para todos, procurando o motivo para tal reacção e então olhei para a frente.

A estrada estava rodeada por árvores, quase como em Forks, o verde predominava em todo o lado, era estranho para dizer o mínimo, mas realmente reconfortante e protector. Era fácil de ver entre as árvores alguns animais, observando o carro atentamente, esperando alguma coisa acontecer.

Senti um sorriso encontrar o seu caminho para os meus lábios. Parecia que tinha sido à pouco que tínhamos saído de Forks… Subestimei a condução de Edward, pelos visto.

- Bella… - A voz de Rosalie quebrou o silêncio.

- Isto é… - Emmett seguiu-lhe o exemplo.

O meu sorriso só aumentou quando eu vi a abertura entre as árvores que nos levaria de volta para casa!

- Sejam bem-vindos… A Salem! – Disse assim que o Volvo prateado entrou na cidade que era escondida pela floresta.

 

 

(Edward POV)

 

Depois de Bella, Ana, Alice e Rosalie subirem, Charlie fixou o seu olhar em mim. Sentia-me desconfortável por estar sob o seu olhar constante, mas não disse nada. Podia ver através da mente dele (coisa que me espantou visto que a mente dele era quase tão silenciosa como a mente da filha) a minha postura, sentado na ponta do sofá como se estivesse pronto a saltar a qualquer momento… Charlie também reparava nos meus olhos a saltarem por todos os lados só para não se poisarem nele.

Estás a ficar irritantemente inquieto, rapaz. Ele pensou. Se estivesses a caçar espantarias as presas todas. Tens que aprender a controlar-te.

Baixei o rosto e inspirei fundo. Ouvi Joe rir-se e olhei para ele.

- Continuas o mesmo previsível… Nem o facto de seres um ser imortal curou a tua impaciência, irmãozinho. – A sua voz estava cheia de um tom demasiado convencido.

Desta vez foi Charlie que se riu e eu olhei para ele, mas fiquei paralisado pela diferença que tinha tomado conta do homem. Os seus cabelos antes mais fracos pareciam agora ser muito mais fortes e o castanho chocolate que condizia com os seus olhos brilhava ligeiramente sob a luz da sala, as rugas de expressão que a idade lhe trouxera no seu rosto tinham desaparecido e ele não parecia ser mais velho que os vinte e seis anos que Carlisle sempre teria, na verdade, ele até parecia mais novo… como o irmão mais novo que Carlisle dissera que ele era. Se eu tivesse que apostar numa idade para o novo Charlie que se apresentava à minha frente, eu diria vinte e seis, talvez.

- Ora se não é o meu irmãozinho que está de volta! – Carlisle sorriu. – Charles Swan, o galã dos para sempre vinte e cinco!

Charlie sorriu e então passou uma das suas mãos pelos cabelos, desarrumando-os propositadamente, então espreguiçou-se e eu ouvi os estalidos dos seus ossos enquanto estes se ajustavam melhor.

- Não sabes tu o quanto te invejo por realmente teres escolhido ficar com a parte do vamp durante alguns anitos, Esme. – Charlie disse depois de fazer o seu pescoço estalar. – Não sentir os efeitos específicos da idade é capaz de ser bom…

Eu prestava demasiada atenção ao feiticeiro para sequer me perguntar de onde tinha surgido o novo batimento cardíaco que depois chamou à minha atenção.

- Ah… - Ouvi Carlisle suspirar e então virei-me para ver o que se passava.

Por um lado… fiquei surpreendido, por outro… nem por isso. Carlisle estava abraçado a Esme, isto não me surpreendeu, o que me surpreendeu foi a berrante diferença entre os dois. Quase que doía a quem olhasse. A palidez característica de vampiro voltara para Carlisle, no entanto, a pele de Esme tornou-se cada vez mais do tom de pele da Bella.

Foquei a minha atenção mais em Esme e então apercebi-me de onde era a origem do novo som…

- Como... – Jasper começou a perguntar, a sua mente tinha notado no mesmo que eu.

- Oh, Deus… - Esme disse tapando a sua boca com um ar preocupado. – Desculpem, queridos. Esqueci-me totalmente…

- Explicas, por favor?! – Emmett perguntou parecendo tão confuso como eu e Jasper estávamos.

- Bem… Talvez vocês queiram saber a história realmente… - Carlisle disse parecendo pensativo. – Charlie?

- Já tratei disso. – Charlie disse fazendo-me olhar para ele, reparei que os seus olhos estavam ligeiramente mais escuros do que tinham estado há pouco. – Já lhes podem contar que as meninas não vão ouvir.

- Contar o quê?! – Desta vez fui eu a perguntar.

- Claro que ao apagarmos todas as vossas memórias da Bella estaríamos a apagar este assunto de lá também. – Carlisle suspirou.

- Porque é que a Rose e a Alice não podem ouvir? – Emmett perguntou, ele às vezes parecia uma criança, mas sem dúvida que esta questão era uma daquelas que me revolvia a mente.

- Mais à frente elas poderão vir a saber, querido, mas por enquanto é necessário que elas não saibam. – Esme explicou. – Por favor, Edward, sei que não consegues propriamente esconder as coisas da Bella agora, mas tenta ao máximo que nenhuma delas desconfie disto… Pelo menos até estarmos todos em Salem.

- O teu coração bate, mãe… - Eu disse apenas e os olhos de Esme brilharam e um sorriso carinhoso surgiu nos seus lábios.

- Claro que sim… Isso porque eu sou como a Bella. Uma bruxa. – Esme confirmou.

- O quê?! Mas… mas como?! – Jasper perguntou, realmente confuso.

- Foi… Uma experiência minha… - Declarou Carlisle.

Senti os meus olhos arregalarem-se enquanto olhava para ele, porque é que nunca nos tinham contado?! Porque é que eles continuavam a esconder-nos coisas?!

- Como? – Perguntei fazendo-o olhar para mim confuso. – Como é que transformaram a Esme em bruxa?

- Através do sangue de uma… - Foi Charlie que me respondeu. – Eu nunca percebi muito bem como é que o teu pai fez isso, mas de qualquer maneira teve resultado.

- Enquanto eu estudava as bruxas, Edward, descobri que o sangue delas como estava carregado de magia tinha várias características fora do comum.

- Como por exemplo?! – Pressionou Emmett que parecia agora realmente impaciente.

- Como por exemplo, características de cura! – Carlisle respondeu-lhe. – Percebi que a característica de as bruxas sararem muito depressa se devia ao seu sangue, alguma coisa nas suas plaquetas, nunca percebi isso realmente bem. Então surgiu-me uma questão. Sabia que o veneno dos vampiros nas bruxas as magoava, mas qual seria o efeito do sangue delas em nós?! Recolhi um pouco de sangue de algumas sangue-puro e depois testava em mim… Mas o sangue não fazia qualquer efeito… Quer dizer, deixava-me ligeiramente mais forte que o sangue animal e de certeza que o sangue humano, mas não provocava quaisquer diferenças no meu organismo. Então um dia decidi pedir mesmo ajuda a uma das bruxas mais velhas.

- O Conselho para ser exacto. – Charlie interrompeu. – Salem é uma comunidade como vocês já perceberam. A minha mãe pode ser a rainha, mas temos bruxas mais velhas na comunidade e elas todas juntas formam o Conselho. Elas decidem os castigos de quem quebrar as regras e organizam as celebrações e outras coisas.

- O Conselho é composto por cinco bruxas. A Marie incluída. – Carlisle explicou.

- Mas o que é que o Conselho fez para te ajudar?!

- Explicaram-me que o que eu procurava poderia vir a revolucionar ambas as espécies, especialmente se aquele de quem nos escondíamos descobrisse. Deram-me a escolher, ou continuava com a experiência ou parava, claro que decidi continuar. – Carlisle fez uma pausa e então continuou. – Mas uma das mais velhas do Conselho disse-me que eu não poderia continuar a experiência em mim próprio.

- Foi nessa altura que eu disse que não me importava de servir de cobaia. – Esme disse. – E Mirela, uma das bruxas do Conselho, disse que talvez o que o Carlisle queria fazer fosse necessário sangue de uma delas e ela ofereceu o dela para que eu bebesse e Carlisle estudasse os efeitos.

- Nenhum de nós esperava que acontecesse o que aconteceu… - Carlisle disse mas foi interrompido por Emmett.

- E o que foi?!

- Desmaiei. – Esme disse tomando a história nas suas mãos. – E no dia seguinte quando acordei tinha um batimento cardíaco, tinha fome e tinha sede.

- Sede de sangue?! – Perguntou Jasper.

- Não, sede de água. – Respondi-lhe recordando-me das conversas com Bella. – As bruxas não bebem sangue.

- Bem… Algumas bebem! – Charlie disse. – As híbridas bebem, dá-lhes mais força.

- Sim, mas naquela manhã eu não senti vontade de caçar, de beber sangue, sentia a garganta seca, não era como se houvesse aquele fogo que me queimava. – Esme continuou. – Foi então que percebemos que tínhamos descoberto a cura.

- Claro que eu quis perceber porque é que a Esme se tinha transformado, porque é que ela tinha criado aquela reacção e eu não tinha tido reacção nenhuma ao sangue que tinha ingerido antes.

- E o que descobriram? – Perguntei, agora genuinamente curioso.

- Descobri que a Mirela tinha o mesmo tipo sanguíneo que a Esme tinha quando era humana, então surgiu uma teoria… Sabendo o tipo sanguíneo que o vampiro tinha enquanto humano, uma bruxa ou feiticeiro com o mesmo tipo sanguíneo e que desse a beber ao vampiro, este último tornar-se-ia bruxo. – Carlisle terminou. – Perguntas?

- Não queres que a Rose e a Alice saibam porque temes que elas queiram… - Comecei, agora percebendo o medo do meu pai.

- Mais ou menos. Sei que a Rosalie faria tudo para poder voltar a ser humana e juro que está nas minhas mãos realizar-lhe o desejo, mas não podia tê-lo feito naquela altura, compreendem?

- Mas estás a pensar transformá-las? – Jasper perguntou.

- Acredito que conseguiria transformar a Rosalie, visto que sei o tipo sanguíneo dela, mas a Alice… Desculpa, Jasper.

- No entanto, acho que conseguiríamos torná-la uma de nós sem quaisquer problemas. – Charlie disse com um tom demasiado seguro na sua voz.

- Ai sim?! – Perguntou Carlisle visivelmente confuso. – Como?

- Mais tarde saberás, irmão.

Desviei a minha atenção dos dois e olhei para Esme que olhava para mim.

- Desculpa nunca te ter contado, querido.

- Porquê? Ou melhor, como é que conseguiste que o teu coração ficasse silencioso por todos estes anos?

- Foi uma opção, não poderia ficar convosco se não me comportasse como uma vampira. – Esme respondeu-me sacudindo os ombros depois. – E eu não queria perder a minha família por nada neste mundo.

Ficámos em silêncio e eu podia ver na mente de Jasper e Emmett que eles pensavam naquilo que Carlisle tinha acabado de dizer. Jasper pensava no que isto significaria para Alice que de certeza já estava demasiado afectada pelo facto de ter descoberto o seu passado, já Emmett questionava-se acerca do que Rosalie iria escolher, se a imortalidade de uma vampira ou a humanidade de uma bruxa.

- Elas são imortais, Emmett. – Sussurrei-lhe, quebrando o silêncio.

Os olhos de Emmett brilharam e os seus pensamentos continuaram na mesma. Rolei os olhos, ele era sempre tão… previsível.

- Edward. – Esme chamou-me.

- Sim, mãe?!

- Querido, poderias ir ver se a Alice já indicou os quartos à Bella e à Ana?!

Antes que Esme terminasse a sua frase, já eu estava a subir as escadas.

Ouvi alguém a rir-se na sala e então a voz de Charlie surgiu; - Espero que no dia em que ele e a Bella se casarem, ele seja paciente o suficiente para ficar quietinho e cumprir as tradições.

Parei no 1º andar e inspirei fundo, procurando saber onde Alice se encontrava. Senti o seu cheiro no meu andar e fiquei curioso pelo que lá estaria ela a fazer, em especial visto que estava acompanhada por Bella. Mexi-me ainda mais depressa, a curiosidade e a ansiedade a queimarem-me quase tanto como o fogo que começava a queimar-me a garganta.

- Alice… - Chamei a minha irmã.

Não posso dizer que me arrependi quando me deparei com a duas à porta do meu quarto, porque não me arrependi nada em sentir a satisfação de saber que Alice decidira que a minha Bella iria dormir no meu quarto, na minha cama. O que me fez repensar sobre o meu arrependimento foi o traje que Bella usava… uma simples, pequena e delicada camisa de dormir em cetim azul que não chegava sequer aos seus joelhos e por isso deixava à mostra as suas belas, bem delineadas e brancas pernas, e que lhe acentuava as curvas já antes expostas pela sua delicada camisola azul que eu tanto apreciava. A incerteza do meu arrependimento foi ainda mais acentuada quando Bella e Alice se viraram para mim, deixando-me ver melhor o modo como a peça de cetim ficava em Bella. O volume dos seus peitos faziam com que a camisa assentasse ainda melhor e o decote que a roupa tinha era… generoso.

Tive apenas noção de que olhava fixamente para Bella quando ela corou e apressou-me a tentar cobrir-se de qualquer modo com o pouco tecido da roupa que usava. Virei-me de costas, sentindo no meu rosto o fantasma de um rubor, sentia-me estranho, uma mistura de envergonhado com… muito desejo.

- D-Desculpa, Bella… Não tinha a intenção de… - Tentei desculpar-me mas Alice não me deixou terminar.

- Vá, Edward. Diz lá o que queres? – Eu podia ver na sua mente que ela tinha praticamente orquestrado aquilo tudo, que tinha sido perfeito.

- Eu vinha perguntar-te onde… em que quartos é que ias colocar a Bella e a Ana. – Despachei o que queria dizer a Alice. - Desculpa mais uma vez, Bella. – Eu não queria nem pensar no que Bella devia estar a pensar de mim agora. Que vergonha.

Mas então a recordação daquilo que eu vira surgiu-me na mente… A imagem mais tentadora de todas, tanto ou mais tentadora que o seu cheiro naquele primeiro dia… Uma tortura para a minha mente e no entanto também uma delicia.

Linda… Magnifica… Uma total aparição. Pensei, recordando o modo como a sua aparência inocente e enganadora a tornava numa mulher muito mais sexy que Rosalie naquela langerie.

- Bem… A Ana vai dormir no meu quarto. – Alice respondeu-me, totalmente alheia aos meus pensamentos, mas eu podia ouvir o tom convencido na sua voz. E a Bella vai dormir no teu, a minha suspeita ficou esclarecida com aquele pensamento da minha irmã fada… Eu teria que lhe dar qualquer coisa para a recompensar por aquilo.

Claro que ela poderia fazer-me um favor ainda maior…

- Ahn… Alice, poderias… - Comecei.

- Claro, claro. – Ela respondeu-me antes de eu acabar o meu pedido e brindou-me com a imagem de Bella corada ao seu lado enquanto ela se virava para lhe entregar algo. - Vou deixar-vos a sós por uns momentos… - Ela sussurrou para Bella.

Ouvi o coração da minha morena começar a bater mais depressa e quase senti o reflexo daquele batimento tão acelerado no meu peito. Alice passou por mim e então eu recordei-me de algo… Ia perguntar-lhe quando…

Oh, não se preocupem… Não vou para a sala… Alice pensou mostrando-me o que iria fazer na sua mente. Vou para ao pé da Ana para evitar problemas com o Charlie.

Depois desapareceu escada a baixo… Se o meu coração batesse estaria para me saltar do peito neste momento.

- Posso… Posso virar-me? – Perguntei, tentando silenciar a minha imaginação do que poderia acontecer depois.

A sua voz estava tão baixa e tímida quando me disse que podia virar-me que me perguntei e não seria apenas melhor desejar-lhe as boas noites e ir-me embora. Claro que nada do que eu tinha visto ou vivido me tinha preparado para o que os meus olhos estavam a ver. Bella estava agora com um robe a condizer com a camisa de dormir vestido, caia-lhe ainda melhor que a camisa só, delineava-lhe os ombros delicados e a fita de cetim apertava-lhe a cintura acentuando-lhe as suas curvas. Aproximei-me dela e como se tivesse vida própria, a minha mão elevou-se ao seu rosto para sentir a textura suave da sua pele que se assemelhava tanto à seda. Senti-a inclinar-se mais na direcção do meu toque e isso fez-me sorrir.

- Estás linda. – Disse-lhe, não me importando com quem pudesse ouvir. - Tu és sempre linda.

O seu coração voltou a bater depressa, formando a mais bela melodia de um só instrumento que eu já tinha ouvido, vi os seus olhos ficarem húmidos com lágrimas e perguntei-me se teria dito algo que a tivesse ofendido.

- Vamos? – Perguntei-lhe, querendo distrair-me a mim e a ela. - Quero… mostrar-te algo. – Recordei-me subitamente das rosas que esperavam sobre a minha secretária para lhe serem entregues.

Puxei-a para dentro do meu quarto, não me preocupei em acender a luz pois via tudo na perfeição e também a luz pálida do luar deixava o quarto com um aspecto mágico que eu achava ideal para fazer uma declaração. Senti-a hesitar ao entrar no quarto, mas nem por isso eu me detive, mais depressa do que eu poderia esperar mexer-me, afastei-me dela até à aparelhagem e mudei de CD, colocando um com algumas das minhas composições… ainda não tivera tempo de gravar a sua canção de embalar, mas eu queria mostrar-lha numa outra altura. Assim que o som encheu o quarto, eu dirigi-me à secretária sob o olhar atento de Bella e peguei no ramo que se encontrava lá depositado.

Mesmo na escuridão, vi os seus olhos arregalarem-se ligeiramente quando lhe entreguei o ramo.

- Não sabia como tas havia de dar. – Disse-lhe sentindo-me inseguro, sentindo-me humano. - Pensei em levá-las para a escola e dar-tas lá, mas depois lembrei-me que tu não gostas de chamar à atenção.

Bella fechou os olhos e aproximou o seu rosto das rosas, ouvi-a inspirar lentamente o perfume agradável das flores e depois um sorriso tímido surgiu nos seus lábios. Aquele sorriso fez todas e quaisquer incertezas e inseguranças desaparecerem do meu peito.

- São lindas. – Ela sussurrou.

- Não. – Contradisse-a, sentindo-me ligeiramente ofendido que ela achasse umas meras flores lindas e que não se achasse a si própria uma autêntica deusa. - Tu és linda.

Coloquei a minha mão no seu rosto e acariciei-lhe as suas bochechas, tracei os seus lábios tal como eu já tinha imaginado, tracei-lhe o maxilar, perdi-me totalmente na maravilhosa composição que era o seu rosto.

Já tinha estudado as leis da gravidade centenas, quem sabe até, milhares de vezes. Já tinha lido centenas de livros acerca do assunto, sabia as fórmulas decore. Já tinha também estudado as leis da atracção, lido livros, tudo mais, mas nada, nada se comparava à força que me puxava na direcção de Bella. Era como se eu fosse um satélite a ser puxado para a órbita de um planeta. Como a Lua para a Terra. Cada vez mais perto e mais perto, ouvi o seu coração começar à acelerar, senti a sua pele aquecer mais e a sua respiração, tal como a minha, acelerou. Os meus lábios aproximaram-se dos dela e eu podia sentir na minha boca o sopro quente e doce que saia dos seus lábios, primeiro os nossos lábios roçaram levemente uns nos outros para depois se encostarem e lentamente começarem a movimentar-se.

Enquanto intensificávamos o beijo, as minhas mãos tomaram vida própria e colocaram-se na cintura de Bella, puxando-a mais para mim, prendendo-a no meu abraço. O desejo que eu tinha sentido quando vira Bella pela primeira vez naquela camisa de dormir voltara e com uma força quase que avassaladora. Eu estava demasiado ciente do corpo de Bella a encaixar-se perfeitamente em cada curvatura do meu, os seus lábios quentes a moverem-se em sintonia com os meus, as suas mãos nos meus cabelos. Estava tão ciente disso tudo que nem me apercebi como ou quando nos tinha levado para a cama e a tinha deitado debaixo de mim.

Era maravilhosa a sensação de tê-la nos meus braços, de saber que ela era minha, total e exclusivamente minha. Parecia, naquele momento, que éramos só nós dois, não havia pensamentos, sons ou cheiros que me incomodassem, nada me fazia descer do paraíso em que me encontrava. Nada…

Eles estão lá em baixo, Edward… Uma vozinha chamou-me à atenção.

Agora, não… Outra vozinha. Isto é bom.

O Charlie não vai gostar de vos ver assim caso suba… E o Carlisle vai ficar desiludido. A primeira voz voltou a falar. Reconhecia vozinha da minha consciência e a vozinha do meu monstro pessoal.

Que importa?! Ela quer estar contigo, Edward. O monstro tinha alguma razão… e eu queria que ele tivesse razão.

Se eles descobrirem vão proibir-te de vê-la para sempre! É isso que queres? A consciência também tinha razão.

Só percebi que Bella tinha parado de me responder quando analisei obviamente aquele último aviso da minha consciência. Afastei-me ligeiramente dela e vi que tinha os seus olhos fechados, o seu rosto suportava uma careta e eu entrei em pânico.

E se ela não tivesse gostado? E se eu tivesse avançado depressa demais? E se eu a tivesse magoado? E se…

- Bella… Desculpa, eu… Eu não queria… - Comecei a dizer, mas os seus lábios colaram-se aos meus ferozmente impedindo-me de continuar a minha frase. Queria ter aprofundado o beijo, mas ela afastou-se, pelo que eu decidi, cedo demais.

- Shhh… - Ela silenciou-me colocando a sua delicada mão nos meus lábios. - Não fizeste nada de errado. – Voltou a colar os seus lábios aos meus e eu soube que não era suposto aprofundar aquele beijo. - O Charlie está lá em baixo… E já sabemos que ele consegue ouvir tão bem como qualquer um de vocês.

Como se uma pequena luz se acendesse na minha cabeça, eu percebi qual fora o seu medo, em parte era um dos meus maiores medos, mas não era o principal. No entanto, continuava preocupado com o que Bella pensara do beijo… Teria ela gostado?

Ela tocou-me no rosto com ambas as mãos, traçou cada linha do meu rosto e então alisou as rugas que se formaram na minha testa devido à minha preocupação.

- Não fizeste nada de errado. – Os seus olhos castanhos perfuraram os meus, mostrando-me convicção e sinceridade. - Eu queria… E ainda quero. – O seu rosto corou.

Ela tinha gostado! Não tinha avançado depressa demais, não a tinha magoado, não tinha feito nada de mal… Senti o meu peito ficar tão leve que não resisti em beijá-la, beijos castos mas onde eu depositava todo o meu amor por ela.

Convivera com três casais durante demasiado tempo para aprender várias coisas: convivera demasiado tempo com Esme e Carlisle para aprender a apreciar as palavras amorosas que se diziam no silêncio da companhia da pessoa amada, convivera demasiado tempo com Rosalie e Emmett para aprender a usar a parte física do amor que sentia sem esquecer de ser carinhoso ou parecer bruto e convivera demasiado tempo com Alice e Jasper para aprender a demonstrar o meu amor simplesmente através de um olhar. Estava na altura de eu poder pôr em prática tudo o que aprendera e ainda de inventar e descobrir outros modos de provar a esta fantástica mulher o quanto eu a amava.

Deitámo-nos de lado, acariciando o rosto um do outro, apreciando apenas a companhia que proporcionávamos ao outro, ouvindo no silêncio algumas das palavras que seriam mais difíceis de expressar por palavras e gestos do que ficar apenas naquele silêncio agradável. Foi quando lhe tirava uma madeixa do seu cabelo do rosto que me relembrei do pequeno anel que adornava o meu anelar direito.

- Quem me dera ter o anel igual a este. – Murmurei tirando o anel do meu dedo. Subitamente, tal como acontecera outras vezes, senti um imenso desejo de que algumas coisas pudessem ser verdade, tal como ter um anel igual a este. - Queria dar-to…

Bella tirou-me o anel cuidadosamente das mãos, analisando-o como se fosse um tesouro raro, vi como os seus olhos se demoraram na eterna promessa gravada no ouro da aliança e soube imediatamente o quanto eu queria prometer-lhe aquilo, prometer-lhe que estaria com ela sempre e para sempre. Quando os seus olhos soltaram o anel, focaram-se nos meus, não tive dúvidas de que as palavras que saíram a seguir dos meus lábios eram as mais verdadeiras que alguma vez eu lhe iria dizer.

- Amo-te.

Vi os seus olhos brilharem com lágrimas que não iriam cair e então a sua resposta.

- Também te amo.

Esta estava marcada para ser a melhor noite da minha existência.

Aproximei o meu rosto de Bella e voltei a juntar os nossos lábios… num modo de selar as nossas declarações, quando me afastei, ela aproximou-se mais do meu corpo para se aninhar. Os seus braços prenderam-me junto de si e eu tive que me rir, mas depois coloquei os meus braços à volta dela, aninhando-a contra mim o máximo possível, afaguei-lhe o cabelo e distribui beijos carinhosos pela sua testa e nuca.

- Dorme, minha querida. Amanhã estarei aqui contigo. – Prometi, sentindo-a sorrir contra o meu peito.

Não foi muito até que a sua respiração se tornasse mais profunda, o seu coração batesse num ritmo estável e o seu corpo relaxasse sob os meus braços. Deitei-a cuidadosamente debaixo dos lençóis e beijei-lhe a testa antes de sair silenciosamente do quarto. Claro que me sentia mais que pronto para voltar para a sala, mas quando sai do quarto, deparei-me com Charlie parado no meu corredor.

- C-Charlie… Eu… Eu não sabia que estava aí… Eu…

- Calma, rapaz… Eu sei! Não vou nem perguntar-te quais são as tuas intenções para com a minha filha…

- Eu só a quero fazer feliz, senhor. – Interrompi-o, esperando poder responder àquela pergunta. – Eu daria a minha vida para que ela fosse feliz.

O sorriso que surgiu no rosto de Charlie era sincero e eu pude ver que ele aprovava o que eu tinha dito.

- Eu sei… E confio em ti, Edward. – As suas palavras tocaram-me a um nível que ele não seria capaz de adivinhar. – Sempre confiei e se calhar, esse tenha sido um dos meus erros.

- Porque é que diz isso?

- Porque ao depositar tamanha confiança em ti já não consigo achar ninguém melhor para a proteger e fazer feliz do que tu. – Ele suspirou. – E vai ser mesmo difícil deixá-la partir…

Não compreendia as palavras dele… em parte… Não percebia o que ele queria dizer com “deixá-la partir”, eu nunca iria fazer Bella afastar-se do seu pai, eu conhecia-a bem o suficiente para saber que ela nunca deixaria o seu pai sozinho.

- Não compreendo.

- Mas vais compreender… quando tiveres filhos… mais especificamente, filhas. Tu vais perceber, Edward. – O sorriso que ele me voltou a dar parecia compreensivo, quase de companheirismo. – Bem… Mas não era isso que eu queria falar contigo.

- Talvez devêssemos ir para o escritório. – Sugeri. – Não quero incomodar a Bella.

Charlie soltou um riso abafado e depois abanou a cabeça. – A ela? Não tarda começa a falar e não vai sentir nada, disso te garanto. Mas tens razão… No escritório temos mais… privacidade.

Ele seguiu à minha frente… Era estranho… Charlie aparentava ter apenas vinte e cinco anos… Oito anos de diferença dos meus eternos dezassete… E, no entanto, o silêncio que o cercava, o brilho sapiente nos seus olhos… estas coisas diziam muito mais acerca da verdadeira idade dele do que as minhas cadências na linguagem diziam da minha. Só pela postura de Charlie, eu podia dizer que ele tinha o porte de um guerreiro, de alguém que não pertencia ao século XXI mas sim o porte de alguém que lutara contra gentes bem mais fortes. Olhando para Charlie, sem saber a sua história, eu afirmaria que ele não passava de um jovem adulto descontraído que talvez frequentasse a faculdade, mas eu não fazia suposições dessas. Eu sabia que Charlie era um vampiro/feiticeiro com duzentos e tal anos, que ele era um príncipe tanto para vampiros como feiticeiros… que ele, acima de tudo, era o pai da mulher que eu amo.

Chegámos ao escritório de Carlisle e entrámos, Charlie parecia sentir-se em casa, já eu mesmo estando na minha própria casa, sentia-me terrivelmente desconfortável. Ao entrarmos, dirigi-me instantaneamente às poltronas na frente da secretária do meu pai, já Charlie dirigiu-se à parede onde se encontravam dispostos os quadros que representavam as etapas mais significantes da sua existência.

- Sabias que o teu pai tem os verdadeiros em Salem? – A voz de Charlie cortou o silêncio numa maneira tão descontraída que me assustou. – Estes são excelentes cópias… Mas claro que o meu querido irmão não se iria querer afastar desta relíquia.

Os seus olhos estavam poisados no quadro onde estavam representados os Volturi, os meus olhos seguiram a imagem e pararam exactamente no vampiro que era pai de Charlie.

- Faz confusão pensar como é que um monstro como ele poderia se ter apaixonado assim tão facilmente, não é? – Novamente Charlie me puxou dos meus pensamentos.

- Não creio que seja assim… - Sussurrei. – Creio que simpatizo com os sentimentos que ele nutriu pela sua mãe. Disse que a Bella era muito parecida com ela… Sou capaz de compreender o que o levou a apaixonar-se.

- Não paro de vos subestimar… - Charlie resmungou para si e então riu-se. – Nunca compreendi totalmente o sentimento que os meus pais nutriam… Para mim, era sempre incompreensível como é que mesmo depois de tantos anos, mesmo com a distância que os separava, como é que eles conseguiam olhar um para o outro com tanto amor e parecer que era a primeira vez que se viam… Durante anos perguntei-me como é que ela tinha conseguido amar uma criatura tão… monstruosa como o meu pai… como é que ela tinha conseguido arranjar espaço no seu coração para mim e para o meu irmão… como é que ela tinha conseguido amar-nos e não rejeitar-nos. Foi durante os anos da minha adolescência que essas perguntas se fizeram presentes… Os meus anos de revolta… O amor… um sentimento tão estranho como também tão interessante… tão medonho como também tão atraente.

- O senhor não amou a mãe da Bella e da Ana?! – Perguntei.

Ele falava do sentimento como se fosse um objecto, algo que se podia usar e então deitar fora. Um modo tão frio e calculista. Eu queria apenas perceber o que realmente se passava na sua mente semi-silenciosa.

Os seus olhos brilharam com tristeza e então a sua postura descambou. Subitamente, na minha frente estava apenas um homem destroçado com um grande passado.

- Amei, amo e sempre amarei… - O seu olhar voltou para o retrato. – E por ainda amá-la tanto consigo compreender que o que sentes pela Bella é algo muito puro. Acredita, Edward, quando eu digo que ainda não compreendo este sentimento. É algo tão poderoso… tão… destrutivo… Como é possível que alguém o queira assim tanto? – Os seus olhos viraram-se para mim. – O amor é a mais forte e destrutiva das armas… A maior arma que alguém pode levantar contra nós. Penso que… para nós, imortais, seja mais fácil de aceitarmos como o nosso corpo, o nosso modo de ser muda quando encontramos o verdadeiro significado deste sentimento. Mas para os humanos… o amor é algo tão… volátil.

- Eu não sei a sua história com a Renée. – Comentei, tentando distrai-lo.

Um sorriso gentil surgiu no seu rosto. – Eu estava a tentar fazer como o Carlisle naquela época… Queria afastar-me do meu mundo, queria experimentar coisas novas, queria saber como era viver como um simples humano, como um mortal… E então conheci-a… Ela era simplesmente fantástica e brilhante e… tudo o que eu poderia pedir numa mulher. Ela era perfeita. Soube no momento em que lhe pus a vista em cima que ela seria minha… que ela era a minha mudança… Conquistei-a… Fi-la minha… Casámo-nos… e então a Ana e a Bella. – Um sorriso surgiu no seu rosto novamente. – A Renée tinha um pouco de dificuldade em aceitar realmente o meu mundo… Aceitou-o, aceitou-me, mas a gota de água veio quando eu tive as visões.

- Que visões?

- Tu e a Bella… A Ana e o Jacob… Tu, o vampiro, e o Jacob, o lobo. – Ele suspirou. – Ela tinha aceite tudo… Menos que as filhas fossem obrigadas – ele cuspiu a palavra como se tivesse veneno – a ficarem com seres míticos. Sempre foi uma escolha delas, nunca uma obrigação, mas a Renée não via as coisas assim… Ela achava que as minhas visões eram como uma lei… quando eu tinha uma era porque as coisas eram assim e pronto. Começaram as discussões… E depois o divórcio… A guarda das meninas… Ela queria as duas, a minha mãe pôs-lhe algum bom senso na cabeça e disse-lhe que elas eram especiais… como eu… que elas tinham necessidades especiais.

- E ela deixou a Ana. – Charlie apenas assentiu.

- Fizemos mal os cálculos… Eu e a minha mãe. – Ele explicou, vendo-me erguer a sobrancelha. – A Ana tinha demonstrado que era mágica muito antes da Bella! E por isso pensámos que a Bella tivesse tido “sorte” e tivesse puxado à Renée. Que fosse humana. – Outro suspiro. – No fim, descobri que não era bem assim. A Ana tinha alguns problemas com o controle da sua magia… Ela conseguia fazer com que os objectos inanimados ganhassem vida… Julgámos que ela também conseguisse fazê-los voltar ao normal como já tínhamos visto acontecer… Mas então descobrimos que não era a Ana que fazia as coisas voltarem ao normal e sim a Bella. Foram tempos complicados… Como a Bella só podia vir passar o Verão comigo, tentei ensinar-lhe tudo o que podia… Levava-a para Salem… a minha mãe ensinava-lhe o que ela tinha que aprender… Mas nunca foi realmente suficiente. Claro que mesmo que a Renée nos tenha afastado, nada disso mudou o futuro.

Charlie soltou uma gargalhada sem humor e então voltou a olhar para o quadro. – Pergunto-me o que ela diria se soubesse que agora a nossa menininha namora com o vampiro! Ela iria passar-se.

- Mas ela sabe que…

- Mais ou menos… Mas ela não pode dizer nada a ninguém… Quando ela se tornou uma Swan, prometeu a Salem o sigilo… Prometeu que guardaria o segredo, mesmo que isso lhe custasse a vida… Creio que ela não tinha bem noção do que isso significava na altura, mas agora ela pode ter uma vida normal. – Ele riu-se, como se houvesse algo de engraçado nas suas palavras. – Claro que ela não irá gostar de saber na mesma… E tenho muita pena que ela não tenha aceitado esta vida realmente bem naquela altura… Mas já se passou tempo suficiente para se habituar. E isso leva-nos de novo a ti e à Bella.

Charlie remexeu no bolso das calças procurando por algo, até que tirou de lá um pequeno envelope de pergaminho e entregou-mo.

- Dezassete anos são um longo tempo de espera. – Ele comentou, vendo-me abrir o envelope.

Tirei primeiro o pequeno objecto que provocava um volume no envelope e fiquei surpreendido ao perceber que se tratava de uma aliança igual à minha só que ligeiramente mais fina, obviamente destinada a estar na mão delicada de uma mulher – da minha Bella – e depois havia uma carta, escrita em papel de pergaminho antigo.

 

Querido Edward,

 

Bem sei que te prometi que entregaria o anel à nossa querida Bella.

No entanto, nunca tive a oportunidade. Entristece-me que não possa cumprir a minha promessa, mas alegra-me que possas ser tu a entregar-lhe o anel pessoalmente. Espero que não te importes, meu querido!

E espero também que quando ambos me derem a honra de vos ver aqui em Salem novamente, este anel esteja no dedo da minha neta e que tu olhes por e para ela do mesmo modo como o fazias há dezassete anos atrás.

Aguardo boas notícias vossas!

Até à vista, meu querido.

 

Marie Swan

 

A carta tinha um odor floral impregnado nela, eu reconhecia o cheiro adocicado que em tempos me tinha feito ficar com água na boca, o cheiro era idêntico ao de Bella, mas este era ligeiramente menos floral para ter um quê de… macieiras, supus.

Depois de ler a carta, dediquei especial atenção ao anel, as mesmas palavras inscritas no interior do aro dourado… Exactamente igual.

- Era isso que tinha para te entregar. O Angel trouxe-mo na última vez que cá esteve e disse-me que se este envelope não te viesse parar às mãos nos próximos… três meses que eu iria ter graves problemas quando voltasse para casa.

Voltei o meu olhar para ele, não conseguia compreender realmente bem porque é que ele depositava tanta confiança em mim… Não deveria ser ele o pai super protector?! Este Charlie era diferente daquele que no início da noite me tinha lançado um olhar mortífero e que parecia estar atento a cada movimento meu.

- Porque é que se preocupa tanto que eu faça boa figura? – A expressão não parecia apropriada… mas era a única que me veio à mente.

Ele fez um meio sorriso e então disse.

- Devo-te mais do que deveria… Tu é que devias dever-me, tu é que devias tentar conquistar-me como pai da rapariga que tu gostas… Mas esse é o problema! – Ele fez uma pausa. – Tu já fizeste mais por ela do que eu… Todas as noites enquanto eu próprio tinha o meu descanso, tu observavas o sono dela… – Por momentos julguei que Charlie me tinha apanhado na sua casa aqui em Forks e soubesse que eu estivera no quarto da sua filha todas as noites. – Quando ela era pequena… Salvaste-lhe a vida naquele acidente sem lógica no liceu… Que mais provas precisaria eu para saber que o motivo pelo qual te vi com a minha filhinha era porque tu a amarias realmente e poderia confiar totalmente em ti. Vejo que não me enganei.

As suas palavras valiam muito mais do que ele pensava.

Estudei-o melhor, procurando por algo que me dissesse que ele não estava a ser sincero… Mas, por outro lado, porque haveria ele de mentir quando a felicidade de uma das suas filhas estava em risco? Que tipo de pai seria ele se não se preocupasse com a felicidade da filha para mentir?

Charlie sorriu-me e então virou-me costas, dirigindo-se para a entrada do escritório. O seu porte descontraído mas visivelmente grandioso retornara e eu pude percebe-lo pelo modo como ele caminhava de queixo erguido.

- Charlie?! – Chamei-o e ele parou na porta, não se virou para mim, mas virou o seu rosto o suficiente para olhar por cima do seu ombro. – Obrigado.

- Não me agradeças, rapaz… Convence-me apenas de que não me vou arrepender por confiar tanto em ti… e não cometas os mesmos erros que eu cometi. – Ele disse para depois sair.

Voltei a analisar o pequeno anel e, por fim, olhei para o quadro dos Volturi, observei calmamente o retrato de Marcus Volturi. Depois de o fazer, corri para o meu quarto para assistir e assegurar o descanso do meu amor.

 

Deixei o quarto apenas para me despedir do meu irmão, dos meus pais e de Charlie e Ana. A minha cunhada deu-me um sorriso tão radiante como o sol e abraçou-me, já Joe… Quando ele me tocou na mão, o seu sorriso aumentou e deu-me uma patada nas costas. Em certas coisas, ele era parecido com Emmett. Esme ao despedir-se de mim deu-me algumas sugestões, já Carlisle informou-me do plano que tinham organizado para que nós saíssemos de Forks.

Esperei no pórtico até que o carro desaparecesse entre as árvores para entrar em casa. Quando entrei Alice estava (como sempre) animadíssima, na sua mente passava-se uma conversa que ela tinha tido com Ana, eu não me podia importar menos. Olhei para o relógio… Sete e um quarto… Talvez fosse melhor fazer o pequeno-almoço para Bella.

-… a Ana é simplesmente fantástica! – Alice continuou a tagarelar alegremente atrás de mim. – E somos tão parecidas… Ela adora fazer compras, a cor favorita é o rosa…

Revirei os olhos enquanto me encostava ao balcão da cozinha.

- A Bella gosta de panquecas! – Alice disse, de repente, fazendo-me olhar para ela. – A Ana disse-me.

E foi o que fiz, meti-me a preparar aquilo para o pequeno-almoço da minha amada. Alice ajudou-me… ou pelo menos estava a ajudar-me quando viu que Bella ia acordar… A pequena pixie voou escadas a cima, toda pronta para ajudar Bella a escolher a roupa.

Ouvi Bella falar com Alice e ri-me alto quando a ouvi perguntar à minha irmã se tinha alguma opção de escolha, tinha pena do meu anjo… Ninguém conseguia impedir Alice. Pouco depois, Bella desceu e estava fabulosa… Simples mas fabulosa.

- Bom dia, princesa. – Disse-lhe beijando-lhe a testa e colocando-lhe o seu prato com o pequeno-almoço à frente. - Hum… Vejo que a Alice esmerou-se.

Ouvi Alice agradecer-me e gabar-se nos seus pensamentos, mas ignorei-a totalmente, estando totalmente concentrado nos belos olhos de Bella.

- Acho melhor comeres! – A fadinha chamou-nos de volta à realidade. - Não é por nada, mas temos que ir para a escola!

Bella comeu o seu dejejum e quando acabou tirei-lhe o prato da frente.

- Onde é que estão os outros? – Ela perguntou olhando à sua volta.

– O Carlisle, a Esme, o teu pai, a Ana e o Joe foram para Salem hoje cedo. – Expliquei-lhe enquanto lavava o seu prato.

- Para Salem?!

Ela parecia confusa… mas será que ela não se recordava da noite passada?

- Sim. Foram mais cedo, mas nós vamos ter com eles assim que nos livrarmos da escola. – Alice explicou-lhe.

A pergunta que veio a seguir não me espantou, fazia sentido que ela quisesse saber as coisas.

- E como é que isso vai acontecer?

Foi naquele preciso momento que Emmett entrou na cozinha seguido pela esposa e Jasper.

- Tu vais gostar imenso do modo como nos vamos ver livres da escola!

O sorriso alegre de Emmett estava preso aos seus lábios, feliz por poder livrar-se de Educação Física. Nenhum de nós gostava da disciplina visto que tínhamos que nos conter ainda mais… mas Emmett era o que mais sofria.

Jasper quando viu Bella sorriu-lhe cumprimentando-a gentilmente. - Bom dia, Bella.

- Bom dia, Jasper. – Bella respondeu com o mesmo sorriso e depois virou-se para a minha irmã loira. - Bom dia, Rose.

Eu nunca iria habituar-me realmente ao facto de que Rosalie aceitava Bella tão bem assim, ainda me fazia alguma confusão… mas eu gostava.

– Bom dia, Bella. – Rosalie respondeu e o seu olhar então virou-se para mim. - Estamos prontos? Quanto mais cedo chegarmos, mais depressa despachamos este assunto e podemos ir ter com eles.

Eu ainda tinha mais uma coisa a fazer.

- Vão andando para o carro. Nós já lá vamos ter.

Coloquei o meu braço à volta da cintura de Bella, impedindo-a de sair de junto de mim. Todos saíram da cozinha, os seus pensamentos vagueavam por todas as hipóteses que existiam. Alice estava a controlar-se imenso para não ir se abraçar a Bella e felicitá-la de algo que ainda nem tinha acontecido, já Jasper analisava cuidadosamente as minhas emoções, tentando tirar alguma razão do que ele pressentia. Rosalie estava ligeiramente curiosa e os seus pensamentos revezavam-se entre perguntar-se o que eu iria fazer e ameaçar-me que não magoasse Bella. Infelizmente, o meu irmão urso saltou para conclusões despropositadas…

- Oh, Eddy! – Emmett chamou espreitando pelo arco da cozinha. - Não faças nada que eu não fizesse.

Eu odiava quando ele me chamava aquele nome… Mas nem valia a pena chamar-lhe à atenção. Claro que o meu irmão urso desapareceu depois daquele seu comentário inapropriado e eu fiquei finalmente sozinho com Bella. Virei-me para ela e sorri abertamente.

- Agora sim posso desejar-te um bom dia como deve ser. – Disse inclinando-me na direcção dos seus lábios. - Bom dia.

Ela ainda estava de olhos fechados, mas já tinha um lindo sorriso no seu rosto.

- Bom dia. – Respondeu-me abrindo os seus olhos.

Teria que aproveitar agora que estávamos a sós para lhe dar o anel… para lhe pedir…

- Fecha os olhos.

Ela obedeceu-me prontamente e eu tirei o anel do meu bolso, enquanto observava Bella durante a noite pensei em como lhe havia de pedir para ser oficialmente minha namorada… O termo em si não me agradava… Não era suficiente… Não chegava aos pés do que eu queria que ela fosse… Mas isso iria mudar, teria apenas que dar tempo ao tempo.

Peguei-lhe na mão esquerda, na mesma mão onde eu tinha o meu, e coloquei o anel no anelar. Gostei imenso do modo como o anel se acomodou tão firmemente ao seu dedo, beijei-lhe a mão e esperei. Pouco depois ela abriu os olhos e eu não pude impedir-me de sorrir.

- Edward, o que…

Ela não precisaria de perguntar… Elevei-lhe a mão, expondo o aro dourado que agora adornava o seu dedo. Os seus olhos examinaram o anel com cuidado e depois reconhecimento iluminou-os, elevei a minha mão esquerda para lhe mostrar o meu anel.

- O teu pai disse-me que tinha uma coisa que a tua avó me tinha mandado… uma coisa que eu lhe tinha dado para ela te dar a ti quando partimos de Salem. – Expliquei-lhe enquanto entrelaçava as nossas mãos. - Ele disse-me por pensamentos que queria que eu passasse hoje pela esquadra para ele me entregar este anel, mas como as coisas se complicaram ele decidiu dar-mo antes de partir para Salem.

Ela retirou o anel do dedo e voltou a analisá-lo, antes que ela o pusesse no dedo, retirei-lho das mãos e ajoelhei-me. Estava desejoso de fazer isto… mas numa outra ocasião específica.

- Isabella Marie Swan… - Eu sabia perfeitamente como ela não gostava do seu nome completo, mas neste momento era assim que devia ser… - Aceitas namorar comigo?

Eu realmente não queria mesmo dizer namorar a palavra casar caia tão melhor naquela frase. Mas isso não me impediu de sentir o nervosismo da espera pela sua resposta. Os seus olhos não largaram os meus…

- Sim.

Novamente senti um sorriso abrir-me os lábios e coloquei o anel de novo no seu dedo, de onde nunca deveria sair. Levantei-me e estávamos mesmo prestes a beijar-nos quando…

- Pombinhos!!! – Emmett gritou, fazendo-me desejar que ele tivesse ficado calado. - Despachem-se! Temos aulas, lembram-se?!

Bella corou e eu ri-me, fazendo com que ela olhasse para mim. Eu queria mesmo perder-me na profundidade dos seus olhos, mas agora não poderia ser.

- Vamos! – Disse puxando-a comigo.

Dirigimo-nos à garagem, já todos estavam dentro do Volvo, deixando o lugar da frente vago para que Bella se sentasse ao meu lado. Na mente de todos parecia haver uma concordância geral de que aquele lugar pertencia, a partir de agora, à minha Bella.

Segui à sua frente e abri-lhe a porta do passageiro, esperando que ela entrasse. Bella aproximou-se e antes de entrar, sorriu-me e deu-me um beijo carinhoso. Sorri ainda mais.

- Ow! Tão fofos! – Alice exclamou batendo palminhas. - Quando estivermos em Salem tenho que vos tirar uma foto! – Ela parou com os seus planos em voz alta por ali. E posso começar já a preparar as coisas do casamento? A fadinha pensou e isso fez-me rir.

Abanei a cabeça sabendo que ela iria ver e corri para me sentar no lugar do condutor. Bella já tinha o cinto de segurança posto e quando me sentei, segui-lhe o exemplo para depois colocar a minha mão sobre a sua perna e lhe sorrir. Isto sabia melhor do que eu imaginara. Ela retribuiu-me o sorriso e eu acelerei com o carro para fora da garagem.

Quando chegámos à escola, todos os pensamentos dos estudantes eram similares aos pensamentos que eles tinham tido quando eu e os meus irmãos chegámos a esta escola pela primeira vez, mas desta vez os seus pensamentos tinham uma mistura perfeita do choque inicial com o choque que Jessica já sentira quando me viu com Bella no dia a seguir ao desastre de Port Angeles.

Eu nem acredito… A Bella Swan com os Cullen?! Um dos miúdos pensou.

Houve outros similares, mas eu fiz de tudo por ignorá-los, focando-me apenas no silêncio da mente de Bella. Olhares atrás de olhares, pensamentos atrás de pensamentos… Era como começar tudo de novo, mas desta vez já não era o purgatório que eu enfrentava, não… agora era muito melhor porque eu não estava a segurar a vela para os meus irmãos.

Levei Bella à porta da sua aula de Inglês e depois despedi-me dela com um beijo, não me importando minimamente que estivéssemos na escola. Ela também não pareceu importar-se muito com os olhares de todos aqueles que nos cercavam, o que eu achei perfeito quando ela tentou aprofundar mais o beijo. Sai de junto dela com vontade de mais, insatisfeito com o toque.

E então pareceu terem-se passado séculos e não horas até que Miss Cope foi interromper a aula para me avisar de que a minha mãe tinha ligado… Depois fomos buscar Bella. Miss Cope entrou pela sala adentro, desculpando-se ao professor Varner pela interrupção e relembrando-se mentalmente de que eu era um aluno… Quando a secretária entrou, vi Bella olhar para o corredor, os cantos dos seus lábios elevaram-se num leve sorriso e eu sorri-lhe de volta.

- Miss Swan. – O professor chamou. Pobre rapariga… E pobre Chefe Swan… Uma família tão boa e agora têm estes problemas. Hum… teria que perguntar a Charlie qual foi a desculpa que eles utilizaram para nos tirarem de lá.

- Sim, senhor?! – Bella disse, a sua voz estava inocente, perguntei-me se ela já se teria esquecido do plano.

- Bella, querida, o seu pai ligou. – Miss Cope informou-a.

- Passou-se alguma coisa com ele?! Aconteceu alguma coisa? – A sua voz estava repleta de preocupação, mas eu conseguia ouvir algum tom subjacente de diversão na sua voz.

Boa actriz… Pensei, sabendo que ela iria ouvir-me. Mas, querida, mantém-te ao de leve na actuação… Não queres deixar a Miss Cope com remorsos por ter-te vindo avisar que tinha havido problemas, pois não?

Reparei que Bella comprimiu um pouco os lábios, como se tentasse não se rir.

- Não, não se passou nada com ele. – Miss Cope esclareceu, preocupada que ela estivesse a assustar Bella desnecessariamente. - Ele apenas disse que tinha havido uns problemas com alguém da sua família e que precisava que a menina fosse para casa com urgência.

- Está dispensada, Miss Swan. Pode ir pegar nas suas coisas e ir-se embora.

Vi-a andar mais depressa para ir buscar as suas coisas, nunca tirando do seu rosto a máscara de preocupação que me convenceu por alguns minutos. Quando ela finalmente estava no corredor connosco, abracei-a e dei-lhe um beijo na testa.

- Como correram as aulas? – Sussurrei ao seu ouvido, olhando para Miss Cope de esguelha.

- Bem… Estava a ver que nunca mais me vinham buscar. – Ela sussurrou-me de volta, parecendo levemente irritada.

- Eles devem ter demorado um pouco mais a ligarem para a escola, não podíamos sair das aulas sem que fosse dada ordem dos nossos pais. – Expliquei-lhe, embora pudéssemos de facto sair, não convinha que Charlie, Carlisle e Esme não ligassem para a escola.

- E qual foi a vossa desculpa para serem dispensados? – Os seus olhos brilhavam com pura curiosidade e eu quis-me rir, sempre curiosa.

- A Esme disse que um familiar tinha tido uns problemas e que tínhamos todos que ir ver esse familiar. – Jasper explicou-lhe quando já estávamos no parque de estacionamento. - Foste surpreendente ali dentro. És uma boa actriz.

- Obrigada… Mas isso só porque aquilo que eu sou me obriga a mentir bem para os humanos.

O seu rosto fechou-se ligeiramente. Tinha me esquecido que ela não gostava nada de mentir.

- Tal como nós. – Rosalie disse, os seus pensamentos estavam agradados com o facto de que Bella tinha mais alguma coisa em comum connosco. - Agora… Vamos para Salem?

- Uh! – Alice exclamou depois de ter uma visão. - A viagem vai ser muito divertida.

Entrámos no carro e assim que já estávamos todos ajeitados, acelerei para fora do parqueamento, não me preocupando com o limite de velocidade. Bella procurava alguma música na rádio e só parou de procurar quando Alice disse.

Jasper e Emmett começaram a cantar a música como uma nova declaração de amor para as suas esposas… Entrei na mesma onda que eles, em parte também não resistindo ao sentimento forte que Jasper estava a emitir para o interior do carro e acabei por me juntar à música. Adorei ver Bella totalmente coradinha quando me ouviu cantar e ainda gostei mais de a ouvir cantar. A sua voz era magnífica, melhor do que qualquer música que eu já tinha ouvido, tão perfeita e pura… Simplesmente divinal.

- Bella! Estavas a mentir quando disseste à Esme que não tinhas jeitinho nenhum para música! – Alice acusou-a quando a música acabou.

Novamente vi Bella corar e senti-me satisfeito.

- Sim. Tens uma voz fantástica.

Fantástica é pouco, Rosie. Pensei.

- Ya, maninha! A tua voz é mesmo muito boa.

- Concordo com eles.

Bella parecia não concordar com nenhum deles pois vi-a corar e virar o rosto. Tive que me rir daquela sua atitude.

- És o meu rouxinol! – Disse-lhe quando ela olhou para mim.

Ela só para me fazer a vontade, assobiou, imitando um rouxinol perfeitamente. Todos nos rimos desta vez.

- Talvez devêssemos alimentá-la com alpista! – Sugeriu Emmett.

Ouviu-se o rosnar do estômago de Bella e ela corou ainda mais. Rimos ligeiramente, mas Alice entregou-lhe uma sandes. Como é que eu me podia ter esquecido disso?

- Brigada, Lice! – Ela agradeceu aceitando a refeição que a minha irmã tinha preparado.

Não tinha reparado que já estávamos fora dos limites do estado de Washington quando ficámos subitamente cercados por floresta. O verde-esmeralda das árvores era quase semelhante ao verde contínuo de Forks, mas aqui havia qualquer coisa diferente que eu não conseguia bem distinguir. Havia muros de árvores de ambos os lados da estrada, comecei a preocupar-me se nos tínhamos perdido, mas deixei de estar quando por entre as árvores começaram a surgir os primeiros edifícios da cidade.

- Bella… - Rosalie chamou-a.

- Isto é… - Emmett continuou, mas parou procurando por palavras que descrevessem a maravilha que víamos.

A cidade parecia retirada de um outro tempo. Os edifícios visivelmente antigos pareciam totalmente novos e estavam em perfeitas condições. Estávamos a entrar numa praça e no centro dela havia uma estátua no meio de uma fonte, eu estava completamente maravilhado ao ver vampiros a exporem-se ao sol brilhante que iluminava a praça sem quaisquer problemas.

- Sejam bem-vindos… A Salem! – A voz de Bella disse tirando-me momentaneamente do meu devaneio da cidade.


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