Meu passado desconhecido escrita por Joko


Capítulo 7
Capitulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oioioioi.
Vim mais cedo hoje, mas estou de passagem. Espero que gostem do capitulo, eu o fiz nas carreiras.
Boa noite e beijinho.

~Joko *3*



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Parecia torturante ouvir a voz de Octavian na manhã seguinte, eu não conseguia esquecer a noite passada e uma hipótese não queria sair de minha cabeça: e se o meu “acidente” tivesse sido um erro de calculo e eu respirava apenas por isso? E se, na verdade, eu tivesse sofrido uma tentativa de assassinato. Eu me perguntava o que de fato acontecera naquela noite.

Eu tentava a todo custo manter a mim e Thiago longe do loiro, que eu tinha de chamar de marido. Meu filho sempre ficava confuso quando eu o puxava para com a proximidade de Octavian repentina. Talvez, lá no fundo, eu soubesse que aquilo também era para manter o pai do meu filho longe de mim.

Oito horas eu embarquei Thiago no ônibus escolar e tinha marcado com Rachel em uma cafeteria, pois nós iriamos até o Bronx, ela disse que faríamos uma visita a algumas pessoas e, depois, pegaríamos Thiago na pré-escola.

Aproveitei que Octavian tomava banho e peguei meu casaco e outras coisas, entrando no carro correndo e pisando fundo no acelerador. Não queria olhar na cara dele por um bom tempo. Questionei-me se eu tivesse demorado um pouco mais em casa, ele não teria tentado algo novamente.

– Tenho de perguntar aos funcionários se isso acontece com frequência. – pensei alto.

Não demorou para que eu chegasse a cafeteria. Rachel me viu e saiu do comércio, pulei para o banco ao lado e ela tomou o lugar do motorista. Novamente ela usou aquela mesma frase “Eu que sei para onde estamos indo, eu dirijo!”.

– Nossa, por que chegou tão cedo? Eu ia pedir um pão de queijo, sabia? – choramingou ela quando paramos no sinal vermelho.

– Desculpe, eu estou fugindo do meu marido. – murmurei.

Rachel me olhou confusa poucos segundos antes de voltar-se para a estrada. Eu entendi o recado, então contei para ela tudo o que tinha acontecido, desde que vi o que Thiago me dissera até o suposto ataque de Octavian.

Quando eu terminei de falar, Rachel puxou o carro para o lado tão repentinamente que eu tive certeza de que nós teríamos nos poste se ela não tivesse freado igualmente rápido. Ela me olhou com os olhos esbugalhados e a boca entreaberta.

– ELE FEZ O QUE?! – ela gritou.

– Rachel, quer nos matar? – briguei segurando meu peito tentando desacelerar meu coração. Eu ainda podia ouvir algumas buzinas passarem por nós, mas a ruiva parecia ignorar. – Eu não sei se foi ele, só estou dizendo que pode ter sido.

– Reyna, isso é assédio sexual!

– Ele é meu marido!

– HELLO! – ela estalou os dedos nos meus ouvidos, me fazendo fazer careta. – Século XXI, fofa. Era de que o homem é o poder supremo da casa já passou a tempos, lembra-se disso?

– Eu sei, mas ele tem o direito de querer algo com a esposa dele e... – um cara buzinou bem no meu ouvido. – Dá para você tirar esse carro do meio da rua?

– Tecnicamente, estamos atravessadas entre a calçada e a rua. – ela ligou o carro e logo nós voltamos a estrada. – Então, como eu dizia, mesmo que você seja a esposa dele, se você quiser passar o matrimônio inteiro sem transar com ele, nos dias de hoje, você pode. Se ele tentar lhe obrigar, mas você pode denunciar e ele será preso. É simples!

– Não o culpo... só não quero ele perto de mim e muito menos de Thiago. – falei dando de ombros.

– Aliás, foi um prazer conhecer o pequeno. – ela sorriu de canto com os olhos na estrada.

Minha vontade era de dizer “Eu sei que já o conhece, Rachel, não precisa fingir”, mas eu gostava de pensar que ela estava me enganando. Eu gostava de pensar que ela estaria do meu lado a qualquer momento, custe o que custasse, mesmo eu tendo consciência de que, assim que minhas memórias voltassem, ela e eu voltaríamos a agir como se não nos conhecêssemos, já que ela sempre deixava isso bem claro.

Abaixei o olhar para as minhas mãos, não estava muito satisfeita em voltar a dividir espaço com Rachel novamente, era terrivelmente cruciante. Eu sentia como se o ar ali dentro estivesse apenas sumindo cada vez mais e o maldito som da nossas respirações estivesse impedindo minha concentração em outra coisa.

Como eu, infelizmente, não tinha Pen Drive, o de Rachel estava no fundo do lago do tio Popo e nós duas não gostávamos das músicas que tocavam na rádio, fomos obrigada a passar o resto do nosso trajeto em silencio. Quando dei por mim, a ruiva já começava a estacionar em frente a uma garagem de uma casa de muro de pedras com algumas trepadeiras nela. Era uma casa muito bonita, grande e dava para ver claramente que era uma casa bem velha.

A ruiva pegou a bolsa e me olhou.

– Vem, já devem está nos esperando. – ela desceu e eu a segui, ficando ao seu lado olhando as coisas ao redor fazendo careta. – É, eu sei. Tia Belona adora aparecer. – ela tocou a campainha e me olhou. – Talvez você tenha puxado isso dela...

– Onde estamos?

Antes que a ruiva pudesse me responder, a porta de entrada foi aberta por uma mulher de longos cabelos castanhos e grandes olhos castanhos claros. Ela abriu um largo sorriso ao por os olhos em mim e me puxou pelos ombros, me abraçando fortemente. Eu fiquei sem reação.

– Oh, querida, eu soube sobre o que aconteceu. Eu fiquei tão preocupada. – ela me segurou pelos ombros e fechou a cara. – É bom Octavian não ter anda a ver com isso.

– Perdão, mas quem é a senhora?

– É uma brincadeira, Reyna? – ela franziu o cenho.

– Essa eu posso explicar. – Rachel se fez presente, sorrindo de leve para a mulher, que fechou a cara. – É um prazer lhe rever também, dona Belona.

– O que faz aqui, Rachel? – ela vociferou.

– Hey, olha como fala com minha amiga! – briguei me soltando um pouco e ficando ao lado de Rachel.

A mulher pareceu ficar ainda mais confusa, mas a cena pareceu divertir a ruiva ao meu lado. Belona, aparecente chamada assim, nos puxou para dentro e nos indicou a sala, onde se encontrava uma garota, provavelmente dois ou três anos mais velha que eu com um homem da idade de Octavian mais ou menos. A garota, abriu um largo sorriso para mim, assim como o homem, mas a garota pareceu não gostar de ver Rachel ali também.

– Oi, Hylla. – a ruiva sorriu debochada para a garota, então se virou para mim. – Reyna, esses são Hylla, Belona e Josh, sua irmã, mãe e cunhado. – ela apontou para cada um.

Todos olharam confusos para ela enquanto eu sorria sem graça e dava um “tchau” com a mão. Belona não pareceu levar aquilo muito a sério, até que nós sentamos no sofá e Rachel e eu explicamos o que estava acontecendo. Hylla e Belona trocaram olhares e logo em seguida me abraçaram, parecendo não ligar mais para Rachel.

Logo começamos a conversar, sempre Rachel, Hylla e Belona trocando olhares desagradáveis, mas nada demais. E então Josh foi embora, ficando apenas mulheres na casa. Belona- ou mamãe, ainda não sabia- foi fazer algo para almoçarmos, então Hylla levou a mim e a Rachel no segundo andar. Nós entramos em um quarto muito bonito. Era branco, parecia o típico quarto que qualquer garota iria querer, com cama de casal e tudo mais. Parecia perfeito.

– De quem é? – perguntei andando por ele deslumbrada.

– Essa eu sei! – Rachel se animou, mas Hylla tampou a boca dela.

– Era seu... quando morava conosco ainda. Não me deixava entrar aqui por nada no mundo. – a ruiva mordeu a mão dela, então a garota parecida comigo jogou Rachel para o lado. – Ai, sua vaca ruiva!

– Eu entrava aqui. – ela caminhou até a janela e um pequeno sorriso cresceu em seus lábios. – Eram bons tempos.

– Eu... dormia aqui? – perguntei olhando ao redor. – Mas é tão grande...

– Você sempre foi espaçosa. – Hylla deu de ombros. – Ei, ei, ei! Saia já daí, ruiva maluca! – e ela correu na direção de onde Rachel acabara de entrar, talvez um closet.

Ri passando a mão bobamente pelo móvel com alguns retratos. Eu estava na maioria deles, uns tinham apenas eu, outros eu e mais alguém, mas não consegui encontrar nenhum em que a ruiva estivesse. Será que eu não tinha posto uma foto dela em um porta-retratos?

Sentei na cama, sentindo a macieis me dominar. Deitei-me de costas e fechei os olhos, era familiar, eu não podia negar, mas também era algo novo. Como aquilo poderia acontecer? Mas eu sentia algo me incomodar nas costas, então eu sentei e olhei para trás, vendo uma vida do Mário vermelha de pelúcia. Abracei-a sentindo um cheiro maravilhoso de alcaçuz com menta. Era delicioso.

Eu me encolhi na cama, abraçando o ursinho e inalando aquele cheiro maravilhoso. Nem percebi quando fui vencida pelo sono. A parte boa foi que eu tive um sonho.

Eu estava me vendo em terceira pessoa de uma certa altura. Eu estava de frente para Rachel, nós duas devíamos ter em torno de 18 anos, apesar de não termos mudado quase nada. Nós nos encarávamos e eu podia ver minha boca mexer ao longe, assim como via o rosto de Rachel começar a deixar lágrimas rolarem pelo delicado rostinho dela. Repentinamente, Rachel gritou algo sem tirar os olhos do chão, mas eu não soube o que era, então eu tirei algo de minha mão direita e joguei no lago, atrás da casa do tio Popo.

Eu falei algo mais e dei as costas para a ruiva, logo que fui embora no carro, Rachel caiu de joelhos no chão com uma flor na mão. Ela jogou a flor no lago, pegou a bicicleta e pedalou para longe. Então o sonho mudou, agora eu estava no meio de uma Rachel atual e uma eu atual. Nós nos encarávamos, mas eu só via ódio nos olhos de Rachel, nos meus parecia magoa mascarada pela frieza.

Novamente meus lábios se movimentaram, mas eu não ouvi nada. Então, eu apenas tentei ler os meus lábios. O que eu entendi foi “Bem-vinda, senhorita Dare”, e tentei ler os de Rachel “É um prazer trabalhar com a senhora, senhorita Avilla”. Por que estávamos tão frias?

De repente, a Rachel do sonho me encarou nos olhos e abriu a boca, saindo belos “Reyna, Reyna! Reyna, acorda!”

Sentei na cama ainda sonolenta, mas quando meus olhos se cruzaram com as belíssimas orbitas verdes, meu coração acelerou e o ar sumiu de meus pulmões. Nós duas coramos, desviando os olhares.

Rachel ficou em pé e estendeu a mão para mim.

– Vem, sua mãe fez o almoço. – aceitei a mão dela e nós duas descemos, logo soltando as mãos quando sentimos uma pequena corrente elétrica correr por nossos dedos.

O almoço foi tranquilo, passamos a tarde com minha mãe e Hylla e eu não comentei nada sobre o sonho. Estava com medo de não ser apenas um sonho e sim uma lembrança, estava com medo de contar sobre ele e Rachel parar de me ajudar, eu estava mesmo apavorada de contar e Rachel simplesmente lembrar daquilo, me abandonar e eu ficar perdida no mundo.

Quando deu umas quatro da tarde, eu e Rachel fomos embora. Ela me levou até onde era a escolinha de Thiago e nós descemos do carro, entrando para pegar o pequeno. Não demorou para vermos o meu loirinho sair, segurando na mão da professora, que o soltou ao por os olhos em mim.

– Senhorita Sheyla, professora de Thiago. – Rachel sussurrou em meu ouvido quando a senhora veio em nossa direção, seguindo o menino que corria na minha direção.

Senti espasmos pelo meu corpo, mas ignorei, pegando Thiago no colo assim que o pequeno pulou na minha direção. Sheyla, a professora dele, se aproximou de mim com um sorriso gentil.

– Boa tarde. – ela disse.

– Boa tarde. – respondemos eu e Rachel juntas.

– É sempre bom ver a família envolvida com as crianças... – ela comentou passando a mão nos cabelos de Thiago. – Então, as duas mamães já tem ideia de onde por o pequeno para fazer o primário.

Eu e Rachel coramos instantaneamente, mas Thiago apenas riu. Ele olhou para a professora, já que eu e a ruiva ficamos sem fala, e disse:

– Essa é uma amiga da minha mãe, senhorita Sheyla, Rachel. Essa é minha mamãe. – ele me abraçou pelo pescoço e sorriu para a moça.

– Oh... perdoe-me então. Bem, amanhã faremos um passei ao Empire State, precisamos da autorização dos pais ou responsáveis do menino.

– Ok, eu assinarei com meu marido. – foi tudo o que disse dando as costas a senhora e entrando no carro, seguida por Rachel. Pus Thiago na cadeirinha e logo a ruiva pisava no acelerador.

Nós deixamos Rachel na cafeteria e fomos para casa, por sorte, Lurdes me avisou que meu marido tinha acabado de viajar. Então, uma ideia passou por minha cabeça e mandei uma mensagem para Rachel:

Chame as meninas, Octavian viajou. Vou fazer uma festa do piajama... bem clichê, mas não ligo!

– Lurdes, prepare tudo. Algumas amigas minhas viram ai, ok? – ela apenas assentiu e se retirou. Olhei para Thiago. – Pronto para uma festa com as amigas da mamãe?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Até amanhã e boa noite.

~Joko *3*



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