Meu passado desconhecido escrita por Joko


Capítulo 12
Capitulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oioioioi. Espero que gostem do capítulo de hoje e até amanhã.
Boa noite.

~Joko *3*



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Sentei na cama com todo cuidado do mundo, tirando Rachel do meu peito e tateando atrás do meu sutiã e minha calcinha. Vesti tudo assim que fiquei em pé, logo procurando por minhas roupas, que as achei espalhadas pelo quarto. Peguei minha bolsa, sapatos e sai arrumando meu cabelo. Entrei no elevador, logo descendo e caminhando na direção da recepção.

– Com licença? – a mulher me encarou, com um sorriso doce. – Eu quero que você faça algo para mim...

– Qualquer coisa que estiver ao meu alcanço, senhorita.

– Ok... – anotei o número do quarto e algumas palavras. – Manda um arranjo de rosas vermelhas com apenas um lírio branco entre elas com um cartão com esses dizeres, por favor. E, me dá a conta.

– Ok. – ela franziu o cenho. – Mas esse não é o quarto que é reservado por mês?

– É esse sim. Aliás, cancele e dê fim a todos os registros desse apartamento. – fui fria tirando quatro notas de cem dólares da bolsa. – Isso dá para a conta desse mês?

– Nossa... dá e sobra! – ela riu olhando.

– Ótimo. Fique com o troco e não se esqueça da encomenda.

Então eu a dei as costas e sai caminhando para fora do pequeno hotel com chalés, que eles humildemente chamavam de quartos. Entrei dentro do meu belíssimo fusca 2015 preto e, mal fechei a porta, comecei a chorar. Era a primeira vez que eu saía antes dela, na verdade, era a primeira vez que eu não a acordava quando dormíamos juntas, mas era o melhor para ela.

Funguei ligando o carro e pondo o carro para andar na estrada. Passei a mão nos cabelos, mantendo-a lá enquanto a outra ficava no volante. Meus olhos provavelmente já não tinham mais lágrimas para deixarem cair, muito provavelmente não tinha mais água em lugar algum do meu corpo. Meu coração parecia que tinham arrancado ele de meu peito, amaçado até ele virar pó e depois jogado as cinzas em um vulcão. Mas o que eu podia fazer? Era o certo. Octavian tinha minha família nas mãos e eu era a única que podia ajuda-los, além de ter de deixar Rachel a salvo.

Minha cabeça doeu e eu pude ouvir vozes ao longe, junto com algumas sirenes. Uma mão quente e pequena segurava a minha, mas eu via clarões ao redor e uma cabeleira ruiva gritando com alguém, mas eu não conseguia entender nada. Minha visão mal se mantinha, quanto mais minha consciência, então eu logo apaguei de novo.

Estacionei o carro na frente do prédio, desci enfurecida e subi as presas pelo elevador, mas quase pus a baixo porta quando entrei. O loiro sentado no sofá bebendo champanhe em uma taça me olhou chocado.

– Opa, opa. O que foi isso, amorzinho? Precisa disso? Não precisa. – Ocatvian ficou em pé sorrindo sedutor.

Tirei de dentro da bolsa o dinheiro e joguei na mesa de centro dele, derrubando um enfeite de vidro, mas esse não se quebrou. Octavian arqueou as sobrancelhas, sentando e pegando a grana, começando a contar.

– Onde pegou a grana? – ele perguntou jogando o saco de volta para a mesa.

– Sua conta na Rússia. – dei de ombros, cruzando os braços. – O que quer comigo a essa hora da manhã? Preciso ir embora, Rachel está me esperando para...

– O aniversário de vocês? – ele caminhou até mim, segurando-me pelo pulso e puxando-me para mis perto, prendendo meu corpo no dele com um braço me envolvendo pela cintura. – Mas você sabe que ontem foi o dia que eu lhe dei para terminar tudo, não sabe?

– Eu não posso terminar com ela ainda! – insisti.

– Claro que pode. E você vai... ou então eu mesmo dou um jeitinho nela. – ele aproxima os lábios do meu ouvido. – Você sabe do que eu estou falando, certo?

– Fique longe dela. – trinquei os dentes. – Eu já aceitei casar com você, morar com você e ter a porcaria de um filho com você, para que o seu papaizinho não pense que o filho é um fracassado, coisa que ele é. Meu pai já sabe sobre você, assim como minha mãe e irmã. Então, fique longe de Rachel. Já envolveu pessoas demais...

– Idiota. – ele roubou um beijo, mordendo meu lábio inferior, mas eu tive vontade de vomitar quando ele me soltou, jogando-me no chão. - Você sabe que isso foi dialogado a muito mais tempo, então por que não terminou com ela antes? Você quebrou uma regra, o que me dá o direito de quebrar uma também... Certo, meu anjo? – ele murmurou sorrindo de canto.

– Eu termino com ela! – fiquei em pé em um pulo. – Hoje, quando for a ver em nossa comemoração de aniversário, eu termino com ela.

Ele sorriu malignamente, segurando meu rosto com uma das mãos.

– Promete?

Engoli em seco.

– Prometo.

– Eu não acredito em você. – ele me soltou e sentou no sofá, cruzando as pernas e bebendo do champanhe. – Irei com você.

– O que? Não! Não pode, é algo particular meu!

– Sou seu noivo. E de acordo com tudo no mundo, o marido tem total liberdade de interferir na vida da mulher caso ache necessário.

– Isso é coisa do século passado.

– Tipo o seu fusca? – ele riu.

– Reyna? – ouvi sussurrarem bem perto de meu rosto. Tentei segurar-me na voz, mas estava difícil aquilo. Eu reconhecia a voz, era Rachel, e eu estava tentando segurar-me naquela voz, mas estava difícil. – Me perdoa... por favor, não me deixa... Por favor... não...

Tentei falar algo, mover-me, mas era como se meu corpo não reagisse, e eu logo fui consumida pela total escuridão novamente.

– Rachel? – chamei aproximando-me da ruiva sentada na borda da ponte do lago do tio Popo... digo, Poseidon. A ruiva me olhou, ficando em pé e pondo as mãos para trás. – Chegou a muito tempo? – meu olhar caiu do outro lado do lago, onde Octavian nos observava de braços cruzados e mostrando que estava ouvindo tudo pelo comunicador escondido em minha roupa.

– Ah, não. Cheguei a pouco tempo, tio Popo saiu, então somos só eu, você e esse lago enooorme. – ela riu.

E Octavian!, pensei.

A ruiva se aproximou de mim para me beijar, mas eu recuei no exato momento. Ela me olhou confusa, mas logo depois sorriu brincalhona.

– Já sei, é por que eu não trouxe presente e você deixou aquele lindo buquê para mim, não é? Ah, Lovey, vai... eu só ainda não...

– Rachel, eu preciso falar algo sério com você.

– Mas, Lovey... espera, já é a segunda vez que me chama assim. O que aconteceu com Liliun? – ela parecia cada vez mais confusa.

Engoli em seco, olhando por cima do ombro dela e vendo Octavian apontava dois dedos para os próprios olhos e um para mim em seguida. Trinquei os dentes e encarei Rachel na ponta do nariz, não podia fazer aquilo olhando nos olhos dela e ela não acreditaria se eu olhasse para outra coisa.

– Rachel... eu...

– Olha, eu amei o que escreveu no cartão. – ela tentou se aproximar, mas logo recuou, ao ver minha expressão. – “Bom dia meu amor. Eu sei que não estou ai, mas posso explicar. Me perdoe se fui rude, eu não queria te acordar. Obrigada por esse tempo juntas, eu não vou esquecer, foi apenas uma aventura impossível de se ver. Te explico tudo no tio Popo, não se esqueça do significado de nossa flor. – ela me encarou e sorriu. – Eu sei que a noite de ontem foi uma aventura muito louca, mas não precisava expor isso para me dar flores.

– Não, Rachel... – suspirei. Agora ou nunca... eu preferia nunca, mas as circunstancias não permitem. – Quando eu disse que foi uma aventura, não quis dizer apenas a noite... tudo foi uma aventura. Eu só queria saber como era ter um relacionamento com uma lésbica.

– Ora, Reyna, você é lésbica. O que está dizendo? – a ruiva pareceu não entender.

– Não, Rachel, eu não sou. Eu sou uma adolescente que está curtindo a vida, e você foi uma curtição. Eu só fiquei com você para ter experiência. Até parece que eu iria conseguir ter algo mais com uma pirralha, nem sei como te aguentei a vida toda. Fique longe de mim, Rachel, você foi apenas uma aventura. Me ajudou quando precisei, eu fiz o mesmo por você, mas foi só. Não vai passar disso.

Ela abaixou o olhar, podia ver as lágrimas caindo e pingando no chão.

– Mas... você disse ontem que queria casar comigo...

– Eu também disse que te amava, e dai? Pessoa dizem essas coisas para seduzir outras, faz parte do jogo da vida.

– E o nosso anel? – ela me encarou. – AINDA ESTÁ O USANDO, QUER DIZER QUE AINDA ME AMA!

Olhei para a minha mão e suspirei. Tirei os dois anéis que eu usava e joguei um no lago, do outro lado da cabana do tio Popo, enfiando a mão nos bolsos depois, guardando o outro lá.

– Pronto. Não tenho mais, eu não te amo, Rachel, nunca amei e nunca vou amar. Eu só te seduzi e te usei, então fique longe de mim e tudo vai ficar normal.

– Como pode ser tão fria? – ela me encarou, os olhos cheios de lágrimas. – Como pôde fazer isso comigo, Reyna?

Forcei o melhor sorriso maldoso que pude e dei de ombros.

– Você era fácil demais. Adeus, Rachel, foi boa a nossa brincadeira. – dei as costas para ela e caminhei até o carro. Entrei, fechei a porta e dei a ré, apenas para sair da vista de Rachel. – Terminado, Octavian. – disse vendo Rachel cair de joelhos na ponte chorar, mas logo ela ficou em pé, pegou a bicicleta e foi embora pedalando.

Desci do carro e caminhei até a ponte, pegando a rosa que ela deixara cair e a abraçando, inspirando fortemente aquele cheiro maravilhoso. Tinha um leve cheiro da minha/ex ruivinha.

Muito bem, querida. Nos vemos em casa, teremos para o jantar sushi para comemorar com champanhe para mim e saquê para você. – o áudio dele ficou mudo.

Tirei o microfone e o joguei no lago, guardando a rosa dentro do bolso. Voltei para o carro e entrei nele, fechando a porta com raiva. Bati no volante várias vezes, além de esbofetear minha testa algumas vezes. Xinguei-me trezentas vezes antes de ligar o carro e embora para a casa de Octavian.

– Ela vai ficar bem? – pude ouvir a voz de Rachel ao meu lado, sentia mãos me tocarem, pareciam me examinar.

– Vai sim. Não é a primeira vez que a senhorita vem para cá neste estado. O que foi desta vez? O marido, ela tentando defender o filho, o que?

– Perdão, como?

– Você sabe, o marido da jovem senho... – mas meu cérebro não pegou tudo, pois logo resolveu tirar minha sanidade.

– Liliun... – murmurei acariciando sua foto.

– Amor? – Octavian entrou em nosso quarto, o que me fez esconder a foto rapidamente dentro da caixa e por um travesseiro em cima. – Lurdes levou Thiago pra tomar banho de sol, hoje é dia de pediatra. Irá de novo? Não quer que eu vá desta vez?

– Não. – fui fria, encarando-o. – Nosso acordo ainda está ligado, Octavian, e eu aind quero você longe o suficiente do meu filho, entendeu? Ele é só um bebê, seja paciente com ele.

– Ele chora de mais. – ela se jogou na cama. – E eu não bati nele.

– Você gritou com um bebê, Octavian. Escute, garoto, fique longe do Thiago. Eu vou defende-lo com unhas e dentes, entendeu?

– Sim senhora... – ele revirou os olhos, ficando em pé e saindo do quarto. – O carro sai em uma hora.

Ele fechou a porta e eu tirei a foto novamente.

– Liliun, esteja lá... por favor. – pedi. – Não como no trabalho, como filha da pediatra, só isso...

Guardei a foto na caixa, levantei e fui guardar no closet, um lugar secreto que Octavian não mexia. Naquela caixa eu tinha coisas que Octavian jamais poderia saber sobre, muito menos encontra-las.

Juntei todas as minhas forças quando senti uma mão grande, quente e áspera tocar minha mão, mas eu não sentia mais a mão de Rachel na minha, pelo contrário, só sentia a de Octavian, mas algo me dizia que ela ainda estava ali. Então, eu consegui falar, em uma tentativa de pedir socorro:

– Liliun...

– Reyna?

– Liliun... me... scul... Liliun... – tentei dizer, mas saiu apenas aquilo.

A porta se abriu e fechou apressadamente enquanto eu ouvia alguém pedir por ajuda. Onde diabos eu estava?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, me digam! Boa noite.

~Joko *3*



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