Escape escrita por Miaka


Capítulo 19
Being okay with you...


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal! ♥ Para variar, os capítulos tem demorado a sair! Peço desculpas! Essa semana foi meu aniversário (dia 4, mais especificamente) então quem quiser me dar fics, eu estou aceitando, viu? Hahaha! Espero que gostem do capítulo e obrigada por continuarem acompanhando!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641016/chapter/19

 

— Barbarossa, você está preso!

A voz do delegado ecoou por todo o restaurante. Porém, os demais clientes e funcionários que não sabiam que aquele homem, portando uma arma, se tratava de um policial, se desesperaram. Muitos se abaixaram, escondendo-se debaixo das mesas e alguns correram para trás do balcão do bar. Gritos de pavor se misturavam ao som de talheres sendo largados aos pratos e cadeiras indo ao chão.

O único que não se alterou foi aquele que cruzava a porta. Era como se nem ao menos tivesse escutado a ordem de prisão daquele homem que ele conhecia tão bem.

— Droga!

Sinbad correu por aquele salão, atravessando o corredor formado pelas mesas.

— SIN!!!!

O clamor de Ja’far foi completamente ignorado pelo delegado que correu o máximo que pôde, escancarando a porta de vidro do estabelecimento. Mas assim que chegou à rua, tudo o que eçe pôde ver foi Barbarossa adentrando numa luxuosa BMW prata. O sorriso sempre presente no rosto do assassino de sua falecida esposa.

Sinbad mordeu o lábio inferior quando viu a porta se fechar. A arma que segurava firmemente nas duas mãos que tremiam freneticamente apontando para o pneu traseiro do veículo.

Com um único disparo, tudo o que ele conseguiu acertar foi o pára-choque do carro que acelerou rapidamente.

Ele podia atirar de novo. Quem sabe não acertaria Barbarossa?

Mas suas mãos tremiam, assim como suas pernas que prosseguiam correndo na direção daquele carro, que já tratava de virar a esquina e sumir de sua vista. Não! Não podia perder aquela oportunidade!

Com a arma em punho ele voltou a prepará-la para atirar, mas assim que o fez, ouviu uma sirene. Um carro da polícia apareceu bem à sua frente, impedindo que prosseguisse. O que significava aquilo?

— Por sorte eu estava bem perto daqui quando recebi o chamado, Sinbad.

A porta do carona daquela viatura se abriu e revelou ninguém menos que o superintendente da polícia. Takeruhiko Yamato lançou um olhar de desaprovação ao ver o ofegante Sinbad, ainda portando a arma em suas mãos. E, assim que o viu, o moreno deu um passo a frente.

— Vão atrás do Barbarossa! Ele está naquela BMW! - exclamou o delegado.

— Barbarossa?! - o mais alto cruzou os braços. - Você por acaso esqueceu que Barbarossa fugiu há anos para o exterior, Sinbad?! Aliás, solte essa arma agora!

— Ele estava diante dos meus olhos! - elevando o tom de voz, Sinbad parecia desesperado. - Não tenho como pegar meu carro agora, vamos seguir aquel…

— CHEGA! - exclamou Yamato. - Ainda não notou o que está acontecendo!? Olhe ao seu redor!

Foi só então que Sinbad, obedecendo à ordem de seu superior, viu várias pessoas escondidas atrás de muros, arbustos e onde tivessem para se manterem seguras. Todos encaravam assustados àquele homem que havia disparado contra um carro, contra um cidadão comum. A pele bronzeada corou. Ficara bastante envergonhado. Mas aquilo não importava, afinal, Barbarossa estava fugindo.

— Você não entende! O Barbarossa estava no restaurante. Ele falou comigo!

— Solte essa arma. - Yamato o ignorou completamente. - Quero suas mãos na cabeça.

— Quê?! - Sinbad arregalou os olhos. - Eu estou falando que o filho da puta que procuramos há anos está na cidade e na porra de um carro que eu vi bem a placa e você…

— AGORA!

Foi a vez de Yamato sacar a arma do coldre da cintura. Apontou-a para o delegado que permanecia eufórico, inconformado com aquela situação.

— SIN!!!!

— SINBAD-SAN!

O inspetor Ja’far, junto de Aladdin e Alibaba, vinham correndo do interior do restaurante. O alvo rapidamente foi até seu companheiro, notando a palidez em seu rosto.

— Sin, você está bem?! - ele o segurou pelos ombros.

Sinbad nada respondeu. Apenas encarou os olhos verdes enquanto ainda estava atordoado pelo terrível golpe que a realidade havia lhe desferido. O assassino de Serendine havia voltado. E como doía em sua alma ver aquele miserável, que tomara a vida de sua esposa e sua filha, a sorrir e a viver tranquilamente.

— SINBAD! - imperativo, Yamato permanecia a apontar sua arma.

Não precisou repetir. O moreno largou a arma, que foi ao chão, mas tudo o que fez depois disso foi abraçar bem forte Ja’far. Ele era seu apoio, seu alicerce. Só então o inspetor notou que Sinbad estava chorando, ficando assim mais aflito.

— Sin, pelo amor de Deus, o que aconteceu? - preocupado, o alvo afagava as costas do delegado.

Yamato suspirou, voltando a guardar sua arma. De certa forma ficara constrangido ao ver aquele homem chorar copiosamente. E apesar de toda sua postura rígida, o superintendente da polícia conhecia e entendia bem os motivos dele.

— Eu devia prendê-lo pelo o que fez, Sinbad. Sacou uma arma em um local público e ainda efetuou disparos em plena via pública. - Yamato tentava ser complacente. - Confesso que estou decepcionado com sua ação hoje e vou encaminhar uma advertência contra você. Está voltando a ficar paranoico.

Ja’far piscou, encarando-o por cima do ombro do moreno.

— Do que está falando?

— Acho melhor seu... marido - havia um tom de inconformidade em dizer aquilo. Yamato não escondia para ninguém seu preconceito com a relação dos dois. - lhe contar que está voltando a ter alucinações com Barbarossa.

O inspetor se preocupou. Lembrava-se de quando Sinbad foi solto e logo no começo de seu relacionamento, volta e meia o delegado acreditava ter visto o algoz de sua falecida esposa. Em todos os lugares, aos olhos de Sinbad, Barbarossa parecia estar presente. Até mesmo quando estavam a sós, em seu apartamento.

— S-Sin… - Ja’far se afastou por um instante para encará-lo. - Você entendeu e já não confunde mais esses pensamentos com a realidade. Me diz, você realmente viu o Barbarossa?

— Era ele… - o moreno soluçou. - Não imaginei nada, Ja’far! Barbarossa estava aqui! Se você o visse…

— Sinbad-ojisan, não é melhor que se acalme? - aquele pequeno garoto se aproximou. - Não sei bem o que está acontecendo, mas se viu esse homem mesmo, ele já foi. Precisa se acalmar.

Sinbad encarou os olhos azuis do garoto que se dispôs a tranquilizá-lo.

— Eu acho que Aladdin em razão, Sinbad-san. - Alibaba deu um passo à frente.

O delegado assentiu, afastando-se um pouco de Ja’far, que permanecia a encará-lo com consternação.

— Me desculpem. - ele se voltou à Hakuryuu e Judal, que chegavam agora. Hakuryuu ainda não podia correr. - Eu estraguei a comemoração de vocês.

— Claro que não, Sinbad-dono! Sabendo de tudo o que aconteceu, imagino o quão difícil deve ser pra você.

— Mesmo assim, - tentando sorrir, Sinbad coçou a nuca. Estava envergonhado. - Agora nem podemos voltar ao restaurante depois de…

— Olha, - Ja’far interrompeu. - Hakuryuu-kun queria comer comida chinesa, certo? Eu adoraria que todos fossem para nosso apartamento para que eu cozinhasse! O que acham?!

— Aaaah, que ideia incrível, Ja’far-san! - Aladdin juntou as mãos, já se deliciando ao pensar no que o inspetor prepararia. - Nós vamos, não é, Alibaba-kun?

— É claro. - o loiro sorriu. - Judal e Hakuryuu também, claro, não é?

— Não quero incomodar! De verdade, Ja’far-dono. - corando, Hakuryuu desviou o olhar.

— Vocês nos convidaram para comemorar com vocês e agora nós estamos lhes convidando! - o alvo disse, divertido. - Vamos nos dividir no nosso carro e no carro do Judal, então.

Só então eles perceberam a seriedade na expressão do rapaz. Judal parecia transtornado enquanto encarava Sinbad. Aquele silêncio foi o momento ideal que encontrou para caminhar até o delegado. Distraído, o moreno se assustou quando sua gravata foi puxada e Judal encostou sua fronte na dele.

— Sinbad, me escute bem! - ele dizia entre os dentes. - Se Barbarossa estiver vivo… eu juro que vou matá-lo com minhas próprias mãos!

—-----xxxxxx------

Não houve tempo para que os seguranças conferissem quem estava ao volante e invadia com tudo a propriedade dos Ren. O carro particular da dona daquela mansão, Ren Gyokuen, acelerou assim que um dos guardas se aproximou. Alguns sacaram suas pistolas, porém, temendo que houvesse alguém da família no interior do veículo, hesitaram em disparar.

O cantar de pneus não foi o único som audível naquele jardim. Quem o dirigia gemeu alto quando o luxuoso carro parou bem em frente à varanda de entrada da mansão.

Os seguranças correram para cercar o carro, o que fez com que aquele homem abaixasse, rapidamente, os vidros que eram completamente enegrecidos pelo insufilm. Mas o que os guardas não esperavam era encontrar sua patroa com a cabeça entre as pernas abertas daquele homem, de longos cabelos acinzentados e que, estranhamente, não tinha sobrancelhas.

Ela se levantou com um sorriso, rapidamente usando a mão para limpar o líquido que escorria de sua boca. Uma cena bastante constrangedora que, para o casal, parecia comum o suficiente para nem ao menos se importarem de serem vistos daquela forma.

— Maravilhosa como sempre, minha querida Arba. - ele deslizou os dedos pelo rosto tão belo daquela mulher. - Não vai entrar? Kouen não está em casa.

— E se estivesse? Que eu saiba ele é noivo da sua filha, não?

— Você vai embora por meses para aprender a fazer churrasco e quer que eu fique chupando o dedo, David? - riu Arba, melhor, Gyokuen.

— Chupou coisa melhor agora, não? - ele mordiscou o lábio inferior.

— Ai, seu velho safado… - a mulher abriu a porta do carro, encarando com desprezo os empregados que assistiam à cena. - Tem certeza de que não vai entrar?

— Preciso ver meu filho! Estou com saudades do meu netinho!

— Você é uma cobra venenosa. - ria a mulher. - Vê se traz meu carro de volta!

— Eu te ligo!

— Vou esperar!

Com um largo sorriso, Ren Gyokuen desfilou ao subir as escadas, mas assim que cruzou as portas duplas, foi recebida por um aflito Kouha. O rapaz estava angustiado, ansioso ao ver quem havia chegado, mas assim que viu sua tia e madrasta, o desânimo ficara estampado em seu rosto.

— O que aconteceu, meu querido Kouha?

Ele até estranharia a atípica simpatia daquela mulher a indagar o motivo de sua preocupação. “Como se ela se importasse!” - pensou. Mas aquilo não importava. Não agora.

— Pensei que fosse o En-nii!

— E o que aconteceu com o “En-nii”? - ela imitou a voz de seu sobrinho a mimicar como ele chamava seu irmão mais velho.

— Ele levou a Kougyoku para o hospital. Ela não estava se sentindo bem. - explicou.

— Mas essa menina agora vive passando mal? - Gyokuen perguntou com descaso enquanto jogava a bolsa no sofá. - Não vejo a hora de ela finalmente se casar e dar menos problemas para a gente!

Kouha engoliu a seco. Sentia seu sangue ferver ao ver aquela mulher falar daquela forma sobre sua irmã. Ela não esboçava um pingo de preocupação e ele sabia muito bem que Kougyoku estava sendo vendida para finalmente terem o império, que Kouen dizia falido, que Alibaba Saluja herdara. Mas eles sabiam a verdade e como seu irmão mais velho estava chantageando Alibaba com aquele casamento. Pena que ele era ingênuo demais para compreender.

— E onde você estava? - ele decidiu perguntar.

— Acho que não te interessa, meu querido. - cantarolante, ela sorriu. - Me dê notícias da sonsa da sua irmã, okay?

—-----xxxxxx------

A tarde seguiu tranquila e extremamente agradável. Ja’far cozinhou um banquete.

Habilidoso como era na cozinha, serviu de yakisoba à mapo tofu. E fez questão de que todos ficassem fartos.

Todos se empenharam para animar o delegado e ele acabou contando inúmeras histórias divertidíssimas que aconteceram durante sua carreira - e que eram interrompidas vez ou outra quando Judal desmentia algo ou zombava de Sinbad, o que fazia todos rirem.

Já anoitecia quando o celular de Aladdin tocou e ele viu a mensagem: “Onde você está? Seu avô chega hoje à noite”. Era seu pai. Os olhos azuis cresceram.

— Alibaba-kun, tenho que ir pra casa! - alarmado, ele se levantou do carpete onde estava sentado. - Meu avô está indo pra casa, o Ugo-kun vai fazer um jantar para recebê-lo!

— T-Tudo bem, eu posso te levar… de ônibus, mas posso.

— Eu levo o baixinho. Estamos indo também. - Judal também se pôs de pé.

— Já vão? Mas estava tão divertido tê-los aqui. - Ja’far comentou.

— Precisamos arrumar as coisas lá também, afinal, é o primeiro dia do Hakuryuu em sua nova casa.

E ao falar aquilo, Judal entrelaçou seus dedos aos do mais jovem, que ruborizou. Ja’far cutucou Sinbad com seu cotovelo enquanto sorria com ternura. 

— M-Muito obrigado por nos receberem, Sinbad-dono e Ja’far-dono. - Hakuryuu se curvou.

— Fiquem à vontade para virem sempre! - o delegado avisou. - Aladdin-kun e Alibaba-kun também. Foi um prazer tê-los aqui!

—-----xxxxxx------

Demorou, pelo menos, mais meia-hora para conseguirem sair da casa de Sinbad e Ja’far, já que o inspetor fez questão de preparar, para cada um, potes com o que sobrou da comida.

Como Judal tinha bebido, Hakuryuu se propôs a dirigir. E isso fez com que, durante todo o trajeto, tivessem de ouvir as reclamações daquele que não se conformava com a forma que Hakuryuu conduzia seu carro. Ele parava no sinal vermelho, dava preferência ao pedestre e seguia os limites das vias.

— Eu não acredito que você vai parar nesse semáforo também! - Judal resmungava enquanto apoiava os pés no painel do lado do carona.

— Judal, você comprou sua carteira?! O que aprendeu na auto-escola?!

— Auto-escola?! O que é isso?!

— Isso explica muita coisa...

Hakuryuu suspirava em desolação enquanto Aladdin e Alibaba, no banco de trás, riam da impaciência de Judal e da discussão do novo casal de amigos. Foi quando o celular do loiro vibrou mais uma vez.

— Alibaba-kun, não atendeu seu celular hoje.

— Prefiro aproveitar o dia com vocês. Depois respondo as mensagens.

— Não se preocupa de ser algo urgente? A Kougyoku-san não anda muito bem de saúde pelo o que me disse, não? - Aladdin indagou.

— Agora que você disse… - ele arqueou as sobrancelhas antes de tirar o aparelho, que tinha a tela trincada de ponta-a-ponta, do bolso da calça jeans.

Duas mensagens não lidas. Uma de Kougyoku e era a mesma que ela enviava pelo terceiro dia consecutivo. “Não posso te ver hoje. Acho que a semana inteira estarei ocupada.” - ele suspirou. A outra era de um número que não havia em sua lista de contatos. Era nítido que o remetente não sabia escrever direito: “Alibaba-san, pressizo ti encontra. E urjente! No bar q nos vemus sempre. Oje.” - A identificação não era necessária: Morgiana. A prostituta, amiga que tanto considerava e aquela que sempre amou, voltava a procurá-lo.

Ele contorceu os lábios e Aladdin, perspicaz, notou a preocupação em seu semblante.

— Algum problema, Alibaba-kun?

— Nada, Aladdin. Tudo bem.

Não demorou para que chegassem na mansão dos Jehoahaz Abraham. Alibaba decidiu ficar por ali também, de onde pegaria um ônibus. Era o suficiente dizer para Aladdin que iria para casa, por mais que ele tivesse insistido para que seu amigo e professor particular ficasse para o jantar. Aladdin realmente queria que Alibaba conhecesse seu avô, a quem ele descrevia como uma pessoa bastante divertida. Mas o loiro o convenceu de que haveria uma outra oportunidade e que estava muito cansado.

—-----xxxxxx------

Em pouco tempo, também, Judal e Hakuryuu haviam chegado ao prédio que, agora, também seria a residência de Hakuryuu. Era nítido o quanto ele estava envergonhado, ainda mais porque Judal não permitiu que levasse uma bolsa sequer. Ele estava extremamente preocupado com a saúde de Hakuryuu e queria que ele repousasse ao máximo.

Assim que chegaram ao corredor do andar onde moravam e de frente para a porta do apartamento, Hakuryuu ficou esperando que o mais velho abrisse a porta, mas Judal nada fez.

— Judal, não vai abrir? - confuso, o moreno questionou.

— Já viu como minhas mãos estão ocupadas?

— Então me diga onde estão suas chaves!

— As minhas? - rebateu Judal. - Por que não abre com as suas?

Hakuryuu piscou, sem nada entender quando encarou aquele largo sorriso. Judal estava lhe entregando as chaves de sua casa.

— Devem estar na sua bolsa, não? - o mais velho indicou a mochila que carregava em um dos ombros.

Suas bochechas pareciam dois tomates maduros quando abriu o compartimento menor daquela bolsa e tirou dali um chaveiro que tinha um gatinho preto de pelúcia. Ele tinha os olhos vermelhos e uma correntinha dourada em volta de seu pescoço. Havia três chaves penduradas nele.

— Uma é do portão principal, outra do apartamento e outra é a do carro.

— J-Judal… - ele gaguejou. - Não precis…

— Abre logo isso que tá muito pesado, Hakuryuu!!! - Judal o interrompeu enquanto sentia seus dedos se partirem por aquelas alças pesadas.

— Ah, sim, sim!!!

Apressado, Hakuryuu abriu a porta não mais do apartamento de Judal, mas do apartamento que pertencia aos dois agora. Foi uma sensação diferente entrar ali agora.

Assim que Judal cruzou a porta e seguiu para a sala, onde deixou as bolsas no chão, Hakuryuu trancou o lugar, esboçando um sorriso doce ao encarar aquele chaveiro.

— Bem, você já conhece a sua nova casa! - Judal sorria. - Vou te mostrar onde vai ser seu quarto.

Aquela afirmação fez o coração de Hakuryuu balançar. Seu quarto?

Perplexo, ele seguiu o rapaz que o conduziu até o corredor que levava ao quarto de Judal, mas eles foram para uma outra porta, que parecia trancada há algum tempo.

— Não repare a bagunça, eu acabo colocando algumas coisas aqui, mas é um quarto sem uso e muito bom, só um pouco menor que o meu!

Hakuryuu adentrou e, com um sorriso amarelo, o qual ele não podia disfarçar, viu o lugar que estava bem arrumado, exceto por um canto onde havia uma bicicleta ergométrica, uma barraca de camping e algumas sacolas plásticas empilhadas.

Judal tomou a frente e abriu um armário de duas portas que ficava próximo à porta. Estava completamente vazio.

— Depois compramos um armário maior pra você e pode usar meu closet também. Como ele é enorme, vai sobrar espaço para suas coisas também!

Mas a pior parte, definitivamente, era aquela cama - de solteiro - que ficava encostada à parede. Havia uma mesinha de cabeceira e uma luminária sobre ela.

O que estava pensando? - Hakuryuu indagou a si mesmo. Judal estava fazendo o favor de lhe abrigar e estava lhe oferecendo um quarto só para ele. Do que estava reclamando?

Claro. Hakuryuu não queria um quarto só para ele… Ele queria dividir a mesma cama com Judal. E aquele pensamento, por um instante, além de fazê-lo corar, o fez se sentir sujo. Mal haviam começado a namorar. E por que pensava nisso sendo virgem como era? - riu de si mesmo. Era mesmo uma pessoa desprezível!

E assistindo à constante troca de enigmáticas expressões que Hakuryuu exibia, Judal cruzou os braços, sem entender o que se passava.

— Algum problema, Hakuryuu? Não gostou? Podemos redecorar tudo, não se preocupe!

A consciência pesou mais ainda. Judal estava se esforçando mais ainda para agradá-lo.

— Não, eu adorei, Judal! - o sorriso amarelo voltava. - Eu adorei e não precisa tirar nada seu daqui. Eu até posso me exercitar também. - sem jeito ele se apoiou àquela bicicleta, sentindo os dedos mergulhando na poeira que cobria aquele aparelho.

— Tudo bem então! Bem, eu vou tomar um banho e já volto para te ajudar a arrumar tudo, okay?

— O-Okay!

A porta bateu quando Judal saiu e o rapaz se sentou naquela cama. Os estrados rangeram alto. Há quanto tempo aquilo estava ali?

Talvez as coisas não fossem ser como Hakuryuu tanto sonhava, mas ele estava, de fato, satisfeito. Ao menos morava junto de Judal, certo? E longe de sua família.

Quem sabe não estivesse indo longe demais pensando que Judal já queria dividir a vida como um casal? Ver como o delegado Sinbad e o inspetor Ja’far se relacionavam havia lhe feito mal. Havia lhe feito sonhar demais.

—-----xxxxxx------

A música, tão alta, chegava a lhe irritar. A calçada estava lotada no bar que ficava localizado em uma das regiões mais perigosas da cidade. Como a encontraria?

Observou a esquina, onde algumas prostitutas já se exibiam e alguns carros paravam, baixando o vidro onde elas se apoiavam e faziam propostas para uma noite de prazer.

Morgiana não estava ali e ele se sentia, de certa forma, aliviado. Era absolutamente nojento vê-la passar por aquilo. Mas também pudera, não era sua culpa. O vício em drogas a fez adquirir uma dívida grandiosa com seu cafetão. Aquele que a seduzira em sua terra natal com uma proposta para ser modelo naquele país.

Com as mãos enfiadas nos bolsos, Alibaba continuava a olhar para os lados. Talvez fosse melhor entrar. E assim que o fez, caminhou por entre a multidão. Muitos dançavam, fumavam, bebiam. Estava cercado pelo consumo de qualquer droga lícita ou ilícita.

Quando aproximou-se do balcão, sentiu uma mão tocar seu ombro.

— Alibaba-san! - ele conseguiu ouvir, mesmo em meio à música alta.

Dourados e vermelhos se encontraram, mas não houve tempo de falar nada.

Morgiana o conduziu de volta entre a multidão para o fundo daquele bar. Ele sabia que aquele estabelecimento não se restringia apenas para servir bebidas. Nos fundos haviam quartos sujos que fediam a sexo e urina, misturados à maconha, e que serviam apenas para dar o mínimo de privacidade durante uma relação sexual - mesmo que alguns nem portas tivessem.

Mas Morgiana o levou até a última porta. Fechando aquela tábua de madeira apodrecida, ela se viu a sós com o loiro, que nada entendia.

— Sente-se, Alibaba-san!

O loiro pensou duas, três vezes antes de se sentar naqueles lençóis puídos. Havia dois preservativos usados no meio daquela cama. Ele respirou fundo e o fez, seguido pela ruiva, que se sentou ao seu lado.

Só então ele notou como ela estava mudada. A começar pelo corte de cabelo, agora curto, na altura dos ombros e uma única mecha longa, presa. Ele se perguntava como ela ficava com o cabelo solto.

Também era nítido como ela não estava mais vestida como habitualmente, de forma provocativa, com uma lingerie aparecendo por baixo de um vestido colado. Agora ela usava um vestido branco e solto, curto a ponto de mostrar suas coxas, mas que não fazia nada além de realçar sua feminilidade, sem ser vulgar. E era impossível não ruborizar ao vê-la tão perto. Alibaba a achava linda!

— Morgiana, eu não posso pagar seu programa hoje! - ele foi direto, na verdade dizendo aquilo a si mesmo ao sentir a excitação crescente em suas calças.

— Não te chamei aqui para isso, Alibaba-san! - Morgiana parecia aflita, mas um sorriso cruzou seus lábios. - Agora eu sou livre, Alibaba-san! - seus olhos brilhavam.

— L-Livre? - ele piscou.

— Não precisa mais se esforçar em recuperar a fortuna do seu pai para pagar o Jamil! - ela começou a sussurrar. - Mataram o Jamil!

Alibaba piscou, assustado.

— Como assim mataram o Jamil?!

— A Fátima, digo, o Fátima… é um cafetão de travestis e ele mandou matá-lo. Ele disse que eu posso ir embora! Não devo mais nada, Alibaba-san! - ela segurou as mãos do loiro. - Podemos ficar juntos!

Tudo aquilo era tão repentino e… sem a menor lógica. Morgiana estava dizendo que seu cafetão, o homem que a escravizava sexualmente por sua dívida com drogas, havia sido assassinado por um outro cafetão? E que agora eles poderiam ficar juntos, mas… E Kougyoku?

Certo que o relacionamento com ela e seu casamento era arranjado, mas no fundo ele a considerava tanto… Só a considerava? Não. Ele a estimava e… a amava.

— E-Eu tenho que pensar nisso, Morgiana…

— Não se preocupe! Eu já arrumei tudo para você me levar hoje mesmo! Eu te amo, Alibaba-san! Vamos ficar juntos para sempre!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capítulo teve tantas situações diferentes! Estou me esforçando para andar um pouco mais rápido porque a história já está enorme! Hahaha!

Hakuryuu se decepcionou bastante indo morar com o Judal com eles "de coleguinha". Indo para um quarto separado e não vivendo como um casal que se preze como ele devaneia agora tendo o exemplo de Sinbad e Ja'far.

Finalmente temos todos os vilões da fic - só da fic? - em cena e eliminamos um, o Jamil. Eu acho que vocês já tinham se esquecido dele, já que apenas o mencionei como o cafetão da Morgiana. Mas agora parece que o Ali não está muito satisfeito em poder ter a Morgiana. Vai fazer o que agora? Dar tchau-tchau para a Kougyoku?

Eu estou apaixonada em fazer as cenas do David, ele virou o "véio insano tarado meio gay" e eu adorei isso. Hahaha!

Espero que estejam gostando! ♥

Elogios, críticas, sugestões ou só bater um papo comigo, me manda review! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escape" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.