The Rebellion escrita por Vicky


Capítulo 3
Strong as Many


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas do meu coração!!!
Estou muito feliz pois minhas provas acabaram!Yey!
Aí vai o segundo capítulo,eu me empolguei com ele um pouquinho,mas adorei o resultado e espero que possa agradar a todos!
Estou muito feliz com o feedback de vocês,sério gente,muito OBRIGADA!Eu amo muito vocês!
Boa leitura meus errantezinhos!



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O cheiro de carne chamuscada invadia minhas narinas e o gosto metálico do sangue não deixava minha boca.Eu não conseguia levantar as pálpebras por completo,as mesmas continuavam a tremular sobre meus olhos,deixando a visão turva e confusa.Minha cabeça doía e um líquido quente escoria de algum lugar da mesma.Estava ouvindo ruídos,gemidos na verdade e já sabia do que se tratava,tentei mexer alguma parte do meu corpo mas não consegui de primeira apenas na segunda tentativa quando quase pulei no assento,abri meus olhos com muito esforço.

O capô da picape estava totalmente destruído e uma fumaça negra saía de dentro do motor do veículo junto a uma chama fraca alaranjada.O visor da picape tinha se quebrado em pedaços e seus restos transparentes jaziam sobre o capô arruinado e sobre os bancos escuros do interior do automóvel.Uma pequena chama ardia dentro do veículo e queimava parte de minha perna,fazendo o tecido jeans da calça sumir em instantes e começar a grudar no ferimento que antes não havia ali.Movi minha perna o mais rápido que pude,com um ruído,e a tirei de perto do fogo;o cheiro de carne chamuscada que estava sentindo era a minha carne sendo chamuscada.Não senti muita dor pois estava mais preocupada com a situação.

Muitos errantes tentavam entrar na camionete,estapeavam as janelas e tentavam,com todas as forças,entrar pelo buraco enorme que antes era o visor.Caí na real e percebi o que realmente estava acontecendo e a gravidade da situação,estávamos presos em um carro quase todo em chamas que corria perigo de explodir com nós dois dentro e ainda cercados de errantes por todos os lados.Que maneira imbecil de morrer,pensei,e pensar que sobrevivemos até aqui pra morrer por um acidente com uma árvore,ela nem se move porra!Não estava aguentando me mover,minha perna latejava e estava muito vermelha,com um grande machucado feito pelo fogo.Tentei alcançar minha mochila,esticando meu braço o máximo que pude e consegui.Metade de minhas flechas tinham partido ao meio,soltei um suspiro pesado e me esforcei para me recompor.

Ashton estava desacordado em meio ao airbag tentei chegar mais perto e acordá-lo.

—Ashton!Velhote!Acorda porra! - Elevei a voz,dei um soco forte em seu braço e ele teve uma reação,o que me deixou feliz e minha mão dolorida,aquele velhote tinha músculos afinal.-Vai cara,acorda!

Ashton soltou um pequeno ruído de dor,foi aí que eu percebi o grande pedaço de vidro encrustado em seu ombro direito.Como aquilo tinha ido parar lá?!O pedaço de vidro estava coberto com o líquido vermelho,mais conhecido como sangue ou “ai meu Deus” como diria Jessamine,e o mesmo não parava de escorrer;tinha atravessado o ombro e sua ponta,do outro lado do mesmo,estava fincada no banco de couro,o velhote estava preso de alguma forma.Os errantes que estapeavam a janela direita,a minha no caso,estavam tendo algum progresso.O vidro da mesma parecia estalar,faltava pouco para quebrar em milhares de pedaços brilhantes.

Rapidamente,joguei a mochila nas cotas e cheguei o mais perto que pude de Ashton.

—Vamos lá,cara. - Disse dando um leve tapa em seu rosto.-Temos que sair daqui.

O homem com marcas do tempo visíveis abriu os olhos e se assustou com a dor no ombro.Soltou um ruído abafado pela fina camada de fumaça que nos cobria,isso mesmo estávamos ferrados e íamos virar churrasco para walkers.

—Escute...garota. - Abafou o ar mais ainda com sua fala. - Quero que você...puxe.

—O quê?Já pensou na quantidade de sangue que você vai perder seu imbecil?Deve ter outro jeito de... - O velhote me interrompeu.

—Só...puxa. - Ele parecia desesperado e...dolorido,o que era meio óbvio.

O velhote cabeça de vento tinha me irritado um pouco,por ser tão babaca a ponto de querer que eu puxasse o pedaço de vidro,era como puxar uma flecha e todo mundo sabe que não se puxa uma flecha!

Porra! — Gritei arrancando com força o pedaço transparente e aparentemente vermelho na ponta.O sangue de Ash se espalhou pelo seu casaco,até ele levar a mão ao ferimento,pressionando-o.

Rapidamente,levei a mão a bolsa de fora de minha mochila e peguei algumas balas,e com a faca consegui abrir a maioria.Peguei um pedaço de pano,também de dentro de minha mochila encardida,e envolvi a pólvora que tinha conseguido tirar das poucas balas.Retirei a corda que rodeava a toca do casaco de Ashton e finalizei o “chama a atenção de walkers 2.0”(2.0 porque eu sou uma verdadeira imbecil sem ter o que pensar).Acendi.

—Cubra os ouvidos vovô. - Avisei,cubri um ouvido a mão que restou e arremessei.

Um estrondo bem pequeno foi ouvido,como pequenas bombinhas em noites de festa( me decepcionei um pouco com o resultado).Alguns errantes,a maioria,se deslocou até o local que brilhava em um tom alaranjado.Retirei a pistola da bolsa lateral da mochila.

—Vamos rápido! - Gritei para Ashton,ele não parecia querer ficar consciente.

Com uma força considerável consegui empurrar dois errantes que ainda permaneciam igual dois cabeças duras,os segurei com a porta e atirei em suas cabeças.Miolos voaram e a atenção de alguns que estavam entretidos com a “bombinha Avalon para walkers”.Que inteligência a minha,pensei antes de mancar até o outro lado do que antes fora uma picape,sim eu tinha me esquecido do ferimento que tinha dado sinais de vida quando saltei do automóvel.Abri a porta para o velhote e prensei o errante que estava em sua janela com tanta força que seu crânio ficou fincado em um galho grande da árvore que quase nos matou.Ash não parecia nada bem,estava pálido e o ferimento ainda sangrava.

—Vem,se apoia em mim. - Impus ao sujeito muito mais velho.

—Eu consigo andar... - Respondeu ele,tentando sair de seu precioso veículo quase se esborrachando no concreto coberto por...sei lá o quê.Levei um susto na hora,me irritando um pouco.

—Então ande,droga!-elevei a voz,atirando em mais um errante que quase alcançara Ash.

Entramos na floresta quase sem sermos notados,tirando desmiolados que já tinham nos visto e nos seguiram o que me lembrou um desenho que eu assistia de tarde nos fins de semana.Os poucos que conseguiram nos seguir não duraram muito tempo pois a picape tão amada por Ashton explodiu,isso mesmo ela explodiu e quase nos levou junto,foi uma questão de minutos.Não estávamos longe o suficiente,tive que empurrar o vovô para trás de uma árvore grande pois alguns destroços do veículo voaram em nossa direção.

—Temos que sair daqui,isso chamou muita atenção...e não estou falando só dessas coisas. - Disse me aproximando de Ash e colocando seu braço em volta dos meus ombros.-Vamos.

—Não... - Ele parecia não conseguir se equilibrar sobre os próprios tornozelos.

—Cale a boca e vamos. - Repreendi-o antes de ele sequer dizer seu discurso de que conseguia andar.

Ele era muito alto e pesado pra uma garota de dezesseis anos,a diferença do peso dele para o meu era grande por ele ser um homem,eu tive de fazer muito mais força do que estava acostumada e não foi fácil.A queimadura em minha perna começava a dar sinais de um verdadeiro ferimento,estava latejando e parecia querer sangrar foi sorte não estar em completa carne viva.Ashton aguentou uns dez minutos à pé,não mais que isso.Seu peso se tornou insuportável e eu tive de apoiá-lo em uma árvore qualquer,o furo em seu ombro ainda sangrava e não parecia querer melhorar.Ele resistia para não fechar os olhos,percebi,e tentei mantê-lo acordado.

—Ashton,por favor,não dorme fica comigo! - Me agachei,ficando na mesma altura. - Tem que me dizer o que fazer!

—Álcool...na mochila. - Ele disse pausadamente.

Desesperada retirei a mochila de perto dele e abri.Uma garrafa de bebida fechada com o rótulo quase ilegível,as únicas coisas que consegui ler foram:”Beba as estrelas”.Fiquei um pouco curiosa pelo fato de ter uma garrafa de bebida fechada mas isso não tomou muito de nosso tempo,procurei por alguma atadura mas não achei sequer um pedaço de pano.Ashton parecia ter piorado,o sangue já se espalhava em uma pequenina poça sobre o chão.Não sabia o que fazer,foi quando olhei para mim mesma e percebi que usava uma camisa xadrez sobre a blusa.Dane-se,pensei e logo saquei a faca do cinto rasgando um grande pedaço desproporcional de tecido vermelho traçado com linhas negras.Abri a garrafa de bebida e derramei até encharcar o pano que antes era minha camisa.

—Me desculpa,isso vai doer. - Disse logo me aproximando e prensando a atadura improvisada sobre seu furo no ombro.

O velhote soltou um grito e se esforçou para tentar tirar o pano,sendo impedido por mim é claro.O panaca queria morrer,por acaso?Era o que estava parecendo.Claro que isso de ele querer tirar a atadura improvisada não durou muito,ele acabou apagando mais uma vez.Eu não tinha percebido que ele estava desacordado mas estava achando muito estranho o fato de ele ter calado a boca.Amarei o pedaço de camisa em seu ombro,bem apertado.

—Vamos. - Disse passando o braço dele em meu ombro.-Ashton,vamos,levante!

O corpo dele pendia para trás e para os lados e era quase impossível uma garota do meu tamanho levantar um homem e carregá-lo até...algum outro lugar.Me levantei e olhei em volta com dificuldade,a névoa que antes provocou o acidente ainda pairava sobre nossas cabeças doloridas,a densidade parecia alta e não me deixava enxergar muito longe.Abaixei a cabeça e dei de cara com o chão sujo e foi aí que percebi onde nós estávamos.Uma estrada de terra,bem estreita,estava sob nossos pés e um rastro fraco de pneus,quase imperceptível,traçava a terra suja com pedaços de pele podre.Me agachei sobre o rastro,com muita dificuldade,para ter certeza de que era real,pois eu já estava enlouquecendo com o que tinha acontecido,percebendo que era real e...recente.

—Deve ter algo por aqui...-disse para ninguém especial,arfando.

Estava começando a perder o fôlego,parecia que a minha perna não era minha única parte do corpo machucada.Ashton continuava desacordado,o que dificultava muito as coisas,cheguei mais perto do velho e toquei seu rosto,estava pelando em febre.Eu,que já estava desesperada,comecei a ofegar pois a febre era muito preocupante em uma hora como aquela.Tentei levantá-lo,uma tentativa inútil que só serviu para piorar o estado de minha queimadura,e não consegui mas notei que conseguia empurrá-lo.

Tentei puxar Ashton até um lugar seguro,me deparei com dois errantes no percurso mas isso não foi nada de mais.Consegui puxá-lo,com muita força,até uma pequena casa(parecia algum tipo de abrigo mas eu não tinha certeza).Era feita de uma madeira escura e parecia muito velha por fora;cheirava a madeira podre e mais alguma coisa que não consegui identificar;a porta estava semi-aberta e nada convidativa.

Maravilha,pensei com ironia.Tentei arrastar Ash para a frente do abrigo e até que consegui mas tive de deixa-lo ao lado da porta,eu não aguentaria tomar conta de um errante com um velho nos braços.Puxei a faca do cinto e adentrei o abrigo.Era bem escuro por dentro e cheirava a coisa velha e...morta;não havia nada lá dentro,apenas uma mesa e quatro cadeiras;nenhum walker detectável.Guardei a faca no cinto,novamente,e voltei até a entrada para pegar o velhote pelos braços e arrastá-lo para dentro da pequena casa.

Eu estava me tornando profissional na arte de arrastar pessoas desacordadas,estava ficando um pouco mais fácil puxá-lo,mas a parte de fazer força era o problema.Deixei Ashton encostado entre duas paredes de madeira,a febre que ele parecia ter antes tinha amenizado, eu agradeço à bebida das estrelas dele por isso,e isso me deixou um pouquinho mais tranquila.Eu não fazia ideia de como cuidar de uma queimadura,muito menos identificá-la,mas eu não tinha muita opção,era me virar ou morrer.Me sentei ao lado de Ashton e fucei em minha mochila imunda e achei uma garrafa de água cheia,agradeci a Theresa por isso pois ela sempre colocava coisas necessárias em minha mochila,e nas dos outros também.Abri a garrafa rapidamente e despejei a água em meu ferimento,até chegar na metade.Segurei um grito,cara...aquilo doeu mas eu não tive muita escolha.Eu não sabia o que fazer em seguida,eu realmente estava confusa e cansada,foi aí que olhei para o ombro de Ashton e pensei em esterilizar a queimadura,eu não sabia se era certo e nem sabia o que ia fazer em seguida,mas fiz.Ah,cara aquilo doeu tanto que eu não consegui conter um grito,tive de retalhar a minha camisa mais uma vez para envolver a queimadura.Ah Meu Deus,eu estou bem...vou ficar bem,pensei.

Encostei a cabeça na parede e tentei respirar fundo,minha respiração estava falhando e eu não sabia se ia conseguir ficar acordada.Uma pessoa inconsciente é suficiente Avalon,pensei mas a vontade de fechar os olhos e sonhar estava grande.Alcancei minha bolsa,novamente,e a remexi tentando achar algo com que me distrair.Acabei achando um espelho,o mesmo espelho que eu tinha roubado de Jessamine alguns dias antes,e fiquei muito surpresa com o que ele refletiu.Eu estava parecendo a minha mãe,Amélia,mesmo estando horrível e com um corte grande na testa;meus olhos foram direcionados para a cicatriz em minha sobrancelha esquerda,eu não me lembrava onde tinha a conseguido mas eu a tinha desde pequenininha.Também achei a mesma foto que peguei na fazenda,a foto onde eu a minha mãe riamos como duas imbecis amando a vida,na foto estava escrito:Mamãe e Avalon.Havia uma nota dela,bem no canto da foto,dizendo:Eu amo você querida.Aquela foto era bem grossa,até para uma foto normal,o que me fazia estranhar.

Deixei a foto e o espelho de lado e apoiei,novamente,a cabeça na parede.Fiquei pensando no grupo,onde estariam?Como tinham sumido daquela maneira?Eu não sabia dizer.Estava prestes a fechar os olhos quando escutei uma coisa muito parecia com o disparo de uma flecha,só que ainda mais silencioso,como uma besta.


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Notas finais do capítulo

Um disparo silencioso de uma flecha,isso poderia mudar tudo de duas maneiras.Poderiam ser pessoas boas que os ajudariam ou apenas disparariam em suas cabeças doloridas.Avalon não entendia o sumiço do grupo,algo tinha acontecido.Ambos machucados e cansados,eles conseguiriam aguentar a um ataque de desconhecidos?
Não perca no capítulo 3!