Ele tem 18 anos escrita por Hanna Martins


Capítulo 2
Quando o pecado se torna seu hóspede


Notas iniciais do capítulo

Uau, como eu posso agradecer por cada comentário, cada favorito, cada acompanhamento? Vocês são demais! Me deixaram sem palavras, sério! Obrigada por me acompanharem por essa nova jornada. E aqui vai mais um capítulo, espero que gostem ;)



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Peeta caminhava pelo apartamento. Katniss ainda não acreditava que havia aceitado hospedá-lo em seu apartamento. Estava com certeza maluca. Aonde aquilo seria uma boa ideia?

— Precisamos estabelecer algumas regras! — disse o olhando.

Peeta coçou o queixo.

— Regras?

Fechou os olhos e respirou por um momento, antes de prosseguir. Não acreditava que iria dizer aquilo.

— Sobre ontem... Finge que aquilo nunca aconteceu! Certo? Eu estava bêbada e... foi um momento de fraqueza!

Peeta sorriu. Céus! Como poderia ter dormido com ele? Ele tinha dezoito anos! Onde estava com a cabeça?

É claro que ele era lindo... Muito lindo. O garoto era a verdadeira encarnação do pecado em forma humana. Mas, mesmo assim, ele continuava tendo dezoito anos.

— E por que eu devo esquecer? — perguntou Peeta, a encarando, com aqueles penetrantes olhos azuis.

— Eu já expliquei, eu estava bêbada. Eu nunca transaria com você se estivesse sóbria!

— Mas, ontem, você transou comigo! — rebateu.

— Olha, Peeta. Aquilo foi um erro — tentou manter sua voz serena. Usava a linguagem que os adultos utilizam com as crianças, quando querem explicar algo difícil.

Peeta lançou um sorrisinho debochado.

— Ontem, não parecia um erro... — falou maliciosamente. — E foi você quem me atacou primeiro...

Ele estava certo. Ela o atacara primeiro. Como queria esquecer aquela cena vergonhosa. Muito mais agora que descobrira quem era ele.

Katniss respirou fundo. Ela precisava ser adulta ali.

— Peeta, vamos deixar as coisas claras. Eu não sabia que você era o irmão caçula de Gale...

Ele a olhou de canto. Um olhar muito suspeito... de quem sabia coisas demais.

— Espera, você sabia quem eu era?! — exclamou Katniss, após a descoberta.

Peeta deu os ombros.

Aquilo já era demais. O desgraçado sabia quem ela era!

— Por que você fez isso? — disse mal escondendo sua raiva.

— Você quer mesmo saber? — ele arqueou a sobrancelha, fazendo uma expressão desafiadora.

— Quero!

Peeta sorriu. O garoto era especialista em fazer sorrisos assassinos. Isso ela nunca poderia negar. Mas, merda, ele tinha 18 anos! Tratou de lembrar a si mesma.

Ele se aproximou dela com passos felinos, como se ela fosse uma presa que estivesse ao ponto de ser capturada por ele. Katniss deu alguns passos par trás. Porém, ao notar que ele não se renderia, decidiu não se deixar intimidar. Parou e cruzou os braços, o encarando com um olhar indagador e autoritário, exigia que ele lhe desse uma resposta.

Seus corpos estavam quase se tocando. Ela podia sentir o cheiro de sua colônia. Peeta se curvou sobre ela. Katniss reprimiu o instinto de sair correndo feito uma garotinha.

— Porque eu gosto de você — ronronou em seu ouvido.

— O quê? — ela colocou suas mãos nos ombros dele e o afastou. No entanto, ele pouco se moveu.

Peeta apanhou suas mãos e as reteve nas suas.

— Eu sempre gostei de você, Katniss — confessou, enquanto a olhava.

Ela não sabia o que falar. No princípio, acreditou que era uma estúpida brincadeira de garoto. No entanto, quando olhou em seus olhos, não viu o olhar travesso ou malicioso, que esperava encontrar. Os olhos profundamente azuis de Peeta, que agora se assemelhavam a um lago calmo e transparente, diziam que seus lábios não estavam mentindo. Aquilo a deixou simplesmente desconcertada. Ele nutria sentimentos por ela! Não, não, aquilo não poderia ser certo.

— Como? — conseguiu balbuciar após um interminável segundo.

Ele continuava a encarando. Suas mãos ainda retinham as delas.

— Desde que você era a namorada de meu irmão, eu gosto de você, Katniss — revelou, enquanto apertava suas mãos.

As mãos de Peeta eram quentes. Elas transmitiam um calor bom.

— Não! — puxou suas mãos e saiu de perto dele. Ela não queria acreditar naquilo.

Um garoto de 18 anos acabara de confessar seus sentimentos por ela? Era isso mesmo? Além disso, ele era o irmão caçula do seu ex-namorado. O ex-namorado pelo qual ainda nutria sentimentos. Ela não podia acreditar no que seus ouvidos haviam acabado de escutar.

— Escuta só — falou, enquanto passava nervosamente as mãos pelos cabelos. — Você deve estar confundindo as coisas. Você só tem 18 anos, é normal nessa idade fantasiamos sobre o amor... Sabe, eu na sua idade também tive várias paixões impossíveis... — articulava nervosamente as mãos. — Isso que você sente é passageiro...

— Katniss, qual é a parte que você não entendeu? Eu gosto de você, desde que eu tinha 14 anos! — ele a encarou. Parecia exasperado. — Como isso é passageiro? Tem mais de quatro anos que eu gosto de você!

Ela começou a andar impaciente pela sala. Katniss era prática e racional. Nunca se deixava levar pelas emoções. Ela precisava encontrar um jeito prático e racional de lidar com aquilo.

— E, eu não sou criança! Nós dois sabemos muito bem disso! Não me trate como um garotinho de sete anos! Sim, eu tenho dezoito anos, mas eu não sou um garotinho. Eu sou um homem! — falava, enquanto acompanhava os movimentos de Katniss com os olhos.

Ela não conseguia assimilar o que estava acontecendo. Maldita hora em que tomou aquelas bebidas a mais e resolveu ter uma aventura de uma noite. Aquilo só poderia ser castigo. Nunca mais iria fazer algo parecido. Nunca. Aventuras de uma noite não eram para ela, definitivamente.

— Ei, Katniss! Katniss! Me escuta!

Peeta estava impaciente. Ele se aproximou dela e pegou em seus ombros, obrigando-a olhar em seus olhos.

— Eu gosto de você, Katniss, como um homem gosta de uma mulher! Não tente fugir disso!

— Eu não estou fugindo! — contestou exasperada.

— E como se chama isso que você está fazendo?

— Eu apenas estou tentando pensar em uma solução para esse problema.

— Problema? Meus sentimentos por você são um problema? — os olhos de Peeta demonstravam que ela havia ferido profundamente seus sentimentos.

Merda. Ela não queria ferir os sentimentos de ninguém nessa história surrealista.

— Peeta, escuta! — o encarou. — Eu e você somos duas pessoas que não podem ficar juntas — tentava utilizar um tom de voz sereno e imparcial. — Você é ainda muito novo... ainda tem muito o que aprender... logo, logo você vai perceber que isso o que sente por mim... — precisava ter cuidado em escolher as palavras. Necessitava de toda a cautela do mundo. — Vai passar! Acredite em mim!

Peeta balançou a cabeça relutantemente.

— Não, Katniss, não vai passar! O que sinto por você, eu nunca senti por nenhuma outra mulher!

A coisa só estava indo de mal a pior! O que ela iria fazer? Peeta parecia não compreender que não poderia existir nada entre eles.

— Me dê uma chance, Katniss! — suplicou, a olhando com aqueles terríveis olhos azuis que eram capaz de persuadir tudo.

— Não, Peeta! Escuta, eu e você não podemos ficar juntos, certo? — quase soletrou cada sílaba. — O que aconteceu foi um erro... Se eu soubesse quem era você, ontem, eu não tinha ido para cama com você. Você tem dezoito anos, é irmão caçula de meu ex-namorado, que por acaso, é meu melhor amigo.

— E daí? — rebateu ele. — Qual é o problema de eu ter dezoito anos? Eu não sou um garotinho, eu sou um homem! Não é como se você fosse ser presa por ter dormido comigo!

Katniss suspirou. Peeta era muito insistente. Insistente demais. E ela não gostava nenhum um pouco daquilo.

— Mas você continua sendo irmão do meu ex-namorado!

— E daí? — deu os ombros. — Gale irá se casar em breve! — ele fazia tudo se tornar algo sem importância.

Peeta a analisou por um longo segundo. Ele tinha visto demais. Isso não era nada, nada bom. Os olhos de Peeta eram daqueles que podiam ler até a alma.

— Você... ainda gosta do meu irmão? — os olhos dele inqueriam cada parte do seu corpo. — Você ainda gosta do meu irmão — já não era mais uma pergunta, era uma afirmação.

— Não! — tentou negar com todas as suas forças. — Eu não...

— Sim, você gosta, sim! Eu consigo ver em seus olhos!

Katniss não era alguém que costumava ficar sem argumentos. No entanto, Peeta era alguém que a deixava sem argumentos.

— Não negue, Katniss! Não negue! Esse é mais um dos motivos para você me dar uma chance!

— Como?

— Eu vou te fazer esquecer meu irmão.

Peeta podia ser um pouco prepotente demais.

— Peeta, eu já disse. Nós não podemos ter nada! — falou secamente.

Sem que ela pudesse evitar, Peeta aproximou-se dela e arrebatou seus lábios, sem o menor aviso. Ele rapidamente adentrou em sua boca, tomou posse de modo selvagem. Sua língua encontrou a de Katniss.

O beijo pegou Katniss totalmente despreparada. Por uns segundos, não entendeu o que estava acontecendo. E Peeta soube muito bem aproveitar aqueles preciosos segundos.

Ele enlaçou sua cintura com força, não permitindo que ela se afastasse um milímetro sequer do seu corpo. Sua outra mão foi parar na nuca de Katniss, dando apoio para que ele aprofundasse ainda mais o beijo.

Os lábios de Peeta sabiam trabalhar muito bem. E sua língua era muito travessa, sempre tocando nos lugares certos, saboreando a boca de Katniss com determinação e ao mesmo tempo com certa gentileza.

O beijo só terminou porque era impossível continuar sem respirar. Mas ele não se afastou dela. Os lábios dele acariciaram o lóbulo de sua orelha. Ele mordiscou sua orelha levemente e depois pousou os lábios na base do pescoço. Sugou sua pele com os lábios e a língua, como se quisesse tomar posse de cada centímetro do corpo dela. Suas mãos vagavam pelas costas de Katniss, as acariciando ternamente.

Peeta era uma perigosa mistura de delicadeza, ternura e selvageria. Definitivamente, ele era o pecado em forma humana.

Katniss finalmente conseguiu tomar posse de sua sanidade. Havia se recuperado do choque provocado pelo beijo de Peeta. Ela o afastou com força.

— Não faça mais isso! — disse indignada.

Peeta sorriu de modo travesso.

— Viu? Você sabe que eu não sou um garotinho, eu sou um homem. Um homem que mexe com você — afirmou sem retirar o olhar de cima dela. — Admita, Katniss!

Ela mexeu nervosamente no cabelo. Aquilo estava indo longe demais. E o pior que é não sabia como lidar com Peeta. Ele era tão difícil. Não fazia a mínima ideia do que ele faria a seguir. E isso era insuportável para alguém racional como ela.

— Você pode ficar com aquele quarto — indicou uma porta fechada. — Mas, se você começar com suas gracinhas, eu juro que mesmo tendo prometido a Gale que iria cuidar de você, vou te expulsar daqui! — advertiu.

Peeta apenas sorriu. Katniss deu as costas para ele e foi para seu quarto.

O que faria? O que faria com Peeta? O que faria com aqueles sentimentos que ele alegava nutrir por ela?

Lembrou-se do garoto que conhecera há quatro anos. Fora no início de namoro entre ela e Gale. Os dois viajaram até a pequena cidade em que a mãe de Gale morava. Ele queria a apresentar para sua família. Aquilo estava ficando muito sério.

A mãe de Gale vivia em uma casa perto da praia. O lugar era bonito e tranquilo. Naquela época, Katniss estava iniciando seu mestrado. Estava ao ponto de enlouquecer com o tanto de coisas que tinha que fazer na faculdade. Tudo o que precisava era de alguns dias de calma e descanso. E aquele lugar era perfeito para isso. Fora Gale que tivera a ideia de a levar para aquele lugar, após flagrar, as três e meia da manhã, Katniss acordar assustada, vestir suas roupas e ir até a faculdade, pensando que estava atrasada para a prova de biotecnologia. Definitivamente, estava precisando de férias.

No começo, não tivera muito contato com Peeta. Ele passava grande parte do tempo trancado no quarto. Recentemente, havia se mudado para aquela casa. Antes Peeta morava com seu pai. Peeta e Gale eram irmãos somente por parte de mãe. Gale era filho do primeiro casamento. Cinco anos após a morte do pai de Gale, a mãe dele se casou novamente. Desse casamento, nasceu Peeta. Depois de algum tempo, os pais de Peeta se separaram. Ele fora viver com seu pai.

Peeta deveria estar se adaptando a nova vida, por isso não gostava de sair muito do quarto. Porém, aos poucos, Katniss foi se aproximando do garoto. Ele era alguém bem interessante e inteligente. Não parecia um garoto de 14 anos. Não. Peeta era igual um adulto preso no corpo de um garoto de 14 anos.

Depois da viagem, nunca mais vira Peeta. E, agora, ele aparecera novamente em sua frente.

Katniss suspirou. Involuntariamente acariciou seus lábios lentamente com o dedo indicador. Ainda podia sentir o gosto dos lábios de Peeta em sua boca e uma espécie de formigamento. Odiou Peeta por beijar tão bem.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? E essa declaração de Peeta? E agora com eles morando no mesmo lugar? Como será que as coisas irão ficar? Katniss dará uma chance para Peeta?