Ele tem 18 anos escrita por Hanna Martins


Capítulo 1
Eu sei o que você fez na noite passada


Notas iniciais do capítulo

Obrigada por dar uma chance para fic! Espero que goste ;)



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Os pés doíam como se estivesse andado com ferraduras. Malditos saltos altos! Pediu mais uma bebida para o garçom. Percorreu os olhos pelo bar. Reconheceu vários convidados da festa de noivado. A festa havia terminado cedo, já que os noivos iriam fazer uma viagem no dia seguinte. E vários convidados tiveram a ideia de estender a festa no bar do hotel.

Katniss tomou um grande gole de sua vodca. Ela não costumava beber. Aliás, nem gostava de tomar bebidas alcoólicas. No entanto, naquele dia, definitivamente, estava precisando de uma bebida.

Gale iria se casar! Gale, seu melhor amigo. Gale, seu ex-namorado. Os dois haviam se conhecido na faculdade. Se tornaram muito amigos naquela época. Ela não sabia ao certo, quando aconteceu, mas um dia percebeu que estava completamente apaixonada por seu melhor amigo. A amizade havia se transformado em amor. Começaram a sair.

Eram bastante parecidos. Tinham gostos semelhantes, concordavam em vários pontos. No entanto, não era verdade que pessoas parecidas tendem a se dar bem. Gale e ela eram a prova disso. Tiveram um namoro conturbado, cheio de idas e vindas. Já fazia quase dois anos que haviam dado um fim definitivo a relação.

Pediu outra bebida. Sentiu que estava ao ponto de gritar. Não podia acreditar naquilo. A verdade fora jogada em sua cara como uma bofetada, quando o viu sorrindo ao lado de sua noiva Madge. Ainda gostava de Gale. Não o havia esquecido completamente como acreditara. Como podia ainda nutrir certos sentimentos por Gale? Como?

Quando a bebida chegou, engoliu tudo de uma só vez. Gale, Gale, Gale. Ela precisava o esquecer. Os dois nunca dariam certo. E ele precisava ser feliz. Ele merecia ser feliz. Madge era a pessoa ideal para essa tarefa.

— Uau! Você sabe beber!

Katniss se virou para a voz. Encontrou um rapaz alto e louro. Um belo rapaz, diga-se. Ele sorriu. Que sorriso! Pensou Katniss, enquanto o analisava. Teve a estranha sensação que ele lhe era vagamente familiar. Porém, logo descartou a ideia. Tolice. Uma cara daqueles não se esquecia facialmente.

— Posso me sentar aqui? — perguntou, apontando para a cadeira vazia em sua frente.

Assentiu. O rapaz se sentou e a olhou. Um olhar penetrante daqueles que leem até a alma. Os olhos dele eram azuis. Mas não eram um azul qualquer, era um azul profundo. Aquele azul que se via em dias de primavera.

— Seus olhos... — estava claramente bêbada. — São belos!

Ele sorriu sedutoramente.

Retribuiu seu sorriso. Katniss não era alguém que costumava flertar. Aliás, se havia algo em que ela era péssima, era no flerte. No entanto, como não estava nenhum um pouco sóbria, fazia coisas que com certeza a fariam morrer de vergonha na manhã seguinte e passar vários dias querendo apagar sua existência do planeta. Dar em cima de um desconhecido, era uma dessas coisas.

O rapaz tinha um copo de whisky nas mãos. Ele tomou um gole, sem pressa, saboreando cada gota. No entanto, não parecia ser o whisky que ele estava degustando...

— Obrigado! — agradeceu com um sorriso no rosto. Um sorriso verdadeiramente sedutor. — Seus olhos também são lindos.

Riu igual a uma garota histérica que recebia seu primeiro elogio. Merda. Estava muito bêbada.

Katniss o encarou. Ele era realmente belo. Seus cabelos louros caiam em completa desordem por sua face perfeita. Se inclinou sobre a mesa, ficando bem próxima do rapaz.

Katniss apontou para o copo de whisky dele.

— Posso? Minha bebida acabou.

Ele assentiu. Katniss pegou o copo e deu um grande gole.

— Vou acabar bebendo todo o seu whisky! — riu.

— Tudo o que você quiser — disse ele com certa malícia, o que provocou uma gargalhada ainda maior em Katniss.

Merda. Ela estava realmente bêbada. Estava rindo histericamente e dando em cima de um cara que acabara de conhecer.

— Tudo mesmo? — disse arqueando a sobrancelha.

— Tudo! — garantiu ele.

Ela o encarou, enquanto tomava outro gole de whisky.

— Hum... tem certeza? — provocou.

— Tenho! — foi a vez dele se inclinar sobre a mesa, ficando a centímetros dela.

Ela sentiu a respiração dele em sua face. Os lábios dele eram muito vermelhos. Pareciam bem macios. Muito macios. Eram uns lábios apetitosos. Teve uma vontade incontrolável de mordê-los, de experimentar o gosto daqueles lábios. E seus lábios, prontamente, atenderam seu desejo. Ela lançou seus lábios sobre os deles. Havia perdido o juízo completamente, se sua versão sóbria visse essa cena, a agarraria pelos cabelos e a atiraria dali. No entanto, sua versão sóbria não estava ali. E ela até ficou grata por isso, porque sentir os lábios daquele cara era maravilhoso.

Os lábios deles rapidamente corresponderam ao seu beijo. Eles envolveram os lábios dela com firmeza e ao mesmo tempo com gentileza. Acariciou seus lábios com a ponta da língua. Lentamente, a língua dele entrou em sua boca e procurou pela sua, quando a encontrou a tocou com delicadeza, a envolvendo em uma deliciosa carícia. Ele beijava muito bem. Tão bem que queria que aquele beijo nunca acabasse.

Sentiu a mão dele em seu queixo, abrindo ainda mais sua boca, aprofundando ainda mais o beijo. Perdeu-se naquele beijo. Se a bebida havia tirado seu juízo, aquele beijo se encarregou de remover qualquer vestígio de sanidade que ainda persistia nela.

Quando ele separou seus lábios dos dela, sentiu uma leve pontada de decepção. Não queria permitir que seus lábios se separassem.

— Isso foi... — ele começou a falar. Porém, ela não deixou que ele continuasse, pois calou sua boca com seus lábios.

Em poucos minutos estavam se beijando em um canto mais escuro do bar. Não soube como foi parar ali. Talvez, ela tenha ido, talvez ele tenha tomado a iniciativa. O certo é que os dois estavam entrelaçados e perdidos em beijos e carícias.

Katniss sentia todo seu corpo formigar. Ele era exatamente o que precisava para esquecer de todos os seus problemas. Nos braços dele, pela primeira vez, naquela noite, pode esquecer de tudo, do noivado de Gale, do fato de ainda gostar de seu ex-namorado. Aquele cara era a melhor bebida que existia. Seus lábios a embriagavam ainda mais do que qualquer bebida. Estava mais do que bêbada, estava completamente perdida.

Não soube também quem teve a ideia. Só soube que eles haviam ido parar em um quarto do hotel.

Katniss nunca tivera uma aventura de uma noite. E se ela estivesse sóbria, acreditaria que estava fazendo uma grande idiotice. Mas ela não estava sóbria, felizmente ou infelizmente, como descobriria na manhã seguinte.

Ele beijava seu pescoço, acariciava com a ponta da língua o ponto mais sensível de sua pele. Seus lábios foram parar na base do pescoço de Katniss. Deu um pequeno mordisco, em seguida, sugou com seus lábios a sua pele. Ela soltou um pequeno gemido e começou a desabotoar os botões da camisa dele apressadamente. Delicadeza, com certeza, não era seu forte. Havia pressa, e até um pouco de desespero naquele ato.

Escorregou sua mão por aquele musculoso abdômen. Um corpo perfeito. Nem músculos de mais, nem de menos. A medida exata. Tudo nele era belo.

Se livrou da camisa dele e percorreu suas mãos por toda extensão de seu torso.

Ele a apertou ainda mais contra si. Seus lábios escorregaram até seus ombros em uma trilha de beijos, com os dentes desceu a alça de seu vestido.

Katniss o empurrou até a cama e sentou-se em seu quadril. O beijou. As mãos deles percorriam o corpo um do outro livremente. Estava completamente perdida nas carícias dele.

As peças de roupa deles se perderam em um caos. Até que não restou nem mais uma única peça de roupa em seus corpos.

Ela sentia todo seu corpo queimar e queria, necessitava mais dele. Quando, ele pegou o pacote de camisinha e abriu, sentiu alívio. Tudo o que mais necessitava naquele momento eram aquelas sensações que aquele cara lhe provocava. Não se importava mais com nada, se alguém lhe perguntasse o seu nome naquele exato instante, não saberia responder.

Quando ele mergulhou nela, seu corpo todo de contorceu, querendo aproveitar cada parte do corpo dele. Seus cheiros e sons se misturaram. Não podia distinguir onde um começava, onde o outro terminava. Nada mais importava.

No entanto, sempre existe uma manhã seguinte. E as manhãs seguintes são as piores. Ainda mais se for uma manhã de segunda-feira em que você acorda nu e com alguém desconhecido ao seu lado. Katniss já não estava mais embriagada e a sobriedade havia lhe devolvido sua sanidade.

Merda. Amaldiçoou mil vezes a si mesma.

Ela nunca fizera aquilo antes! Tivera uma noite de sexo casual. Quando saiu do quarto de hotel, deixando aquele cara completamente nu na cama, adormecido, havia prometido a si mesma que nunca iria revelar a ninguém sobre o que acontecera. Jamais.

Resolvera que iria lidar com aquilo como se tivesse sido um surto de loucura (o que fora de fato). E nunca mais pensar naquilo. Afinal, ela estava bêbada e nunca mais veria aquele rapaz. Aliás, nem sabia o nome dele. Ela realmente havia perdido o juízo, quem faz sexo com alguém sem ao menos saber o nome da pessoa? Quem? Não, iria esquecer daquilo, definitivamente.

Estava com uma ressaca terrível. Quase nem foi trabalhar. Mas se não fosse trabalhar, sabia que iria ficar em casa, completamente desocupada, pensando em coisas que não deveria.

— Você sumiu, ontem, Katniss, depois da festa! — disse Rue, enquanto passava alguns papéis para Katniss assinar.

— Eu... fui para meu apartamento... — mentiu.

Sentiu os olhos de Rue a avaliando, porém se recusou a levantar os olhos dos papéis e continuou os assinando, ignorando os olhares indagadores de sua colega.

Todos no laboratório pareciam se perguntar sobre seu estado. Afinal, ela e Gale eram também colegas de trabalho. Estava aí mais um item para sua lista de coisas que nunca alguém sensato deveria fazer, namorar com um colega de trabalho (beber e transar com um desconhecido estava oficialmente no topo da lista a partir daquele dia).

— Vou para o laboratório — disse simplesmente. Queria terminar logo com aquela conversa.

Rue ainda a avaliou por mais alguns segundos. Ela fingiu que os olhares não eram direcionados a sua pessoa.

Esse era o lado bom de trabalhar em um laboratório farmacêutico. Podia trabalhar por um longo tempo no laboratório, sem ninguém por perto. E ela precisava de um bom tempo sozinha.

Katniss adorava seu trabalho. Ter uma profissão e fazer o que gostava sempre foi seu sonho. Enquanto, as outras garotas sonhavam com príncipes encantados, ela sonhava com sua independência financeira e sua carreira. Ela sempre fora dedicada aos estudos. Suas notas, tanto no colégio, quanto na faculdade, estiveram entre as melhores da turma.

Sorriu, enquanto examinava um experimento químico. Era isso que precisava. Trabalhar. Não deveria estar pensando em Gale, em seu amor incubado e impossível, muito menos naquele cara que deixara nu na cama de hotel. Ela era alguém racional. Não podia voltar no tempo. Não podia reatar com Gale, muito menos apagar o fato que dormira com aquele cara. Mas, poderia deixar tudo aquilo no passado. Seu amor por Gale poderia ser superado e o fato de ter dormido com um desconhecido... bem, todo mundo faz uma loucura uma vez na vida. E aquele deveria ser seu passado negro.

Ao sair do laboratório, estava exausta. A cabeça já não doía mais. Porém, ainda tinha sinais de ressaca. Tudo o que desejava era um bom banho, uma xícara de chocolate quente e vários episódios de sua série predileta.

Assim que chegou em seu apartamento, jogou suas coisas em cima da cama. E demorou um bom tempo embaixo do chuveiro. Quando saiu de lá, estava bem melhor. Preparou algo para comer, ligou a TV, se jogou no sofá e se preparou para uma noite regada a séries e sem nenhum pensamento perturbador (já havia prometido que se sua mente começasse a vagar sobre o que acontecera na noite anterior, iria resgatá-la com todas as forças possíveis).

Sua paz durou cerca de vinte minutos. A campainha soou. Levantou-se do sofá a contragosto para atender quem é que fosse que havia vindo especialmente para perturbar seu momento de sossego.

Ao abrir a porta, teve a impressão de que estava em um daqueles filmes de terror, estilo sei o que você fez no verão passado, versão “eu sei o que você fez na noite passada”.

— Você?! — praticamente gritou. — Mas... como?

Ela não podia acreditar no que, ou melhor em quem, estava diante dos seus olhos, aquele cara com quem fizera sexo na noite passada, estava parado em sua porta, com um sorriso travesso no rosto e um olhar de quem sabia coisas demais.

Merda. Ela havia se deitado com um stalker. Perfeito! O que aconteceria com ela? Será que seria assassinada? Mas ela era tão jovem! Só tinha 27 anos!

Seu celular começou a tocar estridentemente. Sem pensar no que fazia, fechou a porta na cara daquele stalker, e correu até seu celular. Era Gale.

— Graças a Deus, Gale! — falou imensamente aliviada.

— O que foi? — perguntou preocupado.

— Tem um cara na minha porta! — murmurou com medo de que aquele cara a escutasse.

— Um cara? — a voz de Gale soou apreensiva.

— Sim... um cara alto... louro — quase tropeçava nas palavras.

— Louro? Alto? Ele tem olhos azuis?

— Sim!

Uma gargalhada saiu do outro lado da linha. Deixando Katniss completamente confusa.

— Você não se lembra de meu irmão mais novo Peeta?

— O quê?

Repentinamente, a ideia de ter dormido com um stalker não lhe soava tão aterrorizante assim.

— Como?

— Ah, Katniss, o Peeta mudou bastante, deve ser por isso que você não se lembra dele...

Então, ela lembrou. E também soube a razão daquele cara ter lhe parecido familiar. Aquele cara era Peeta Mellark, o irmão mais novo de Gale. Quando ela o conheceu, há quatro anos, ele não era tão alto como era agora, nem tão bonito. Era um adolescente de 14 anos, magrelo, com aparelho nos dentes e várias espinhas espalhadas pelo rosto... Espera, se ele tinha 14 anos na época... Isso significava que ele agora tinha... 18 anos...

Ela estava em choque, dormira com o irmão caçula de seu ex-namorado e ele tinha 18 anos!

Não, aquilo, definitivamente, não poderia estar acontecendo com ela.

— Katniss — a voz de Gale a trouxe a realidade. — Era sobre isso que queria falar com você... Peeta acabou saindo de casa... Parece que teve uma briga ou algo do tipo com minha mãe... Aquele cara pode ser um verdadeiro encrenqueiro quando quer... Será que você poderia cuidar dele até eu voltar das minhas férias? — suplicou.

Katniss quase teve um ataque do coração ao ouvir esse pedido.

Não conseguia assimilar o que estava acontecendo. Parecia que havia ido parar em quadro de Salvador Dalí. Aquilo era surrealista demais.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Devo continuar?