Um Coringa na festa das Cartas escrita por V M Gonsalez


Capítulo 4
Quando o relógio bate em chamas


Notas iniciais do capítulo

Para aqueles que perderam seu caminho...



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Um cavaleiro sonhava, com passos pesados, sobre uma alameda de pedra. Atrás de si, um arco adornado que levava ao nada e um grande relógio. O grande relógio indicava, supomos, a vida de nosso aventureiro que passava, sem cabeça, andando pelas pedras. Tic Tac. Tic Tac. Imparável, o relógio andava.

Em seu caminho, o cavaleiro encontrava estranhas criaturas, esqueletos feitos de passado e futuro, temíveis pesadelos que ele jamais quis sonhar. Obrigado a prosseguir, ele enfrentava-os, um a um, dois a dois, pés fixos em seu chão de pedra, sem olhar para o relógio que continuava a andar, rítmico e absoluto, Tic Tac. E continuava.

Então tão de repente quanto a aurora é ardente, eis que o relógio bate sua soturna hora da meia noite e entra, não sabemos bem porque, oh destino, em chamas. De seu interior elas crepitam e se elevam aos céus, engolindo aquela estrutura de pedras já cada vez mais velhas, sem, porém, destruí-las, não hoje.

Atrás de si, o cavaleiro sente, porque ele não tem olhos afinal, o chão despedaçar e ruir, ritmamente, o céu querendo devorá-lo. Então ele corre, enfrentando os seus inimigos com bravura e pressa, machucando sua prateada armadura no processo, cada vez mais, cada vez mais rápido. E ele corre, corre tanto quanto os sonhos são capazes de alcançar o passado.

E então ele senta, sobre os degraus de um outro arco de pedras, logo a frente e olhar, não me pergunte como, para o relógio em chamas e seu chão de pedras despedaçando. Um verdadeiro exercício de introspecção.  Logo não havia mais pedras, apenas as escadas nas quais nosso amigo repousava cansado e desolado. O relógio, ainda em chamas, parecia esfriar lentamente. Ouvindo as vozes em sua cabeça (novamente, não me pergunte qual), o cavaleiro decide levantar e continuar a andar.

Quando atravessa, por fim, o arco, ele se depara, desesperado, com as nuvens que seguem o caminho. Havia apenas o céu inteiro a sua disposição para ser andado, não havia mais pedras. Ele parou confuso, olhando (enfim) aquelas nuvens, temeroso, em todos seus sonhos ele apenas conhecera pedras para andar.

Com um ato de coragem e bravura, ele empunhou sua espada e caminhou sobre as nuvens, enquanto o relógio continuava em seu Tic Tac.

 


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Notas finais do capítulo

... Mas não querem parar.



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