Elementar escrita por LunaLótus


Capítulo 4
Primeira regra do jogo


Notas iniciais do capítulo

"[...] e quem visse a cena jamais permitiria que algo tão maléfico como a guerra separasse aqueles jovens. Diriam que é um absurdo que um amor como aquele tenha um prazo de validade tão curto. Mas a vida não é perfeita. E apesar do futuro lhe reservar grandes surpresas, Thaís está feliz agora, e é isso que importa."



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As horas passam-se rápido demais. Já são duas horas da manhã quando Thaís levanta assustada e se vê no chão da sala, seu namorado ainda adormecido. Por um momento, fica confusa, se perguntando por que estava ali. Ela ajeita os cabelos e olha em volta. As luzes se apagaram automaticamente quando eles adormeceram. A jovem se vira e toca no cabelo de Renato.

– Vamos, Renato – sussurra ela. – Vamos para o quarto. A gente tá na sala.

Renato abre os olhos devagar, focalizando o rosto de Thaís. Ele não fala nada, apenas a puxa para um beijo apaixonado. Ela não resiste, mas insiste para irem para o quarto. Ele levanta relutantemente e ainda encarando o rosto dela.

– O que foi? – pergunta ela, sorrindo.

– Nada, sonhei contigo agora.

– Foi? Sonhou o quê?

– Que nós... – Ele se interrompe e balança a cabeça. – Nada. Deixa para lá.

– Não. Agora eu quero saber – insiste ela, abraçando-o.

Ele a beija e murmura em seu ouvido:

– Vamos para o quarto. Você deve estar muito cansada.

– E você está me enrolando... – Mas ela o acompanha pela escada.

O casal entra no quarto e Renato fecha a porta, ainda segurando a mão de Thaís. Ela tenta ir para cama, mas ele a puxa para si, colocando uma mão em suas costas e a outra em seu rosto, acariciando o seu cabelo. A boca dele se dirige lentamente para o pescoço dela, beijando-o várias vezes.

Os pensamentos de Thaís estão novamente embaralhados. Por que não se entregar a ele? Renato parece amá-la tanto... E ela também o ama. Eles não teriam mais tanto tempo disponível para os dois. Pode ser que o amanhã exista sem ele, então... A respiração dela está acelerada, assim como seu coração.

A mão de Thaís vacila pela nuca de Renato. Seus lábios encontram os dele, e ela deixa o próprio desejo consumi-la. Devagar, ele a leva para perto da cama. Os seus dedos encontram os laços da blusa dela e Renato vai soltando-os, um a um. Apesar de nervosa, Thaís também consegue achar os botões da camisa dele, e vai desabotoando-os.

Ele a deita devagar, ainda a beijando, ainda sussurrando várias vezes o nome dela e dizendo o quanto a ama. Thaís não vê por que não se entregar. Enfim, ela faria qualquer coisa por ele, e aquilo que Renato deseja não é nada comparado à grandeza e o sacrifício do pedido que ela fez: que ele a espere, que não a abandone.

– Eu te amo. Para sempre – sussurra ele.

Os corpos do casal estão juntos como um só, e quem visse a cena jamais permitiria que algo tão maléfico como a guerra separasse aqueles jovens. Diriam que é um absurdo que um amor como aquele tenha um prazo de validade tão curto. Mas a vida não é perfeita. E apesar do futuro lhe reservar grandes surpresas, Thaís está feliz agora, e é isso que importa.

A mão dele desenha os traços do rosto dela, gravando cada um deles. Os corações desejam nada menos do que a eternidade desse momento, e batem acelerados, cheios de vida, amor e saudade.

Thaís e Renato entregam-se um ao outro, esquecendo o amanhã.

“Amanhã é outro dia”, pensa ela, “o que importa está no hoje.”

Renato acorda antes de amanhecer. Thaís está aninhada em seus braços, ainda adormecida e ainda com um sorriso suave nos lábios. Ele passa a mão por seus cabelos e lágrimas surgem em seus olhos, enquanto relembra a noite anterior. A forma como se entregaram um ao outro completamente... Aquilo só o fez ter certeza que aquela é a mulher com que ele quer se casar. Fecha os olhos novamente e se deita.

Duas horas passam rapidamente. O casal acorda ao mesmo tempo. Thaís olha para Renato, mas nada fala. Ele sustenta o seu olhar. Não existe momento mais sublime que esse, quando duas pessoas entregam seus corações num amor gigantesco e conseguem se entender sem precisar pronunciar nem uma frase.

– Bom dia – diz Renato.

Ela sorri e responde:

– Bom dia. Dormiu bem?

– Ótimo. Essa noite foi inesquecível. Obrigado – Ele a beija.

Thaís não entende o porquê do agradecimento, mas também se sente assim, agradecida. Agradecida por Renato fazê-la completa, por amá-la e por permitir que ela o ame. Quer gritar para o mundo o quanto está feliz. Ela sorri.

– Você ainda não me contou seu sonho – sussurra ela.

– Agora não precisa mais. Você já sabe como foi.

A jovem ri, dando-lhe um tapa no braço, beija-o e levanta da cama, indo ao banheiro. Rapidamente Thaís se tranca e corre para o espelho, encarando o próprio reflexo. Ajeita o cabelo num rabo-de-cavalo alto, mas lembra em como Renato gosta deles soltos. Lava o rosto e escova os dentes, entrando na ducha logo em seguida. Sai do boxe, enrola-se com uma toalha e olha em volta, tentando absorver e entender todo o seu mundo e se valeria a pena lutar contra algo daquele tamanho.

O banheiro é pura evolução tecnológica. A pia é a sensor térmico. O chuveiro também é a sensor, mas não sensor térmico. Thaís precisa somente entrar no boxe, digitar o número do comando, e logo o banho terá perfume de rosas, jasmins ou qualquer outra fragrância. E quando estende o braço para pegar a toalha, nem é preciso muito esforço, porque há uma máquina que a envolve e seca seu corpo.

Mas Thaís prefere ser prática e usual. Já que quase nada naquele banheiro ela pode modificar, a única visão que teve foi dispensar a máquina que secaria seu corpo. Assim, ela desconectou os cabos e agora o pequeno robô encontra-se num canto, jogado.

Ela se vira para o espelho. A noite com Renato fora maravilhosa, e ela não sabe se está arrependida ou não. Tem certeza que o ama, então por que tanto medo? Thaís sabe que sexo não é prova de amor, apesar de também ter certeza do amor de seu namorado por ela. Ela sabe que é preciso muito mais do que uma noite espetacularmente romântica, mas Renato já havia se provado de muitas formas.

Thaís se abaixa e abre uma pequena caixinha azul que mantém no chão, escondida atrás da pia. Dali retira um pequeno caderno e uma caneta. Senta no chão e começa a escrever.

A noite foi simplesmente maravilhosa, mas sei que não foi suficiente. Amo Renato, como poderia negar isso? Estou apenas tentando entender por que me entreguei tão rápido a esse... homem. Porque Renato não é mais um garoto. Isso ele já deixou de ser a muito tempo.

Ele se provou homem não só essa noite, mas por tudo que tem feito por mim todos esses oito meses que namoramos. Durante todo esse tempo, Renato foi me mostrando tudo o que faria por minha felicidade. Ele foi paciente e temeu comigo e por mim.

Entendo que Amar não é somente beijos e abraços, ou sexo. Amar é entregar-se de corpo e alma ao outro, mesmo que não estejam juntos. Amar é querer estar perto quando a outra pessoa precisar de você. Amar é saber que pode fazer qualquer coisa pela outra pessoa, mesmo que isso signifique que você precisa se sacrificar. E a única coisa que o levaria a fazer tudo isso é a certeza que, se fosse o contrário, a pessoa que você ama também faria o mesmo por você. Amar é permitir e querer que o outro seja feliz, mesmo que isso signifique abrir mão desse outro.

E esses são todos os motivos que me fazem ter certeza que amo Renato. E amá-lo é o único motivo por eu ter me entregado tão rápido. E essa é a primeira regra do jogo: entender o maior sentimento de todos, o Amor.

Thaís lê o próprio trabalho. Não é uma adolescente que gosta muito de escrever, mas às vezes, a inspiração vem e ela decide não ignorá-la. A jovem relê sua carta, dobra o papel e o guarda cuidadosamente na caixinha novamente, recolocando-a no mesmo esconderijo. Levanta e sai do banheiro.

Renato não está mais no quarto. Com certeza prepara algo para eles comerem. Thaís sorri enquanto pensa em como ele é atencioso com ela. A jovem vai até seu guardarroupa, escolhe as suas práticas vestimentas, a sua luva estilizada para esconder a marca e um sapato confortável. Apronta-se em dez minutos e sai do quarto.

Ele a espera ao pé da escada, o sorriso largo, a cicatriz no lábio inferior quase imperceptível se Thaís não soubesse o exato ponto em que está. A jovem desce as escadas lentamente, também sorrindo para seu namorado, também extremamente feliz e extasiada. E antes que ela chegue perto o suficiente para que possam se tocar, Renato sobe as escadas correndo e a encontra no meio do caminho, beijando-a na testa suavemente.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Bom, infelizmente como só temos um acompanhamento (a diva Spy Kid), não continuarei postando. Mas agradeço ao carinho de quem comentou ♥
Beijoos --> e até Sob o Olhar das Estrelas



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