Elementar escrita por LunaLótus


Capítulo 14
Despedida


Notas iniciais do capítulo

"Por que ir embora se a única resposta para a sua felicidade se encontra bem aqui, em pé, esperando por uma resposta?"



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O relógio marca 13:30h. Thaís e Renato estão voltando do longo treinamento. Ela está exausta, quase sem energia por manipular o seu Elemento. Ele está calado, segurando as armas, caminhando pensativo. Entram na casa ainda sem falar e ele sobe as escadas para depositar as armas no quarto dela.

A jovem olha para o relógio e se assusta. Corre para o banheiro e entra rapidamente na ducha. Havia marcado um encontro com Alexandre, e agora faltava apenas meia hora. Esfrega o corpo, lava o cabelo e, depois de quinze minutos, sai do banho. Corre para o quarto, escolhe uma roupa simples no GR2300, veste-se e pega sua mochila em cima da cama.

– É melhor estar preparada – diz.

Thaís vai até a sua cômoda e tira dali um pequeno caderno com as anotações sobre seu chamado. Pega o pequeno papel que aparecera hoje pela manhã em seu travesseiro e a escama com aquela sigla misteriosa. Coloca tudo dentro da mochila em um bolso escondido. Dirige-se ao GR2300 novamente e escolhe algumas roupas. Retira-as e as guarda desajeitadamente. Por fim, vai até onde sua cama está embutida e, com um comando de voz, faz aparecer um pequeno vão escondido, onde está a sua arma. Ela guarda tudo na mochila e se olha no espelho.

– Muito bem. É agora.

A jovem olha em volta, para o seu quarto, e diz:

– Mesmo que vençamos, não vejo como essa ditadura poderá mudar. No entanto, planejo cair lutando.

Respira fundo e, com passos lentos, ela sai do quarto.

Renato a espera na sala. Ela desce as escadas e para em frente a ele. O casal não fala nada, apenas fica se olhando por alguns segundos. Thaís coloca a mochila nos ombros e faz a volta para sair, quando ele a chama:

– Thai.

Ela se vira para ele novamente e pergunta:

– Sim?

– Você tem certeza que não quer que eu vá com você?

– Tenho, Renato. Você não pode ir. – Thaís tenta manter uma expressão dura e determinada, mas parece que aqueles dias com seu namorado enfraqueceram sua proteção. – Eu disse a você. Preciso fazer isso sozinha.

– Mas eu posso ajudá-la. Olhe, por que essa mochila?

– Eu sempre saio com ela. – A jovem se vira um pouco para o lado para que Renato não veja o seu rosto. Ela está com medo de que ele perceba alguma fraqueza em sua expressão.

– Parece-me mais cheia que o costume. Você planeja ir embora sem se despedir de mim? Sem me avisar?

Thaís desiste de tentar impor a sua máscara de força. Suspira e se vira para Renato. Coloca a mão no rosto dele. Tão lindo, gentil, amável. Como ela pode fazer isso com uma pessoa que a ama tanto? Por que ir embora se a única resposta para a sua felicidade se encontra bem aqui, em pé, esperando por uma resposta?

Não, ela pensa. Se ela ficar, der as costas para essa guerra, jamais será feliz. Ficará eternamente se perguntando o que teria feito de diferente, se o mundo seria melhor caso ela tivesse ajudado. Ela não pode ficar. E sente, bem lá no fundo, que também não quer ficar. Ela precisa lutar, o seu corpo diz isso, a adrenalina que corre em suas veias lhe diz isso. E ela fará isso por sua família, por ela própria e por seu namorado.

– Renato, eu prometo a você que lhe avisarei quando for partir. Nosso plano é que eu vá amanhã, não é? Muito bem, o plano continua. Mas se algo sair errado hoje...

– Não. Nada vai sair errado hoje, ok? Não pense assim. Não sei o que você vai fazer, mas sei que é perigoso.

– Deixe-me terminar. Se algo der errado hoje, eu encontrarei um jeito para avisá-lo. Só não direi aonde estarei indo.

– Tudo bem, eu entendo. Ah! Espere um minuto!

Renato se lembra de uma coisa e sobe as escadas correndo. Thaís fica sozinha na sala, ainda um pouco confusa e com uma terrível sensação de que não voltará ali. Quer se despedir da casa. Ela olha para cima, mas não há sinal algum de Renato. Decide-se a explorar tudo ali, e vai até a cozinha. Olha para tudo, toca em tudo e sente um aperto no peito.

– Vou sentir falta daqui... – murmura.

Então se lembra da chave para destrancar o seu minicomputador. Vai até a sala novamente, verifica se seu namorado está descendo, caminha até o esconderijo do pequeno álbum e o retira dali. Não se demora olhando as fotos. Abre no lugar exato onde está a pequena chave. Com muito cuidado, ela pega a chave e olha para o próprio braço, onde está o aparelho.

– É agora ou nunca – sussurra para si mesma.

Thaís encaixa a chave na pequeníssima fechadura, quase imperceptível, e a gira lentamente. O coração dela está acelerado e sua respiração acompanha o ritmo. Ela escuta um barulho no andar superior. Renato já deve estar descendo. A jovem olha para o minicomputador desesperadamente, e finalmente o aparelho se solta com um clique quase inaudível. Thaís admira por um momento o braço livre, mas o som de passos a alerta da chegada de seu namorado. Ela desconecta o computador, ajeita a blusa e fecha o álbum. Senta-se no sofá a espera dele.

– Renato? – ela chama.

– Já estou indo. Mais alguns minutos. Você vai adorar isso.

– Já até imagino... – ela murmura com ar de riso.

Thaís olha para o aparelho em sua mão. Mexe nele durante vários segundos, até que encontra uma pequena porta transparente ao lado da fechadura. É onde deve estar o chip, pensa. Se ela ao menos pudesse reprogramá-lo...

Renato retorna nesse instante e a encontra entretida com o minicomputador. Ele olha para a cena e fica sem fala por um momento. É então que Thaís percebe a sua presença e sorri.

– Você demorou – diz ela. – O que tem aí?

– Como você conseguiu fazer isso? – pergunta ele, ignorando os pacotes que tem na mão.

– Acho que... – Ela olha para o aparelho novamente. – Foi um presente do meu pai. Olhe para o seu braço. Vê que tem um fechadura minúscula ao lado?

Ele olha, a testa vincada, e diz:

– Eu achei que fosse uma pequena fissura. Um defeito de fábrica talvez.

– Bem, eu nunca havia notado, até ontem. Estava olhando o álbum e achei isso aqui. Meio estranho... Consegui tirar, acho que se eu estiver usando, eles conseguirão me rastrear muito facilmente. Eu estava pensando se... Se você poderia reprogramar o chip. Olha – ela levanta e passa o próprio para ele –, o chip fica bem aqui.

Renato pega o minicomputador e o analisa.

– Acho que posso reprogramar – responde ele.

– Ah! Obrigada! – exclama ela, jogando-se em seus braços. – E... Eu estive pensando... Que você também pode se livrar do seu, se quiser, apesar de não ser muito seguro.

– Por enquanto, eu vou continuar com o meu – diz ele, sorrindo. – Ah! Olhe! Eu descobri uma coisa. Pegue isso aqui.

Ele a entrega uma bolsa. Thaís olha confusa para ele e a abre. Ainda não entende e ele a convida a pegar algum objeto que está ali dentro.

– O que é isso? – ela pergunta.

– São as suas armas. Fiquei imaginando que você não poderia sair por aí carregando isso tudo assim. Imaginei que seu pai deve ter pensando em alguma coisa. Fui até a biblioteca dele e achei alguns registros. Experimente. As armas só irão se revelar com o toque do Elementar. No caso, você.

Thaís enfia a mão, hesitante, na mochila. Tira um pequeno bastão e o olha estranhamente.

– Que arma é essa? – indaga.

– Toque. Você terá que descobrir sozinha. Vamos, toque. Ele precisa reconhecer você.

A jovem segura com mais força o pequeno bastão. De repente, ele começa a se expandir nas duas pontas, e ela se assusta.

– Não solta – avisa Renato.

– Fácil dizer – ela replica. – Mas o que é isso?!

– Isso – ele toma a arma das mãos dela – é o seu arpão.

O queixo dela cai. Thaís pega novamente a arma e a olha, admirada.

– E como eu faço para ela voltar ao outro tamanho?

– Mentalize o que você quer. Na hora da batalha, além de reconhecer o seu toque, a arma reconhecerá os seus pensamentos. É só você pensar o que quer.

Thaís fecha os olhos. Menor, pensa ela. No mesmo instante, a arma diminui até o formato do antigo bastão. Renato pega a mochila novamente e retira dali um cinto, um bracelete e uma espécie de fita para amarrar na perna e guardar alguma arma.

– Isso aqui vai ajudá-la também. Na hora da batalha real, você não vai poder ficar segurando duas mochilas. – Ele pega o cinto e o prende na cintura dela. – Aqui você pode colocar as shurikens. Tem uma pequena bolsa aqui ao lado.

Ela retira as shurikens da mochila e as conecta ao cinto.

– Assim fica bem mais fácil – diz ela.

– Ótima. Agora, o bracelete. – Ele o prende ao braço esquerdo dela. – Você é destra, então é melhor que fique nesse braço. Aqui é o lugar do bumerangue. Até o movimento fica mais rápido, fácil e automático quando você for usá-lo.

Thaís pega a arma e a conecta ao bracelete também.

– E por fim, a fita – diz ele, afivelando uma pequena cinta conectada a uma bolsa na perna direita dela. – Aqui é o lugar do arpão. Vai ficar mais fácil para puxá-lo.

Renato coloca a arma na bolsa da cinta e se afasta da jovem, avaliando-a. Nenhuma arma está escondida daquela forma e ele se sente um pouco incomodado com isso. Thaís percebe o que ele está olhando e também o seu incômodo.

– Não adianta esconder. Quando eu sair daqui, eles todos já saberão quem eu sou. Não vou precisar me esconder mais, ou esconder minha marca. Mas somente hoje – diz ela, tirando todas as armas, o cinto, o bracelete e a fita – vou precisar continuar com meu disfarce.

– Tudo bem, eu entendo. Mas tem mais uma coisa. Eu quero que você use isso.

Ele entrega o medalhão que havia deixado no quarto. Thaís faz menção de abrir, mas ele a impede, dizendo:

– Não abra agora. Abra somente quando você partir de verdade. É algo para você lembrar de quem você é, e para lembrar de mim, ok?

Thaís está com lágrimas nos olhos. Olha para o medalhão e o acaricia, sentindo a textura do cobre. Levanta a cabeça e fala:

– Obrigada, Renato. Eu nunca esquecerei você.

– Eu jamais esquecerei você também.

O casal se beija e ficam abraçados por longos minutos. Thaís enxuga suas lágrimas e olha para o relógio. Duas horas em ponto. Afasta-se de Renato relutantemente e caminha para a porta. Vira-se para vê-lo uma última vez, e uma última lágrima rola por seu rosto. Ele está parado, observando-a ir, querendo impedi-la, mas sabendo que não pode fazer isso. Por fim, ela dá um passo a frente e atravessa o portal em direção a saída.


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Notas finais do capítulo

Será o fim de Thaís e Renato? O que será que vai acontecer entre Alexandre e Thaís? uahsuh' Cenas do próximo capítulo!
(Viram eu pagando de locutora? u-u kkkkk')
Em breve, estarei de volta!
Beijos da Luna.



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