Elementar escrita por LunaLótus


Capítulo 13
Decisão


Notas iniciais do capítulo

"Ela sorri. Sente seu corpo relaxado, os pensamentos em ordem pela primeira vez em tantos dias. Inexplicavelmente, está feliz. Deve ser por causa da sua segurança de manipulação, ou por finalmente as coisas fazerem sentido. Não sabe direito e, na verdade, não se importa agora, porque gosta dessa sensação. Ela só quer estar assim pelo maior tempo que puder."



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Thaís está arfando, deitada no chão. Seu corpo está suado, sua marca queima insuportavelmente e sua visão está clareando pouco a pouco. Ela respira fundo e senta-se encostada na parede. Balança a cabeça para afastar os pensamentos. Preciso me controlar, pensa. Levanta-se vagarosamente, ainda se apoiando e decide tomar um banho.

Enquanto a água escorre por seu corpo, Thaís raciocina sobre a tal voz que ouvira. Ela estava agoniada, com medo, com pressa e muito tensa. A jovem não precisa se esforçar para lembrar as palavras. “Você tem um prazo de cinco dias! Não demore!” Parecem ter sido tatuadas em sua mente. Foram tão nítidas, como se a Elementar estivesse ali ao lado, falando em seu ouvido, ou dentro de si mesma...

Thaís está mais calma agora. Em seus pensamentos, tudo parece fazer sentido, todas as peças parecem estar se encaixando. Até mesmo o fato de ter sido traída por Alexandre. Aquilo já é fato consumado em sua consciência. Finalmente ela sai da ducha e pega toalha. Olha-se e decide. Irá encontrar Alexandre hoje a tarde. Precisa ter uma conversa com ele.

Renato ainda dorme quando Thaís sai do banheiro. Ela estava preocupada de tê-lo acordado, mas felizmente isso não havia acontecido. A jovem vai até o GR2300, como é chamado o seu guardarroupa super tecnológico, escolhe a roupa mais confortável e que esconda a sua marca, entra no tubo e, depois de alguns minutos, está pronta. Arruma o cabelo e o prende. Olha para seu namorado pela última vez, vai até a cama e pega o aviso da base. Anda silenciosamente até a porta, saindo sem fazer qualquer ruído.

Ela desce as escadas, passa pela sala e se dirige para a cozinha. Prepara algo distraidamente para comer enquanto mexe no minicomputador pregado em seu pulso. Está procurando o contato de Alexandre e não demora muito para encontrá-lo. Digita uma mensagem rápida e direta:

Encontro-o no parque hoje, às 14:00. Thaís.

Envia rapidamente e olha para as escadas, checando se Renato já acordou. Sente-se uma criminosa com essas atitudes, mas diz para si mesma que é para o bem de todos. Ela está tentando proteger a sua família.

O seu plano é simples. Se Alexandre não aparecer, ele estava falando a verdade sobre tudo, até sobre os sentimentos, e agora está sendo torturado por causa dela. Se ele aparecer sozinho, ela vai conversar com ele e tentar extrair o máximo de informações possíveis e descobrir o que ele sabe ou se ele não sabe de nada ainda. E se ele aparecer com agentes... Bem, aí ela irá lutar e, se possível, pensa, matá-lo por sua traição.

Thaís pega uma faca na mesa e começa a descrever círculos no ar. Está tentando manipulá-lo sem causar grandes desastres ou sem estar com raiva. Não sabe como conseguiu fazer aquilo ontem, e tem certeza que Renato não poderá ajudá-la nesse quesito. Terá que descobrir sozinha esse lado.

Depois de alguns minutos, um pequeno ciclone forma-se em sua frente. Não igual àquele da noite anterior, claro. Esse parece mais uma espiral viva, sem energia de destruição ou qualquer outro tipo de poder, apenas dançando no ar. Thaís se maravilha com sua beleza, leveza e graciosidade. Sente-se tão tranquila ao vê-lo que parece que essa normalidade é emanada dela para o fenômeno.

Ela sorri. Sente seu corpo relaxado, os pensamentos em ordem pela primeira vez em tantos dias. Inexplicavelmente, está feliz. Deve ser por causa da sua segurança de manipulação, ou por finalmente as coisas fazerem sentido. Não sabe direito e, na verdade, não se importa agora, porque gosta dessa sensação. Ela só quer estar assim pelo maior tempo que puder.

– Bom dia... – diz Renato por trás dela, fazendo-a sobressaltar-se.

– Bom dia, meu amor. Você dormiu bem?

– Normal. Mas você parece ter dormido muito bem. Está sorrindo, parece tão feliz. Faz tempo que não te vejo assim.

– Não dormi tão bem, na verdade – ela responde. – Mas parece que as peças do quebra cabeça começaram a se encaixar. Eu tive um sonho.

– Um sonho? – indaga ele, sentando-se também à frente dela. – Com a outra Elementar? A Elementar da Água?

– Isso. Na verdade, um turbilhão de coisas aconteceram hoje. Parece que tudo está correndo contra o tempo.

– O que não é exatamente uma mentira. O seu segundo chamado foi cedo demais. O seu corpo está protestando para ir embora.

– Acho que não foi só o meu segundo chamado que foi cedo. Acho que o segundo chamado da Elementar com que eu sonhei também já aconteceu. Afinal, em meu primeiro sonho com ela, ela manipulou o elemento, não foi?

– É, mas você não teve treinamento quase nenhum. Não espera realmente que se sinta pronta. Ela pode já estar pronta.

– Não sei, Renato, mas ela estava sempre sozinha. Acho que ela não tinha alguém para treiná-la.

– Vai ver espera que você possa ajudá-la...

Thaís dá de ombros e responde:

– Espero que não.

Renato levanta-se, pega um prato e torna a se sentar. Serve-se calmamente, Thaís observando cada movimento.

– Bem, e o seu sonho? Como foi?

Thaís conta tudo. Fala sobre a sensação que teve, sobre a pequena cidade que viu e sobre o aviso da garota. Renato fica calado, escutando cada mínimo detalhe e tentando perceber algo que faça sentido. Por fim, ele decide falar:

– Isso não esclarece muito as coisas. Achei que você tivesse dito que as peças do quebra cabeça tivessem começado a se encaixar. A Elementar só falou o que já sabemos: que você deve se apressar.

– Nesse sonho, sim.

– Teve outro sonho? – ele se espanta.

– Não foi bem um sonho. Mas antes, depois que eu despertei e fiquei sentada na cama, a base entrou em contato comigo.

– A base? De que forma? O que dizia o aviso?

– Eles me mandaram uma carta, um comunicado, não sei. Primeiro fiquei atordoada porque o envelope apareceu do nada em meu travesseiro. Não dizia muita coisa. Apenas quatro palavras.

Ela pega o pequeno envelope e o entrega ao seu namorado. Ele o estuda e volta a olhar para ela.

– Sul? Sul de onde?

– Eu esperava que você pudesse me ajudar.

– Nisso não. Acho que você terá que descobrir sozinha. Talvez se você usar uma bússola, e seguir para o sul... Talvez signifique que vocês irão se encontrar, e não que você vá encontrá-la.

– Não sei, mas é melhor que nada. Tem mais uma coisa, aliás. Dessa vez não foi um sonho. Foi como se a Elementar se conectasse comigo, como se ela conseguisse entrar em minha mente. Ela me deu um aviso.

– Outro aviso?

– Eu disse que aconteceram muitas coisas hoje de manhã. A garota disse que tenho apenas cinco dias. Só não sei dizer se é para encontrá-la ou outra coisa. Ela pediu que eu me apressasse.

– Sim, mas cinco dias para quê?

– Acho que para encontrá-la.

Ele levanta e retira os pratos da mesa. Thaís o observa em silêncio. Ficam assim por uns minutos, ele pensando em um plano, ela imaginando a conversa que teria com Alexandre.

Thaís não se sente naquilo. Parece que seu coração está morto e ela está fazendo tudo no modo automático. Como se sua mente já estivesse programada, o que não é mentira. Ainda assim, aquilo lhe parece mais uma cena já ensaiada muitas vezes. No fundo, ela sabia que tudo isso precisaria acontecer.

Renato se vira novamente para Thaís e a encara, tentando encontrar a melhor solução. Sabe que não há como adiar mais nada. O destino dela e, consequentemente, o dele estão selados com a terrível sentença da dúvida sobre o futuro. Ele não sabe o que fazer para mudar aquilo e por fim pensa que aquilo não tem mudança.

– Você deve partir amanhã – diz ele.

Thaís não fala nada, apenas assente e abaixa a cabeça. Renato toma coragem para continuar.

– Vamos treinar hoje. Vou te mostrar as técnicas com as outras armas e você vai tentar manipular o ar novamente.

– Tudo bem. Renato... – ela hesita.

– Sim?

– Preciso sair hoje à tarde.

– Tudo bem, eu vou com você.

– Não! – grita, mas ao ver a expressão de choque no rosto dele, completa: – Não posso colocá-lo em risco. É perigoso o que vou fazer. Preciso ir sozinha.

– O que você está planejando, Thaís? – Ele está desconfiado.

– Nada. Apenas vou conversar com uma pessoa, sobre algo importante. Mas se eu não voltar para casa até as sete horas...

– Tudo bem. Entendi.

Ela se levanta também e caminha até a porta que vai dar nos fundos da casa. Vira-se para ele e o chama:

– Vamos treinar, então.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Sei que está tudo muito confuso... Mas logo as coisas irão se esclarecer. Eu acho. uahsuh'
Em breve, estarei de volta!
Beijos da Luna.



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