Se te Olvido escrita por Miss Addams


Capítulo 2
Puedo


Notas iniciais do capítulo

Para a cena final deste capítulo, a canção será Ves da dupla Sin Bandera. Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=s50Fd7HNfPw



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“Puedo hacerte temblar cuando escuchas mi voz”

:- Mas, que babado Ani! – Maite falou me encarando com os olhos arregalados. – Como ele te achou? Por que entrou em contato depois de tanto tempo? – Ela me questionou enquanto colocava mais tempero na panela.

Desde o e-mail que ele me enviou, já se passou duas semanas e nos correspondemos diariamente desde aquele Sábado, não contei a ninguém que ele tinha voltado, queria desfrutar sozinha dessa reaproximação nossa, mas não consigo conter a língua grudada na boca então quando Mai, uma velha e especial amiga, voltou de viagem. Lhe contei toda a história.

Lembro que liguei para ela falando que tinha um bafo para lhe falar, e ela ficou desesperada para saber o que era. “Puta que pariu, Anahí, você não vai me contar?” Ela gritava no telefone descontrolada comigo, louca, aposto que voltou de viagem mais cedo só para matar sua curiosidade. Enfim, por agora estamos em seu apartamento conversando e cozinhando para nosso jantar.

:- Espera um momento Ani, agora que ele voltou como fica Rodrigo? – Ela me perguntou curiosa, enxugando suas mãos em um pano de prato.

:- Não sei Mai. Não é como se Chris tivesse realmente voltado. E você sabe que minha relação com Rodri está indo de mal a pior.

:- Ok, tenho que ser mais clara com você. – ela balançou a cabeça. – Quando o Christopher voltar você deixará Rodrigo?

Fui pega de surpresa com a pergunta, mais é óbvio que voltaria para o Chris sem pensar duas vezes e deixaria Rodrigo, apesar dele ser um cara legal e justamente por isso ele merecia alguém melhor do que eu.

:- Voltaria para ele sem pensar em mais nada, somente em nós e no que temos que viver em diante. – Dei voz para os meus pensamentos. – Mas, não fale assim, Mai, Christopher nem voltou e você já fica me encurralando na parede assim. – ri de nervoso, só de imaginar ele voltando.

:- Ah, nem vem Ani, se ainda conheço Christopher e ele não mudou. Ele vai voltar, acredite em mim. – ela disse sabichona – e toda essa história de sms, telefonemas e e-mail, é para apenas preparar o terreno, amiga.

:- Não creio Mai, será? – A perguntei duvidosa.

Fomos interrompidas pelo toque da campainha. Mai pediu para eu atender, já que estava de olho em nosso jantar.

:- Anahí? – Ela me questionou surpresa. – Merda, será que o vinho já fez efeito e eu vim parar no apartamento errado? – ela bateu em sua testa e olhou para o lado esquerdo e direito apertando os olhos tentando reconhecer o lugar.

:- Não, Dul, você está no lugar certo! – Disse soltando uma gargalhada, faz muito tempo que não nos víamos.

:- Aqui ainda é o apartamento da psicóloga? Poxa, Mai por que clareou o seu cabelo e colocou lente azul? – Ela disse agora brincalhona me abraçando. – É por que amo muito minha amiga Ani, você sabe sempre quis ser como ela! – A respondi entrando na brincadeira e retribuindo o abraço.

:- Nossa ainda bem que foi você que me atendeu, Ani, por que não seria a primeira vez que Mane abriu a porta somente de cueca para mim. – Ela disse constrangida com as bochechas levemente rosadas entrando no apartamento.

:- Mentira?! – e depois que ela assentiu ainda envergonhada eu gargalhei de novo.

:- Mas, que saudade sua Ani. Por que você sumiu assim? – ela me perguntou deixando sua bolsa na sala e seguimos para a cozinha. Não consegui responde-la.

:- Ooooh, mi Ingenua! – Maite assim que a viu abriu os braços para ela.

:- Hey, mi Desamparada! – Dulce foi de encontro a ela e a abraçou apertado.

:- Ingenua? Desamparada? Que intimidade é essa entre vocês duas?

Tanto Mai como Dulce eu conheço desde o colégio, na verdade éramos uma turminha do mal. Erradamente intitulados já que de maus não tínhamos nada, nossa turma era composta por Eu, Christian, Poncho, Christopher e Maite. Mas, ao passarmos para o ensino médio, Dulce entrou em nossa turma. Bom, depois da chegada da Dulce, foi que nossa turma ficou verdadeiramente completa.

Até hoje mantemos contato, eventualmente nos encontramos quando nosso trabalho nos permite. Cada um seguiu uma profissão diferente, Maite se formou em psicologia apesar da sua loucura, ela desde sempre soube nos escutar e aconselhar; Christian fez Rádio e TV, mas da forma que ele era exibido se encontrou na música, é cantor, casado com BJ, vive agora no Canadá; Poncho era o mais inteligente, se formou em advocacia, porém o seu amor sempre foi pelo céu, é piloto de avião e faz somente alguns voos nacionais para não atropelar sua vida de casado; Dulce não poderia ter virado nada mais ou menos que escritora, na verdade poetisa, ela tem um talento nato para escrever ou compor; Christopher sempre foi afobado e indeciso fez vários cursos, mas se identificou como produtor musical e eu, sou modelo, já tive uma carreira internacional, entretanto diminui meu ritmo de trabalho, senão ficaria louca.

:- Perdeu, perdeu! Morena é minha agora! – Dulce disse fazendo cara de possessiva. – Quem manda você se afastar. Opa! Cheguei na hora certa... – Ela exclamou sentindo o cheiro da nossa macarronada. Que se diga de passagem estava muito cheirosa.

:- Ah, nem me afastei tanto assim. Vocês que estão muito grudadas. – Falei emburrada, confesso que até com um pouco de ciúme. Mas, só um pouco.

:- Dulce é mais frágil, Ani, necessita de uma atenção a mais. – Maite a defendeu, colocando um prato a mais na mesa para Dulce.

:- Talvez, porém Dulce de tão frágil que é, quando erra se faz de vítima – rebati já sentada.

:- Eu me faço de vítima? – Dulce indignada me perguntou colocando a mão sobre seu decote e sua boca tinha o formato de “o”.

:- Tenho que concordar que Ani tem razão, Dul. – Maite agora nos servia, de sua macarronada.

:- Que isso agora é um complô?

:- Encare os fatos, honey! – a disse convencida.

:- Ok, Talvez eu exagere um pouco, mas eu demonstro o que eu sinto. – ela falou se sentando e começando a comer.

:- Demonstra até demais, né Dul? Sinto lhe informar, mas não é só você que sofre no mundo.

:- Pois é, olha que eu que sou psicóloga, entendo do assunto e lido com ele a todo o momento. – Mai me confirmou.

Dulce permaneceu calada, mudou de expressão de acusada para culpada. Bem bipolar. Bem, Dulce María.

:- Dul, o que foi? – Mai a olhou preocupada.

:- Poncho me disse a mesma coisa, quer dizer, não com as mesmas palavras. – ela disse triste e com arrependimento no olhar.

:- Mai me deixa adivinhar? – Maite confusa assentiu sem saber aonde eu queria chegar. – Tudo bem! Tenho três chances. – Falei olhando de Mai para Dul que também prestava atenção em mim.

:- Dulce, você só responda com um não, ok?

:- Ok!

:- Você está aqui por que está não consegue terminar seu livro?

:- Não.

:- Você está aqui, por que quer comer de graça? – a perguntei rindo, fazendo Mai e Dul rirem também.

:- Não, quer dizer, mas estou aproveitando. – me falou mostrando a língua.

:- Ai Droga! Só tenho mais uma chance de adivinhar, Mai que toquem os tambores! – Esta começou a batucar numa bateria imaginária, me ajudando. Novamente me lembrei de Chris, ele que tinha o vício de batucar em tudo, Tudo que encontrava pela frente.

:- Você discutiu com Poncho, novamente!!!? – Mais afirmei do que perguntei.

Dulce completamente sem graça abaixou a cabeça assentindo. Eu e Mai reviramos os olhos, não tinha nenhuma novidade nessa frase, desde que começaram a namorar no colegial Dulce e Poncho sempre discutem, terminam e voltam exatamente nesse ciclo. Mas, nunca se separam isso que me causa certa inveja deles, por que eles sempre cedem ao amor deles. Deus, sabe o quanto desejei que com Christopher e eu fôssemos assim.

:- Ah isso é normal, María. – Disse voltando a comer.

:- Eu sei Giovanna, mas não quero falar disso agora. E Você por que apareceu de repente? – ela me perguntou colocando uma garfada com macarronada na boca.

:- AAAAAh Dul, você não sabe do bafo! – Mai gritou passando o guardanapo na boca.

:- O quê? O que você aprontou Anahí? – ela perguntou curiosa – Não vai me dizer que finalmente deu um pé na bunda, do Rodrigo? – ela tinha os olhos brilhando de felicidade, Dulce nunca gostou de Rodri.

:- Não, melhor que isso. – Mai me cortou.

:- O que pode ser melhor que isso? – Dul ficou mais curiosa e perdida.

:- Posso falar? – depois que ambas disseram que sim, me virei para Dul e falei – Ele voltou.

Houve uma pausa de silêncio, até a Dulce processar a informação, talvez o vinho que ela comentou que bebeu influenciasse nessa lentidão.

:- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah! Mentira? – ela gritou colocando a pequena mão na boca. E gritou ainda mais junto com a Mai, depois que confirmei.

:- Mas, quando Chris voltou? Por que não avisou a ninguém? Vocês já se encontraram? Ficaram? Se acertaram? Você traiu Rodrigo com ele? Ele ainda está gostoso?

:- Hey! Cala a boca María. – Interrompi sua sequência de perguntas dando um pedala em sua cabeça.

:- Acho que não está muito longe de trair não. – Mai colocou mais lenha na fogueira. Antes que Dulce pensasse besteira, comecei a falar.

:- Calma, então, Chris não voltou, quer dizer, ele conseguiu meu e-mail e meu número, nos falamos por aí. E ainda não vi não sei se está gostoso. – A respondi, imaginando como Chris estaria agora.

:- Ah, com certeza ele está gostoso! Com todo respeito a você amiga, mas ele sempre foi. Tudo bem, que eu prefiro muito mais meu Poncho. – Dul disse rindo.

:- Se lembra do tamanho da bunda, Dul? – Mai entrou no jogo para me provocar, ainda apertou as mãos no ar e mordeu os lábios fingindo que Chris estava na sua frente.

E pior estava apertando a bunda dele.

Dulce riu ainda mais quando taquei o guardanapo em Mai.

:- Fato é fato, os dois sempre foram muito gostosos, Poncho e Christopher, - ri quando Dul fechou a cara ao que Mai falou. Segura essa María! – Agora vocês não sabem como o meu Pollis está gostoso, eu o visitei no Canadá. Juro que se não tivesse Mane e Chris não fosse gay e casado. Pegava mesmo! Ah, ele disse que só volta para cá quando uma de nós nos casarmos. Ela se levantou e colocou a louça na pia.

:- Eu já estou fora da lista, por que já sou casada. – Dulce disse olhando e exibindo sua aliança de ouro – Mai, você está com um pé no altar, só falta Mane tomar vergonha na cara. – Falou olhando para ela e depois se virou para me encarar e apontar o dedo para o meu rosto – e você se afaste de qualquer igreja enquanto estiver namorando o Rodrigo. Só comece a cogitar a ideia de se casar quando o bundudo voltar.

Ela e Mai riram. Eu me arrepiei só de pensar em casamento.

Depois disso nós fomos para a sala de Mai e colocamos o papo em dia, era praticamente uma festa do pijama das meninas, sem os pijamas. Conversamos até tarde quando Mane ligou avisando que chegaria para dormir no apartamento, fez com que Mai nos expulsasse de lá, Dulce atendeu ao telefone e desceu antes que eu.

:- Se cuida, Ani! – Mai me abraçava e me aconselhava enquanto nos despedíamos – Acho que tenho um palpite sobre quem deu seu contato a Chris!

:- Quem?

:- Guilhermo.

Faz total sentido, Guilhermo era o único que ainda tinha contato com o Chris depois de sua viagem por causa dos projetos musicais de ambos, sempre tentei arrancar algo dele, sobre Chris, mas ele sempre me despistava.

:- Verdade Mai! Só pode ser ele.

:- Sim, olha eu sinto que não só por ser sensitiva ou psicóloga. Mas, por ser amiga de Chris. Ele vai voltar Ani! E como você ficará? Vai ter que escolher entre ele e Rodrigo. Te peço que faça a escolha correta o que for melhor para você. – ela me olhou sorrindo.

:- Meu coração, responde por mim. É ele Mai, sempre foi. – correspondi o sorriso. - Agora deixa eu ir. É perigoso deixar Dulce sozinha por muito tempo. – comentei implicando com a ruiva.

Abracei Mai mais uma vez e peguei o elevador, saindo do prédio me assustei completamente com a cena que vi. Dulce só podia está louca! Ela não podia está traindo.. Poncho?

Forcei minha garganta, para que o casal se separasse do amasso que davam em plena rua, encostados num carro. Eles depois de muito custo se separaram. O homem que estava de costas se virou. Ufa, que alívio! Pensei suspirando.

:- Ani? – Poncho veio me abraçar, com os cachos bagunçados pelas pequenas mãos de Dulce e os lábios manchados pelo batom da mesma. Retribui o abraço.

:- Que susto você me deu, Dulce!

:- Por quê? – ela se aproximou sorrindo apaixonada e abraçou Poncho de lado.

:- Eu pensando que você estava me esperando quando saiu, você está aos beijos com um cara. A última pessoa que me veio a cabeça seria Poncho.

:- Ainda bem que sou eu. – ele arregalou os olhos, assustado imaginando uma suposta traição de Dulce.

Essa somente riu.

:- Então, agora que vou voltar para casa, você quer uma carona Ani? – ela me perguntou.

Aceitei a carona, era bonito ver o carinho que os dois exalavam um pelo outro. Sorri, mais uma vez me lembrando de quando éramos os dois casais, Chris e eu e Dul e Poncho. Ah, Bons tempos aqueles. Pensei nostálgica ao entrar em no meu apartamento e ser recebia por Ronaldo, meu cachorro.

Verifiquei meu BlackBerry, tinha duas chamadas de Rodrigo, que eu ignorei. E nada do Christopher, estranhamente faz dois dias que ele não me manda nada, nem me responde. Certo medo me bateu que eu fiz questão de expulsá-lo. Não podia me dar ao luxo de perder a esperança logo agora. Não, mesmo.

Estava voltando do meu banho, trocaria de roupa e cairia na cama, amanhã tenho uma sessão fotográfica para uma revista importante. Ainda mais, que estava completamente cansada. Meu telefone tocou, atendi despreocupada. Pensando ser Mai ou Dul, quem sabe, minha mãe.

:- Anita?

Arrepiei por inteiro. Não era Mai, nem Dul menos ainda minha mãe. Era Christopher com sua voz rouca, rouquidão que só aumentou com o passar dos anos. Olhei para os pelos do meu braço estavam completamente em pé. Em vez de respondê-lo, fiquei ouvindo encantada sua respiração fazia tempo que eu não fazia isso. Ele tinha uma respiração agitada, um subir e abaixar do seu peitoral, por mais calmo que ele estivesse.

:- Ani? Está me ouvindo? Você está aí?

:- Sim, sim, Chris! Estou escutando. Só acho meio irreal. – o respondi nervosa e ainda balançada só por ouvi a sua voz.

:- O que é irreal?

:- Estamos falando no telefone, depois desse tempo todo. Você sabe!

:- Pensei que estivesse, acostumada. Ou se acostumando.

Juro que podia o ver coçando a cabeça ou o queixo.

:- Aos poucos. Mas, ainda é estranho.

:- Hm, eu não sei que horas são aí! Aqui já amanheceu.

:- Onde é aí?

:- Aqui é o Japão.

Só nesse momento me dei conta que ainda não sabia nada sobre a vida dele, desde que restabelecemos o contato. Tinha algumas suspeitas, não certezas. Ele sempre quis saber mais sobre minha vida do que falar sobre a sua. Fora que nos perdíamos em nossas lembranças ou revivendo o nosso passado com palavras ou letras.

:- Mas, não é aqui onde eu vivo. Essa é uma viagem a trabalho, por isso não consegui tempo para falar com você antes, me desculpe.

:- Não tem motivo.

Ficamos calados, não por falta de assunto. Mas, por senti falta de mergulharmos no nosso silêncio cada um refletindo sobre algo e não deixando o outro na completa solidão. Ele escutava minha respiração assim como eu a dele.

:- Ainda posso ter esperança? – sussurrei perguntando-o.

:- Para que esperança? – respondeu da mesma maneira.

:- Ainda posso ter esperança? – repeti.

Completamente calado. Me esforcei para ouvir sua respiração, podia imaginar seu olhar castanho perdido procurando uma resposta ou até mesmo confuso tentando decifrar minha pergunta.

:- Sempre! – respondeu seguro, me fazendo tremer.

Desejava com todo meu coração que essa fosse à resposta para a pergunta do meu coração. Ainda poderia ter esperança sobre nós dois?

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