A Chuva dos Sete escrita por Lia


Capítulo 3
III - Bosque dos Eucaliptos.


Notas iniciais do capítulo

eu tô postando capítulos muito rápido, não? Eu sei, vou reduzir isso para todos tenham tempo que ler sincronizadamente ): mianhae



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Desde que o felino subiu na estátua para dar o anúncio da Rainha, o Bosque dos Eucaliptos virou um caos total, todos se perguntando o qual motivo de tamanha importância para um recado ou qual era o sentido de tudo o que estava acontecendo. Quando todos do grupo ouviram o recado com cautela, Chace pediu espaço para que conversasse com Lara em particular, deixando um ar desconfiado e penetrante dentro de Laurel que nem ela mesma saberia explicar. Seus dias foram corridos, principalmente quando acabou se perdendo no próprio caminho de volta para casa, sendo resgatada por um senhor que nunca havia visto em sua vida, segundo ele, já conhecera os pais dela, e sempre estava presente em qualquer apresentação de mágica de Laurel. Mágica? Ela detestava mágica.

Após andar o necessário que sua mente pensou que seria, parou para analisar o local que estava parada, andando em círculos, a minutos e horas. Parou para seguir as diversas placas de sinalização que eram vistas a cada quilômetro, como se alguma criatura pudesse de perder a qualquer momento. Acabou por parar e observar todas as árvores que eram eucaliptos de verdade. Apesar do nome, o bosque é dividido entre duas partes: o início e o final; ao entrar, você iria se deparar com uma floresta imensa cheia de eucaliptos - o que originou o nome -, àquelas árvores de tronco fino e uma altura tremenda. A floresta foi criada por uma antiga família de ninfas, bem antiga mesmo, que ampliava seu tamanho a partir do tamanho das invasões causadas por outros seres que não eram bem vindos. Hoje em dia a floresta funciona de uma maneira simples: entra quem tem autorização, e não é como se vários guardas ficassem dia e noite na frente do bosque, esperando para barrar alguém... As mesmas ninfas que acharam o lugar conseguiram enfeitiçá-lo com a ajuda de uma bruxa, quem não é bem vindo ou não é registrado simplesmente se perde na imensidão de árvores e nunca consegue achar o caminho para o Bosque dos Eucaliptos. Como um labirinto infinito.

A vontade de Laurel era de ir para o início de onde morava e ver como era, não apenas as árvores, e sim o que realmente tinha lá. Chace dissera que era coberto de fadas que só saíam de seu esconderijo para quem confiava, já outros disseram que era apenas árvores grandes e sem graça. Ela não acreditou em nenhum dos dois, acabou desistindo de ir verificar, sentando-se de frente para a misteriosa floresta, tentando desvendar seus segredos apenas com os olhos. Tentava desvendar, principalmente, por que ela havia perdido a memória e por que todas aquelas pessoas a consideravam tanto, sendo que nem o nome ela memorizou. Seu primeiro impulso foi se levantar, o segundo foi afundar os dedos finos entre a calça e sua pele, puxando o folheto amassado e voltando a abri-lo, tentando recuperar ao máximo as informações. Julieta West. Desaparecida. Faz cinco dias. Irmã mais velha de Lara e Alex West. Lara é a caçula, Alex o do meio, cuidando da casa da família em Sunshine. Pais assassinados na frente das crianças. Lara não se lembra da cena por ser muito pequena, os outros dois sim.

Laurel fazia o máximo para recolher todas as informações que tinha sobre Julieta e a antiga relação das duas, mas nada vinha à tona, só ia embora. Suas lembranças iam a cada segundo que passava, e isso a assustava de um modo incrível, mas não chegava ao medo que sentiu ao ver a foto da loira e um desaparecida com letras enormes. Decidiu correr atrás de Lara para abraçá-la e dizer que tudo ia ficar bem, o que era mentira. Se nem ela mesma conseguia endireitar sua vida, como poderia fazer isso com outras?

Seu terceiro e quarto pensamento foram voltar a amassar o folheto e chutá-lo para dentro da floresta, respirando fundo e fechando os olhos. O cheiro da natureza e de chuva a envolveram por completo, e também de carne. Só nesse momento que percebeu a tamanha fome que estava sentindo, tão grande que seu estômago roncou alto, forçando-a a seguir o cheiro. Andou, andou e andou. Andou mais um pouco. Quando finalmente chegou, já queria voltar. O lugar parecia que ia cair aos pedaços, tinha três ou cinco andares de altura, cada um com uma luz forte saindo dele. Era sustentado por finas tábuas de madeira e um revestimento de cimento e tijolos, imensos muros de pedras atrás da estrutura, coberto de vinhas e uvas frescas. Risadas e gritos eram possíveis de serem ouvidos, mesmo estando a metros de distância.

– Não vai entrar? - Uma voz conhecida, porém distante, despertou Laurel de seus desejos por um suculento filé de carne.

– Serena... - Teve de buscar bem no fundo de seu campo de memória para se lembrar do nome de Serena, mesmo ela tendo se apresentado no mesmo dia. - Não, acho que não.

– Então você é uma assassina que só encara...?

– Oi? Não! Quer dizer... Não estou encarando...

– Vamos, entre. Não é tão ruim quanto parece. - Um sorriso sincero tomou conta do rosto de Serena, sem saber o que fazer, Laurel a acompanhou.

O lugar de dentro não era tão instável como fora. Era rústico, porém aconchegante, e não era como bares que bêbados brigam entre si por dinheiro ou mulheres, para falar verdade, parecia uma família reunida em uma ceia de Natal. Tinha de tudo, ninfas, pequenas fadas flutuando com um mini-copo nas mãos, elfos rindo e se gabando de suas novas armas, lobisomens passivos bebericando de sua cerveja no fundo... De tudo, todos em uma harmonia contagiante. Serena parecia se aproximar de todos eles, sendo cumprimentada e até mesmo abraçada, como Laurel, novamente, nenhum rosto familiar. Eram todos estranhos, mas isso não deixou sua educação de lado, tratou todos como deveriam ser tratados, como se sua amnésia indeterminada nunca estivesse ali.

– Venha, vamos nos sentar ali! - Antes mesmo de esperar respostas, pescou o pulso da garota que havia conhecido a poucas horas, se jogando sobre uma cadeira de madeira confortável. - Oi todo mundo. Essa é a Laurel.

– Eu sou a Laurel, oi. - Respondeu, tentando ao máximo identificar alguém.

Todos sentados tinham uma característica semelhante a de Serena, pelo menos os olhos e o modo de se vestir. Laurel supôs que deveriam morar no mesmo lugar ou serem bem próximos. Apenas um menino se destacava na mesa, seus olhos eram verdes e suas orelhas pontudas, porém, diferentes de todos os elfos presentes, ele não portava nenhuma arma. As outras criaturas ao redor da dupla eram apenas meninas.

– Olá, somos amigas e parentes da Serena. - Uma garota com voz fina esticou o palmo para Laurel, que demorou um pouco para processar, querendo digerir toda as informações.

– Parente? - Perguntou, perdida.

– Sim. Sereias. - Serena respondeu, rude. Isso fez a desconfiança da novata crescer mais um pouco, tendo de apertar seu palmo na borda da mesa para se acalmar um pouco.

Laurel nunca tinha visto uma sereia "em ação", apenas em imagens de livros da biblioteca local - que descobrira alguns dias depois de acordar em sua cabana. -, e elas nem pareciam tão reais. Sua vontade de ver uma sereia de perto cresceu, quase tendo que se controlar para não pedir uma demonstração grátis para Serena, que, com certeza, iria recusar. Não se limitou a pedir ajuda para a sereia no caminho de volta. Serena era uma ótima amiga, misteriosa e alegre na maioria do dia, conhecia todos. Literalmente. Será que Laurel também era assim e só não se lembrava?

– ❖ -

Serena até sabia aonde era a casa de Laurel, sem nem mesmo deixá-la explicar quais caminhos tinha pego. Isso a deixou confusa, se sabia disso tudo, por que se apresentou de novo? Conhecia o caminho da casa de outra pessoa mas não a conhecia? Apesar de achar estranho, guardou suas perguntas para si mesma. Se despediram e cada uma seguiu o sentido que deveria.

Já tinha percebido a um tempo o seu amor pela própria casa, sentia um alívio só de sentir o vento quente que batia em seu rosto toda vez que entrava. Tinha costume de correr direto para seu quarto toda vez e analisar as fotos mais uma vez, conferindo se já achou alguém novo no dia, nem que tenha dado apenas uma olhada rápida. E eram milhares de fotos, cobrindo sua parede inteira, demorava um longo tempo para ter que analisar todas, mas a satisfação de ver um fragmento de memória voltando era incrível, nem que fosse por um mísero segundo.

Sentou-se em sua cama e jogou sua camiseta longe, deixando com que o suor escorresse da sua nuca até suas costas, causando um leve arrepio. Tentava entender porque sua moradia era tão quente, mesmo com a lareira estando apagada e a cozinha sem estar sendo utilizada.

"Julieta. Mas, quem era o garoto de rosto riscado?", pensou dedilhando o queixo e coçando sua nuca. Analisou mais uma vez. Outra vez. Mais uma. Nada. Decidiu aproximar mais e ficou de pé na cama, apoiando as mãos na parede para não cair. Com certeza ela não iria ser uma detetive famosa, deveria ter mil pistas em sua frente e ela só achou uma. Uma jaqueta. A mesma jaqueta que o menino usava na foto com ela, era a mesma que ele usava ao lado da menina desaparecida, infelizmente, até mesmo em sua própria foto, o rosto dele estava com pingos vermelhos, talvez tinta.

– O que... O que está fazendo no meu quarto?!

Um susto percorreu toda a espinha de Laurel, quase fazendo-a perder o equilíbrio e cair de onde estava. Se virou de supetão para pegar uma imagem que guardaria para o resto da vida: era um garoto, que aparecia na maioria das fotos; a mão dele estava por cima de uma bermuda, como se ela fosse cair a qualquer segundo, seu cabelo completamente molhado, assim como seu peitoral. Tudo indicava que ele acabara de sair do banheiro, provavelmente estivesse tomando um banho. No banheiro de Laurel. Seu rosto congelado em só uma expressão de espanto, mas sua mente pareceu parar de processar, junto com a dela, até porque, ambos estavam sem camiseta.


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Notas finais do capítulo

n sei se foi só eu, mas amei esse final tipo mto msm e tô rindo até agr :v



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