A Chuva dos Sete escrita por Lia


Capítulo 17
XVII - Internada novamente


Notas iniciais do capítulo

tinha parado de postar sim, mas agr voltou com tudo ACHO



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Sentiu-se imponente novamente. Seus olhos se abriram em uma perfeita harmonia e seus braços estavam doloridos, com pontos vermelhos distribuídos por todo seu pulso, como uma alergia nova. A mente de Laurel girava mais do que um carrossel em um parque de diversões, e a branquisse que a cercava antes parecia ter ficado mais e mais potente, como se a Ala Hospitalar Boodlaire estivesse sido restaurada enquanto permanecia desacordada. Diferente da última vez, agora ela estava sozinha, e, também, diferente da primeira vez em que acordara naquele hospital doentio, estava com a certeza absoluta do que teria de fazer. Era como acordar de um sonho, porém de um modo bruto e cruel, suas memórias voltaram como o acordar de uma manhã fria. Um soco no estômago. Era assim que se sentia. Apesar de estar desorientada com tudo ao seu redor, tinha certeza de que não havia recuperado todas as lembranças por completo, mas sabia que parte dela queria encontrar as caixas primeiro que todos os Guardiões, só não sabia o por que ou como. Também queria encontrar suas amigas. Lembrou-se do aniversário de quinze anos de Robin, de estar com suas melhores roupas, apesar de não ser de sua escolha, de também ter recebido um empurrão de Chace, e de ter caído bem com o rosto no bolo da amiga. Teve suas memórias recuperadas tão rapidamente que sentiu uma ânsia subindo do fundo de seu estômago e parando no início de sua garganta. Teve de tomar um longo suspiro para tentar engolir aquele possível vômito.

– Tenho que me levantar... - Disse em voz alta, como se estivesse encorajando a si mesma - Espera, estou falando comigo mesma? Que horror, Laurel!

Quase quis voltar a deitar-se. Quando de pé, pensou na outra lembrança que avançou contra sua fraca barreira enquanto estava "dormindo". Estava com a imagem de Luccas abraçado com a cintura de Julieta, seus rostos colados e um colar de asas circulando o pescoço dos dois, eles eram namorados e ela estava sendo uma péssima amiga por não se lembrar disto. Perguntava-se sobre o que acontecera naquele jogo doentio. Se fosse uma ilusão, seria incrível por não estar morta ou, principalmente, totalmente queimada. Levantou seu corpo lento e caminhou para fora como se aquele fosse o primeiro dia que estivesse lá, e, de algum modo, sentia que era verdade. No instante em pôs seus pés para fora de sua "zona de conforto", foi apartada nos ombros por uma mulher de uns dois metros maior que ela, parecia estar de frente à frente com um gorila. Ela era peluda como um, seus olhos eram de um tom azulado e tranquilo, diferente de sua estrutura; era rechonchuda e usava um lenço no pescoço, deixando sua banha escondida.

– Aonde a senhorita pensa que vai? - Seu bafo a invadiu como um peixe que acabara de ser pescado, sua prancheta presa em seu cinto cheio de utensílios que ela desconhecia - Você é uma das sobreviventes daqueles maníacos, não pode sair de seu quarto!

– Espera... Uma das? Uma das sobreviventes? - Repetiu, sem nem obedecer as ordens da enfermeira.

– Anda! Anda! Volte para seu quarto! - Com toques pequenos em seu ombro, fora empurrando-a de volta para sua prisão.

– Cadê a Valentine? - Enquanto dizia, esquivou sua estrutura para o lado, desviando da mais velha - Ela é a enfermeira daqui, não é? Ela foi transferida?

– Querida... - A feição de pena da mulher deixou todos os nervos de Laurel à flor da pele, sentia que algo não estava bom, ao mesmo jeito que não estava ruim. - Ela fora mandada para o calabouço do Palácio Real... Tem alguns dias. Acham que está envolvida com os Quatro Cavalheiros.

E foi neste momento em que sua ficha caiu. Não sabia que outras pessoas estavam presas e muito menos ferida, na pior das hipóteses, mal sabia que chamavam eles de Os Quatro Cavalheiros. Um pânico subiu por sua espinha e suas pernas quase falharam.

– No... Calabouço...? - Era como falar sem ter voz. Escutar sendo surda. Ver sendo cega. - Todos...? Todos eles...?

– Não! - Tentou amenizar a paciente, segurando-a pelos ombros para tentar mantê-la erguida. - Muitos deles foram mandados para cá com situações drásticas, mas, conseguimos salvar a maioria... Quer dizer, ninguém morreu!

– Quem sobrou? Quem está aqui comigo? Você se lembra de alguém? Tem o nome de algum deles na lista? Você tem? - O furacão de perguntas invadiu a mente da enfermeira. Só agora fora pensar em abaixar os olhos para ler a primeira folha de seus documentos, com o nome dela. Gholla. Perguntava-se que tipo de pessoa se chama Gholla. Foi esquisita a sensação.

– Bem... Bem... Calma! - O pânico da qual deveria ser profissional começou a alastrar por todo seu corpo e dedos, que já estavam trêmulos. Foleava as páginas com maestria. - Bem... Bem... Bem...

– Leia! Agora! - Berrou, espantando-se até com sua própria autoridade.

Esta era a gota d'água que a mais velha poderia aguentar de alguém que não estava com o mesmo cargo que si. Com outro empurrão, lançou Laurel a uns três passos para trás, mal conseguindo manter-se de pé e sentindo todos os tendões de seus braços se rompendo por culpa das agulhadas que levou algumas horas mais cedo.

– Não vou aguentar desrespeito, senhorita!

– Eu estou mandando você ler! Isso é uma ordem!

– Eu dou ordens! Não você! - As duas gritavam como uma bomba relógio, ameaçando a explodir a qualquer momento, apesar dos berros, as agressões para ela voltar ao seu devido quarto não cessavam em nenhum momento.

Era empurrão para lá, tentativa de passagem para cá e ligamentos de todos os membros dela se rompendo a cada vez mais. Sentia seu corpo pesar, como se a dosagem de medicamentos injetados em seu sangue fosse chumbo líquido para nunca permitir abrir suas asas da curiosidade novamente. Dentro daquela situação, sentia-se totalmente inútil em meio daquele armário-humano que a segurava pelos ombros.

– Laurel? - Uma voz distinta e incrivelmente conhecida invadiu seus pensamentos, mas não foi o bastante para tirá-la do conflito.

Isaac começou a correr do fundo do amplo corredor até seu encontro, só parou quando seus sentidos interiores disseram que ela estava devidamente segura ao redor de seus braços devidamente definidos e escondidos por uma jaqueta amarelada. Puxou-a para trás do mesmo jeito que pescadores puxam sua isca para perto de si; o rosto dela congelou em apenas uma expressão: confusão. Novamente.

– Aqui. Eu estou aqui. Vivinho da silva. - Sussurrou ao pé de seu ouvido na tentativa de acalmá-la, encarando Ghollan com a sobrancelha tão arqueada que quase chegou a saltar para fora - Os médicos disseram que ela está liberada.

– Os médicos...? - Questionou sem depositar a total confiança no garoto novo - Eles disseram? Não? Não disseram?

– Disseram. - Respondeu com uma ignorância extrema. O tom de seus olhos chegaram a mudar entre tons rubros. Ele estava usufruindo de sua luxúria pela terceira vez no dia apenas para tirá-la dali.

Quando estava com a certeza absoluta que havia seduzido a enfermeira por completo, sorriu e a mandou embora, que foi sem questionar uma vez se quer. Teve de respirar algumas vezes para processar o que estava prestes a fazer, mal conseguindo por suas ideias no devido lugar.

– Vamos. Precisamos falar com eles. - Disse, deslizando os dedos gélidos até a mão da loira e tomando posse de seus próprios movimentos, disparando em uma corrida forçada para fora do departamento.

– Eles? Eles quem? Do que você está falando? - Conseguiu tirar as palavras que estavam enterradas em sua garganta a minutos atrás - Não! Precisamos ir até a Valentine! Precisamos salvá-la!

– Calma, calma, bonequinha! Os heróis do vilarejo já cuidaram de tudo!

E era uma extrema verdade. Eles haviam cuidado de exatamente tudo.


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Notas finais do capítulo

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