A Chuva dos Sete escrita por Lia


Capítulo 16
XVI - O início de uma amizade.


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE! O Nyah! está de volta e isso deixa meu finalzinho de semana bem mais tranquilo ^^ boa leitura aí p vcs e tmj ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640644/chapter/16

Janeiro, século XX; Vilarejo Sunshine. Outono, folhas ressecadas e alaranjadas por toda a parte.

Era um dia quente e parado. Robin já não aguentava mais atender clientes gananciosos na loja de seus pais, era como uma tortura que nunca chegava ao fim, e, para piorar toda a sua situação, sempre era obrigada a repetir a mesma frase.

– Bem vindo à loja Solid Fire, aonde se encontra todos os tipos de armas, escudos e objetos na melhoria de sua luta. O que vai querer?

– Eu... Bem... Eu... Não tenho tanta certeza... – Gemeu a ruiva em sua frente, enrolando a ponta dos dedos em seus fios alaranjados.

Não deveria ser muito mais nova do que a atendente, que estava no auge de seus catorze anos. Mesmo trabalhando em um período cronometrado no departamento de seus pais, até sendo vigiada por sua mãe toda vez em que ela cruza o hall de entrada, a paciência de Robin Delary nunca foi perfeita quando se tratava de pessoas indecisas. Seu suspiro de tédio e fúria deixou a menina ainda mais nervosa, o suficiente para se afastar um pouco.

– Robin, tem um acidente ali ó. – Seu “funcionário” mais novo apontou em uma direção específica.

Seus olhos curiosos se cruzaram com uma garota loira, lutando para manter um escudo enorme de pé. Quando piscou, o barulho estridente de metal batendo em concreto fez os ossos do pai da garota tremerem, sem nem mesmo ele estar ali. Com corridas rápidas, a dona do pedaço por momentos chegou na bagunceira, só de vista, deveriam ter a mesma idade.

– Foi ela! – Uma voz fina e masculina invadiu o clima tenso, enquanto a culpada tentava recolher as armaduras que derrubara. O menininho apontou para a menor, deixando o buraco de seu dente de leite a mostra, enquanto seu cabelo negro caía por cima de seus olhos e o curativo em sua bochecha deixava claro que o machucado havia sido recente. As vestes de segunda mão estavam sujas de açúcar.

– Não foi não! – A garotinha deu um tapa na cabeça do amigo, fazendo sua franja amarelada balançar por cima de sua testa. Com o susto do defeito que causou nos armamentos, seus pés nus ficaram avermelhados, iguais suas bochechas.

Os olhos azulados caçavam qualquer tipo de escapatória das pequenas mãos da proprietária.

– Preciso dos nomes de vocês. Vou reportar essa destruição de mercadoria para a rainha Souzie Boodlaire. Vocês serão trancafiados nas masmorras do palácio.

– Não seremos não. A rainha Souzie nunca faria isso com a gente! – Protestou o menor, recebendo um peteleco na ponta do nariz pela menina.

– Você está duvidando? – Questionou a superior, trocando olhares furiosos entre a dupla de amigos.

– Ele é meio sonso. Não escuta. – Disse a desconhecida, tampando os lábios dele. – Falando nisso, estávamos ao caminho de levá-lo para a A.H.B, sabe como é, né.

– Sei?

– Não estava não! Sua chata! – Desvencilhou-se dos braços da branquela enquanto recuava, evitando rir. Chace era uma criança teimosa, nunca gostava de receber ordens e ser criticado por sua personalidade forte.

– Fica quieto!

– Fica você!

– Eu sou a Robin. – A meio-vampira interveio na discussão dos dois, afastando-os pelos ombros para evitar uma briga. – E estou louca para ver a loira deixar mais um machucado em você, mas acho que aqui é proibido ter brigas.

– Aonde está escrito que é proibido? – Perguntou ela, caçando com seus olhos curiosos alguma placa ou sinalização que indicasse – Sou a Laurel. Não me chama de Lau porque não gosto.

– É para se apresentar? Tô confuso. – Com outro peteleco, o menino se distanciou, com medo de ser atingido novamente – Sou o Rei Chace.

– Rei dos ratos, só se for. – Retrucou a amiga, caminhando até a saída com a companhia que entrara, distribuindo novas agressões no menor.

– Aonde vão? – Apartou os passos da dupla, parando em sua frente e esperando uma explicação plausível para suas curiosidades.

– Vamos viver adoidamente. Que vir? – Propôs a loira, sendo acompanhada de um sorriso singelo do garoto.

– Quero. – Respondeu a descendente da família Delary, sem nem perguntar o destino ou o objetivo.

– Você não pode aceitar sem nem saber o que vamos fazer! – Retrucou ele, batendo seus pés aconchegados por sapatos no concreto do piso, diferente da outra, que estava descalça por um motivo não aparente – Podemos roubar ou invadir algum lugar!

– Não vamos roubar. Só invadir, esqueceu? – Relembrou, sem censurar o ar travesso que transmitiu para a desconhecida, e, sem nem se tocar, as duas já pareciam se conhecer a anos por uma simples troca de olhares sinceros.

– Invadir o quê? Podemos ser presos? Ir para as masmorras? Vai ter coisas tóxicas envolvidas? – Disparou sua arma de perguntas, fazendo os dois recuarem e voltarem para o meio do lugar mais movimentado de Sunshine, a Exac Gyl.

As margaridas e rosas avermelhadas rodeavam qualquer avenida e esquina terminada, enquanto a fonte de água cristalina deixava bem claro que era um local incrivelmente aconchegante, os edifícios com rachaduras mínimas e pinturas feitas por artistas que seriam bem pagos quando o trabalho fosse terminado; centenas de camponeses passeavam de um lado ao outro, entrando e saindo de lojas locais, comprando e gastando.

– Você vai entrar para o nosso grupo? – Laurel fechou o punho em um perfeito círculo, seus dedos com desenhos feitos com tinta preta e suas unhas cortadas e limpas. Esperou o toque da nova amiga – Então seremos, oficialmente, o trio de ouro!

– Não pode ir aceitando pessoas novas no trio sem me consultar! – Protestou Chace, acomodando-se no ombro da companheira.

– Cala a boca. – Disseram as duas em um perfeito uníssono. Sorriram.

De alguma forma, saberia que sair de seu serviço sem dar explicações seria como uma forca, podendo apunhalá-la a qualquer momento, mas também sabia que lamentar pelo leite nunca bebido seria mil vezes pior. Decidiu segui-los sem pensar três vezes, com a curiosidade saltando para fora da pele; seu olhar não deixava nenhuma das criaturas passarem despercebidas, parte dele procurava seu melhor amigo, mesmo sabendo que não ia encontrá-lo.

– Vamos, precisamos de um abastecimento primeiro! – Sugeriu a nova amiga, apontando para um edifício repleto de janelas e pessoas rindo, ambas com várias refeições sobre a mesa.

– Ah, qual é, não vou pegar fila não! – Gaguejou o garoto, deixando metade de seu corpo suspenso por uma caixa de madeira que permanecia ao lado dos amigos, provavelmente cheia de mercadorias da Solid Fire. – Temos um jeito mais fácil.

Como um ladrãozinho de primeira classe, puxou o pacote de biscoitos de uma garota um tanto mais velha que eles, que estava tão absorta em seu livro de romance que nem percebera. O menino largou um sorriso grande e jogou um dos petiscos para dentro de sua boca, mastigando com satisfação.

– Isso foi errado. – Disse Laurel, furtando uma parte do alimento e saltitando entre a multidão – Só não foi mais errado que essa feiúra da sua cara!

Com um empurrão leve, a loira foi parar entre toda aquela multidão de gente, sumindo em segundos. Preocupados, abriram caminho a força, acarretando uma série de murmúrios sem educação e empurrões. Encontraram ela ao outro lado da avenida, segurando um sorvete com um sorriso e acenando lentamente, de todos os modos, não faziam a mínima ideia como fizera tão coisa em tamanha rapidez e com tanta agilidade.

Andaram por pouco tempo, mas o suficiente para chegarem ao Palácio Real com sorrisos estampados nos lábios.

– E então... – Sussurrou ao pé do ouvido de Robin, puxando arrepios do fundo de seus nervos – Você parece ser uma menina sem amigos.

– Fica quieta. – Apesar da “ofensa”, ela sorriu – Eu tenho amigos. Só não gosto deles.

– Você é tipo... Uma garota das trevas?

– Mais sombria do que imagina.

Era como se as duas se conhecessem a anos e séculos. Sem esperar alguma resposta da nova parceira do crime, a morena continuou.

– Sinto que parte de mim foi feita para gostar dele. Do início ao fim. – Tomou um suspiro fundo e prosseguiu, escolhendo as palavras com cautela. – Acho que vim de um planeta diferente.

– E onde ele está agora? – Perguntou, talvez não conhecesse o ditado da curiosidade que matou o gato.

– Morto.”

Laurel acordou de um sono profundo. A Ala Hospitalar Boodlaire nunca pareceu tão assustadora quanto agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

yolololololololo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Chuva dos Sete" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.