A Chuva dos Sete escrita por Lia


Capítulo 13
XIII - Mais lembranças e um fim terrível.


Notas iniciais do capítulo

AVISO IMPORTANTÍSSIMO: Bem, percebi que muitos capítulos estavam transmitindo algo que "enrolou demais e já tá feio para", porém, na medida do próximo capítulo, toda a trama vai ser exposta e tudo vai ficar mais claro. Espero que gostem ;)



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Fazia três dias desde que Howard fora atacado por um grupo injusto. Neste momento a princesa de Darkville estava recebendo um sermão de horas de sua mãe e pai. Elegantes como sempre, ele com um terno totalmente negro, olhos confusos e expressão suavizada; sua mãe com um vestido incrivelmente preto, combinando com seu marido, seus ombros estavam totalmente nus pela alça fina que caía por seu braço, enquanto seu decote exalava uma aura de poder e uma personalidade forte. O cabelo loiro - diferente de sua filha e marido - estava solto como ondas que ricocheteavam em seus ombros e ganhavam volume cada vez mais, olhos rubros encaravam a filha como adagas cravando em sua vítima, seus lábios estavam carregados por uma vermelhidão proposital, um dos motivos para homens caírem aos seus pés. O busto avantajado deixava o vestido cada vez mais bonito.

Seu pai apenas esperava o discurso que sua mãe estava produzindo para começar a abaixar sua moral também, ele parecia procurar qualquer vestígio de ferimento em seu corpo, os olhos de uma vermelhidão invejada era escondido por uma aura de superioridade, como um deus retirado de um livro antigo.

– Fui clara? - Luce arrebitou o busto, encarando a filha.

– Tão clara quanto a luz que não entra no meu quarto faz séculos porque vocês resolveram me deixar de castigo. - Retrucou, encarando os pais sem um pingo de medo.

Sabia que iria se arrepender em algum momento de seu dia ou vida por isso, cedo ou tarde. Porém, ela não era do tipo de guardar seus pensamentos para si mesma, mesmo com o castigo que estava por vir, teria certeza que acabaria escapando por sua janela e destruindo outra construção importante.

– Você fez por merecer, Marry. - seu pai tomou a dianteira, arrumando sua gravata e encarando a filha com sentimentos confusos, não sabia diferenciar se era raiva ou orgulho. - E se continuar com essa petulância, vai ser pior ainda.

Apesar de saber que estava voltando ao seu quarto e pronta para uma nova avalanche de castigos, decidiu encarar de cabeça erguida. No instante em que entrou para dentro de seu refúgio, ouviu a trinca da porta atrás dela ser girada e deixando-a trancafiada como uma princesa nos contos de fadas. Não entendia a necessidade de trancá-la, já que suas habilidades vampirísticas a tirariam de lá em segundos. Sem pestanejar, permaneceu ali.

Ela não seguia regras impostas. Esperou seus pais tomarem uma distância o suficiente e irem para seus aposentos, talvez para seus próprios afazeres. Quando a barra estava limpa, começou a saltitar para fora do perímetro que tinha a obrigação de ficar, na tentativa de escapar de mais um das punições. Seu castelo era majestoso e único, um corredor amplo e com um tapete avermelhado tampava o terceiro andar inteiro, aonde todos os quartos estavam, um ao lado do outro. Duas escadas horizontais desciam pelos dois extremos do andar, se encontravam e formavam apenas uma no caminho do segundo, seu corrimão tão polido pelos servos que era incrivelmente fácil de se escorregar. Múltiplos quadros da dinastia Capuleto era distribuído pelas paredes de madeira e pedra, no fim das artes, os irmãos estavam um ao lado do outro, uma pintura tão antiga quanto a idade de Marry, que poderia ser mais de cem anos viva. O pintor estava desconhecido, mas sua obra era incrível, tanto como seu cabelo estava com cachos perfeitos e industriais, seu rosto carregado com uma maquiagem forçada de sua tia paterna, seu busto e peitoral amostra por culpa de seu vestido incrivelmente apertado, ao mesmo tempo em que uma joia enorme caía por seu pescoço. Sem sorriso. O irmão estava com um terno e com o cabelo loiro incrivelmente grande e liso, como uma princesa.

A vampira decidiu descer pelo corrimão para seus pais não ouvirem os sons de seus passos forçados. Ao chegar no segundo andar, deparou-se com uma série de novos quadros, de seus servos e criados mais fiéis. Novas escadas eram unidas uma com a outra, de uma largura tão grande que poderia ficar toda a dinastia da família, um ao lado do outro. Desceu da mesma forma de antes, radicalizando todos seus nervos. O primeiro andar era amplo e imenso, quatro estátuas erguidas no centro, com o rosto dos quatro familiares vivos. Um órgão amarronzado que pertencia a Ethan estava empoeirado pelo tempo em que ele não usava, estantes incríveis eram erguidas com diversas quantidades de livros nunca lidos. Um portão em forma de arco era a entrada principal, aonde guardas Morgy's estavam com seus corpos envoltos por armaduras de ferro derretido e moldado apenas para sua estrutura fantasmagórica. Eles são criaturas traiçoeiras de nascença, sempre andam junto com seu exército, foram criados nas forjas mais escuras e escondidas do Vilarejo Darkville, por dois vampiros com seus olhos transbordando raiva e desdém. O objetivo de Marry Capuleto fora para ajudar seu avô, que pedira sua presença em um momento péssimo de sua vida; os dois tiveram a ideia de criar um exército de criaturas sombrias de armadura que fossem protegê-los quando preciso; seu corpo composto de pesadelos mais sombrios de crianças é envolto por uma armadura, com espinhos ao redor de toda sua escuridão, sempre acompanhados de um capacete pontudo, feito sob medida. A princesa estava com certeza absoluta que conseguiria passar por eles sem problemas, já que era sua criadora.

– Aonde a princesinha pensa que vai? - Seus pensamentos foram impedidos por uma voz conhecida, porém odiada. Seu irmão estava parado logo a sua frente, empinando o nariz e cruzando os braços musculosos na frente do busto - Você não estava de castigo?

– Sai da frente. - Foi tudo que ela disse, empurrando o vampiro para o lado, que não mexeu um membro se quer. - Tô falando sério.

– Não sou seus servos inúteis para receber ordens, Marry. Vou perguntar só mais uma vez, aonde você vai?

– Não sou suas meretrizes inúteis para receber ordens, Luccas. Vou responder só mais uma vez, sai da minha frente.

Sua coragem e ego deixavam seu irmão mais velho uma pilha de nervos, teve de se segurar ao máximo para não descontar toda sua raiva repentina na menor. O garoto apenas respirou fundo e apontou para as escadas que ela acabara de descer, sem dizer mais nada.

– Quê? Perdeu a dignidade lá em cima? Não vou pegar, não sou empregada. - Rebateu com o nariz erguido, evitando rir da situação.

– Sobe. Agora. Não quero levar culpa por uma crise estúpida sua.

– Ataquem. - Soltou a garota, por segundos, Luccas achou que ela se referia a ele.

Quando o menino teve tempo o suficiente para virar-se e perceber o que estava prestes a acontecer, o Morgy afogou seu rosto com parte de sua lâmina, cravando uma batalha inesperada. Como se não estivesse colocando a vida de seu familiar em jogo, Marry voltou a caminhar para fora do castelo como se nada estivesse acontecendo do lado de dentro.

Seu primeiro pensamento fora sair daquela propriedade o mais rápido possível, e assim foi feito. Não custou segundos para ela chegar na residência Livestock, aonde procurava refúgio com seu melhor amigo quando os momentos acabavam incrivelmente ruins. A porta estava trancada, mas a chave que a princesa levava no pescoço nunca a deixava na mão. Entrou e subiu as escadas com cautela, pela quantidade de barulhos que vinha do andar de cima, literalmente do quarto de Howard; passou pelas portas abertas e pelos móveis incrivelmente fora do lugar e desarrumados, o pânico subiu por todo seu corpo até chegar em sua nuca e fazer todos seus poros saltarem para fora. No final do corredor havia um porta fechada, no mesmo instante em que gemidos e gritos eram a única coisa que ela conseguia ouvir. Não sabia o que estava acontecendo e sua respiração já havia ficado acelerada a muito tempo, decidiu disparar na direção do quarto do amigo e colidir seu corpo com a porta de madeira o mais forte possível, lançando-a longe.

Quis que sua decisão fosse diferente. Quis que estivesse em seu quarto. Quis estar em seu castigo pela primeira vez na vida. O garoto estava com um cobertor erguido até sua cintura, seu corpo nu e seu cabelo loiro estava colado no rosto por culpa de seu suor exagerado, seu sorriso exalava prazer. Sua coluna estava para fora da proteção e totalmente arranhada, as unhas de sua companheira eram o motivo de vários ferimentos do momento, longas e mal cuidadas deixavam marcas pela pele do garoto, seus gemidos deixavam a vampira enojada. De todas as cenas que ela já pensou ver, aquela era, definitivamente, a última coisa que ela teria decidido.

– Está aproveitando seu jantar? - Perguntou a garota, tentando dar o melhor de seus sorrisos, apesar de estar remoendo uma raiva interior que só descobriu o motivo quando a garota levantou o rosto. - De todas as garotas desse vilarejo de bosta, você tinha que escolher essa?

Era uma "amiga" de infância, no auge de sua adolescência começou a inimizade das duas, até hoje não suportam olhar uma a outra. O desejo de morte que cresce em Marry toda vez que cruzam o olhar é incomparável.

– Ah... M-marry... - A garota por baixo de seu amigo conseguiu dizer, puxando uma parte do cobertor para cima de seu busto totalmente sem roupa.

– Hein, Howard? - Repetiu, ignorando completamente a existência da outra.

– Qual é, amor da minha vida... Sabe que sou irresistível. - Ele disse, despertando uma raiva maior ainda dentro de seu peito.

– Você é um babaca.

Foi tudo que disse antes de saltar do segundo andar até o primeiro, criando uma depressão enorme na madeira podre do andar inferior. Marchou pra fora da casa com os protestos e resmungos que o amigo fazia, também ouviu ele empurrando sua inimiga ao chão e correndo atrás de si, mas não tinha a mínima ideia se estava vestido ou não. A ideia de ir na casa de seu amigo para tratar de possíveis sonhos com uma loira desconhecida e sete pessoas que nunca vira na vida tinha ido por água a baixo, deixando uma raiva incontrolável subir por seu peito. Felizmente, ela sabia o lugar exato a ir.

– ❖ -

Laurel acordou com uma dor de cabeça tremenda, seus olhos fraquejavam a um novo desligamento total de seus sistemas, querendo desmaiar de novo. Ainda não sabia quem era a vampira e muito menos seu parentesco com Luccas, mas tinha certeza de que os dois não mantinham um relacionamento bom. Abriu os olhos a tempo de ver o fogo crepitando diante de seu rosto, o que concretizou o fato da "brincadeira" dos Quatro Cavalheiros não ser uma mentira; teve a visão de Serena também sendo engolida pelas chamas e Isaac no piso incrivelmente quente, porém, só sobrara suas roupas. Chace chorava no andar de cima com Lara em seus braços, desmaiada e em uma situação difícil para identificar se estava viva ou não. Ele teria feito sua escolha. O tritão falhara antes de chegar. Agora sim, seu corpo estava sendo devorado inteiramente pelas chamas. Este era seu fim.

Dizem que quando está prestes a morrer, sua vida inteira passa diante de seus próprios olhos... Era verdade.


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Notas finais do capítulo

É A PRIMEIRA VEZ QUE MATO UMA PERSONAGEM PRINCIPAL E EU NÃO SEI COMO ME SENTIR



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