Shadow escrita por Cher Lloyd


Capítulo 5
Bloody Face


Notas iniciais do capítulo

Sei que demorei, mas ai está mais um capitulo para voces!! Espero que gostem!



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Roman saiu da quadra nervoso e todos ficaram em silêncio me olhando, lá da arquibancada Stacy me encarava de braços cruzados e visivelmente irritada.

Eu já estava cansada de sempre chamar atenção de modo ruim das pessoas. Peguei minha mochila e saí do ginásio sem dar ao menos uma explicação para o professor.

Os corredores da escola estavam vazios e silenciosos, por um segundo senti como se estivesse em um deja vú. Parei de andar e observei o longo corredor que se estendia a minha frente. Um calafrio percorreu meu corpo quando um trovão soou do lado de fora. Instantaneamente lembrei porque sentia que conhecia este lugar, foi o primeiro sonho bizarro que tive, na aula de sociologia no início da semana.

As imagens do sonho voltaram a minha cabeça, as luzes se apagando, meus pulmões ardendo pela falta de ar, a respiração quente e molhada em meu rosto, meu braço sendo arrancado.

Balancei a cabeça tentando esquecer o sonho e voltei a andar pelos corredores se fim da escola; Um forte relâmpago passou pelo céu e logo a luz da escola acaba. Ouço gritinhos animados dos alunos, as lembranças do sonho voltam a minha mente e começo a correr. Eu precisava sair daquele lugar, se o sonho fosse se tornar realidade, isso significava que algo estava me perseguindo e que no fim do dia eu estaria sem um braço.

Escuto os armários começarem a bater com força e me encolho assustada. Meu coração batia com força no peito, a respiração falhando aos poucos. Onde estavam os alunos desta escola?

Continuei correndo até minhas pernas baterem em alguém e caio no chão. Fechei os olhos esperando pelo cachorro gigante arrancar meu braço, mas a única coisa que escutei foi um gemido de dor e o som de algo pingando.

A luz voltou causando gritos de desapontamento dos adolescentes dentro de sala. Olhei para o lado para ver no que eu tinha batido e vejo Roman ajoelhado vomitando uma gosma preta.

–Meu Deus! Roman, o que aconteceu?! –tentei erguê-lo do chão, mas ele era muito pesado.

–Preciso tirar isso de mim... –sua voz estava muito baixa e parecia como se fosse desmaiar a qualquer momento.

Olhei em volta torcendo para que ninguém saísse de sala e visse essa cena.

–Precisamos te tirar daqui.

–Não... Eu preciso tirá-lo de mim.

–Tirar quem?

–Ele! –murmura assustado e o mordo o lábio ao perceber que ele estava prestes a chorar.

Em um movimento rápido, Roman coloca o dedo indicador na garganta induzindo o vômito. Logo uma cachoeira daquele líquido preto sai de sua boca e ele se contrai inteiro.

Quando parecia que o vômito havia terminado, o corpo de Roman treme e ele desmaia em meu colo.

–Roman? Acorda, por favor! –peço baixinho tentando não enlouquecer e chamar atenção de ninguém.

Sentei-me no chão e o puxei para longe do líquido negro que começara a borbulhar como se estivesse fervendo. O garoto em meus braços continuava desmaiado.

O líquido negro formava bolhas gigantes e quando estourava virava fumaça e saia pela janela rapidamente.

Roman se move e o solto delicadamente.

–Você está bem? –pergunto tocando sua testa e noto que estava começando a ficar com febre.

–Estou bem... Ele foi embora? –sua voz parecia mais calma.

–Sim. O que é aquilo? –aponto para o líquido que evaporava rapidamente.

–Uma coisa muito ruim que não faz bem a ninguém.

Levantamo-nos do chão e ele se vira para mim.

–Não diga a ninguém o que você viu aqui.

–Eu não vou dizer.

Ele segura meu pulso puxando-me, fazendo-me bater em seu peito. Seus olhos esverdeados fixos nos meus.

–Nem para aquela sua amiguinha e nem para seu irmãozinho.

–Como sabe que tenho irmão? –pergunto curiosa e ele se afasta desconfortável, seus olhos seguem para o chão onde o vômito já havia evaporado e suspira.

–Só sei. Prometa que não contará.

–Prometo.

Roman sorri e me solta.

–Melhor sairmos daqui antes que nos vejam fora da aula.

Assinto em concordância e fomos juntos para nossa próxima aula.

***

–O que aconteceu depois que você saiu da quadra? –indaga Nina enquanto caminhávamos para minha casa, toda sexta-feira íamos dormir uma na casa da outra, essa semana era a vez dela de dormir na minha.

–Encontrei Roman no corredor, mas ele nem falou comigo. –minto.

–Não consigo entender esse garoto. As vezes ele parece legal, mas do nada ele fica todo estranho.

–É, eu sei.

O resto do caminho pela trilha da floresta foi somente com Nina comentando sobre Jace e Roman brigando por mim.

–Escutou isso? –pergunta e a olho.

–O que?

–Passos.

–Você está escutando o nosso passos. –respondo e ela nega.

–Não, tem os nossos e o de mais alguém.

–Acha que estamos sendo seguidas? –eu queria soar assustada, mas só de pensar que poderia ser Shadow já me animei.

–Podemos andar mais rápido? Eu morro de medo dessa floresta.

–Medrosa. –implico e ela revira os olhos enquanto andávamos rapidamente pelas trilhas até minha casa.

Quando chegamos, a mesa já estava arrumada e Peter arrumava seu prato.

–Boa tarde, Lynda.

–Olá, Nina.

Nina dá um tapinha nas costas de meu irmão e nos sentamos à mesa.

–Vários caminhões da empresa Godfrey chegaram hoje no lago para reformar a casa.

–Os Godfrey tem empresa?

–Ao que parece o nível de riqueza deles é maior do que pensávamos.

–Onde eles estão morando agora? –pergunto.

–Ninguém sabe sobre a família deles. As pessoas só conhecem o garoto. Ninguém sabe quem são os pais.

–Ouvi dizer que na reunião de pais quem foi na verdade foi a empregada deles. –conta Nina.

–Fofoqueira. –brinco.

–O que posso dizer se ele é estranho e todos são curiosos sobre ele.

Terminamos o almoço e fomos trocar de roupa em meu quarto.

–Pela primeira vez estou me sentindo um incômodo por estar em sua casa.

–Por quê?

–Sinto como se estivéssemos sendo vigiadas. Você tem visto Shadow?

–Não, a última vez que o vi foi antes de ontem.

–Será que é ele que está nos perseguindo?

–Nina, não diga essas coisas. Se fosse para ele nos fazer mal, já teria feito.

–Milla, tem algum cachorro perdido aqui pelas redondezas?

Franzo a testa vendo-a olhar o quintal curiosa.

–Não que eu saiba.

–Então porque tem um cachorro gigante olhando para cá?

Corri até a janela e olhei para o cão preto e grande que estava parado de baixo de uma árvore. Um longo calafrio percorre meu corpo ao reconhecê-lo como o cachorro que aparece em meus sonhos.

–Eu já o vi antes... Ele é o cachorro que aparece em meus sonhos.

–Pesadelos, na verdade. –corrige. –Quer dizer que tudo o que aparece em seus sonhos é real?

–Eu não sei! Realmente não quero ter meu braço arrancado.

–Será que devíamos ir lá mexer com ele? –pergunta puxando as cortinas, fechando-as.

–Melhor não. Ele não tem cara de bons amigos.

–Ok, vamos tentar focar em alguma coisa boa.

–Tipo?

–Roman e Jace brigando por você.

À noite, quando fui tomar banho, parei em frente ao espelho para amarrar o cabelo. Observei meu reflexo por um tempo e percebi um pequeno arranhão em minha testa. Toquei o arranhão, mas não senti nada. Tirei o dedo e vejo que agora o arranhão se tornou um corte e escorria sangue. Assustada, levo a mão à testa novamente, mas ainda não sinto nada. Comecei a esfregar a testa desesperadamente, mas logo meu nariz começa a sangrar também. O sangue vermelho já tingia toda a pia, e gotas gordas pingavam no chão. Abri a torneira para lavar o rosto, a água gelada fazendo meu corpo e arrepiar. Respirei fundo tentando me acalmar, isso era coisa da minha imaginação, era tudo mentira... Olhei-me no espelho novamente e sufoco um grito ao ver meus olhos sangrando, meu rosto estava coberto por sangue. Agarrei a toalha de rosto e esfreguei por minha face causando um forte ardor. Toco minha pele com a ponta dos dedos e sinto algo pegajoso. No reflexo do espelho meu rosto e pescoço estavam em completa carne viva. Um grito forte rompe por minha garganta e por baixo da minha carne consigo ver minha traqueia vibrar com o grito.

Tentei sair do banheiro, mas a porta estava trancada, comecei a chamar por Nina ou or minha mãe, mas nenhuma das duas parecia estar em casa.

As lágrimas de sangue ainda escorriam pela carne da minha bochecha enquanto meu corpo era tomado por desespero. Por anos de experiência assistindo filmes de terror, eu sabia que se você está trancada no banheiro, nunca olhe para o espelho. Essa frase pulsava em minha mente, mas era como se algo me puxasse para olhar. Contra minha vontade, olho para o espelho onde meu reflexo me encarava de volta.

Meu rosto continuava a mesma coisa de antes, em carne viva e bolhas de sangue que estouravam.

Escuto uma batida na porta e solto um longo suspiro de alivio, por sorte, dessa vez a porta estava destrancada. Eu queria que esse pesadelo acabasse logo e que Nina me abraçasse e dissesse que isso era tudo coisa da minha cabeça. Abri a porta e uma mão agarra meu pescoço me causando uma dor alucinante.

–Olá Milla, está me reconhecendo? –a garota diz apertando meu pescoço mais ainda, sufocando-me.

A garota era idêntica à mim, talvez uma gêmea? Quem sabe até um clone! A diferença é que ela estava perfeita enquanto e pareci ter saído de um filme de zumbis.

–Quem é você? –a força que tive que usar para falar através de seu aperto fez com que mais sangue saísse de mim.

–Eu sou você. Ou melhor, eu sou o seu reflexo.


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Notas finais do capítulo

E entao, oq acharam?? Nao deixem de comentar!