Shadow escrita por Cher Lloyd


Capítulo 2
The New One


Notas iniciais do capítulo

Heey, 20 visualizações e nenhum comentário?? Magoei!



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À noite, quando já havia passado da hora de dormir, meus olhos estavam bem abertos e fixados no teto. Depois que Peter disse sobre o cara de preto, comecei a ficar agitada e a trancar todas as portas e janelas da casa.

Estiquei o braço pegando o celular e o fone de ouvido, eu não conseguiria pensar direito se ficasse acordada a noite inteira.

Pus os fones e fiquei escutando música até meu corpo finalmente relaxar e cair no sono.

Meu corpo estava virado de lado, os braços segurando fortemente o travesseiro extra que eu sempre colocava na cama. Uma perna minha pendia para o lado de fora. Sinto um toque gelado em meu pé e me encolho o puxando para de baixo das cobertas, mas segundos depois todas são retiradas e me sento na cama assustada e encolhida.

Mesmo que o quarto estivesse escuro, eu sentia uma presença, sentia olhos me observando a cada respiração que eu dava. Reprimo um grito quando o colchão afunda com o peso de algo, aquilo se aproximou de mim e sinto a mesma respiração quente e pesada em meu rosto. Fecho os olhos segurando as lágrimas quando um focinho gelado toca meu pescoço me cheirando. Tentei não transparecer o medo, sabendo que lobos ou cães podiam senti-lo, mas meus batimentos cardíacos entregavam tudo.

O animal solta um baixo ganido e logo sai da cama. Nem deu tempo da minha respiração voltar ao normal e já sinto dedos tocando meu rosto. Lábios macios tocam minha bochecha dando um beijo calmo, mas ao mesmo tempo possessivo.

Sem que a pessoa percebesse, estico meu braço pela parede apertando o interruptor fazendo a luz acender. Afastei-me da pessoa e quando finalmente meus olhos se acostumaram com a luminosidade para conseguir enxergar algo, sinto como se estivesse sendo puxada, e quando pisco novamente, minha mãe está me encarando de braços cruzados.

–O sonho estava bom? Te chamei várias vezes e você não acordava.

–Eu acordei agora? –minha voz estava rouca e meus cabelos molhados por causa do suor.

–Levanta logo e vai tomar banho.

Ela sai do quarto me deixando sozinha e confusa. Levantei-me seguindo para o banheiro, me olhei no espelho e era quase como se eu ainda pudesse sentir a força com que aqueles lábios em meu sonho pressionavam minha bochecha. E em meu pescoço, eu jurava ainda sentir o focinho gelado me tocando.

Entrei no chuveiro determinada a esquecer do máximo sobre aquele sonho.

***

Quando já estava na escola, contei todo meu sonho e sobre a companhia de Peter para Nina. Eu sabia que parecia bizarro, mas eu precisava compartilhar isso com alguém.

–Você acha que o cara do seu sonho é o mesmo cara que estava ontem olhando para nós? –pergunta enquanto seguíamos para a sala de aula.

–Eu não sei! Eu preciso me acalmar, talvez isso seja somente apreensão por causa do cara, se bobear ele nem estava nos olhando.

Ela não respondeu, e nem cobrei por uma resposta. Eram só sonhos.

Entramos na sala e fomos sentar em nossos lugares, antes que a aula começasse a diretora entra junto com um garoto.

Ele era muito alto, tinha cabelos castanhos e penteados para trás, os olhos de um azul esverdeado, e os lábios pareciam ser desenhados por um pintor, rosados e cheios. Ele vestia terno e calça social, o que era muito estranho para um aluno normal usar.

–Alunos, esse é Roman Godfrey, veio da Pensilvânia para estudar com vocês.

Todos o observavam enquanto andava por entre as mesas até achar um lugar, exatamente ao meu lado. A diretora saiu da sala e a professora logo entra.

Não sabia se só eu estava percebendo isso, mas desde que Roman havia entrado na sala, todos haviam ficado em silêncio, ele tinha uma presença forte ali dentro.

Nina me cutuca e me viro devagar para trás.

–Ele é gato.

–Ele é estranho. Que aluno vem de terno e calça social para a escola? E que garoto ainda usa gel de cabelo?

O garoto ao nosso lado se mexe desconfortável e Nina me olha tentando segurar a risada.

–De qualquer forma, é gato. E acho que ele sabe disso.

Virei-me para frente voltando minha atenção para a aula, e tentando parar a sensação de que já o conhecia de algum lugar.

A aula continuou sem mais problemas, quando acabou todos saíram e foram para suas próximas aulas. Antes de ir para a minha, entrei no banheiro feminino para arrumar a alça do sutiã que estava apertando meu ombro.

Coloquei a mochila na bancada da pia e rapidamente tirei a camisa para conseguir ajustar a alça, meus olhos fixos na argolinha enquanto a alargava. Olhei para o espelho para conferir se estava direitinho e por alguns longos segundos meu coração parou de bater.

No reflexo do espelho, o cara de preto me olhava. Não dava para ver seu rosto porque além do óculos escuro, ele estava usando um capuz. O banheiro parecia estar ficando gelado, lentamente virei para trás observando a pessoa misteriosa na minha frente. Como ele havia entrado ali sem que eu percebesse? Como ninguém o viu?

–Quem é você? Por que está me seguindo?

Não sei o que estava esperando em conversar com um desconhecido que entrava e saia de lugares sem ninguém perceber. Ele se aproximou de mim e tocou meu rosto. Aquele toque gelado se espalhou por minha bochecha me fazendo lembrar o sonho que tive à noite. Instantaneamente me aproximei dele e tentei tocar seu rosto, ele não se afastou e abri um pequeno sorriso, empurrei seu capuz devagar, meu coração saltando do peito por finalmente ter a chance de ver seu rosto.

Antes que pudesse abaixar totalmente o capuz, a porta do banheiro se abre e um grupo de garotas histéricas entra. Elas pararam por um segundo curiosas me encarando, percebendo que ainda estava sem camisa e com os braços erguidos no ar.

–Eu estava arrumando a alça do sutiã. –explico pondo a camisa de volta e saindo do banheiro. Meu coração estava a mil, não havia mais ninguém no banheiro a não ser eu e as meninas.

Quando fiz a curva do corredor para poder ir à aula, acabo esbarrando em alguém.

–Me desculpe! Eu deveria prestar mais atenção. –digo arrumando a mochila nas costas.

–Tudo bem.

Levanto a cabeça e sinto a vergonha aumentar mais ainda. Era o aluno novo, Roman, seus olhos estavam cravados nos meus de uma maneira intimidante.

–Ahn... Eu vou indo, tenha um bom dia. –falo voltando a andar, mas logo ele me segue e segura meu cotovelo. Seu toque era quente, a pele áspera, bem masculina.

–Você sabe onde é a sala de alemão?

–É no segundo andar, primeira porta. –respondo quando me solta. Meu estômago se revirando de nervosismo enquanto o via subir as escadas. Ainda conseguia sentir o toque gelado do desconhecido em minha bochecha e o toque quente de Roman em meu cotovelo. Com isso tudo acontecendo, acabei chegando atrasada na aula de biologia.

***

Na hora do intervalo, corri para encontrar Nina e pedir sua ajuda. Fiquei a metade da manhã inteira pensando se deveria ou não comentar sobre o estranho ocorrido no banheiro, acabou que no final, mesmo sabendo que era loucura resolvi conta-la.

–Ele apareceu de novo? E no banheiro enquanto você estava sem camisa? –ela tentava falar baixo, mas a situação era tão terrivelmente cômica que era simplesmente impossível de não rir.

–Você acredita em mim? Você precisa acreditar, você também o viu ontem na rua!

–Mas porque estaria atrás de você?

–Eu não sei! Estou com medo...

–Não parece estar com medo, já que o deixou lhe acariciar.

–Não é como se eu tivesse alguma escolha... –respondo envergonhada e ela ri.

–Ok, então temos um louco te perseguindo. Que aparece e desaparece sem ninguém perceber, é isso?

–Mais ou menos isso.

Ficamos em silêncio, uma encarando a outra como se esperássemos alguma resposta.

–De uma coisa eu tenho certeza... Aquele aluno novo é lindo!

–Nina, tem como focar na minha situação? –imploro seguindo seu olhar até Roman, que segurava sua bandeja com a testa franzida enquanto procurava algum lugar para se sentar.

–Vamos chama-lo para sentar conosco? –murmura e balanço a cabeça negativamente.

–Nem pensar!

–Nós não temos amigos, Milla. E ao que parece ele também não tem. –responde rígida e erguendo o braço para chamar atenção do garoto, mas antes que ele nos visse, Stacy passa seus braços cheios de pulseiras envolta de seus ombros e o puxa para sua mesa.

–Stacy... –sussurramos juntas cheias de raiva.

–Eu sabia que ela tentaria se aproximar dele! Ele é bonito e é carne fresca. –a voz de Nina estava cheia de ódio, era até estranho pensar que até dois anos atrás nós três andávamos juntas para cima e para baixo.

–Esquece isso, Nina.

–Não! Ela roubou o Jace de você e agora está roubando o Roman! –exclama e me encolho envergonhada olhando em volta para ver se ninguém tinha escutado aquilo.

–Primeiro que Jace nunca foi meu, ele nem sabe quem sou! E Roman muito menos!

–Vamos deixá-la ganhar como sempre? –Nina parecia magoada, mas não tinha como entrarmos em guerra contra Stacy, todos da escola a adoravam.

–Sim, vamos deixá-la ganhar. É para isso que as excluídas servem, para deixar os populares ganharem.

***

Quando todas as aulas acabaram, fui andando para casa como sempre. Comecei a pensar em todos os acontecimentos do dia, e sinto um calafrio ao lembrar o momento no banheiro. Será que o rapaz de preto apareceria hoje de novo? Será que na floresta ou em meus sonhos?

Estava tão imersa em meus pensamentos que nem percebi quando o carro de Stacy parou ao meu lado.

–Hey, Milla! Quer uma carona? –pergunta sorridente, no banco do carona Jace mexia no rádio. Eu não devia aceitar, não devia me deixar sofrer desse jeito, mas eu realmente não estava com vontade de andar a pé.

–Sério? Eu adoraria!

Eu estava prestes a abrir a porta do carro quando Stacy me chama novamente:

–Você continua morando no meio do mato?

–Sim...

–Ah, sinto muito então, não tenho como te levar. Não estou a fim de sujar meu carro novo com poeira e lama.

Fiquei embasbacada enquanto via o carro partir, me deixando plantada ali.

–Idiota. –grito irritada, Nina tinha razão em odiá-la. Voltei a andar, agora já sem paciência para qualquer coisa. Um vento forte fez meus cabelos voarem por meu rosto tampando minha visão. Puxei o cabelo para trás amarrando em um coque firme. Ao erguer a cabeça para voltar a caminhar, sinto meu corpo travar quando a alguns passos à frente, o cara de preto estava parado me olhando. Ele estava exatamente em frente à entrada para a floresta. Então se eu realmente quisesse ir para casa, eu teria que passar por ele.

Mesmo usando óculos escuros e vestindo o capuz, era como se eu conseguisse sentir seus olhos me observarem atentamente enquanto eu andava de cabeça baixa envergonhada.

Quando cheguei perto da entrada, ele endireitou o corpo e esticou a mão em minha direção.

–Posso te acompanhar?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e por favor, nao esqueçam de comentar!