Shadow escrita por Cher Lloyd


Capítulo 1
Black One


Notas iniciais do capítulo

Não tenho dia da semana fixo para postar, mas se tiver bons comentários eu posso tentar postar com mais frequencia, espero que gostem!



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Minha respiração era a única coisa audível naquele corredor escuro, meu peito subia e descia enquanto minha garganta ardia por causa da falta de ar.

Olhei em volta tentando achar alguma saída, mas a única coisa que se via era somente o longo corredor que parecia ser infinito.

Escutei uma batida atrás de mim e tento não gritar com o susto, olhei para trás e no fundo do corredor uma luz se apaga, e depois outra e outra. Elas se apagavam rapidamente e comecei a correr, mas quanto mais rápido eu corria, mais rápido elas se apagavam.

Acabei tropeçando em meus próprios pés e caio no chão, a luz acima de mim se apaga, me deixando sozinha no escuro.

Fiquei em silêncio tentando me acalmar e ver se conseguia escutar algo. Assim que me ajoelhei no chão, senti uma respiração forte e molhada em meu rosto. Eu não conseguia enxergar o que era, mas sabia que era grande.

Meu coração batia descompassadamente e muito alto, tenho certeza de o que seja a coisa que estava na minha frente, conseguia escutar os batimentos. Me movi bem devagar tentando afastar-me da coisa desconhecida que continuava arfando em meu rosto.

Quando consegui me sustentar nos calcanhares, escuto um som grotesco vir da criatura, eu estava prestes a correr, mas as luzes do corredor se acendem e sem que eu conseguisse focar no que estava na minha frente, ele pula e morde meu braço triturando-o com os dentes.

-Não!

Levanto a cabeça assustada e escuto várias gargalhadas. Olho em volta vendo vários alunos da minha turma de sociologia rindo de mim, a professora me encarava irritada e de braços cruzados.

-Dormiu bem, Milla?

Me encolhi na cadeira morrendo de vergonha por ter dormido na aula. A professora se virou para o quadro e continuou a aula.

-Milla, você é louca de dormir na aula dela... –Nina sussurra risonha atrás de mim.

-Eu nem me lembro de ter deitado a cabeça na carteira. –minha voz saía rouca, e por algum motivo bizarro eu ainda conseguia sentir o calor e a umidade daquela respiração em meu rosto.

-Parece ter sido um sonho bem perturbado...

-Nem me fale.

Quando a aula acabou, joguei meus livros na mochila e segui para a cantina junto com Nina. Como sempre, a fila para comprar o lanche estava impossível.

-Jace está incrivelmente lindo este ano. –Nina comenta entre suspiros. Olho para a mesa no centro do refeitório, lá estava ele, o garoto na qual eu era apaixonada há quase três anos, mas que nem sabia que eu existia. O cabelo loiro parecia estar com luzes, mas eu sabia que era por causa de suas férias que se passaram em praias, a pele dourada por causa do Sol, olhos verdes escuros e o corpo malhado por causa dos jogos de futebol americano que participava.

Eu estava tão concentrada em admirar aquele garoto que nem percebi quando minha vez na fila chegara, levo um tapa nas costas e me encolho ao ver Frank rindo de mim.

-Anda logo, otária. Não tenho o dia todo.

Fecho a cara e me viro fazendo meu pedido para a moça da cantina, assim que ela entregou a fatia de pizza e o refrigerante, fui para a mesa em que eu e Nina sentávamos. A mesa era de frente para uma janela que dava para a rua da escola.

-Ouvi dizer que o Jace terminou com a Stacy...

-Duvido, ele lambe o chão que ela pisa. –digo enquanto via a gordura da pizza pingando no prato. Stacy já fora nossa amiga, costumávamos andar juntas no ensino fundamental e sermos melhores amigas, mas quando chegamos ao ensino médio ela mudou totalmente, ficou popular, mais bonita e começou a namorar Jace, sendo que ela sabia que eu gostava dele.

-Se for verdade você terá uma chance de chamar a atenção dele.

-Ele nem sabe meu nome.

Encostei a cabeça no vidro da janela e olhei para fora. Do outro lado da rua, de baixo de um poste, um garoto todo vestido de preto e que usava óculos escuros estava parado, a cabeça levantada como se estivesse olhando para cá.

-Nina... Por que aquele garoto está olhando para nós?

Ela olha para fora e morde o lábio.

-A pergunta certa é: Por que ele está usando óculos sendo que o dia está nublado?

-Será que é algum ex-aluno revoltado que vai arrombar a escola e matar todo mundo? –divago e Nina me encara.

-Você está lendo muito jornal.

Voltei a olhar para fora e ele continuava lá parado olhando para cá. Sinto um calafrio em meu corpo lembrando o pesadelo que tive na aula de sociologia.

Escuto o sinal tocar e me levantando jogando o resto da comida fora. Nina segue para sua aula de política e eu para a aula de filosofia.

***

No fim de todas as aulas, os alunos lotavam o estacionamento enquanto pegavam seus carros. Eu já tinha idade suficiente para dirigir, mas por algum motivo meus pais teimavam que eu ainda não estava pronta, o que me fazia ter que andar um quilômetro de calçada e floresta até chegar em casa. Outra coisa que me irritava era o fato de não morarmos perto da rua principal, nunca entendi o motivo pela qual minha mãe quis comprar uma casa no meio do mato.

Andar pela floresta tanto de dia como de noite poderia parecer assustador, mas depois de três anos fazendo esse mesmo caminho todos os dias, já não era tanto assim.

Enquanto andava pela trilha, comecei a ter a sensação de que algo me vigiava. Olhei em volta acelerando o passo, por mais que eu já conhecesse todas as trilhas de fuga e atalhos daquela mata, só de lembrar aquele garoto de preto olhando para a escola meu corpo arrepiava.

Continuei sentindo medo até avistar minha casa surgindo por entre as árvores. Quando pus o pé na sala de estar e senti o cheiro do almoço, meu coração já havia se acalmado.

-Milla, como foi seu dia? –os cabelos loiros de minha mãe balançavam enquanto cozinhava.

-Estranho... Mas o que na minha vida não é estranho? –respondo jogando a mochila no sofá. –Cadê o Peter?

-Foi fazer trabalho na casa de um amigo.

-Desde quando crianças de seis anos fazem trabalhos?

Sentamo-nos à mesa e almoçamos juntas.

-Quando meu pai volta? –sabia que tocar nesse assunto era complicado, mas eu não aguentava mais escutar meu irmão mais novo perguntando quando o pai voltaria para casa. Essa era a parte ruim de ter um pai no exército.

-No fim do mês possivelmente.

-Toda noite Peter vai ao meu quarto perguntar quando ele volta.

-Ele ainda não compreende o emprego do pai.

Terminamos de almoçar e fui para meu quarto trocar de roupa. Tirei a camisa e a calça e abri o armário para pegar algum conjunto de moletom, o inverno estava começando a chegar. Sinto um frio na barriga e percebo que a janela estava aberta e, novamente, aquela sensação de estar sendo vigiada me atinge, corri até ela e a fechei tentando me acalmar.

Peguei o moletom e parei de frente ao espelho, meu cabelo longo e ruivo caía em cachos por minhas costas, a cor azul de meus olhos refletia minha imagem. Eu com certeza não era feia e tinha noção disso. O único motivo para implicarem tanto comigo era porque era nova na cidade, havia me mudado há três anos, e por mais que parecesse um bom tempo, para uma cidade pequena na qual nada acontecia, continuava parecendo como se fossemos alienígenas. E por morarmos no meio da floresta, todos diziam que a família estava envolvida com algum tipo de macumba.

Voltei para a cozinha onde minha mãe lavava as louças.

-Vai precisar de ajuda para colher algo da horta?

-Não, é pouquinha coisa para pegar. Pode colhê-los para mim?

Assinto em concordância pegando uma cesta e indo para a horta atrás da casa.

Esse era outro motivo para os habitantes de Grove Hills estranharem nossa família, nós não íamos muito ao mercado, só quando realmente necessitávamos.

Enquanto colhia alguns vegetais, escuto som de galhos quebrando e ergo a cabeça em direção à floresta.

Tento me acalmar pensando que é somente uma lebre ou alguma ave. O barulho continua e volta minha atenção para os vegetais. Vinte minutos haviam se passado comigo agachada na terra até escutar a voz de Peter chamando meu nome.

-Aqui atrás! –grito e ele logo surge com sua mochilinha do Homem de Ferro. –Com quem você veio? Não escutei barulho de carro. A mãe do seu amigo não te trouxe?

-Não. Um moço todo vestido de preto me acompanhou.

Assim que ele diz isso, me levantando assustada derrubando a cesta no chão.

-Que? Quem te trouxe aqui?

-Um cara, ele parece legal, mas se veste todo de preto e usa óculos escuros.

-Você andou sozinho na floresta com um desconhecido? E o trouxe até nossa casa? Peter você está louco?! Mamãe disse para não sair andando por ai com estranhos!

-Eu sei, mas ele era tão legal e eu estava com medo de vir sozinho.

-Nunca mais faça isso! Diga para nossa mãe que a mãe do seu colega te deixou ali no lago e que você andou o resto do caminho sozinho até aqui.

Ele assente e entramos em casa em silêncio. Tentei ao máximo me acalmar, mas sabendo que agora aquele cara sabia onde eu morava, tudo ficou pior.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não esqueçam os comentários por favor!



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