Bella PDV

Acordei mais cedo que o normal, e estava mais ansiosa do que nunca. Precisava me arrumar melhor hoje, pois seria o primeiro dia com Edward sendo meu namorado.

— Namorado? – Perguntei aos ares e revirei os olhos. – Sua estúpida, vocês não são namorados. –

Levantei-me e tomei um banho bem demorado, lembrando-me de cada detalhe do dia anterior, sorrindo feito boba até lembrar das palavras de Aro.

“Você precisa nos trazer informações sobre eles. Daremos seis meses para se afastar de seus amiguinhos, creio que seja o bastante.”

Saí do banheiro e assim que me troquei Jacob adentrou no quarto de forma rápida e assustadora, aproximando-se de mim.

— Ei, você ficou malu..- Comecei a protestar mas ele colocou uma das mãos sobre minha boca. Pude ver o desespero em seus olhos que estavam marejados. Logo um grito feminino preencheu toda a casa, fazendo-me tremer.

— Precisamos fugir daqui. – Sussurrou enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. Neguei com a cabeça, aquilo seria pior. Jacob finalmente tirou a mão de minha boca e pude ouvir passos no corredor. Olhei para ele sem saber o que estava acontecendo e seu olhar ficou sem foco. – Eles nos pegaram. – Murmurou sem olhar-me nos olhos. Não consegui pensar em nada a tempo, e então Riley e Aro adentraram o quarto com mais quatro homens.

— Levem-na para onde está a garçonete. – Aro falou olhando-me de cima abaixo. Riley parecia fora de sintonia com o que estava acontecendo e Jacob também. Dois dos homens agarraram-me pelos braços, carregando-me pelo corredor enquanto eu esperneava e tentava de todas as formas soltar-me.

— Pai, deixe-a em paz, Charlie não irá gostar disso... – Riley começou a falar quando paramos em frente a ultima porta. Aro olhou-me com um sorriso doentio e saiu em nossa frente abrindo a porta. Jacob e Riley permaneceram do lado de fora olhando-me com pesar e sofrimento. Assim que entramos no quarto fui atirada ao chão, caindo de cara no mesmo.

— Quero deixar algumas coisinhas claras. – Aro comentou parando ao meu lado. Recusei em olhá-lo e tentei levantar-me dali, mas ele apoiou seu pé em minhas costas, fazendo-me ficar presa. – Veja o que pode acontecer às suas amiguinhas, se você esquecer qual é o seu papel aqui. – Falou agarrando-me pelo cabelo e levantando-me. Arfei com a dor e tentei afastá-lo, mas perdi as forças ao ver a mulher amarrada e ensanguentada em minha frente, com uma mordaça na boca e os olhos azuis sem vida alguma. Seu corpo estava nu e coberto por cortes fundos. O grito saiu tão alto de minha garganta ao perceber que ela estava morta, que tinha certeza de que qualquer um a metros de distancia teria escutado. Aro riu histericamente ao soltar-me e assim que cai de joelhos ainda olhando para o cadáver da moça em minha frente, senti braços ao meu redor tentando tirar-me dali.  Meus soluços eram altos e eu simplesmente não conseguia manter-me em pé.

— Bella, vamos, não há nada que possamos fazer. – Jacob falou abraçando-me e arrastando-me de lá. Riley tentava não me olhar, e Aro havia sumido de lá com seus capangas. Meu pai apareceu pouco depois, olhando-me em choque por ver meu estado sem entender nada.

— Jacob, quero sair daqui agora, pode me levar até a escola? – Perguntei ao ver que já estava atrasada. Ele assentiu acompanhando-me até a saída, e assim que passei pela porta esbarrei na querida noiva de Riley, que olhou-me primeiramente com raiva, mas assim que percebeu meu estado pareceu assustada e trocou um breve olhar com Jacob. Deixei os dois para trás e entrei no carro de Jacob, encolhendo-me no banco.

Assim que ele entrou no carro, não comentou sobre nada e apenas dirigiu, parando somente quando chegamos ao nosso destino. Hesitei um pouco antes de sair, lembrando de cada detalhe da cena preparada só para me assustar, e aquilo fez com que eu percebesse tudo como realmente era. Aro e todos os Swan’s eram pobres e corruptos, assassinos e criminosos da pior espécie, e a família de Edward apenas tinha sido vítima de uma de suas brincadeiras, assim como minha mãe, que morrera como se fosse nada nas mão daquele ordinário doente.

— Bella, sei que isso foi horrível, mas acredite, pode ficar ainda pior. – Jacob afirmou antes de sair e contornar o carro, abrindo a porta para mim. – Confie em mim, conheço Aro e todas aquelas pessoas melhor do que ninguém, e entendo o que você passou. – Prosseguiu olhando-me de uma forma tão dolorosa que fez meu peito apertar.

— Jacob... – Comecei a protestar, não podia confiar nele, era só mais um dos capangas de Aro.

— Eu sei, e sinto muito, mas foi necessário. Juro que pagarei o preço por isso, assim como faremos todos eles pagarem. – Deu um leve sorriso. Sai do carro um pouco desorientada e andei ao lado dele até a entrada da escola, onde as meninas me esperavam.

— Bella? O que foi que aconteceu com você, pelo amor de Deus? – Alice perguntou segurando meu rosto entre suas mãos e analisando cada detalhe. Rosalie olhava para Jacob com fúria.

— O que foi que você fez dessa vez? – A loira gritou tentando agarrar os cabelos de Jacob, que a imobilizou com facilidade.

— Ei, sua loira aguada, fique na sua. – Falou soltando-a e entrando na escola, deixando-nos para trás. As duas garotas em minha frente olhavam-me horrorizadas esperando alguma resposta. Por mais que eu tivesse me esforçado para estar bonita, sabia que meu rosto devia estar acabado. Peguei as duas em um abraço apertado e embora estivesse com tudo preso dentro de mim, não chorei. Elas estavam confusas, claro, mas não me importei, pois só de pensar que alguém poderia machuca-las doía demais.

— Eu amo vocês. – Falei afastando-me e olhando nos olhos de ambas, que sorriram bobas.

— Também amamos você. – Falaram juntas e cada uma segurou um lado da minha bochecha. Era incrível como elas se deram tão bem em tão pouco tempo.

Senti braços fortes me rodearem e eu não precisei me virar para saber quem era. Edward apoiou o rosto na curvatura de meu pescoço enquanto os outros meninos iam até Alice e Rose.

— Bom dia pequena Swan. – Sussurrou fazendo-me tremer, mas diferente das outras vezes eu não fiquei arrepiada de um jeito gostoso, e sim de pavor. O peso de carregar aquele nome desprezível me assustou, e Edward percebeu isso. – Está tudo bem? – Perguntou virando-me para olhá-lo, e sua expressão confusa logo tornou-se triste e preocupada. – O que aconteceu? – Sussurrou tocando meu rosto. Neguei olhando em seus olhos e ele suspirou, abraçando-me e falando algo que não fiz questão de ouvir, para os outros que nos assistiam. – Vou te tirar daqui. – Falou guiando-me para o seu carro. Eu estava totalmente desolada.

— Edward? – Perguntei quando já estávamos em seu carro. Ele olhou-me por longos instantes antes de me responder.

— O que fizeram com você? – Perguntou segurando minha mão esquerda e levando até seus lábios. Eu tentei responder, mas travei totalmente. Edward respirou fundo e deu partida no carro. Permanecemos em silêncio até ele estacionar próximo a uma estrada de terra. Não o questionei em momento algum, e podia sentir que ele estava desconfortável com o meu silêncio. Após andarmos por um tempo, chegamos a uma campina gigantesca e tão linda, que me fez sorrir.

— Edward, esse lugar não existe. – Falei correndo até o centro dali. Era tudo perfeito, com Edward e ninguém para nos assombrar. Olhei para ele que sorria grandemente, parecia uma visão do paraíso, e estar ali me deixou feliz por um momento. Ele veio até mim, parando em minha frente e olhando-me sério.

— Me conte, Bella. – Pediu colocando as mãos dentro do bolso. Desviei o olhar do seu e dei um passo para trás enquanto as imagens da garçonete preenchiam novamente minha mente. Ele percebeu minha reação e tentou me puxar para perto novamente, mas eu dei outro passo para trás sentindo meu peito doer e meus olhos arderem. Parecia que eu ia sufocar com aquilo e um pânico enorme se apossou de mim, fazendo com que eu afastasse ainda mais Edward, que tentava segurar-me.

— Não, Edward, eles vão machucar vocês, eu não posso deixar. – Falei esquivando-me de suas mãos. De repente tudo girava e minha cabeça doía muito, impedindo-me de correr dali para que ele pudesse ficar seguro, e então tudo escureceu.