Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 8
Allergy and visits


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco, mas está ai, pronto para vocês! Espero que gostem. Geoffrey Moosen.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640252/chapter/8

Leesburg, Virginia. – 23 de Setembro.

Depois da memorável “festa da bebedeira” de Tristan, acabei voltando para casa. As ruas estavam escuras e gélidas do lado de fora do veiculo, mas ainda sim, tudo parecia de certo modo, cintilante, quente e inexplicável. O leve gosto adocicado do mel dançava em minha boca, o que de certa forma fazia um sorriso se desenhar ao canto de meus lábios, tornando a situação mais estranha e encantadora a meu ver. Infelizmente havia algo sobre mim, que tirara parte do encanto daquela noite. E o fato era que: Eu era alérgico a mel! E em pouco tempo minha garganta começara a inchar, me fazendo dirigir até o hospital, para uma injeção antialérgica.

Assim que cheguei, estacionei junto ao meio-fio em um canto mais escuro. Andei alguns metros até a recepção, onde uma mulher ruiva mascava chiclete de maneira chamativa, enquanto atendia a ligações e checava fichas sobre pacientes no computador.

–Com licença. – disse já com certa dificuldade.

–Sim. – sorriu sem tirar os olhos da tela do computador.

–Acho que estou tendo uma crise alérgica. – limpei a garganta, que parecia mais inchada. – e acho que preciso de uma injeção.

–Há quanto tempo?

–Não sei, acho que dez minutos. – arrisquei.

–E o senhor tem alergia a que?- indagou, enquanto anotava tudo em uma nova ficha.

–Eu. – tomei fôlego, sentido o ar passar com dificuldade por minha garganta. – tenho. Alergia. – tudo pareceu girar, e o ar não entrar nem sair. Tentei forçar a entrada, mas isso só fez com que tudo girasse ainda mais, e meus pulmões gritassem pelo ar que lhes faltava. Deste modo tentei sussurrar algo, mas fora inútil, e minha única reação a tudo aquilo foi apagar.

20h40min

–Moosen? – uma voz feminina soou preocupada. – ele está assim desde que vocês me ligaram? – indagou. E eu não consegui ouvir a resposta. – nunca o vi apagar desse jeito após um ataque alérgico.

–Talvez não tenha visto ataques o suficiente. – gracejei, dando um sorriso aquele sotaque sulista.

–Deve estar ótimo. – sugeriu. – se esta falando estas besteiras. – sorri novamente.

–O que está fazendo aqui? – meus olhos se acostumavam à forte luz do local. – pensei que seus planos para hoje não tivessem nada haver com sair da cama.

–E não tinham. – disse de imediato. – até me ligarem as oito e vinte nove da noite, e dizerem que o Sr.Geoffrey Moosen tinha sofrido um ataque alérgico, e desmaiado na recepção. – usou seu tom “não acredito que estou aqui”. – sabia que meu telefone está como numero de emergência no seu celular? – indagou.

–Não tenho culpa se é uma das pessoas mais confiáveis que conheço. – sorri, passando os dedos pela barba e seguindo até o cabelo.

–Como se sente? – conseguia vê-la claramente. De cara amassada, como quem dormira por varias horas. E no fundo a expressão preocupada que usava em grandes ocasiões.

–Não acredito que tenha deixado seu sono para vir aqui. – sentei-me na cama.

–E quem esperava? – arqueou a sobrancelha. – May Belle Anders? – sorriu com sua expressão de “fala sério”. – sabemos que ela não tem a mesma disposição que eu para levantar da cama há essas horas.

–Nós sabemos. – gracejei.

–Sim, nós sabemos. – sentou-se ao meu lado, dando um leve toque em meu braço.

Corinne Lawson era a superintendente da High VA Leesburg School. Começara no cargo há quatro anos, desde que deixara sua cidade sulista e viera para Leesburg, que sempre descrevia como ‘não sendo muito diferente, mas tendo menos insetos’. Demorara um tempo até se acostumar com o clima maluco da cidade, e como as pessoas gostavam de fazer fofoca, o que a lembrava de uma frase que sua avó sempre dizia “Não seja como estas pessoas da cidade, não faça da fofoca sua religião.”. Ria ao dizer as palavras. Corinne também passara um tempo em minha casa, enquanto procurava boas opções de imóveis na cidade, o que fez com que nos acostumássemos um ao outro.

Após a consulta e mais uma injeção antialérgica, Corinne insistiu em me levar para casa. Assinou alguns papéis na recepção e me arrastou consigo até o estacionamento, ignorando todos os meus avisos sobre ‘meu carro estar próximo ao hospital’ e ‘estar bem o suficiente para dirigir’.

–Se não entrar logo neste carro. – estalou os dedos, chamando minha atenção. – irei chutar este seu bumbum branco com tanta força, que não precisara de um carro para voltar para casa. – usou uma de suas ameaças “afro-sulistas”, que era como gostava de chamar. Leesburg era uma cidade no sul, Corinne insistia em na idéia de que sua cidade tinha traços bem mais sulistas.

–E o que faremos com o carro? – indaguei.

–Mandarei o reboque buscá-lo de manhã. – deu um suspiro.

–Acho que esse é um argumento valido. – gracejei, enquanto ela me olhava como se disesse “entre nesse carro ou terei de fazê-lo voltar para o hospital”. Entrei no carro, sentando-me no banco do passageiro. Ela sentou-se ao volante, jogando o casaco no banco de trás, e colocando a chave na ignição. O carro cheirava a coca-cola, pizza e perfume.

–O cheiro é novo? – recostei a cabeça no banco.

–Não me encha Moosen. – continuou olhando para frente. – duas reuniões por semana, fora toda a papelada e conselho. – listou suas prioridades. – acha mesmo que me daria ao luxo de almoçar em um restaurante?

–Desculpa. – sussurrei voltando-os olhos para frente. – e obrigado por ter vindo. – o carro saiu do estacionamento.

–O departamento de educação me mataria se soubesse que deixei o diretor de uma escola morrer. – disse com um sorriso no canto do rosto.

–É acho que tem razão. – retruquei o sorriso. Dei um longo suspiro que preencheu meus pulmões de maneira lenta, do mesmo modo como preenchera os segundos de silencio seguidos.

–Mas sabe algo que não consigo entender? – indagou após um instante. – como foi que teve um ataque alérgico, se desde que te conheço evita a maioria das coisas a que é alérgico? – deu uma rápida olhada para mim.

–Não sei. Descuido, talvez. – dei de ombros. – Creio que está noite tenha de certo modo, acabado comigo.

–Entendo o que quer dizer. – olhou-me de soslaio. – também estou cansada. – suspirou. Encostei minha cabeça no vidro, enquanto sentia o cheiro de pizza e coca-cola no ar abafado. Os efeitos da alergia já tinham passado, mas o gosto doce continuava em minha boca. Fechei os olhos deixando aquilo ser a única coisa real por um tempo. Por um tempo, único.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E está ai o motivo pelo qual a "repulsa" por mel. Espero que tenham gostado do capitulo. Caso possam, deem review e por obsequio, NÃO TENHAM UM ATAQUE ALÉRGICO! E até o próximo capitulo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Beard, tea and tobacco." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.