Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 7
Bar, tequila and honey


Notas iniciais do capítulo

Sétimo capitulo. Bem espero que gostem do capitulo. E já estejam acostumados com o professor desleixado de historia. Charles Ocean.



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Leesburg, Virginia – 23 de Setembro.

Os dias pareciam melhorar em High VA Leesburg school. Primeiro com os professores, por causa daquele happy hour no bar a quatro quadras da escola. E depois com Sr.Moosen, que ficou preso comigo em um armário cheio de rodos e vassouras, e por este motivo teve de aprender a lidar comigo, da mesma forma como aprendi a lidar com ele. O fato era que, as coisas em Leesburg só eram complicadas se você as fizesse ser, do contrario, tudo correria na mais perfeita “normalidade”.

–Não consigo acreditar que os outros professores tenham ido falar com aquele imbecil pelos seus suéteres. – bufou minha mãe servindo-me um copo de suco.

–Também acharia impossível, se Sr.Criswell não tivesse me falado pessoalmente. – bebi um gole do suco. – o que houve com o chá? – indaguei.

–Acabou. – disse enrolando-se no avental, como de costume. – irei até o mercado para comprar mais está tarde.

–Está dizendo isso há três dias. – declarei.

–Não tenho uma boa memória. – deu de ombros.

–Tudo bem então. – levantei-me colocando o copo de suco sobre o balcão. – só não se esqueça de comprá-lo está tarde. – peguei a pasta sobre o banco. – o dinheiro está em cima da mesa.

–Já está indo? – olhou o relógio. – ainda é cedo, não?

–É melhor chegar cedo do que me atrasar. – despedi-me da porta, escutando seu ultimo grito da cozinha.

–Sei que essa é uma nova regra daquele tirano!

07h30min

Cheguei cedo à escola. Entrei pela porta da frente e segui para sala dos professores, onde encontrei a todos no que parecia ser uma comemoração de algo que não compreendia no meio de tantas vozes distorcidas. Todos contribuíam para a formação de um circulo em que o centro era Sr.Criswell, que fazia uma dançinha, enquanto movia as folhas do jornal de um lado para o outro.

Adentrei a sala, de modo que todos me viram e fizeram questão de incluir-me na comemoração, tornando-me parte da roda, onde o professor de português continuava sendo o centro. As mãos presas umas as outras, giravam em volta do ser um tanto calvo, que insistia em sua dança.

–Parem com isso seus imbecis. – disse amigavelmente, desfazendo a roda.

–Velho demais para isso Tristan? – Sr.Moosen olhava tudo parado a porta.

–Velho não meu caro, mas sábio. – apontou-lhe o dedo indicador. – o que acha que todas estas rugas querem dizer?

–Velhice? – gracejou o diretor.

–Boa tentativa. – deu-lhe um sorriso. – mas isso são experiências. Varias experiências.

–E tentativas de corrigir o jornal de Leesburg. – Linnea completou.

–Bem lembrado. – apontou Sr.Criswell.

–E o que pretende fazer hoje? – Brian servia-se de um gole de café. – para seu aniversario?

–Já que meus filhos não virão para Leesburg este mês. – dobrou o jornal, encerrando a revisão iniciada no dia anterior. – pensei em ir para um bar, e comemorar com uma daquelas bebedeiras.

–Parece uma boa. – concordou o professor de educação física. – estou convidado?

–Claro! – Sr.Criswell respondeu exclamativamente. – todos aqui estão.

–Que horas será esta bebedeira? – indagou Honora.

–Seis e meia no king's tavern and wine bar. – disse após alguns segundos. – assim dá tempo para todos se arrumarem.

–Perfeito. – Brian vez um brinde com o copo de café, onde todos bateram seus copos e xícaras. Ao longo do dia, tudo pareceu se resumir a alunos desejando “feliz aniversário” ao Sr.Criswell de todas as maneiras possíveis. Teatros, poemas, poesias, textos medievais e até mesmo góticos. Quando perguntei sobre, Linnea me disse que era um tipo de desafio que ele mesmo colocara aos alunos. Isso tudo só tornara o dia mais interessante, fazendo com que nem mesmo percebêssemos a chegada do entardecer, e junto a ele o final do expediente.

18h36min

Antes da “festa” decidi que iria com um de meus suéteres favoritos. Beberia chá e por isso evitaria deixá-lo com cheiro de álcool, assim como o ultimo. Vesti por baixo do suéter uma de minhas camisas xadrez, uma calça escura e os mesmos sapatos de sempre. Em pouco tempo estava preparado, mas ainda assim atrasado. Desci os degraus da escada de dois em dois, chegando mais rápido até a porta. Peguei as chaves do “carro” em cima da mesinha na porta de entrada, e fui até a frente da garagem, onde estacionara o fusca. Assim que entrei, passei o cinto e dei a partida, correndo para o king's tavern and wine bar.

Cheguei após alguns minutos, encontrando no bar a maioria do corpo docente, que já tinham em mãos alguma bebida. Assim que me notou, Sr.Criswell foi me cumprimentar. Parecia já estar sofrendo o efeito de uma quinta dose, que subira rapidamente e o fizera chegar a um “estado de alegria”. Mostrou-me onde sentaria, e pediu para que o garçom me servisse uma bebida. Um chá mexicano.

–O que é isso? – indaguei.

–Uma bebida. – Sr.Criswell sorriu. – apenas beba. Veio aqui para isso, não?

–Claro. – suspirei. – bebedeira. – ergui o copo ainda vazio, como num brinde.

–Geoff! – gritou assim que o Sr.Moosen cruzou a porta de entrada, alguns minutos depois. – venha se juntar a nós! Sente-se! Beba algo! – soou animado.

–Tudo bem Tristan. – sorriu. – só fique calmo. – cruzou o bar, sentando-se ao meu lado. – chá mexicano? – apontou a bebida servida há alguns instantes.

–Sim. – suspirei. – Sr.Criswell pediu por mim.

–Ele fez o mesmo comigo da ultima vez. – comprimiu os lábios. – e chame-o de Tristan. Ele não gosta desta formalidade toda.

–Entendo. – sorri. – o que achou quando bebeu?

–Um pouco forte, nada demais.

–Tudo bem. – sorri de maneira sem graça, preparando-me para beber um gole do “chá”. Bebi. E logo senti algo queimar e arranhar minha garganta, o que me fez tossir. – tem tequila nisso? – indaguei ainda tossindo.

– Três colheres de açúcar, três colheres de licor, meia dose de tequila e meio litro de chá. – explicou. – o que achou?

–Muito forte. – sentia minha garganta queimar.

–É. Aqui eles têm o costume de exagerar na tequila.

–Entendo.

–Vejo que decidiu vir com um suéter está noite. – sorriu.

–Algum problema? – tentei soar amigável.

–Só um pouco peculiar para um bar, não acha? – indagou.

–Talvez um pouco. – sorri de canto.

–Ah meu deus! Aquela é a Oprah! – Tristan gritou no meio do salão ao ver uma mulher negra, bem parecida com a Oprah, tenho que concordar.

–Oh meu deus! Tristan! - exclamou Sr.Moosen. – espere um minuto. – saiu de onde estava sentado, e junto a Brian tentou tirar Tristan da mesa em que a mulher se encontrava. – está não é a Oprah.

–Claro que é. – insistia. – Oprah! – gritava.

19h50min

As horas passaram rapidamente. “Oprah” fora embora e Tristan chorara por alguns minutos, até encontrar uma mulher, que jurava ser Dolly Parton, o que rendeu mais vinte minutos de preocupação a todos os professores. Sr.Moosen, não bebeu nada a noite toda, ficou de olho em Sr.Criswell e sua desculpa era ter de levá-lo para casa.

–Desculpe-me por Tristan. – voltou ao balcão após um tempo. – ele as vezes perde o controle da situação. – explicou. - não quer beber nada?

–Não. – rejeitei educadamente. – não depois daquele chá mexicano.

–Talvez algo para tirar esta sensação. – fez um sinal ao garçom, que foi para perto de nós no balcão. – por favor, um chá com mel. – pediu. – sem álcool.

–Tem certeza disso? – franzi o cenho. – quer dizer não precisa colocar mel.

–Tudo bem. – comprimiu os lábios. – eu sinto falta do cheiro.

–Tudo bem. – disse em um sussurro. – obrigado. – agradeci. Após o chá, fomos para fora do bar, Sr.Moosen carregava Tristan em seus ombros com ajuda de Brian, que ficara de levá-lo para casa.

–Não precisa levá-lo, sabe disso.

–Não tem problema, é caminho de casa. – puxou Sr.Criswell para seus ombros. – até amanhã. – despediu-se.

–Até. – despedimo-nos em um aceno e um sinal de cabeça.

–Acha que ele vai ficar bem? – indaguei. – Sr.Criswell.

–Tristan? – sorriu de canto. – ele ficara bem, sempre acaba ficando. – umedeceu os lábios. – onde está seu carro?

–Virando a rua. – indiquei.

–Eu posso acompanhá-lo.

–Sou um homem de trinta e seis anos, acho que consigo chegar ao meu carro sozinho. – brinquei.

–Também acho, mas ainda sim irei acompanhá-lo. - começou a andar na direção que indiquei. Andamos alguns metros até dobrarmos a rua e pararmos junto ao fusca, que tinha as rodas enlameadas e parte do capô amassado. – esse é seu carro? – apontou.

–Sim. – assenti.

–Então, está entregue. – gracejou.

–É acho que sim. – dei de ombros amigavelmente. – então?

–Hm. – deu um longo suspiro. – gostei do suéter. – apontou-o.

–Obrigado. – engoli em seco.

–Bem. – limpou a garganta. – meu carro está pra lá. – apontou para trás.

–Ah, sim. – sorri. Então dei um passo, coisa que Sr.Moosen também fez, gerando um resultado que não esperava para aquela noite. Em um instante nossos lábios estavam se tocando, nossas barbas raspando como quando estivemos presos no armário do zelador. Seus dedos indo levemente ao meu pescoço e minhas mãos indo sorrateiramente até sua cintura. Tudo a nossa volta parecia quente e aconchegante, assim como o cheiro que não conseguia identificar em seu terno não tão casual. Tudo pareceu eterno por um tempo, por um instante perpetuo. Até nos afastarmos.

–Espero que não tenha elogiado meu suéter só para.

–Não. – sorriu de canto, parecendo prever o que diria. – ele é mesmo muito bonito. – completou.

–Preciso ir. – disse após alguns segundos, sem olhá-lo nos olhos.

–Entendo. – sua voz saiu num sussurro. – também preciso ir. – suspirou. Entrei no carro e dei a partida. Pensei em olhá-lo pela janela, mas a luz fraca do poste não caia sobre o vidro sujo, fazendo sua silhueta não aparecer diante do carro. Com certa dificuldade tirei o carro do meio-fio e levei-o para longe daquele chá, para longe daquele beijo.


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Notas finais do capítulo

:3 Então esse foi o sétimo capitulo! Pouco chá e meu deus. Tequila. Quero saber o que acharam, então deem review, usem suéteres e escolham entre chá e café. E até o próximo capitulo.



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