Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 6
Closed cabinets and spilled tea


Notas iniciais do capítulo

Sexto capitulo. Gostei de escreve-lo, e tenho de confessar que fiquei um tanto nervoso, mas espero que gostem. Geoffrey Moosen.



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Leesburg, Virginia – 20 de Setembro.

Fazia três dias desde minha briga com May Belle, minha noiva. Tentara ligar para ela, mas ela rejeitava minhas ligações, ou deixava o celular desligado, me fazendo entrar em um confronto com a mensagem gravada por ela, “Desculpe, não posso atender no momento, mas poderei se ligar mais tarde. E se você for Geoffrey Moosen, espero que esteja ligando para dizer que reconheceu ser o único problema.”. Tudo isso só me fazia pensar em quantas pessoas já teriam ouvido aquela mensagem, e estariam se perguntando o porquê de eu ser o “problema”.

Nesses três dias de ligação, questionei algumas coisas sobre minha relação com May Belle e sua incrível família, que segundo meus pais “Eram grandes narcisistas, que agradeciam mais pelo dinheiro do que pela própria vida.”, o que era outro fator que contribuía para que tudo fosse ainda mais complicado. Sabia de certo modo que eu e May Belle não éramos o casal mais “perfeito”, mas ainda sim tínhamos algo alem das brigas e do narcisismo de sua família. Algo que tentávamos manter depois de certo tempo nessa relação.

–O que acha que deveria fazer? – indagou minha mãe naquela manhã.

–Não sei. – dei de ombros. – não consigo nem falar com ela, imagina resolver este problema.

–Entendo. – disse em um tom compreensivo. – talvez só devesse esperar um pouco. – recomendou.

–Sim. – assenti. - acho que no momento isso parece à coisa certa a fazer.

–Geoff. – soou como sempre; calma. – sabe o que eu e seu pai achamos desta garota, não sabe?

–Sei. – respondi após um segundo. – lembra o que vovó falava sobre você quando começou a sair com meu pai?

–Claro que me lembro. – deu uma de suas suaves gargalhadas. – ela não gostava da idéia de eu e seu pai namorarmos.

–Então.

–Mas ela sabia que continuaríamos juntos. – continuou. – sabia pelo jeito como seu pai me olhava. Sabia pelo jeito como eu olhava para ele. – fez uma pausa que pareceu eterna, enquanto se lembrava de algo que parecera ficar no passado. – ainda procuro algo nós olhares entre você e May Belle.

–Eu sei. – assenti em um suspiro. – preciso ir agora. Ligarei mais tarde. – me despedi por hora. – até.

–Até. - desligou.

De certo modo falar com meus pais era algo que sempre fazia tudo voltar ao normal, por mais que os problemas voltassem uma hora ou outra, eles conseguiam ajeitar tudo por um tempo. E naquela, manhã minha mãe conseguira me tirar do telefone e de toda a preocupação com May Belle, fazendo-me voltar às tarefas, como diretor de uma escola.

09h26min

Após a ligação deixei com que o dia voltasse ao normal, assim como minha mãe recomendara. O dia estava mais calmo do que os anteriores, sem ligações, sem brigas, nem tampouco jovens no corredor. Aproveitara o tempo para ir até a sala dos professores, para pegar um pouco do chá e das torradas que compravam em um dos melhores cafés de Leesburg. Sabia que parte do dinheiro que dava para contribuir com o concerto de algumas coisas na sala, iam direto para as torradas, chá e café das segundas-feiras, rosquinhas das terças e mini waffles das quartas. Assim que cheguei alguns deles estavam lá.

–Geoffrey. – Linnea sorriu por dentro do copo café.

–Linn. – sorri de canto dando-lhe um aceno.

–O que faz aqui? – indagou Brian, professor de educação física. – veio dar algum recado?

–Não desta vez. – cruzei a sala em passos lentos, até chegar à garrafa térmica do outro lado. – vim pelo chá. – servi-me da bebida.

–Aproveite e pegue algumas torradas. – sugeriu Linnea.

–Por que não? – gracejei, como se não fosse fazê-lo.

–Bem, está na minha hora. –Brian pegou alguma de suas coisas em sua mochila. – aproveitem o chá. – despediu-se.

–Espere por mim. – Linnea correu até a bolsa, ainda segurando o copo gigante de café. – está quase na minha hora, não fará mal se sair um minuto antes. – despediu-se, indo logo atrás de Brian, que a aguardava na porta. Agora estava sozinho, com uma garrafa térmica cheia de chá e uma cesta de torradas. Antes que pensasse em me sentar, derrubei meu copo, que se esparramou com o liquido, para baixo da mesa.

–Não acredito. – balançava os sapatos molhados, percebendo tempo depois que precisava de um pano. Fui até o armário do zelador, onde por sorte, encontrei a porta semi-aberta. Revirei os baldes, vassouras e rodos a procura de um pano ou algo que resolvesse a bagunça que fizera, mas não demonstrava ter sucesso naquela tarefa.

–Com licença. – uma voz masculina soou nos corredores.

–Sr. Ocean? –indaguei surpreso. – o que faz aqui? – franzi o cenho.

–Eu acabei uma de minhas aulas e estava indo a sala dos professores, quando encontrei chá caído no chão. – explicou. – então vim até aqui para buscar um pano.

–Entendo.

–Posso? – apontou para o armário.

–Claro. – assenti. Abri um espaço para que Sr.Ocean pudesse ajudar-me com a procura.

–Está um pouco apertado, não? – ajeitou-se no pequeno armário.

–Talvez um só deva procurar. – fiz um movimento a fim de sair dali, mas fui impedido pela porta que se fechou em uma batida.

–O que foi isso? – indagou Sr.Ocean virando-se para a porta.

–Não sei. – disse colocando a mão sobre a maçaneta e dando-lhe alguns giros. – acho que está trancada. – tentei mais uma vez, desta vez empurrando-a com o ombro. – droga. – praguejei.

–E o que vamos fazer?

–Talvez possamos ligar para o zelador e pedir para ele vir nos tirar daqui. – passei a mão nos bolsos sentindo-os vazios. – droga! Deixei meu celular em cima da mesa do escritório.

–Esqueci o meu na pasta. – suspirou. – na sala dos professores. – concluiu. O tempo se arrastou, enquanto tentávamos algumas opções para chamar atenção à porta, o que parecia não dar certo. Nem no silencio dos corredores vazios, nem tampouco na gritaria na troca de aula. – acha que o zelador demorara a chegar? –perguntou Sr.Ocean após um longo tempo de silencio e tentativas.

–Acho que sim. – soei indiferente.

–E o que faremos até lá?- indagou, respondendo a si mesmo poucos segundos depois. – meu deus, como sou idiota! O que faremos enquanto estamos presos em um armário? – retrucou irônico a sua própria pergunta.

–Acho que esperar. – disse de maneira obvia, ouvindo-o bufar ao silencio. – poderia ser pior. – disse após um tempo, levando a baixo a torre de silencio entre nós.

–Pode me dizer como? – indagou.

–Claro. – respondi de imediato. – poderíamos estar aqui com meu avô.

–E por que isso seria pior?

–Por que ele tinha o costume de reclamar demais. – expliquei. – em qualquer hora, e qualquer lugar.

–Está brincando. – disse de modo ríspido.

–Não, não estou. – assegurei. – se estivesse aqui ele estaria o fazendo neste momento.

–E o que ele diria? – virou-se para mim, de modo que nossas barbas rasparam uma na outra.

–Bem, deixe-me pensar. –parei por um tempo, tentando lembraras palavras que ele usava. – se estivesse aqui ele diria. – limpei a garganta. – não acredito que estou preso com dois frangotes em um armário! O capitão daria risada de mim por isso. Eu, um soldado, com dois professorzinhos de meia tigela. – fingi um ronco. – olhe só onde terminei. – conclui, ouvindo algo parecido com uma gargalhada suave.

–Que som é este? – indaguei arqueando uma das sobrancelhas.

–Não é nada. – suspirou, interrompendo o riso no escuro.

–Foi uma gargalhada?

–Não. – voltou ao tom ríspido.

–Está mentindo. – disse de modo serio.

–Tudo bem, foi uma gargalhada. – senti seu corpo se mover em um dar de ombros.

–Então achou graça da minha imitação?

–Não. – negou. – ri da maneira como seu avô falaria se estivesse aqui conosco.

–Tudo bem. – voltei os olhos a pouca luz vinda de uma fresta. Mais uma vez o silencio pairou sobre o pequeno armário, durando desta vez apenas alguns segundos.

–Ele serviu na guerra? – indagou fora do tom ríspido. – seu avô?

–Sim. – desta vez fui eu quem o respondi “friamente”. – Camboja.

–Tinha quantos anos?

–28. – suspirei. – não foi sua melhor época. – acrescentei.

–Entendo. – conseguia ver seus olhos brilharem a luz que passava pelo espaço na porta. – mas poderia ser pior. – continuou olhando a porta.

–Como? – me virei, para seu rosto.

–Ele poderia estar após todos estes anos, junto a dois frangotes em um armário. – gracejou, voltando a leve gargalhada.

–Tem razão. –abri um sorriso, virado a luz.

11h45min

Nossas pernas já estavam exaustas por estarmos de pé há tanto tempo, e nossas gargantas ardiam em resultado aos gritos por ajuda. Nossas barrigas duras e doloridas pelas gargalhadas, assim como os as maças do rosto, que pediam para que mais nenhum sorriso fosse dado por um tempo. Sr.Ocean já deixara o tom ríspido, assim como eu, que esquecera todo o tipo carrancudo, e começara a agir da mesma forma como agia com os outros professores. Conversamos por um tempo até que o som externo invadisse o armário, que em um instante foi aberto.

–Sr.Moosen? – indagou num tom surpreso.

–Sr.Gareth. – cumprimentei-o com um gesto.

–O que houve?

–Vim buscar um pano para limpar a bagunça que fiz na sala dos professores, e Sr.Ocean veio me ajudar, mas a porta se fechou e acabamos os dois presos. – expliquei de maneira rápida para que entendesse.

–Entendo. – assentiu. – esta porta esta com este problema. – explicou. – fecha sem o menor ruído e tranca-se por fora.

–Temos de ver isso. – avisei-o, saindo logo em seguida para ir atrás do Sr.Ocean, que caminhava em direção a sala dos professores. – Sr.Ocean. - chamei.

–Sr.Moosen? – virou-se me olhando por cima do ombro.

–Queria falar com o senhor sobre algo, que me esqueci de dizer nesta manhã.

–Sim. – olhou-me atento.

–É sobre seu casaco. – umedeci os lábios, colocando as mãos nos bolsos.

–O que tem meu casaco? Algum problema. – franziu o cenho.

–Alguns professores vieram falar comigo a respeito. – fiz uma pausa. – e acho que deveria voltar aos suéteres.

–Voltar aos suéteres? – pareceu surpreso. –Achei que o senhor.

–Não importa o que eu disse. – dei de ombros de forma amigável. – o corpo docente se uniu para isso. Não posso fazer nada.

–E por que se uniriam pelo meu casaco? – indagou.

–Pergunte ao Sr.Criswell. – aconselhei. – foi ele o primeiro a aparecer na minha sala.

–Tudo bem. – assentiu. – farei isso. – comprimiu os lábios. Voltou a caminhar pelos corredores, e eu permaneci ali, vendo-o se afastar, saboreando as novas regras de vestimenta.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo. Espero que deem review, digam o que acharam e comemorem as novas regras de vestimenta! Não exagerem no chá, cuidado com os armários e até o próximo capitulo.



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