Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 14
Do you want have breakfast with me?


Notas iniciais do capítulo

Decimo quarto capitulo! Espero que gostem e aproveitem essa bela manhã em Leesburg. Geoffrey Moosen



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Leesburg, Virginia – 03 de Outubro.

A manhã após meu aniversario pareceu uma das mais simples e bonitas manhãs de todas. Os fracos raios de luz forçavam passagem por entre as frestas da janela, e uma brisa fria entrava por baixo da porta, dando voltas pelo quarto até se acostumar ao clima quente e aconchegante do local. Sr.Ocean estava deitado ao meu lado, encarava-me com seus grandes olhos castanhos, e um sorriso lhe permanecia no canto dos lábios desde que acordara a meia hora. Seu cabelo estava bagunçado como sempre, as cobertas lhe subiam até a cintura, de modo que a camiseta branca que eu vestia antes lhe cobria todo o resto. Gostava do modo como sua barba parecia deixá-lo com aquele ar eterno de um professor de historia, como o melhor professor que alguém poderia ter.

–Quer tomar café comigo? – indaguei após um tempo olhando-o. Uma linha passou pelas laterais de seus lábios, formando um pequeno sorriso sem graça, que se seguiu de um gesto positivo de cabeça. – ótimo. – retribui o sorriso. Assim que descemos a cozinha pedi para que ele esperasse sentado ao outro lado da bancada, embora insistisse em me ajudar com o chá e as torradas. – consigo fazer algo além de torradas. – buscava a frigideira na parte alta do armário.

–Não duvido disso. – sorriu. Continuei a procura dos ingredientes, enquanto ele me fitava do outro lado, podia sentir seus olhos junto de mim, quase como se ele estivesse ali, de pé ao meu lado. Vez ou outra fingia escorregar no piso, ou me atrapalhar com os pequenos vidros com tempero, quase os derrubando no chão, somente para que ele se assustasse e esticasse as mãos, tentando pega-los no ar. – acha isso muito engraçado mesmo, não? – arqueava a sobrancelha.

–Desculpe-me. – continuava a rir. Logo a frigideira foi ao fogo, e as primeiras panquecas começaram a tomar forma, antes mesmo que pudesse dizer, ou Sr.Ocean tentasse pela milésima vez olhar por cima da bancada deu o que pareceu ser seu ultimo palpite.

–Panqueca. – sussurrou.

–Finalmente. – gracejei apontando-lhe a espátula. Por mais que parecesse uma coisa idiota, eu gostava de tê-lo ali, me olhando fritar a massa temperada. Encolhido encima do banco alto, enquanto eu sorria de lado para sua silhueta esbranquiçada. Ele por sua vez, parecia contente em estar ali, com todo aquele ar paciente, e intelecto que pareciam ir de apenas uma de suas qualidades, para algo que se percebia de longe

–Sabe que isso só dificulta as coisas mais ainda, não sabe? – indagou. – quer dizer, primeiro nós nos beijamos, depois nós dormimos juntos, e agora você está fritando panquecas para mim. – apontou as panquecas sobre a pia.

–Primeiro, as panquecas também são para mim. – olhei-o diretamente. – e acho que não conseguiria ficar longe de você por mais tempo. – mordi o lábio inferior. – senti sua falta nesses últimos dias. – dei de ombros desviando os olhos para as panquecas.

–Achei que se evitássemos qualquer tipo de contado iríamos esquecer.

–Acho que passarmos a noite junto não foi um bom começo, não. – comprimi os lábios em um sorriso.

–Não tem graça. – me repreendeu projetando o maxilar mais a frente. – isso não esta certo.

–Eu sei. – suspirei. – mas acho que agora é um pouco tarde para negarmos que estamos sentindo algo. Algo real.

–Real o bastante para machucar outras pessoas. – seus olhos pareciam encharcados. – inclusive May Belle. – comprimiu os lábios.

–Sei disso. – passei a ultima panqueca para o prato com os olhos caídos. – mas não consigo mais longe de você. – senti as palavras escaparem por meus lábios. Ao dizê-las, senti o tamanho e a doçura de sua veracidade que correu por minhas cordas vocais. Aquilo era mesmo um fato inegável, eu não conseguiria mais ficar longe dos olhos castanhos e do corpo franzino e nada atlético de Charles Ocean. Era inegável também o fato de May Belle ser minha noiva, por mais que não causasse o efeito que aquele homem desleixado e barbudo conseguia me causar. –ainda quer tomar café comigo Sr.Ocean? – corcovei as sobrancelhas. Ele sorriu de maneira disfarçada e assentiu. – muito bem então. – peguei o prato de panquecas indo até a mesa de centro próxima do sofá. – espere um instante. – sai em um salto da sala, indo rapidamente até a parte superior do armário.

–Esqueceu alguma coisa? – inclinou-se a fim de me enxergar por trás da bancada alta. – os talheres estão aqui.

–Eu sei. – voltei de maneira rápida, pousando um vidro de mel sobre a superfície emadeirada. – para as suas panquecas. – sorri de canto.

–Mas eu achei que você não gostasse. Quer dizer, aquele dia você.

–Eu me lembro. – interrompi. Desviei o olhar, sentindo-me um tanto constrangido pelo modo como o tratara naquele dia. – desculpe-me. – soei quase inaudível. – é que sou alérgico.

–Ah, me desculpe. – ele tirou o vidro de cima da mesa.

–Não se desculpe. – estiquei a mão até a sua, levando-a de volta até a mesa. – esta tudo bem. Eu só teria problemas se ingerisse.

–Ah. – seus olhos estavam parados em nossas mãos. – acho que preciso ir. – recuou. – esta tarde. – levantou-se sem nem mesmo tocar nas panquecas.

–Mas e o café? – indaguei.

–Me desculpe, preciso mesmo ir. Já esta tarde.

–Mas precisa comer algo antes de ir.

–Não, esta tudo bem. Posso tomar um banho antes?

–Claro. Segunda porta a esquerda. – apontei. – deixo a toalha na porta.

–Obrigado. – subiu as escadas indo até o banheiro. Sabia que Charles estava tão nervoso com aquilo quanto eu. Talvez passarmos a noite juntos, não fosse o mesmo de nos encararmos a luz do dia e agirmos como pessoas que sentiam algo uma pela outra. Deixei as panquecas no prato e subi até meu quarto, indo até o armário próximo da cama.

Procurei no espaço mais ao fundo, uma de minhas toalhas mais novas, porque o resto delas estava desbotada pelas horas de lavagem na maquina. Puxei a menos surrada de uma pilha de toalhas machadas, que foram ao chão assim que insisti. Deixei-as ali mesmo, e caminhei até a porta escurecida do banheiro, onde encaixei a toalha na maçaneta, que desceu destravando a porta.

A fumaça densa do chuveiro se dispersou pelo ar gélido do corredor, cheirava a sabonete e vapor. Embora quisesse fazer o certo e apenas colocara toalha na maçaneta, não conseguia sair dali. Naquele momento estava estático, ao lado da porta meio aberta, e diante da imagem molhada e despida de Charles, que me encarava através do vidro que nos separava. Meus dedos seguravam firmemente a toalha, que parecia escorrer entre meus dedos, diante de tanta força.

–Sr. Moosen. – sussurrou com o sabão escorrendo de seu corpo.

–Sr. Ocean. – olhava toda a imagem delicada e frágil de seu corpo, que se encolhia debaixo d’água. Por um instante desejei voltar no tempo e passar a noite ao seu lado, com as luzes acesas. Queria tê-lo visto daquela maneira por muito tempo. – me desculpe. – continuei ali.

–Achei que fosse deixá-la na porta. – olhou a toalha em minha mão.

–Eu ia, mas a porta abriu. – as palavras falhavam.

–Entendo. - sorriu.

–Esta aqui. – caminhei para próximo do box entregando-lhe a toalha. Sr.Ocean deslizou o vidro, e com uma das mãos pegou a toalha, que continuou em minha mão.

–Pode soltar Sr.Moosen. – encarava-me.

–Me chame de Geoffrey. – sorri aproximando-me lentamente, de modo que nossos lábios se tocaram. Uma de minhas mãos subiu até o pescoço de Charles, sentindo alguns fios de sua nuca ficarem de pé. – fique mais um pouco. – sorri enquanto ainda nos beijávamos. Ele fez o mesmo.

–Não posso, tenho de voltar para casa. – estava sussurrando. - minha mãe deve estar preocupada.

–Ah sim. A super protetora.

–Ela mesma. – abriu os olhos devagar, colando sua testa junto a minha. Seus olhos grandes e castanhos fitavam os meus, de maneira que um sorriso insistia em permanecer sobre meus lábios. Ele sorria torto, e seus olhos se esquivavam dos meus, conseguia ver a timidez em seu rosto. – preciso terminar o banho.

–Claro. – soltei a toalha, afastando-me lentamente. Charles sorria. Aquilo me fez perceber o quanto eu queria estar junto dele, e como as coisas pareciam ainda mais fortes, e ao mesmo tempo confusas.


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Notas finais do capítulo

Primeiro. Quero agradecer a todos que comentam sempre e me dão ótimas sugestões. Segundo. Este foi o capitulo, espero que tenham gostado e não estejam tão irritados com Geoff! Espero que digam o que acharam. E até o próximo capitulo!