Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 15
What Happens in Audio-Visual?


Notas iniciais do capítulo

Décimo quinto capitulo! Este capitulo está um pouco curto, mas é que eu estava pensando algumas coisas e acabei pensando em deixa-las para depois. Mas enfim, espero que gostem e pensem em visitar o Bean Bar algum dia. Charles Ocean.



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Leesburg, Virginia – 04 de Outubro.

O sol estava nascendo na alta estrutura da escola, que se acendia em um tom alaranjado manhoso, diferente do entardecer que mais se parecia com uma criança sonolenta ao fim do dia. As folhas no topo das arvores trepidavam diante da brisa gélida que se aproximava com as pequenas nuvens cinza, as quais pareciam trazer consigo a chuva. O estacionamento na parte dos fundos estava vazio. As janelas do meu carro estavam semi-abertas, puxando o ar quente para fora, junto do excesso de fumaça feita pelo cigarro que pendia entre meus dedos gordos.

Parada atrás do volante estava minha xícara azul, que trasbordava o chá fumegante escuro, o qual esperava esfriar de maneira natural. Os dedos de minha mão direita tamborilavam na pasta sobre minhas pernas que se moviam de um lado ao outro, ainda que o espaço a sua volta não fosse dos maiores. Enquanto minha mente parecia flutuar sobre o cenário gélido a minha frente e meus pulmões queimarem com a fumaça do cigarro, três batidas soaram a minha janela.

–Não vai entrar? – Geoffrey sorria através da janela embaçada. – me acompanhar em uma boa xícara de chá? – olhou a xícara que esfriava próxima ao vidro.

–Claro. – dei uma ultima tragada no cigarro, meio sem jeito. – ia entrar de qualquer modo. – peguei o casaco reserva no banco de trás, e passei os dedos pela alça da maleta.

–Não esqueça a xícara. – me ajudou com a porta, esticando a mão a fim de pegar a pasta. – deixe-me levar isto. – pediu educado. Fechei o carro com a chave e o segui até a porta de metal nos fundos da escola. Geoffrey a empurrou com seu antebraço, fazendo um sinal de cabeça para que eu passasse para o lado aquecido do prédio.

–Obrigado. – sorri com os olhos baixos.

–Não há de que. – deslizou os dedos pela porta que se fechou em uma leve batida. Passou por mim, olhando-me rapidamente antes de seguir pelo corredor com parte das minhas coisas sobre seus braços. Caminhou um pouco até chegar à diretoria, onde colocou minha pasta e meu casaco sobre a mesa ocupada por alguns envelopes amarelos. Sentou-se do outro lado da mesa, na cadeira almofadada, e buscou a xícara fumegante próxima do fax, ao lado de um pequeno bonsai. – queira se sentar. – apontou a cadeira tomando um gole do café.

–Obrigado. – coloquei a xícara sobre a mesa e sentei-me. – Sr.Moosen. – sorri com os lábios comprimidos.

–Geoffrey, por favor. – levantou as sobrancelhas em uma “suplica”. – Sr.Ocean.

–Charles. – sussurrei. – por favor.

–Tudo bem. – assentiu. Tomou um gole do café, que esfumaçava, unindo seu cheiro ao das avelãs que estavam impregnadas em seu terno. – sabe Charles. – olhou-me por cima da xícara. – sabe o que gostaria de fazer agora? – indagou.

–Não, eu não sei. – encarei seus olhos que pareciam sorrir.

–Gostaria de largar este café, dar a volta nesta mesa, e envolver-lhe em meus braços. – sorriu lentamente. – gostaria de beijá-lo. – pareceu sussurrar a ultima palavra. – mas acho que isso não seria apropriado a um diretor, não é? – sorriu.

–Tem toda a razão. – tentei ao outro lado sorrir com os olhos, de modo que ele entendesse. – acho que não seria nada apropriado para o momento. – mordi levemente o lábio inferior. – Geoffrey. – conclui. Um som metálico correu os corredores, indicando a presença de mais alguém na escola. – acho que Sr.Criswell chegou. – levantei-me pegando as coisas em cima da mesa. – preciso ir. Dei um ultimo sorriso a Sr.Moosen e sai da sala, caminhando pelos corredores até que chegasse a sala dos professores, onde encontrei Sr.Criswell e Linnea.

–Charles. – Linnea me cumprimentou com um abraço. Segurava um copo de plástico da Bean Bar em uma das mãos, e um

–Bom dia. – Sr.Criswell me cumprimentou erguendo um copo igual ao de Linnea a cima da cabeça. – oceano. – disse com certo sotaque cantado. – novidades para esta manhã? – indagou.

–Desculpe-me, não tenho nenhuma. – dei de ombros. – mas talvez o jornal de Leesburg tenha alguma coisa. – levei os olhos a sua mesa, notando que não havia nenhum jornal sobre ela. Naquele momento pude perceber que já havia um bom tempo desde que não vira Sr.Criswell reclamando dos erros do jornal. Usava a certo tempo camisetas normais, e nada de estampas com frases furiosas sobre os erros de escrita. – onde está seu jornal? – indaguei.

–Acho que já não estava mais precisando dele. – bebeu um gole do café cheio de espuma.

–Uau. – gracejei.

–Me desculpem a pressa rapazes, mas preciso ir. – Linnea pegou suas coisas debaixo do copo de café. – a televisão da sala de audiovisual não se levara até a sala 215 sozinha. – comprimiu os lábios. – então, até mais tarde. – fez um gesto parecido com um brinde e saiu.

–Da ultima vez em que ela tentou levar a televisão para a sala 215, acabou presa com a têve nas escadas. – Sr.Criswell se levantou, pousando o copo sobre a base emadeirada. – acho que desta vez precisara de ajuda para não cometer o mesmo erro. – arqueou a sobrancelha e suspirou, saindo pela porta. – até mais tarde. – disse já do lado de fora. Busquei em minha maleta meu exemplar de Hamlet, meu óculos grossos, e sobre a mesa a xícara de chá. Sentei-me e iniciei minha leitura.

Antes que conseguisse terminar a vigésima pagina, Sr.Moosen entrou em passos silenciosos pela porta. Antes mesmo que ele chegasse o cheiro de avelãs e chá quente já batia a porta, estragando assim toda a surpresa que ele planejava me fazer.

–Gosto de vê-lo usando óculos. – sua voz soou calma.

–Eu pareço um velho com eles. – sorri.

–O velho mais lindo que eu já vi em toda minha vida. – sussurrou. Um sorriso se desenhou em meus lábios, de modo que as palavras não conseguiam sair de minha boca. Geoffrey se aproximou e segurou firme uma de minhas mãos, passando o polegar por cima. – venha comigo.

–Para onde? – olhei-o por cima dos ombros.

–Saberá quando estivermos lá. – sorriu de canto. – apenas me acompanhe Charles Ocean. – puxou de maneira leve minha mão. Deixei o livro sobre a cadeira e acompanhei Geoffrey pelos corredores ainda vazios.

–Posso saber agora? – caminhávamos a passos largos.

–Não sabia que era tão curioso assim. – dobrou a esquerda descendo um pequeno lance de escadas. Dobrou a esquerda na fileira de armários azuis, que ricocheteavam o som de nossos sapatos batendo firmes contra o piso manchado do colégio. Descemos mais um lance de escadas, e então Sr.Moosen parou.

–A sala de audiovisual? – indaguei. – Linnea disse que viria para cá. Buscar a televisão.

–Não se preocupe. – olhou-me ainda segurando minha mão. – existem duas salas de audiovisual. Uma delas fica no primeiro andar, e todos os professores preferem usá-la. – comprimiu os lábios.

–E por que estamos aqui? – indaguei. – posso saber agora?

–Espere. – sorriu, de modo que seus olhos brilharam. Agarrou a maçaneta de maneira firme, girando-a uma vez, puxando-a para o lado de fora. Geoffrey largou minha mão de imediato, meus olhos se erguiam surpresos por cima de seu ombro alto. Seus olhos já não estavam mais sorrindo em entusiasmo, assim como seus lábios, que estavam fechados tentando entender a cena diante de seus olhos. A cena que se resumia em Sr.Criswell e Linnea agarrados dentro da ultima sala de audiovisual.


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Notas finais do capítulo

E este foi o capitulo de hoje! Espero que tenham gostado, e não tenham se infurecido comigo por mudar um pouco o foco para um outro assunto que estava ocorrendo na High VA Leesbur school :3 Fiquei meio inseguro desta vez com a narrativa e o capitulo, mas espero que tenham gostado *cruzando os dedos*. Digam o que acharam no review e até o proximo capitulo!