Beard, tea and tobacco. escrita por Enoaies


Capítulo 10
I can't forget


Notas iniciais do capítulo

Décimo capitulo! Espero que gostem e se apaixonem. Geoffrey Moosen.



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Leesburg, Virginia – 26 de Setembro.

Desde que conheci May Belle, meus pais tentam me convencer de que ela não é a garota certa para mim. Não que sejam esses tipos de pais que ficam se intrometendo na vida dos filhos, mas são do tipo que se preocupam com a minha felicidade. Desde eu estar me alimentando corretamente, até eu estar feliz com toda essa situação amorosa. No fundo, eles sempre dizem o que preciso ouvir pelo menos minha mãe sempre diz.

–Achei que fosse passar seu domingo com May Belle. – olhava algumas panelas no fogo.

–Ela ainda está brava comigo. – expliquei.

–E por isso cancelou todos os planos para esse fim de semana? – indagou, enquanto colocava as luvas para abrir o forno.

–Nem todos os planos. – recostei-me na bancada de madeira. – apenas aqueles que me envolviam. –dei-lhe um sorriso de canto.

–Sabe. – começou a fazer furos no bolo com o garfo. – uma vez, quando eu e seu pai ainda estávamos namorando. Combinamos de ir à praia. – fechou o forno. – Virginia Beach. – tirou as luvas. – mas duas semanas antes, tivemos uma briga horrível por causa de sua avó. E decidimos que não íamos mais. – sentou-se próxima a mim.

–Então o que houve? – indaguei.

–O tio dele, que cedeu a casa para nós. Disse que tudo estava pronto e que se não fossemos seria uma desfeita.

–E então, vocês foram?

–Feito duas crianças emburradas, mas fomos.

–E o que houve?

–Nós nos xingamos e gritamos feito loucos por um tempo. Uns dois dias. – sorriu se lembrando. – até o dia em que estava sentada na varanda, e ele apareceu. – disse de maneira calma. – sentou-se ao meu lado, e perguntou o porquê de estarmos brigados. - suspirou em uma longa pausa. – eu sei que sempre digo isso, mas aqueles olhos não deixavam mentir. Ele queria estar na praia comigo tanto quanto eu queria estar com ele.

–Então esta dizendo que eu deveria falar com ela? – franzi o cenho. – ou convencê-la a não desfazer nossos planos?

–O que estou dizendo é. – dirigiu-se ao forno, voltando a colocar as luvas. – eu queria ir com seu pai a praia. Estivéssemos brigados ou não. – abaixou-se para ver o bolo novamente. – mas esta moça. Ela não parece querer de verdade. Não parece estar lutando por vocês. Não parece querer ir à praia.

Entendia o que minha mãe queria dizer com “Não parece querer ir à praia”. Mas também entendia que ela e meu pai eram um caso a parte desde o começo. Entendia que eu e May Belle não agradávamos, mas éramos naquele momento feitos um para o outro, embora ela não suportasse meus chás e minha postura formal como diretor. Por um momento tudo era muito complicado e cheio de regras, tanto no lado de May Belle, quanto no meu.

Infelizmente minha mãe tinha razão em uma coisa. O amor de May Belle não parecia tão intenso, não era instigante ou simples o bastante pra me fazer querer estar com ela a todo o momento. Não era forte pra me fazer sentir falta de seu cabelo penteado e o modo como ela sorria. Não do modo como eu sentia falta daqueles cabelos desajeitados, daqueles suéteres cheirando a mel. E aqueles olhos castanhos que acompanhavam as letras no livro de capa dura, e se escondiam por trás daqueles óculos grossos. Não conseguia sentir sua falta daquele jeito. Não como sentia aquela falta.

***

Segunda logo se instalou no ar monótono de Leesburg. Passei o domingo na casa de meus pais em Maryland, e voltei à cidade no dia seguinte. Assim que estacionei meu carro na vaga a frente da escola, dirigi-me até a porta dos fundos, por onde entrava na maioria das vezes. Os corredores estavam vazios. Ainda era cedo e os alunos só começariam chegar dali alguns minutos.

Caminhei direto a minha sala, colocando a maleta em cima da mesa, junto a alguns papeis que esquecera ali na sexta. Usei o tempo antes da chegada dos alunos para resolver algumas coisas, fazer ligações e agendar as reuniões do conselho. Alguns minutos se passaram até sentir um fraco cheiro conhecido transitar pelos corredores gélidos e vazios. Levantei os olhos, olhando por através da porta semi-aberta, que exibiu a imagem rápida e embaçada de Sr.Ocean. Dei uma pausa com os papeis e ligações após poucos segundos, indo até a sala dos professores a alguns corredores da minha sala.

–Ainda consigo escutá-lo gritando pela pobre mulher. – Linnea dava uma risada alta.

–Oprah! Oprah! – Brian fingia um grito “embriagado”. – essa minha chance. Minha entrevista! – imitava as frases ditas por Tristan.

–Nem me lembrem. – Tristan se escondia atrás do jornal. – acho que essa foi uma das minhas piores bebedeiras.

–E acho que tenho de concordar. – interrompi da porta. – nunca o vi tão bêbado, quanto naquela noite. – sorri de canto. – e olha que nesses anos o vi bêbado varias vezes.

–Não exagere. – saiu de trás do pedaço de papel amarelado, tentando se defender. – não bebo tanto assim. - espremeu os olhos. –e o que veio fazer aqui? –dobrou o jornal.

–Preciso falar com Sr.Ocean um minuto. – olhei-o no canto da sala, com sua grande xícara de chá e o suéter de seu primeiro dia na escola. – se não estiver ocupado. Claro.

–Ah. Um minuto? – comprimiu os lábios, largando alguns papeis em cima da mesa. – claro. Na sua sala? –indagou.

–Sim. Por favor. – dei um espaço para que passasse pela porta, indo a minha pelo corredor. Andamos em silencio, até adentrarmos a sala, onde parecemos respirar depois de um longo tempo. – Sente-se. – indiquei a cadeira preta, a qual ele se sentou. Deixei a porta semi-aberta e sentei-me do outro lado da mesa.

–Qual o motivo pelo qual me chamou? – ajeitou-se na cadeira que gemeu.

–Precisava lhe dizer algo. – umedeci os lábios. Um tanto nervoso. – falar com o senhor sobre que anda acontecendo conosco.

–Sr. Moosen. – suspirou.

–Não sei o que está acontecendo. – repeti firme. – mas ainda sim, não consigo não pensar nisso. – comprimi os lábios.

–Desculpe? – pareceu confuso.

–Não consigo não pensar no que aconteceu. – dei de ombros. – desde o que houve na frente de seu carro. Nos fundos daquele bar.

–É bem difícil não pensar. – mordeu o canto do lábio superior, desviando o olhar. – e depois de ontem. No estacionamento. – suspirou.

–Tem razão. – disse em um tom compreensivo. Ficamos alguns segundos nos olhando. Sendo observados pelos livros e os raios de sol que entravam pela janela e arrastavam-se até a fresta na porta.

–Tenho poucos segundos até o inicio da aula. – disse após uma rápida olhada no relógio de pulso.

–Entendo. – engoli em seco. Sentia-me agora como um garoto de dez anos. Ao tomar sua primeira decisão. – não quero que me entenda mal. Mas o que estou tentando dizer é que. – fiz uma pausa. O sinal tocou ao fundo, cortando aquele momento de maneira fria e brutal. Ficamos ali, nos olhando como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Os segundos se esvaiam entre nós, enquanto os gritos se estendiam pelo corredor.

–Está na minha hora. – levantou-se de maneira rápida. – preciso ir para a sala.

–Claro. – comprimi os lábios. Andou até a porta e ficou ali por alguns segundos, segurando a maçaneta. Levantei-me da mesa e dei três passos a frente, chegando próximo o bastante para tocar sua cintura. – só acho que não consiga ficar longe agora que isso. – parei. Dei um rápido suspiro e fiz como no estacionamento, puxando-o para próximo de mim. Dei-lhe um beijo, que não pareceu nada frio, nada rápido. O sol tocava meu rosto e aquecia o momento, que por si só já era aconchegante. Em poucos segundos outro toque do sinal. E então, nos separamos.

–Acho que também não consigo. – desceu as mãos pela minha cintura, deixando-as cair em “cansaço”. – mas não tem outro jeito. – saiu da sala, deixando-me com o raio de sol em meu rosto, e o gosto amargo de tabaco em minha boca. Um suspiro, e uma descoberta. Não sabia que ele fumava. Sorri.


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Notas finais do capítulo

Nosso décimo capitulo em Leesburg, Virginia. Espero que tenham gostado e realmente se acostumado ao clima e as pessoas. E quem sabe o corpo docente não comemore com alguns reviews! ^o^ E até o próximo capitulo!



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