Algumas horas se passaram desde certos “incidentes”, Ben decidiu ver como estavam seus convidados. Os quatro estavam no quarto de Mal e Evie.

O garoto bateu a porta e logo foi atendido.

– Oi, eu só vim ver como estavam? Precisam de alguma coisa? – perguntou.

– Não, acho que não. – respondeu Mal fechando a porta – Na verdade... queríamos saber se sobre a sua coroação, como vai ser? A Fada Madrinha e a varinha dela vão estar lá? Nos quatro podemos ir?

– Sim, claro que podem! – respondeu rindo – A Fada Madrinha vai estar lá sim!

– Ah que bom, obrigada, tchau! – falou a garota fechando a porta.

“Eu cometi um erro achando que os filhos dos vilões seriam inocentes e bonzinhos, mas... talvez eu ainda consiga muda-los, se eu pudesse ‘amolecer’ seus corações” pensou Ben.

No dia seguinte mal procurava desesperadamente por Evie, a garota não estava no quarto, na sala de aula, atrás da arquibancada, em lugar nenhum.

Ela andava pelos corredores até que escutou um gemido forte de algum garoto, Mal seguiu o som até o banheiro masculino.

– Evie? – perguntou.

– Oi Mal, pera ai! – respondeu a garota de dentro do banheiro.

Em pouco tempo ela e outro garoto saíram juntos, ele, ao ver que alguém acabara de ouvir o que aconteceu saiu correndo envergonhado. Mal apenas riu, ela sabia o que a amiga acabara de fazer.

– Quem era? – perguntou.

– Eu sei lá! Achei ele bonito e... – respondeu.

– Entendi. Você tem que me ajudar Evie! Ben me disse que quer conversar comigo, um encontro, acho que ele descobriu tudo!

– Tudo?! Que matamos vários homens, que eu transei já com mais da metade dos garotos da escola, incluindo duas garotas, que Jay espancou um monte de gente, Carlos matou quase todos os mascotes e que você esta fazendo feitiços a torto e a direito?

– Eu não sei!

Quando Mal voltou de seu “encontro” foi direto para o quarto, abriu a porta, rezou para que Evie não estivesse com um garoto lá, e se jogou na cama.

– E ai? Como foi? – perguntou a filha da rainha Má.

– Um porre! Esses principezinhos só sabem falar deles mesmo! Achei que o Ben fosse diferente, mas são todos iguais, ele só ficou falando da coroação e de como ele vai ser rei.

– Só que ele não vai ser! Nos vamos dominar cada parte desse reino, saquear tudo e a todos, matar inocentes e culpados, nunca mais vamos ter limites, tudo que não for dos nossos pais será nosso!

– Eu sei, tomara que isso acabe logo. – lamentou Mal.

– Esse mundo é quase tão ruim quanto o nosso, tem desigualdade, já vi um monte de princesinhas humilhando as outras. Já vi o Chad subornando o professor para passar na prova. A única diferença de Auradon para a nossa ilha é que aqui as coisas ruins acontecem por de baixo dos panos. Não somos nos ou a nossa ilha que estão podres, mas sim o mundo todo.

– Evie, as vezes você é tão esperta. – elogiou.

– Valeu! Pelo menos quando dominarmos esse lugar a diversão vai ser ainda melhor!

As duas ficaram sem falar nada por um tempo, apenas escutando o silencio e imaginando como seria bom dominar tudo aquilo.

– Meninas, saiam dos quartos, hoje é um dia especial aqui em Auradon! – falou a diretora cantarolando – É o dia da família!

As garotas levantaram correndo e foram até a porta.

– Minha mãe ta aqui?! Deixaram ela sair da ilha?! – perguntaram juntas.

A Fada começou a chorar de tanto rir.

– Não sejam bobas meninas! Suas mães nunca seriam convidadas apara algo tão especial como o Dia da Família. Elas continuam presas na ilha.

“Por pouco tempo, sua prostituta gorda e mal paga” pensou Mal.

– Então porque nos chamou? – perguntou Evie.

– Todos os alunos devem jogar croquet nesse dia. – respondeu.

As garotas foram levadas até um local com muitas arvores, flores e luz do sol, um lugar que em breve seria... qualquer coisa menos aquilo. Talvez um lugar onde pudessem quebrar os crânios dos inocentes após sua tortuosa morte.

Carlos e Jay já estavam lá, se preparando para jogar.

– Preparados para perder? – perguntou Mal.

– Vai sonhando! – respondeu Jay.

Após algumas jogadas uma velha senhora começou a encarar Mal, come se conhecesse a garota de algum lugar. A idosa se aproximou e perguntou:

– Você não é daqui, não é garota?

– Não, eu meio que estou fazendo um intercambio. – respondeu.

Audrey se aproximou segurando a mulher pelos ombros e a afastando da garota de cabelos roxos.

– Vovó! Acho melhor a senhora não falar com ela, a não ser que queria dormir por mais cem anos! – falou.

– Vovó!? Então você é mãe da Aurora?! – perguntou Mal.

Durante alguns poucos segundos a velha senhora ficou olhando para Mal, até que se lembrou do rosto da garota.

– V-você?! Porque esta aqui?! E como ficou tão jov—

Antes que a idosa pudesse terminar de falar ela caiu no chão tendo pequenas convulsões.

– E-ela esta tendo um ataque cardíaco! – gritou Audrey – Chamem um médico!

– Oba! E o melhor é que eu não fiz nada! – falou Mal sorrindo.

Rapidamente uma ambulância chegou colocando a antiga rainha em uma maca e a levando para o hospital mais próximo.

– Você! Você fez isso com ela! E tenho certeza que os outros três a ajudaram, não sei como, mas ajudaram! – gritou Audrey, ainda mais alto.

– Eu não fiz nada! Muito menos eles!

– Mal, você fez isso com ela? – perguntou Ben se aproximando da garota – Porque?

– Porra! Já disse que não fui eu, caralho!

Ela saiu correndo irritada com o que acabara de acontecer, tudo bem que Mal era a vilã ali, mas só por causa disso tudo de ruim que acontecia com essa gente rica e esnobe é culpa dela? A garota não ia aguentar mais nem um dia naquele lugar, nem os outros três, que após o incidente foram embora junto com Mal.

As regras de Auradon eram ainda mais arcaicas que na ilha, quando se tratava de vilões, “culpado até que se prove o contrário”.

– Eu sabia que isso ia acontecer. – falou o pai de Ben.

– Mas... – tentou achar uma explicação, mas não conseguiu.

– Tinha certeza que Jafar, Cruella Deville, a Rainha Má e muito menos a Malévola tinham ensinado bondade e honestidade aos filhos. – falou Bela desapontada com o filho.

Enquanto iam embora com cada vez mais raiva daquele lugar a única coisa que os quatro pensavam era “tomara que amanha chegue logo!”.