Imouto escrita por Mitsue chan


Capítulo 6
Hatake Kaori


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Desculpa a demora, mas eu tava sem tempo. Queria dizer que, se vocês acharem que a história tá indo rápido demais, esperem, porque tem um motivo pra isso. Enfim, desejo a todos uma boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/640225/chapter/6

– Karori! – Kakashi chamou. A garota veio bem devagar, com as mãozinhas atrás das costas e sem olhá-lo nos olhos, sabia a razão de estar sendo chamada. Ela ficou de frente para ele, olhando para o chão. Lentamente foi levantando o rosto. Seu oniisan estava de braços cruzados, sua expressão era séria. Ela tentou sorrir um pouco, mas não deu certo. O jeito era falar.

– Sim, oniisan? - ela perguntou docilmente. Kakashi continuava com a mesma expressão. A verdade era que ele se segurava para não ceder ao jeitinho amável dela, tinha que ser firme. Como aquela criança conseguia ser tão adorável? Kami-sama, ele estava mesmo ficando mole.

– Quer me dizer alguma coisa? – ele perguntou de maneira sugestiva. Já sabia o que ela havia feito.

– Hum – ela resmungou. Isso ia ser difícil – Pra você! – ela tirou as mãos de trás das costas e revelou um desenho. Nele se via Kakashi com Kaori em seus ombros, ambos sorrindo. Muito esperta Kakashi pensava Ela usa desenhos como chantagem emocional. Criancinha manipuladora. Mas ele se manteve firme, sem sequer alterar o tom da voz.

– Kaori, sem brincadeiras. – Kakashi disse, e viu a garotinha abaixar o desenho admitindo sua derrota.

– Gomen – Kaori disse. Então sorriu – Foi engraçado, né?

Kakashi suspirou e tirou uma de suas máscaras do bolso, exatamente igual a que estava usando. A diferença era que aquela tinha uma pequena boquinha sorridente desenhada na frente com tinta branca. Na verdade, ele também achava aquilo engraçado, mas não podia deixar Kaori pensar que podia mexer com o que quisesse.

– Não – ele respondeu – E espero que não se repita.

– Hai, Kakashi-niisan. – a garota assentiu com a cabeça abaixada e a voz manhosa.

Problema resolvido. Então ele disse para ela ir brincar enquanto ele trabalhava. Era incrível o modo como Kaori havia mudado nas últimas semanas. Nos primeiros dias dela com Kakashi ela era amável, sensível, muito tímida e um pouco travessa. Assim que ele aceitou-a plenamente, a garota revelou sua verdadeira essência: amável, sensível, nada tímida e muito travessa. Uma prova disso era a obra de arte que havia feito nas máscaras de Kakashi, ou a mistura de shampoos no banheiro, ou outra bagunça na cozinha, ou os belos desenhos em sua parede branca, ou os “treinos” escondidos com uma kunai que resultaram em muitos arranhões na porta da frente. Nesse último ocorrido não passou despercebido para o ninja o fato de ela parecer ter afinidade com o universo shinobi. Talvez fosse uma boa ideia efetivamente treiná-la. Só havia um problema: ela era forasteira e precisaria de uma permissão para ser treinada. Kakashi teria que resolver isso depois. Por hora deveria cuidar para não ter sua casa destruída.

Por volta das cinco da tarde, ele finalmente acabou de preencher cada um dos entediantes relatórios. Mesmo que não tivesse que sair em missões ANBU, o Hokage lhe enviava papeladas regularmente. Para ele, aquilo era mais exaustivo que missões. O ninja olhou ao redor, procurando por sua pequena companhia e a encontrou sentada no chão da sacada, olhando atentamente para fora. A não ser pelo dia em que eles saíram para comprar roupas, Kaori não havia deixado o apartamento, provavelmente por receio de ver outras pessoas. Talvez essa fosse a razão de suas travessura. Ela estava entediada e se sentindo presa, embora nunca reclamasse, ela jamais seria ingrata com seu oniisan. Kakashi analisou a situação. Já havia terminado o trabalho, não precisava se preocupar com missões e ainda faltavam algumas horas antes do jantar. Nada o impedia de proporcionar a criança um pouco de diversão.

– Kaori – ele chamou. Ela virou a cabecinha para ele. – O que você acha de ir ao parque?

Os olhinhos castanhos da criança brilharam de animação. Ela se levantou num pulo e se jogou em Kakashi. Ele já estava acostumado com isso, então se abaixou para pegar a menina nos braços.

– Sugoi, niisan! – ela gritou para ele. Kaori foi correndo para o quarto a fim de trocar de roupa. Um minuto depois ela voltou vestindo uma camiseta azul claro e seus shorts brancos favoritos, em suas mãos ela trazia uma fita de cabelo cor de rosa. Ela chegou bem perto de Kakashi e perguntou:

– Arruma meu cabelo, niisan?

O ninja franziu o cenho. Não fazia ideia de como fazer aquilo, já que a garota ficava de cabelos soltos dentro de casa. Ele já havia tido um curso intensivo com Kurenai sobre como lavar e pentear os cabelos de Kaori, porque ela não conseguia lavá-lo sozinha e Kakashi teve de fazer isso. O maior problema foi fazer com que ela não sentisse vergonha dele. Ele aprendera que deveria molhar bem, passar o shampoo, enxaguar, passar condicionador e só então pentear. Jamais penteie cabelos cacheados secos. Nunca. Nunquinha mesmo.

Tudo aquilo já era complicação demais para um homem que usava apenas o shampoo. Agora como prender aqueles cabelos quase que molecularmente unidos estava além de sua compreensão.

– Hã... claro. Venha cá – ele respondeu e pegou a fita.

Eu posso derrotar um exército de ninjas assassinos, eu posso fazer isso.

Mas não podia. Ele tentou de todos os jeitos, mas não conseguia separar e prender as madeixas da criança. Cada vez que ele tentava, um fio puxava o outro e tudo ficava uma bagunça de novo. Ele com certeza iria fazê-la cortar os cabelos quando fosse mais velha. Antes que pudesse ficar frustrado com isso ele apenas juntou tudo e fez um nó com a fita, resultando em um rabo de cavalo torto e frouxo. Contudo, Kaori não se importava, contanto que seus cabelos não caíssem nos olhos ela estava feliz.

A criança quase pulava de animação enquanto ele abria a porta. Os dois caminhavam de mãos dadas e mais uma vez Kakashi se sentiu constrangido com os olhares que recebia. Mas ele teria que aguentar isso até que todos se acostumassem com o fato de que, agora, ele era responsável por ela. Finalmente chegaram ao parque e Kaori foi correndo brincar com algumas crianças que ali estavam. Enquanto isso o homem se sentou em um banco por perto, tirando seu livro favorito do bolso. Vez ou outra ele levantava os olhos para checar se Kaori estava bem. Numa dessas vezes ele viu ela se desequilibrar ao descer do balanço. Hum ele pensou Ela precisa desenvolver mais o equilíbrio, mas isso virá com o tempo. Poderei ensiná-la a trabalhar isso quando for mais velha. Nossa... é a segunda vez hoje que visualizo ela mais velha. Será que realmente estou vendo um futuro com essa criança ao meu lado? Seria muita responsabilidade, não poderei ir a algumas missões ou terei de encontrar alguém para cuidar dela enquanto não estiver. Além disso, vou ter que descobrir como lidar com aquele cabelo. O pior de tudo seria ser responsável por sua criação, seus valores. Eu nem sei se os meus estão corretos. Ela merece uma família, com pai e mãe. Talvez o Hokage possa-

– Para! – Kakashi ouviu o grito de Kaori e, ao levantar os olhos viu que ela estava de frente para algumas crianças um pouco mais velhas e que chorava. O ninja rapidamente se levantou e foi ver o que havia acontecido.

– O que houve? – ele perguntou se agachando ao lado da garota – Você se machucou?

As outras crianças se assustaram um pouco com a chegada repentina daquele homem grande e assustador. Kaori negou com a cabeça enquanto secava as lágrimas. Ela fechou a cara e não quis falar. A única criança que não estava implicando com ela era Sonju, o netinho da senhora Suzume, que acabara se tornando um grande amigo de Kaori, embora sua queridíssima avó ainda nutrisse algum ódio do ninja. Vendo que sua amiguinha não iria falar, o garotinho loiro se adiantou.

– Eles disseram que ela não tem nome. – ele respondeu. Kakashi franziu o cenho, confuso. Como assim não tinha nome?

– Mas ela não tem – o garoto mais corajoso disse. Devia ter por volta dos sete anos. Chateando uma garota mais nova, esse covarde Kakashi pensou. O menino continuou – Ela disse que se chama Kaori, mas não tem pai, nem mãe e nem nome! Tem que ter um segundo nome, como eu! Hiruku Mosatu!

Então Kakashi entendeu. Eles estavam criticando Kaori por não ter uma família ou um clã ao qual se ligar. Realmente, a falta de um sobrenome era incomum. Ele estreitou os olhos. Poderia simplesmente dar uma de ninja ameaçador e assustar as crianças, mas isso não resolveria nada. Bom, havia outra solução, mas ela acarretaria em várias consequências. Ele refletiu por um segundo e tomou uma decisão que iria mudar sua vida. Ele fez uma cara confusa e disse:

– Ora, mas que bobagem. É claro que ela tem um segundo nome.

Todos, inclusive Kaori, olharam para ele sem entender.

– O nome dela é Hatake – ele respondeu – Hatake Kaori.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Comentários? Recomendações?