Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 46
Capitulo 46




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/639862/chapter/46

Quando a noite caiu e nós começamos a nos dirigir para o quarto, Jill deixou apenas que nós passássemos pela porta do apartamento para começar a me interrogar.

– E então? O que eu perdi? O que aconteceu? – ela perguntava cheia de expectativa.

Eu lhe contei tudo, inclusive da parte constrangedora onde eu tinha realmente chorado na frente de Dane e no final, ela parecia não entender.

– E agora? Vocês voltaram? Vocês continuam sendo amigos? Quer dizer, um beijo na testa não era bem o que eu esperava. Parece coisa de amigos! Eu posso lhe beijar na testa e isso não vai significar muita coisa a não ser que eu realmente me importo com você.

– Eu não sei. – eu assumi, dando de ombros.

Jill parecia frustrada e ergueu as mãos para os céus.

– Vocês dois estão me matando! Até Nolan e Matt está sendo mais fácil! – ela se levantou, indo em direção ao seu quarto. – Eddie precisa chegar logo! Eu sinto falta de um relacionamento estável!

Eu ri do quão irritada ela ficou e então fui para o meu quarto, me deixando pensar em tudo que havia acontecido hoje.

Quando nos encontramos para jantar, dessa vez não tínhamos muitos planos e Jill parecia cansada, o que eu realmente achei algo fora do comum. Talvez pela primeira noite eu tivesse a oportunidade de passar algumas horas a mais naquela confortável cama de casal com lençóis e outros tecidos luxuosos.

Nós jantamos em uma lanchonete comum e mesmo cansada, ela ainda continuava observando a mim e ao Dane, se sentando ao nosso lado e pondo ele entre nós. Eu podia praticamente sentir seu cansaço e frustração já que para qualquer pessoa de fora, nós éramos apenas uma mesa com cinco amigos. Logan, Gwen e Jessica não vieram. Matt e Nolan não estavam em um relacionamento ainda, então simplesmente se tratavam como amigos. De qualquer forma, Matt era tímido demais para demonstrar qualquer tipo de afeto, mas aos poucos ele já começava a falar mais e conversar com todos nós.

– Atrás da lanchonete tem uma pista de boliche, nós bem que podíamos ir depois daqui... – Nolan disse, voltando para a mesa com refis de copos de refrigerante.

– Eu topo! Mas, estamos em numero impar... – Jill analisou.

– Eu não sei jogar. – Matt disse. – Posso ficar apenas observando.

– Ah, sem problemas, eu também não sou muito boa. – Jill disse. – Vamos fazer assim: seremos dois jogadores ruins, tentando fazer um bom e o Nolan, contra Ana e Dane.

Depois que todos concordamos, nós seguimos para a pista de boliche e eu troquei meus tênis pelos sapatos, dando graças por estar de meia. Jill que estava de salto, não teve essa sorte e em seguida começamos o jogo.

Foi divertido e engraçado ver como as coisas funcionaram. Nolan acabou tendo que ensinar não só Matt, como também Jill e depois de um tempo, Matt pegou o jeito e graças aos reflexos dhampir, era bom ao mirar e fazer strikes, mas Jill continuou sendo ruim, o que a deixou com a aparência ainda mais frustrada e cansada. Dane e eu vencemos com grande diferença.

– Não que eu já não soubesse, mas nós formamos um ótimo time. – ele me disse, depois que eu o abracei em comemoração.

Eu não respondi e depois que nós fomos trocar os sapatos, nós pagamos por tudo e seguimos para a noite fria, mas a neve havia parado por hoje. Jill continuava parecendo abatida e chateada e eu achei que fosse por sua ansiedade para rever Eddie, que só chegaria na segunda. Dessa forma, enquanto nós andávamos, eu tive uma ideia ao ver uma fonte e um carro para limpar a neve que estava acumulada na pista de patinação que já estava fechada ali próximo.

– Jill, se sente cansada fisicamente? Quer dizer, pode usar sua magia para algo? Eu prometo que vai ser algo legal.

Jill imediatamente criou interesse e eu a guiei até a pista de patinação.

– Está fechada. – ela disse com um biquinho. – Mesmo que eu deixe o gelo pronto, como vamos entrar?

– Deixe isso comigo. – eu disse e então peguei o canivete que estava em minha cintura e me aproximei do cadeado da porta. – Eu estou sem pratica, mas acho que algumas coisas não mudam tanto assim.

Em alguns minutos, eu consegui arrombar o cadeado e as travas que tinham na porta.

– Sério? Você realmente acabou de fazer isso? – Jill parecia chocada.

– Ah, por favor. Isso faz parte da época da minha vida onde eu fugia. – eu disse bufando.

– Há o que? Três meses atrás? – ela brincou estreitando os olhos e então entrou, começando a tratar da pista de patinação.

Eu também arrombei os armários que continham os patins e logo estávamos trocando os sapatos novamente.

– Então... eu não sabia dessas suas tendências criminosas. Devo admitir que isso é bem sexy. – eu ouvi Dane dizer ao se aproximar e se sentar ao meu lado na arquibancada do lugar.

– Obrigada, futuramente vou lembrar disso quando lhe ligar de madrugada pedindo para que você me arranje um advogado, já que Abe vai ter um ataque se eu for pega hoje em dia.

– Oh, Ana... Se você me ligar de madrugada, vai ser por querer outra coisa, já que se um dia você estiver precisando aprontar uma dessas, eu vou estar ao seu lado. – ele disse, se esticando e pondo o braço em meus ombros.

– Maravilhoso. Um companheiro de sela. – eu disse, lhe acotovelando, me levantando e lhe oferecendo a mão. – Vamos?

Dane que parecia envergonhado e escondendo alguma coisa, não se levantou.

– Não sabe esquiar, mas sabe patinar? – ele perguntou.

– Patinar era uma das minhas coisas favoritas a se fazer quando eu era menor. – eu assumi.

– Não sei se faça piada com o fato de você um dia ter sido menor que sua atual estatura, sobre patinação ser um hobbie, mas você ter se chateado quando eu falei sobre os pinguins ou continuo com a coisa do esqui... Você me deu muito conteúdo aqui. – ele disse suspirando com ar de riso.

– Dane, levante-se. – eu revirei os olhos e então olhei para seus pés, sem os patins. – Espere. Você não sabe patinar?!

– Você tem sua especialidade, eu tenho a minha. – ele disse e parecia ressentido.

– Então dessa vez, eu te ensino. – ele virou a cabeça para um lado, pronto para outra piadinha. – E se disser mais alguma coisa, eu juro que vou deixar você cair de proposito.

– Hey, eu não fui um professor mau para você. – ele disse e então começou a trocar os sapatos e por os patins.

Só para que ele se levantasse e não caísse, já foram alguns minutos, mas quando eu olhei ao redor, eu encontrei Jill patinando graciosamente por todo o lugar, o cansaço e a tristeza já era passado. Ela era Jill novamente.

Depois de um tempo, eu patinava de costas, segurando as mãos de Dane até que ele criasse confiança, mas mesmo assim ele ainda caiu algumas vezes, me levando junto na maioria.

Quando Nolan e Matt disseram que iam dar uma volta e demoraram mais do que o esperado para voltar, eu e Dane passamos a incluir Jill em nossa conversa enquanto patinávamos.

– Se sente melhor agora? – eu perguntei, enquanto nós acelerávamos e Dane nos seguia em sua própria velocidade.

– Sim. Obrigada. – ela disse, indo mais rápido ainda e saltando.

– Exibida! – eu falei mais alto para que ela ouvisse.

– Eu diria que isso foi um desafio. – Dane disse se aproximando.

– Não. Foi fácil demais para ser um. – eu sorri e então imitei Jill, saltando e completando com vários rodopios.

Eu ouvi Jill e Dane batendo palmas e soltando assobios e agradeci de maneira teatral, indo até eles. Depois de algum tempo, nós decidimos voltar e dessa vez, nós três estávamos realmente cansados.

– Podemos assistir um filme? – Jill perguntou – Não quero dormir sozinha e pelo visto não vou encontrar Nolan em lugar algum hoje.

– Por mim tudo bem. – disse Dane e eu acenei enquanto íamos para o apartamento.

Nós pedimos algumas coisas e então escolhemos um filme de comedia romântica com um titulo brega, que Jill disse ser um dos seus favoritos e abrimos o sofá, o fazendo uma cama. Dane ficou novamente no meio e depois que comemos, eu nem sequer me interessei em mais alguma coisa do filme. Não cheguei a ver o final, pois adormeci e só acordei quando ouvi Jill e Dane conversando em sussurros. Ele havia me abraçado ou talvez eu tivesse abraçado ele e Jill parecia ter sentado. Eu não ousei abrir os olhos e continuei fingindo dormir.

– Vou para o quarto, você vai acorda-la? – eu ouvi Jill perguntar e Dane não respondeu, mas pelo visto balançou a cabeça.

– Não faça nada de errado com a ela, okay? Eu e você agora somos amigos, mas ao contrario do que os outros pensam, para mim é ela que vem em primeiro. – eu ouvi Jill continuar e podia apostar que ela estava sorrindo.

– Para mim também. – eu ouvi Dane dizer. – E obrigada pela confiança, princesa.

– Hey, eu já estou deixando você dormir aqui. Não atravesse a linha.

– E eu achando que tínhamos criado uma amizade enquanto ela estava fora...

– Boa noite, Dane. – eu a senti se levantar.

– Boa noite, Jill. – eu ouvi Dane responder.

E então Dane pegou o edredom em que nós três estávamos enrolados e puxou, pondo em meus ombros com cuidado.

– Boa noite, Ana. – ele disse, beijando o topo da minha cabeça.

Eu tentei não demonstrar nenhuma reação e continuar fingindo dormir, mas tudo que eu queria ali era responder seu “boa noite” como deveria.

Quando acordei, ouvindo alguém bater na porta, eu me levantei e deixei Dane dormindo.

– Quem é? – eu grunhi.

– Hey, dorminhoca. – eu ouvi a voz de Eddie. – Aposto que Jill também não acordou ainda, certo?

Mas ao abrir a porta e encontrar Eddie com um lindo buque de rosas, eu também encontrei Janine e era tarde demais, já que Eddie entrou no apartamento, abrindo a porta e deixando a sala a vista.

Ah, merda.

– Hey, mãe. Bom dia. Eu achava que vocês só chegariam amanhã...

Janine não passou 5 segundos analisando o quarto até enxergar Dane dormindo no sofá.

– Novamente? – ela disse me encarando.

– Se servir de consolo, eu posso dizer mais uma vez que não aconteceu nada. – eu disse com um sorrisinho.

E então eu segurei Janine pela mão e a guiei até meu quarto, fechando a porta ao vê-la entrar.

– Estou começando a considerar pedir ao seu pai para lidar com essa situação. – ela disse, cruzando os braços.

– Sabe que em dois meses eu vou ser maior de idade, certo? – eu perguntei, mas depois respirei fundo e então a abracei. Eu não queria brigar com Janine há essa hora e ainda estava de ótimo humor. – Vamos só não falar sobre isso e aproveitar que hoje é domingo, Rose provavelmente vai querer se atualizar com Lissa, então pode ser a guardiã dela... você podia tirar o dia livre e... quer dizer, se você quiser.

Janine parecia surpresa com minha reação e meu temperamento amenizado em excesso e sinceramente, eu também.

– Claro. Podemos ter um dia para nós duas. Fazer... O que você quiser. – ela disse, me abraçando de volta.

Eu estava começando a desconfiar que eu estivesse mesmo fora do meu normal. O dia seguiu de maneira interessante e depois de todo esse tempo, acho que esse foi o dia em que eu e Janine realmente conversamos. De verdade. Ela estava disposta a fazer o que eu quisesse e depois que eu a deixei dentro do meu quarto, enquanto eu acordava Dane, nós 5 tomamos café da manhã, enquanto Jill parecia tentar não rir da minha desgraça e Eddie pedia desculpas com o olhar e parecia realmente arrependido.

Depois que Dane tentou iniciar uma conversa com Janine, mas falhou miseravelmente, ele se despediu e voltou para seu quarto e eu resolvi liberar o apartamento para Jill e Eddie, saindo com Janine para lhe mostrar o que eu já tinha visto do resort.

Primeiro nós fomos até Hans, o chefe dos guardiões da Corte, já que Janine quis avisa-los que tiraria o dia de folga, o que o deixou impressionado e Janine ligeiramente constrangida. Depois nós fomos até Rose, que ficaria no comando da guarda de Lissa e em seguida fomos até o spa do hotel, onde passamos o dia inteiro.

Enquanto conversávamos, Janine assumiu que não lembrava da ultima vez em que tinha tirado um dia de folga, a não ser pelos feriados e mesmo assim. Eu me deixei pensar o quão difícil isso deveria ter sido para Rose, mas por não querer estragar o dia, eu preferi não mencionar. Eu só conseguia imaginar que Rose pelo visto era uma versão de Bea com uma mãe melhor.

No salão, foi quando eu quase tive um surto, quando Janine sugeriu que eu cortasse o meu cabelo aos poucos, para não sentir tanta diferença quando eu o cortasse no tamanho padrão das guardiãs. Eu nunca fui muito ligada a roupas ou qualquer outra coisa de garotas normais, mas meu cabelo era a única coisa que eu tinha em comum com Oksana, quando anteriormente eu buscava tanto por algo que me identificasse e a única vez que eu cheguei a tê-lo realmente curto foi no tempo em que passei na escola, já que por estar próxima de tantas crianças, eu adquiri piolhos. Situação nada agradável e apenas mais um motivo para eu odiar o tempo em que passei ali.

– Rose manteve o cabelo. – eu argumentei.

– O seu é maior. Isso pode dificultar seus movimentos no futuro. – ela rebateu.

– Quando dificultar...

Ela não respondeu, mas sua expressão fez com que eu entendesse exatamente o que ela diria a seguir “quando dificultar, pode não haver uma outra oportunidade.”. Eu suspirei e deixei que a cabeleireira aparasse as pontas, que realmente já estavam enormes e deixei na altura da minha cintura.

– Tatuagem legal. – eu a ouvi dizer enquanto secava meu cabelo.

– Coisa de família. – eu respondi com um sorriso curto.

– Você também tem uma cicatriz grande aqui... – ela disse tocando de leve.

– Um acidente quando ela era mais nova. – Janine respondeu duramente e isso deu um fim às perguntas.

No fim do dia, nós fomos até a lanchonete do dia anterior.

– Então... quer me falar agora o que está acontecendo entre você e o garoto? – ela perguntou fingindo desinteresse e analisando o cardápio do lugar.

– Nada está acontecendo. – eu respondi prontamente.

Ela deixou o cardápio em cima da mesa e me encarou.

– Ele gosta de você. – ela disse e não foi uma pergunta.

Mesmo assim eu dei de ombros.

– Não finja que não sabe disso. Se não gostasse, ele não teria feito metade do que já fez e faz, já que se mantem tentando forçar para que eu tenha alguma empatia com ele e apesar de falhar nisso, está sempre ao seu lado.

– Então você só gosta de tortura-lo não respondendo as suas tentativas de conversa? – eu disse levantando uma sobrancelha.

Janine riu.

– Oh, Ana! Por favor, ele é um alvo fácil demais! Ele me lembra Abe. Sempre disposto a fazer algum comentário espertinho, mas no fundo... – ela não continuou e eu aproveitei para virar o jogo.

– Falando nisso, a historia conta que depois que eu... fui levada, isso enfraqueceu o casamento de vocês. – eu comecei e ela franziu as sobrancelhas. – Por isso vocês se separaram, mas... agora eu estou aqui. Vocês me encontraram. Existe alguma possibilidade...

– Seu pai mandou você perguntar isso? – ela me perguntou me surpreendendo.

– Não. – eu respondi um tanto confusa.

Ela prendeu os lábios e voltou a analisar o cardápio, depois a garçonete veio nos atender e anotar nossos pedidos e eu achei que Janine não me responderia, mas depois de alguns minutos, ela finalmente falou.

– É complicado. – ela disse por fim.

Eu a observei curiosa e esperando por mais frases, mas ela não falou nada mais e voltou o assunto para mim.

– E eu faço as perguntas aqui. Então, qual a desculpa da vez? Por que ele dormiu no apartamento de vocês hoje? – ela perguntou estreitando os olhos.

– Não são desculpas. – eu disse com uma careta. – E Jill não queria dormir sozinha, nos chamou para assistir um filme. Nós três estávamos no sofá e eu acabei dormindo por lá. Pelo visto, Dane também. – eu disse e então a garçonete apareceu com nossos pedidos.

Isso deu a Janine o que pensar e mais uma vez ela ficou em silencio me observando, enquanto eu comecei a comer.

– Você gosta dele. – ela disse depois de um tempo e mais uma vez, não havia interrogação ali.

– Isso não foi uma pergunta. – eu respondi evasivamente.

– Não, não foi. – ela disse, mas mesmo assim continuou me encarando como se esperasse uma resposta.

– É complicado. – eu respondi e não consegui deixar de sorrir, fazendo Janine sorrir também.

– Anastacia, eu só sinto que... tudo está acontecendo tão rápido. Em um momento eu encontrei você e então você fugiu e eu a encontrei novamente e depois você fugiu novamente, depois voltou, mas então foi para a Rússia...

– Okay, entendi. Eu fujo bastante. – eu disse com uma careta, o que fez Janine rir.

– Não é sobre isso. É sobre a minha ausência na vida de vocês duas. Rose também fugiu. Eu fiquei sem saber por onde ela estava e depois disso, eu tentei me aproximar dela, mas já era um tanto tarde. Vocês duas criaram uma espécie de escudo independente. E-

– Completamente hereditário. – eu a interrompi e ela sorriu com um aceno, mas continuou.

– E eu me orgulho disso, mas às vezes eu só me culpo por não ter sido presente na vida de vocês.

– No meu caso, não foi sempre opcional. Então acho que por mim, tudo bem. Mas não foi assim para Rose e vocês deveriam ter um dia para conversar também. Abertamente. Sem escudos. – eu disse.

– Okay, eu vou tirar um outro dia de folga. – ela afirmou.

– E o milagre acontecerá pela segunda vez. – eu disse de maneira dramática.

E então nós comemos e terminei o dia indo até Rose e finalmente conversando com ela desde que chegamos ali.

– Então, como está sendo ser uma Strigoi em tempo integral? – eu perguntei quando encontrei ela e Dimitri na mesa onde Lissa estava sentada, lendo uma papelada que eu não entendia. – Deve ser um tanto chato e eu mal vejo você por aqui...

– Está brincando? É ótimo poder testar vocês! A maioria de vocês quase sujam as calças quando são pegos de surpresa! Agora vou fazer isso dia sim e dia não já que Lissa chegou, mas talvez até leve ela para observar. Tenho certeza que vai ser divertido. – ela disse rindo.

– E você Dimitri? Aposto que deve ser engraçado ser um Strigoi que na verdade é um dhampir, mas que já foi Strigoi, certo? Quer dizer, deve ser uma loucura! – eu soltei rindo e então percebi que isso deixou Dimitri desconfortável e Rose tentou não rir depois que percebeu também. Revendo o que eu tinha dito, eu na verdade nem acreditava no que tinha acabado de falar. – Me desculpe. Foi mal. Eu não sei o que me deu. Eu tenho estado um tanto fora de controle nesses últimos dias.

E então o silencio ficou ali desagradável até que Lissa que tinha ouvido tudo, não conseguiu se segurar e começou a rir, o que levou Rose a rir também e então Dimitri chegou a sorrir e eu pude relaxar por ter sido perdoada.

Voltando para meu quarto no final da noite, eu não encontrei Jill ou Eddie ali e assim que encontrei meu celular, vi as mensagens que Dane tinha me enviado durante o dia.

“Espero não ter lhe causado problemas de novo. Eu tentei conversar com sua mãe, mas...”

“Ana, pode me responder assim que ver essas mensagens? Estou começando a ficar preocupado”

“Okay, é isso. Eu vou até seu apartamento e espero não encontrar somente o seu corpo.”

“Quer dizer, se você estiver só... Oh, dane-se. Estou indo.”

Eu ri alto e notei que a ultima mensagem vinha de cerca de quinze minutos atrás e enquanto eu começava a digitar para que ele se acalma-se, eu ouvi o barulho na porta.

– Pode se acalmar, não há nenhuma donzela em perigo por aqui. – eu disse ao atender a porta e dar de cara com um Dane que parecia realmente nervoso e preocupado.

– Então estava me ignorando de proposito?

– Não, eu só tive um dia agradável com Janine e esqueci de levar o celular. – eu disse e então contei a ele como foi parte do meu dia.

Ele acenou e então olhou ao redor.

– Jill está aqui? – ele perguntou.

– Não. – e então eu entendi onde ele queria chegar. – Mas pode chegar a qualquer momento. Eddie também. E minha mãe. Ou Rose.

Dane riu e então se aproximou de mim, me abraçando.

– Eu não estava pensando nisso.

– Sabe quando você consegue perceber quando eu estou mentindo? Eu também consigo. – eu disse rindo e o encarando.

– Gostei do corte de cabelo. – e ele disse mudando de assunto.

– É, fazia tempo que eu não cortava. – eu disse e então comecei a organizar a sala. – Quer jantar? Comida normal. Talvez pizza...

– Você não me disse que estava há pouco tempo com sua mãe na lanchonete que estávamos ontem?

– Hey, você tem seus hábitos alimentares e eu tenho os meus. – eu disse franzindo a testa e então ele também passou a me ajudar a organizar o apartamento.

– Falando nisso, ainda bem que mais alimentadores chegaram com as pessoas da Corte, porque aquilo ali estava começando a lotar e chamar atenção. – ele disse, enquanto dobrava o sofá, o pondo no lugar.

Pensar sobre os alimentadores e todo o local que foi completamente transformado para isso dentro do resort me fez estremecer. Eu sabia que era algo necessário para Morois, inclusive meus amigos, sobreviverem, mas para mim que fui criada na Baia, isso ainda era associado a coisas ruins. Dessa vez, eu preferi mudar de assunto.

– Dane, quando você disse que minha aura estava com problemas... O quão ruim está? – eu perguntei, começando a pensar sobre os últimos dias e como eu tenho estado descontrolada emocionalmente.

Dane sentou no sofá e começou a analisar.

– Agora não é quase nada. Só uma camada fina que fica ao seu redor. Mas às vezes, desde que chegamos aqui, quando as coisas ficam difíceis, sua aura... escurece por completo. – ele disse como se começasse a lembrar – É um tanto assustador, mas é mutável. Quer dizer, tudo depende de como estão suas emoções. Por isso acho melhor você pedir para se afastar do treinamento ou então ficar sendo a guardiã só de Jill. Eu posso só... eu não sei. Talvez se eu pedir, Alberta possa me deixar de fora disso. Quer dizer, eu não sou “muita coisa” para ser protegido.

Eu o observei e ele deu de ombros, parecendo agora falar mais consigo mesmo. Eu não pude deixar de pensar que o que tinha acontecido no dia de ação de graças entre ele e seu pai ainda o afetava e me sentei próximo a ele, tentando tirar sua atenção do que quer que fosse que ele estivesse pensando.

– Eu estou bem. Não vou desistir do treinamento agora. Só falta uma semana! Eu tenho certeza que posso me virar. – eu disse.

– Talvez se eu fizer algum amuleto para você...

– Não. Não deve usar seus poderes para isso. Já está sóbrio há muito tempo e eu não sei como você está “por dentro”, então não vou arriscar. E você é que deve ser protegido. Pelo menos por mais essa semana. Na próxima, eu posso pensar em matar você enquanto você me irrita e não me sentir culpada por isso. – eu disse e isso fez com que ele risse.

– Então talvez você só devesse ir falar com Deirdre. Ela está aqui também, sabia? Eu a encontrei na fila para os alimentadores... – ele continuou, mas eu não ouvi mais nada além do click que me veio em mente.

Eu lembrei de Deirdre e em seguida da placa dourada que fica em sua mesa no consultório. Deirdre Chermont, PhD em psiquiatria. Eu a pesquisei por curiosidade uma vez, descobrindo algumas coisas da sua vida.

– Cristo, como eu pude ser tão lenta? – eu soltei em voz alta e Dane se calou.

Deirdre era a mãe de Nolan e Logan. Deirdre era casada com Lemoine.

– Ana, está tudo bem? – Dane me perguntou e eu voltei minha atenção para ele. Ele saberia quem eram os pais? Ele já teria descoberto? Não. Ele nunca tinha conversado com Lemoine de verdade ou tido alguma aula com ele e Logan e Nolan nunca tinham frequentado o consultório de Deirdre, pelo menos não enquanto nós estávamos lá.

– Nada demais, eu só... – eu lembrei que não poderia mentir sem que Dane percebesse. – Vamos pedir comida?

– Não vai me dizer o que é, certo? – ele perguntou.

– Eu sinto muito. É uma informação que eu não sei se posso dividir. – eu disse dando de ombros e então me levantando para pegar o telefone do apartamento.

Quando a comida chegou, Dane me ajudou a desempacotar. Veja bem, o problema com o que você pede em hotéis é toda a embalagem que vem junto. Até mesmo temperos vêm em pequenos sachês que não eram fáceis de abrir e isso me fazia ter que comer com a faca ou tentar rasgar com os dentes. Enquanto eu me preparava para comer meu segundo pedaço de pizza, eu segurei um sachê e ao tentar abrir, eu acabei o rasgando e fazendo com que o papel cortasse meu lábio inferior também, além de derramar catchup por boa parte da minha blusa.

– Droga! – eu disse, pegando guardanapos e passando na blusa compressa para não manchar.

Dane riu e então começou a me ajudar, se aproximando com um guardanapo e limpando o que se espalhou no meu queixo e no meu pescoço.

– Calma, é só catchup. Está vendo? É só limpar! – ele riu e então se aproximou como para limpar meu lábio inferior com um beijo como nós costumávamos fazer antigamente.

– Dane, nã- – eu queria avisa-lo, mas foi rápido demais.

Ele me beijou e isso fez com que meu corte sangrasse um pouco mais. Ele sentiu o gosto e interrompeu o beijo, me encarando com seus olhos azuis que pareciam lutar contra o próprio desejo, mas eu era quem não estava mais conseguindo me controlar ou pensar direito. Eu o encarei pelo que pareceram ser segundos e então o beijei novamente. Eu queria isso e nem sequer me importava com o que realmente estava acontecendo. Era uma sensação avassaladora que eu já tinha provado diversas vezes, mas de maneira completamente errada. Nunca dessa forma. Nunca com Dane. Eu senti suas mãos tirarem minha blusa e depois que ele tirou a sua, nós deitamos no sofá. Dane não parava com o beijo e ao mesmo tempo tinha total controle de como sugar pequenas gotas de sangue em meu lábio, às vezes mordendo devagar. Suas mãos me seguravam com firmeza e quando uma delas começava a ir em direção as costas do meu sutiã eu também não me importei. Foi só quando eu ouvi um gritinho feminino que eu voltei a mim mesma.

E então eu vi Jill e Eddie que tinham entrado no apartamento.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Shadows of the past" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.