Shadows of the past escrita por larissabaoli


Capítulo 45
Capitulo 45


Notas iniciais do capítulo

Anastacia



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Eu entrei no apartamento ainda sentindo minhas mãos tremerem – mais um dos efeitos que eu estava tendo nos últimos dias – e encontrei Jill, Nolan e Matt assistindo televisão.

– Eu pensei que você não viria agora, Ana. – ela me disse com um sorrisinho.

– Então você viu? – eu perguntei, começando a tirar os grampos do cabelo e tentando respirar fundo para que eu não surtasse.

– Bem, todos nós vimos. Nós fomos te perguntar se você gostaria de voltar para o quarto e assistir um filme, mas a tirar por como você estava... eu achei melhor não interromper.

– Honestamente, você deveria ter interrompido. Deveria ter interrompido e me jogado um grande balde de agua fria e, além disso, ter me dado um tapa. – eu disse e então entreguei a ela os saltos que ela tinha me emprestado e fui para o quarto fechando a porta.

Não demorou muito até que ela batesse e eu a deixei entrar porque ainda não tinha começado a me descontrolar.

– Ana, o que houve? – ela disse, me ajudando com o zíper do vestido antes que eu quebrasse.

– Eu não quero falar sobre isso. – eu disse, juntando alguma resignação.

– Ele foi um idiota? – ela perguntou.

– Ele é um idiota. – eu disse com um suspiro de derrota. – Mas como eu disse; não quero falar sobre isso. Se eu falar, vou perguntar a você se você sabia de uma coisa e você vai dizer que sabia e aí sim, eu vou enlouquecer.

– Ana, você está me deixando confusa e curiosa... – ela se encostou na penteadeira que tinha na suíte.

Eu respirei fundo algumas vezes e então comecei a me preparar para dormir.

– Jill, vá assistir o filme. Fique na companhia de Nolan e Matt. Amanhã eu vou estar melhor. Só preciso de um tempo. – eu concluí.

– Tudo bem. – ela disse, se retirando do quarto, mas eu sabia que ela ainda estava curiosa e que provavelmente me interrogaria assim que eu acordasse.

Assim que ela saiu, eu entrei no banheiro e não adiantava o quanto eu respirasse fundo dessa vez. Eu senti as lágrimas molharem meu rosto antes que eu pudesse perceber e me apoiei na pia, enquanto chorava baixo sem entender pelo que eu estava chorando, se eu não tinha razão alguma.

Nenhum de nós estava com razão. Eu tinha o abandonado e ele tinha ficado com Jessica, além de diversas outras meninas. Imaginar isso, fez com que meu coração apertasse e eu me senti sem ar por alguns segundos. Eu não sei por quanto tempo eu chorei e me deixei pensar sobre tudo o que tinha acontecido, mas depois eu lavei meu rosto e em seguida me preparei para dormir, mas não foi tão fácil. Depois de tempos sem me sentir tão mal assim, eu adormeci enquanto continuava chorando.

Quando acordei, como previsto, Jill tinha me preparado uma bandeja com café da manhã e se sentou na cama.

– Bom dia. – ela começou, cruzando as pernas e começando a comer pedaços de maçã.

Eu me levantei murmurando um bom dia que veio com um bocejo e me sentei, percebendo que ela estava me observando, como se estivesse testando território, o que deveria significar que ela voltaria no assunto de ontem.

– Eu conversei com Dane...

– É claro que sim. – eu interrompi e ela agiu como se não tivesse ouvido.

– E ele me contou o mal entendido que houve ontem.

– Não houve mal entendido. Tudo ficou bastante claro ontem. – eu disse, começando a me levantar e me preparar para o dia. Era final de semana, o que significava que eu não teria que ser a guardiã de Jill ou de Dane por hoje.

– Ana, pode, por favor, parar e pensar por alguns segundos que você está cismando com algo que não deveria?

Eu parei no caminho no caminho para o banheiro e respirei o mais fundo que podia, antes de me virar e encarar Jill.

– Você está certa, eu não deveria estar “cismando” com Dane e Jessica. Nenhum dos dois valem isso. De fato, eu não deveria gastar mais nenhum segundo sequer da minha vida pensando nele.

Jill revirou os olhos e levantou a sobrancelha. E talvez pela primeira vez eu percebi o quanto deveria ser irritante quando eu fazia isso.

– Okay, se você vai ser irracional só porque está com ciúmes, o problema é seu. – Jill disse e então se levantou.

E então eu senti a escuridão me puxar. Foi como se tudo viesse em uma rápida e assustadora sequencia. Primeiro a raiva, que era algo tão forte que poderia ser confundido por ódio se eu não tivesse certeza que fosse Jill que estiva ali e depois a dor que me fez estremecer e dificultou minha respiração e por ultimo minha visão que começou a escurecer e se não fosse por Jill me chamar, eu talvez tivesse desmaiado ou algo do tipo.

– Ana? Você está bem? O que houve? – ela disse se aproximando.

– Eu estou bem. Só... me levantei rápido demais. – eu menti e então entrei no banheiro.

Jill me seguiu, ficando na porta entreaberta.

– Sabe o que você precisa? Se divertir. Nós vamos esquiar hoje. – ela disse firmemente.

Eu fiz uma careta para o espelho do banheiro.

– Jill, eu não sei esquiar. – eu assumi.

– Bem, aposto que existem instrutores a disposição e não é tão difícil. – ela disse e eu quase podia vê-la dar de ombros com um sorriso, como se isso resolvesse tudo. Eu suspirei para meu próprio reflexo e comecei a me preparar para o dia.

Era impressionante que em um lugar grande como esse, eu me sentia tão presa e destinada a acabar dividindo os mesmos espaços com Dane. Por andarmos sempre com as mesmas pessoas, nós sempre estávamos nos encontrando, mas dessa vez eu resolvi que o ignoraria por completo. Assim que o vi, o reconhecendo por sua altura e seus olhos, já que essa era boa parte do que a roupa do esqui deixava a mostra, eu senti a mesma tristeza de ontem aumentar e ao ver Jessica chegar com Gwen e Logan, parecia que algo em mim incomodava quase fisicamente.

Depois de por as botas de esquis, eu me sentia bem ridícula e a tirar pelo modo como eu estava andando, era quase certo que eu estava mesmo.

– Por que está usando os esqui enquanto ainda vamos subir no teleférico? – perguntou Nolan, com sua roupa de esquiar incrivelmente fashion. Do nosso grupo, ele ainda conseguia se destacar, mesmo em roupas de esqui.

– Não deveria? – eu olhei para os meus próprios pés, pensando no trabalho que tinha dado de fixar os esquis ali. – Jill, não é melhor eu fazer outra coisa? Sei lá, eu posso voltar para o quarto e depois nós assistimos um filme ou algo assim, quando você voltar...

– Ana, só precisa se acalmar! Talvez ter uma aula ou duas, mas vai dar tudo certo! – ela disse e então segurou meu braço, me guiando em direção à aula de esqui que estava acontecendo ali próximo.

– Sério isso? Ali só tem crianças! – eu apontei, mostrando as 5 crianças que escutavam atentamente o instrutor, algumas delas já começavam a deslizar, o que eu achei humilhante para mim.

– Se quiser, eu te ensino. – eu ouvi Dane falar e o ignorei, me mantendo olhando para Jill.

– É sério, eu prefiro voltar para o quarto. – eu disse.

– Ah, qual é! Se você não tentar, nunca vai aprender! E tenho certeza que vai gostar. – ela disse, me abraçando de lado.

Eu suspirei.

– Não vou para aula alguma. – eu afirmei.

– E vai deixar Dane ensinar você? – ela cochichou em meu ouvido.

– Também não.

Jill parecia derrotada.

– Ana! – ela disse exasperada.

O teleférico começou a subir, levando as pessoas de três em três. Gwen, Jessica e Logan subiram primeiro.

– Pode ir, Jill. Talvez no próximo final de semana. – eu disse com um sorriso amarelo, o que fez com que os ombros de Jill caíssem ainda mais.

Outro teleférico ou talvez o mesmo chegou e dessa vez Nolan, Matt e Jill subiram.

– Vai ficar me ignorando novamente? – perguntou Dane e eu percebi que ele foi o único que ficou para trás.

Eu continuei sem responder.

– Sabe, vai ser difícil. Da ultima vez, eu também estava ignorando você, então isso deu certo, mas dessa vez? Eu vou me manter falando com você até que você cresça e possa falar abertamente sobre o nosso problema. – ele disse, cruzando os braços.

– Não existe nosso problema.

– Viu? Você já está falando. – ele disse e parecia convencido.

Eu urrei e comecei a tentar andar de volta para o vestuário, mas estava falhando miseravelmente e Dane começou a me acompanhar.

– Vamos lá, Ana. Converse comigo! Eu vacilei, feio, mas o que eu posso fazer agora? Aconteceu, mas já passou. Você tem completa noção do que eu sinto por você e não precisa ter ciúmes-

– Eu não estou com ciúmes! – eu quase gritei. – Se você fica com Jessica, com Giulia, com Gwen ou com a Diretora Kirova que seja, é problema seu! Eu cometi um erro ontem ao me deixar levar por você e isso não vai mais acontecer. Nunca mais!

Eu voltei a tentar andar e encarei o chão, agradecendo por estar de óculos, gorro, mascara e Dane não poder ver o quão perto de chorar eu estava. Eu me odiava por estar em sentindo assim, mas também não conseguia controlar como eu me sentia, o que só me deixava com mais raiva.

– Sabe que você não tem razão alguma, não é? Quer dizer, você foi embora. Nós tínhamos terminado. Você passou mais que um ano fora. – ele disse e em suas palavras, eu pude sentir a magoa que ainda estava ali.

Era horrível andar feito uma idiota e não poder acelerar o passo, tendo que aguentar ouvir Dane falar tudo aquilo e antes que eu pudesse perceber, eu solucei por estar chorando.

– Ana? Anastacia? Você... está chorando? – ele perguntou, preocupado.

Eu neguei com a cabeça, sempre esquecendo que ele conseguia ver e entender tão bem minha aura. Dane parou, se colocando na minha frente e começou a tirar meu gorro, depois meus óculos e por ultimo minha mascara. Eu tentei limpar rapidamente minhas lagrimas, mas ele segurou minha mão e me fez o encara-lo, tirando seus óculos, suas luvas e me observando.

– Por favor, não chore. – ele disse, limpando minhas lagrimas com o polegar. – Eu sinto muito, sinto muito mesmo! Só, por favor, não chore. Eu me arrependo, okay? Eu me arrependo de ter sido fraco e ter voltado a beber, eu me arrependo de ter chegado ao fundo do poço tão facilmente, de não ter ido atrás de você e lutado para que você voltasse...

Eu não sabia por que eu estava chorando, mas também não conseguia parar e me controlar.

– Eu pedi para que você se afastasse. Você só... fez o que eu pedi. Eu sinto muito. Eu estou errada. – eu assumi. – Você estava livre. Você está livre.

Ele sorriu de lado, passando a mão em meu cabelo.

– Quando você vai entender que eu não estou e nunca vou ficar livre? Eu estou acorrentado a você e sendo bastante sincero, eu não me importo. Eu gosto disso. – ele disse e então se aproximou, me dando um beijo na testa, enquanto eu o senti respirar fundo e me abraçar. Depois do que eu não sabia se foram segundos ou minutos, ele me olhou novamente. – Agora, pare de chorar. Você não é esse tipo de garota. Vamos só não falar mais sobre isso. Pode confiar em mim para que eu te ensine a esquiar?

Eu acenei e comecei a por as peças novamente.

Boa parte da manhã, eu apenas tentava não cair. Os reflexos dhampir me ajudaram a não cair de cara ou com o traseiro no chão e quando até isso falhava, Dane me segurava e me ajudava a ficar na postura novamente. Depois de um tempo, nós começamos a subir as montanhas que estavam sendo usadas pelo instrutor, onde as crianças esquiavam. Claro que ao verem eu e Dane, a maioria se sentiu intimidada, mas ele era bom com crianças e logo elas começaram a se agrupar ao nosso redor e me darem votos de confiança e torcerem por mim.

– Precisava contar que eu não sabia esquiar? – eu resmunguei, enquanto ele deslizava ao meu redor.

– Está de brincadeira? Até eu fiquei impressionado! Você deveria ser tão boa quanto os pinguins!

Eu apontei um dos bastões em sua direção.

– Sabe que na Baia não tem pinguins. – eu disse estreitando os olhos.

Ele tirou o meu bastão da sua direção com o seu, rindo.

– Calma, dhampir mosqueteira. Sabe que eu só gosto de ver você irritadinha.

Quando eu finalmente já conseguia descer o morro junto às crianças e isso estava ficando realmente divertido, Jill e os outros chegaram e bastou que ela me visse ao lado de Dane para seu sorriso se iluminar mais do que já estava, mas eu tentei deixar claro com olhares que ela não deveria comentar nada agora.

– Eu aprendi. – eu disse simplesmente.

– Eu estou vendo. – ela respondeu, pressionando os lábios com força. Era visível sua curiosidade e sua vontade de perguntar o que tinha acontecido.

– Eu estou pensando em me tornar o auxiliar do instrutor. Ele ensina as crianças e eu as adolescentes siberianas com um temperamento difícil. – disse Dane, abraçando Jill. – O que você acha, princesa?

Jill riu e então nós começamos a ir para o vestuário e depois para o restaurante.

No final do dia, nós voltamos para as montanhas e dessa vez eu juntei minha coragem para entrar no teleférico. A vista enquanto subíamos era o por do sol que era gelado e oferecia pouca claridade. Era uma imagem linda e de prender a respiração. Eu não conseguia parar de observar e sorrir e então ao encarar Dane, percebi ele me observando e tirando fotos com seu celular.

– Hey! – eu disse, pela primeira vez o vendo em ação.

– Não se importe, só me deixe capturar esse momento. – ele disse e através de seus óculos eu vi seus olhos e isso fez em mim uma montanha de sentimentos tão alta como a que estávamos subindo.

Eu continuei observando o por do sol até chegarmos e então Dane me ajudou a levantar e ir até o inicio da descida.

– Lembre-se, não olhe para os seus pés. – ele disse, me lembrando o que tinha me ensinado nas aulas.

– Isso vai me fazer cair de cara no chão. Nada bom. Preciso lembrar de olhar ao redor ou ficar meus olhos em um lugar só.

– Isso. A melhor aluna que já tive. – ele sorriu e então acenou. – Anda, vai e eu vou atrás, mas aposto que ainda assim consigo chegar primeiro.

Eu estreitei os olhos, ele sabia me desafiar. Eu me preparei e então ele me empurrou de leve, me fazendo começar a deslizar.

– Te vejo lá embaixo, perdedora.

E então nós começamos a deslizar lado a lado. Dane parecia gracioso, ziguezagueando pela montanha, enquanto eu conseguia deslizar e achava um ponto onde fixar meus olhos. Meu ponto fixo era ele.


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